História

O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fluidos Complexos (INCT-FCx), cujas atividades se iniciaram em fevereiro de 2009, teve suas origens no Instituto do Milênio de Fluidos Complexos: cristais líquidos, fluidos magnéticos e de interesse biológico (IMFCx), constituído em outubro de 2005, com atividades que se estenderam até outubro de 2008. O IMFCx contou com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a partir de uma proposta elaborada por um conjunto de pesquisadores da Universidade de São Paulo, Universidade Federal de São Paulo, Universidade Estadual Paulista, Universidade do Vale do Paraíba, Universidade Estadual de Maringá, Universidade Estadual de Londrina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Pernambuco, Universidade de Brasília, Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Laboratório Nacional de Luz Sincrotron, Instituto Butantã e Hospital das Clínicas de São Paulo. O IMFCx congregou cerca de 37 profissionais daquelas Instituições, envolvidos em projetos de natureza essencialmente multidisciplinar, com ênfase na pesquisa, ensino, aplicações tecnológicas e terapêuticas de fluidos complexos. As atividades de pesquisa do IMFCx estavam concentradas em três grandes famílias dos fluidos complexos: os cristais líquidos, os fluidos magnéticos e os fluidos de interesse biológico.

Os cristais líquidos são substâncias cujas propriedades físico-químicas apresentam características tanto de um líquido isotrópico (como a água, álcool...) quanto de cristais sólidos (como o cloreto de sódio, quartzo...). São utilizados em diferentes dispositivos como sensores de temperatura e pressão, displays, mostradores em geral, televisores e monitores de computador.

Os fluidos magnéticos ou ferrofluidos, por sua vez, são suspensões coloidais de finas partículas magnéticas (com dimensões típicas de 10-8 metros) sob as quais são colocadas moléculas de um surfactante ou são carregadas eletricamente, podendo assim estar dispersas em um fluido de transporte. Esse material possui alta susceptibilidade magnética (como o ferro) e a fluidez de um líquido isotrópico. Por possuírem propriedades físico-químicas extremamente interessantes, são utilizados em diferentes dispositivos tecnológicos como selos magnéticos (em discos rígidos de computadores), dissipadores de calor (em auto-falantes e fones de ouvido), sensores de inclinação (aplicações na aeronáutica) e tintas magnéticas (as tintas que fazem os "aviões invisíveis" ao radar), entre outros. Uma das aplicações mais promissoras desses materiais é a terapêutica na qual as partículas magnéticas são utilizadas como "vetores de drogas" e na hipertermia (para tratamento de câncer).

Dentre os fluidos de interesse biológico, nossa equipe esteve particularmente interessada nas componentes lipídicas do plasma humano. A lipoproteína de baixa densidade (a LDL, o chamado "colesterol ruim") esteve hoje no centro de nossas pesquisas. É sabido que quando a LDL está oxidada, o sistema imunológico do corpo humano não a reconhece mais como algo próprio dele e inicia-se uma reação imunológica que está na base do processo de desencadeamento de diversas doenças cardiovasculares (aterosclerose, derrame - AVC, etc....). Nossa equipe de físicos, químicos, biomédicos, médicos e odontólogos estiveram envolvidos na pesquisa da LDL tanto no sentido de sua detecção e quantificação (da LDL nativa e da LDL oxidada) no plasma humano quanto no entendimento do processo de oxidação da LDL.