No dia 27/08, quase 60 coordenadores dos Programas de Pós-Graduação em Física e Astronomia de todo o Brasil reuniram-se na CAPES, em Brasília, e encaminharam ao Congresso um documento em apelo aos recursos do CNPQ.
Reproduzimos aqui o conteúdo e imagens da carta, e destacamos orgulhosamente a participação de nossos professores Paulo Nussenzveig e Raul Abramo, os primeiros signatários do documento.
Brasília, 27 de agosto de 2019
Aos Excelentíssimos Senadores e Deputados Federais,
Nós, Coordenadores dos Programas de Pós-Graduação em Astronomia e Física de todo o país, nos dirigimos respeitosamente a Vossas Excelências para manifestar nossa grande preocupação com a situação orçamentária do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Fundado em 1951, o CNPq tem sido fundamental no financiamento das geração de conhecimento novo no país, com participação essencial das inovações tecnológicas, na melhoria da saúde de nossa população, no dinamismo do agronegócio, na evolução cultural da nossa sociedade, entre outros; promovendo desenvolvimento científico e tecnológico em todo o território nacional. Em 2017, por exemplo, cerca de um terço de toda a produção científica brasileira divulgada em revistas especializadas teve aporte de recursos do CNPq.
A formação de pessoal altamente qualificado em nossos programas de pós-graduação depende crucialmente de sua participação, como protagonistas, em projetos de pesquisa: a melhor maneira de aprender o ofício de gerar conhecimento inédito é através de sua prática. Além de financiar equipamentos, materiais e insumos para a execução de projetos de pesquisa, o CNPq é responsável pelo sustento de uma fração apreciável de nossos estudantes-pesquisadores por meio de bolsas de estudo. Apesar de vários alertas já emitidos pela comunidade científica nacional e internacional, o orçamento do CNPq em 2019 ainda possui um déficit de R$ 330 milhões, sem os quais é impossível cumprir os compromissos já assumidos.
Entendemos o grave momento por que passa a economia brasileira e as restrições que isso implica sobre o orçamento da União. Porém, reivindicamos especial atenção para os mais de 80 mil pesquisadores financiados pelo CNPq, que estão diante da iminência de não receber as mensalidades de suas bolsas a partir do próximo mês de setembro, com graves implicações profissionais e pessoais. O país corre um grande risco de desperdiçar um recurso crucial para a construção da prosperidade no séc XXI: a inteligência e o talento criativo de suas jovens gerações.
O estágio avançado do sistema brasileiro de pesquisa e pós-graduação é fruto, destacadamente, de investimentos e de esforços empreendidos pelo CNPq, ao longo de mais de seis décadas, no trabalho de um enorme contingente de cientistas, professores, estudantes e servidores, independentemente de preferências partidárias ou ideológicas. Contamos com Vossas Excelências para compartilhar a responsabilidade da preservação desse patrimônio nacional, que é crucial para garantir o futuro de nossos filhos e netos.
Atenciosamente.
