Prêmio CAPES de Tese 2017 consagra melhores trabalhos de doutorado do país
Os melhores trabalhos de doutorado do Brasil foram consagrados no Prêmio CAPES de Tese 2017, cuja cerimônia aconteceu nesta quinta-feira, 7 dezembro, em Brasília. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) premia as melhores teses em 49 áreas do conhecimento e três trabalhos agrupados por grande área são escolhidos como os melhores do ano. A edição 2017 premiou teses defendidas no país durante o ano de 2016.
Os grandes vencedores da noite foram Amanda Costa Thomé Travincas com a tese “A tutela jurídica da liberdade acadêmica no Brasil: a liberdade de ensinar e seus limites”, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); Mychael Vinícius da Costa Lourenço, com a tese “Mecanismos de estresse neuronal, disfunção sináptica e neuroproteção em modelos experimentais da Doença de Alzheimer”, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e Tiago Barbin Batalhão, com a tese “Avanços teóricos e experimentais em Termodinâmica Quântica” da Universidade Federal do ABC (UFABC).
“É uma grande honra. O trabalho acadêmico exige muita dedicação e após um processo de produção visceral que é a realização de uma tese de doutorado, eu nunca imaginiaria receber esse tipo de homenagem”, ressaltou Amanda Travincas, vencedora da grande área de Ciências Humanas, Linguística, Letras e Artes e Ciências Sociais Aplicadas e Multidisciplinar (Ensino). O trabalho de Amanda pretende enfrentar o seguinte problema: que limites e restrições à liberdade de ensinar são legítimos no Brasil? “Vivemos um contexto mundial de cerceio da liberdade de expressão e o momento brasileiro é dramático. Temos um projeto de lei tramitando no Congresso Nacional com uma suposta pretensão de neutralizar os campos de ensino para evitar doutrinação, mas na verdade perverte o sentido de educação, que pressupõe o debate e a crítica e tende a tornar as universidades a ambientes silenciosos. É isso que a gente não quer”, definiu.
Vencedor da grande área Ciências Biológicas, Ciências da Saúde e Ciências Agrárias, Mychael Lourenço, revelou surpresa com o resultado. “Ao mesmo tempo sinto muita satisfação em ter trabalhado duro, conseguido resultados importantes, não apenas para o avanço do conhecimento científico, mas também contribuir com o meu laboratório e com meu instituto, no Programa de Pós-Graduação em Química Biológica da UFRJ”. Os resultados obtidos pelo pesquisador contribuem para a identificação de novos alvos terapêuticos na doença de Alzheimer. “Nosso grupo de pesquisa tenta entender quais são os mecanismos que levam a perda de memória nessa doença, grave, que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo e que, infelizmente, não possui cura nem diagnóstico eficiente”. A tese de Mychael identificou novos mecanismos moleculares que acontecem no cérebro e causam a perda de memória na doença de Alzheimer. “Esses mecanismos estão muito associados a patogenese da diabetes. De uma forma transnacional descobrimos que medicamentos utilizados na clínica para diabetes conseguem bloquear a perda de memória em modelos animais”, explicou. Além disso, o trabalho buscou entender o efeito positivo do exercício físico como neuroprotetor e realizou pesquisa com pacientes para melhorar o diagnóstico da doença. “De fato, os exercícios ajudam memória, e agora existem testes clínicos em andamento no âmbito da pesquisa. A partir daí, estamos em um esforço de identificação molecular da doença. Já encontramos uma molécula que está seletivamente aumentada nos cérebros de pacientes com Alzheimer e esse será um trabalho subsequente”.
O vencedor da grande área de Engenharias, Ciências Exatas e da Terra e Multidisciplinar (Materiais e Biotecnologia), Tiago Barbin Batalhão, não esteve presente na cerimônia pois atualmente realiza pós-doutorado em Cingapura. O interessante é que o orientador do trabalho, professor Roberto Menezes Serra, do Programa de Pós-Graduação em Física da UFABC, recebeu o Grande Prêmio pela segunda vez, repetindo o feito de 2013. Para o pesquisador, a segunda conquista como orientador tem especial relevância à luz da pouca idade da instituição. “É extremamente gratificante para uma instituição jovem como a nossa ter esse reconhecimento tão cedo, nossa universidade tem pouco mais de dez anos. O primeiro prêmio, em 2013, foi uma das primeiras teses defendidas em nosso programa. Hoje temos pouco mais de 50 teses defendidas”, lembra. O professor destaca a proposta diferente de relação com o conhecimento. “A UFABC tem um foco interdisciplinar, não apenas como projeto pedagógico, mas na estrutura física da instituição. Alunos de diferentes áreas interagem entre si e isso faz que o conhecimento se desenvolva de maneira diferente, integrada”, ressalta. A tese vencedora é também um trabalho interdisciplinar. “Esse trabalho conecta conhecimentos da área de Física, Engenharia e Ciência da Informação, com resultados teóricos e experimentais. É um trabalho bem diferente, que só poderia ter sido desenvolvido nesta universidade.”
A matéria completa pode ser lida no link abaixo:
http://www.capes.gov.br/sala-de-imprensa/noticias/8670-premio-capes-de-t...