Aluno de doutorado do IFUSP descreve seu estágio na Cornell University (EUA)

Por Renata Matsumoto

Publicado em 05/08/2015

 

Renato Ribeiro Domeneguetti é doutorando do IFUSP, com orientação do Prof. Paulo Alberto Nussenzveig. Renato foi um dos alunos contemplados com uma bolsa do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), da CAPES. O estágio do doutorando foi realizado na Cornell University, nos EUA, de setembro de 2014 a junho de 2015.

Renato descreve o lado pessoal de sua experiência. "Estou bastante contente com a realização do estágio no exterior, financiado pela bolsa CAPES no Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior PDSE. Para mim, como uma primeira viagem ao exterior sozinho, independente, pude enfrentar diretamente as dificuldades encontradas pelos aventureiros na área da ciência que rumam complementar o histórico profissional em um país com uma cultura diferente, principalmente no que se refere à cultura linguística, linhagem de pensamento, formas de comportamento, etc… . Dificuldades estas que sugiro que todos possam enfrentar um dia, pois permite um amadurecimento rápido pelo lado pessoal, um crescimento na forma de pensar sobre o que está acontecendo, e formas de tentar solucionar os problemas que surgem ao longo do período. Confesso que me tornei diferente do que era, mais crescido, mais profissional, e com uma maior capacidade para enfrentar a vida", conta.

O aluno também explica sobre sua pesquisa. "Minha área de interesse, realizo pesquisa em física na Universidade de São Paulo, mais precisamente relacionada com assuntos ligados à mecânica quântica. Estudo propriedades quânticas da luz, que surgem consequentes da interação entre ela e um meio material que possui um certo tipo de não linearidade, de segunda ou terceira ordem. Atualmente temos condições de iniciarmos uma nova linha de pesquisa no nosso laboratório em São Paulo, envolvendo a interação da luz com o nitrato de silício em um dispositivo configurado na forma de cavidade. Oportunidade esta que possibilitou o meu estágio, uma forma de aprender os conceitos básicos neste tipo de interação. Um aprendizado de como acoplar a luz neste tipo de material e estudar a influência dele sobre a luz. A interação da luz e o nitrato de silício tem sido bastante caracterizado por diversas universidades, entre elas a Cornell University, no grupo de nanofotônica da professora Michal Lipson. Lá, predomina a utilização deste material em diversas linhas de pesquisa, e entre elas o estudo da interação não linear de terceira ordem do material e a luz, originando diversos artigos tratando este tema. No entanto, os efeitos decorrentes da interação não linear de segunda ordem foram observados mas não estudados profundamente, principalmente a característica quântica resultante deste processo", afirma.

Em relação ao estágio no exterior, ele complementa: "a minha presença em Cornell, no grupo da professora Michal Lipson, foi de principal importância para uma mais completa caracterização destas propriedades. Tenho dados passos importantes no entendimento do comportamento deste material e o tipo de efeito que podemos gerar na luz. Continuamos com a colaboração entre os dois grupos, utilizando os recursos existentes na USP para um completo estudo do comportamento da luz quando sujeita a esta interação".

"Em geral, considero a oportunidade concedida pela CAPES do estágio no exterior de fundamental importância para o desenvolvimento do meu projeto no país. Possibilitou os primeiros passos na compreensão mais detalhada dos efeitos não lineares sentidos pela luz ao se propagar no nitrato de silício. Efeitos importantes que poderão ser utilizados no futuro, no desenvolvimento de dispositivos capazes de estabelecer etapas importantes no entendimento da mecânica quântica relacionada à informação", conclui.

Fotos: acervo pessoal

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