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A busca pela natureza da matéria escura

MATÉRIA DA REVISTA PESQUISA FAPESP
 
"Busca incessante"
 
Experimentos internacionais começam a procurar partículas cada vez mais leves na esperança de encontrar a matéria escura
 
Por MARCOS PIVETTA | ED. 265 | MARÇO 2018
 
A busca pela natureza da matéria escura, misterioso componente do Universo, cujo efeito gravitacional seria responsável por manter a configuração das galáxias e dos aglomerados de galáxias, tem produzido resultados inconclusivos nas últimas três décadas. Vários tipos de estruturas ou partículas, algumas conhecidas, como buracos negros primordiais ou neutrinos, e outras de caráter teórico já foram apontadas como candidatas a serem o bloco constituinte da matéria escura, que representa cerca de um quarto da composição de todo o Cosmo. Nenhuma delas, no entanto, passou até agora da condição de postulante. Atualmente a proposta com mais defensores e a mais testada em uma dezena de experimentos internacionais é das Wimps. Essa sigla, em inglês, é usada para designar hipotéticas partículas de massa elevada, entre uma e milhares de vezes maior do que a do próton, que teriam sido criadas nos primórdios do Universo e interagiriam fracamente entre si e com a matéria normal. Como ninguém sabe exatamente quão pesadas seriam as Wimps, os experimentos procuram novas partículas em diferentes faixas de massa. Cada vez que a existência de Wimps com determinadas características é descartada, a margem de procura por esse tipo de partícula se torna mais estreita.
 
Um estudo concebido pela equipe da física Ivone Albuquerque, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), acaba de restringir um pouco mais o intervalo de massa possível das Wimps. Realizado com dados referentes a 530 dias de observação efetuados pela colaboração internacional DarkSide-50, que opera um detector subterrâneo no Laboratório Nacional Gran Sasso, no centro da Itália, o trabalho não registrou evidências da existência de partículas com massas entre 1,8 e 6 gigaelétrons-volt (GeV), cuja frequência de interação com o equipamento é bem definida. A título de comparação, a massa de um próton é, grosso modo, de quase 1 GeV. Entre os experimentos que buscam por Wimps, como o Large Underground Xenon (Lux) e o Cryogenic Dark Matter Search (CDMS), ambos nos Estados Unidos, apenas o Xenon100 também procurou partículas com as mesmas características das buscadas pelo DarkSide-50. Ainda assim, os dados desse experimento são bem mais abrangentes que os do Xenon100, segundo Ivone. “Foi um resultado surpreendente”, comenta a física, que coordena a participação brasileira na colaboração internacional, que reúne cerca de 150 pesquisadores de oito países. “Nosso detector do DarkSide-50, que fica na Itália, ainda é pequeno e não foi pensado para registrar partículas tão leves. Normalmente estamos procurando por Wimps com massas entre 10 e 100 GeV.” Os resultados foram detalhados em um trabalho publicado pela colaboração internacional em 20 de fevereiro no arXiv, repositório de artigos científicos, e apresentados em um encontro internacional sobre matéria escura realizado na Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla).
 
A matéria completa pode ser lida no link abaixo:
 
Término: 
31/03/2018

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