Uso do metotrexato veiculado em nanopartículas que se ligam aos receptores de lipoproteína de densidade baixa (LDL) para tratamento de pacientes com infecção COVID-19 e síndrome de desconforto respiratório

Uso do metotrexato veiculado em nanopartículas que se ligam aos receptores de lipoproteína de densidade baixa (LDL) para tratamento de pacientes com infecção COVID-19 e síndrome de desconforto respiratório

 

Raul Cavalcante Maranhão

Prof. Titular, Fac. Ciências Farmacêuticas da USP

Médico-Pesquisado e Diretor do Lab. de Metabolismo e Lípides do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Fac. de Medicina da USP

Pesquisador nível 1ª, CNPq, Vice-Coordenador do INCT de Fluidos Complexos, CNPq-MCTIC, sediado no Instituto de Física da USP.

 

RESUMO

INTRODUÇÃO: Um componente de importância crucial da infecção por COVID-19 é o processo inflamatório reacional muito intenso que pode levar a evolução da doença para os estágios mais graves e ser causa  importante da morbi-mortalidade, inclusive pela tempestade de citocinas que pode provocar e que vem sendo identificada como importante fator fisiopatológico. Quimioterápicos usados no tratamento do câncer veiculados por  nanopartículas  lipídicas (LDE) são concentrados em sítios inflamados, propriedade conferida pelas nanopartículas LDE. A LDE, produzida artificialmente em laboratório, tem composição parecida com a da lipoproteína de baixa toxicidade (LDL), as sem conter proteínas. Em contato com o plasma, adquire a apolipoproteína E (apo E) que é o ligante aos receptores da LDL, permitindo as partículas de LDE-quimioterápico entrarem nas células pela via endocítica específica da LDL, de grande capacidade de captação celular. Desenvolvemos e testamos em diversos modelos experimentais em animais várias preparações de quimioterápicos, como LDE-etoposídeo, LDE-carmustina, LDE-paclitaxel , LDE-metotrexato, além de outras, as quatro citadas já tendo sido objeto de observação em ensaios clínicos em pacientes com câncer ou doença cardíaca aterosclerótica . O metotrexato é um fármaco citotóxico que age por inibição do metabolismo do ácido fólico, utilizado há pelo menos 70 anos na quimioterapia do câncer e também das doenças reumáticas,

A associação da formulação LDE-metotrexato mostrou eficácia anti-inflamatória superior, muito maior que a formulação comercial da droga, já que penetra na células cerca de 90 vezes mais que a convencional. Ao mesmo tempo, a toxicidade é muito mais baixa que a da forma convencional, o que foi documentado não só na experimentação animal mas também em pacientes com doença arterial coronária, em fase aguda de infarto de miocárdio. Portanto, temos um poderoso anti-inflamatório, talvez o que apresente o melhor índice terapêutico comparado com o arsenal da Farmacopéia atual. Além do mais, o método de manufatura da LDE-quimioterápico em escala pré-industrial já foi desenvolvido e a formulação foi patenteada.

JUSTIFICATIVA

Atualmente, não existem tratamentos antivirais específicos para o COVID-19. Drogas potencialmente capazes de diminuir a replicação viral como a ribavirina, interferon, hidroxicloroquina, nitazoxanida e inclusive anti-tumorais como tocilizumabe estão ainda na fase de testes preliminares, reforçando a importância de se encontrar novas estratégias terapêuticas como a LDE-metotrexato, que vem sendo objeto de investigação exitosa há vários anos.  

OBJETIVO: Observar a toxicidade e efeito sobre a evolução clínica do LDE-metotrexato, em pacientes com COVID-19 e síndrome de desconforto respiratório.