Toque da Ciência - Estudo do plasma de quarks e glúons no LHC
Tiny Bubbles of Quark-Gluon Plasma Re-create the Early Universe
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A Teoria da Complexidade
Você provavelmente já deve ter ido assistir a um bom filme ou lido um bom livro. Arrisco a dizer que depois disso você
teve a impressão que já não era a mesma pessoa. Ou sua maneira de pensar mudaram, ou você sente uma vontade de
rever algumas atitudes do seu cotidiano.
Pois há uma nova teoria não tão conhecida e ainda não tão bem compreendida que vai deixá-lo também pensando que
alguma coisa mudou dentro de você. Trata-se da Teoria da Complexidade. Como já mencionei, depois de conhecê-la
melhor, talvez seus conceitos mudem um pouco. Mas afinal do que se trata a Teoria da Complexidade?
Alguns a consideram uma Ciência. Outros apenas uma espécie de técnica aplicada nas ciências como a matemática, a
física, a economia e outras exatas e humanas. Para entendermos melhor a teoria, vamos falar um pouco da sua história.
O Mundo Cartesiano
O Mundo Moderno, e principalmente o Ocidental, é fortemente influenciado pelos pensamentos dos pais da Filosofia
Grega, principalmente Platão e Aristóteles. E pelos filósofos europeus da Renascença, como Descartes, Pascal, Newton,
Locke, Leibniz, para citar alguns. Essa cultura favorece a separação do Conhecimento em áreas específicas e bem
delimitadas, como Sociologia, Linguística, nas Humanas, Física, Matemática e Química nas Exatas, Biologia e
Medicina nas Biológicas, por exemplo. Essa separação promove uma forte especialização, gerando rápido
desenvolvimento e aprofundamento de cada área, mas cria barreiras para a interdisciplinaridade. Tudo funcionou bem
até o início do século XX, quando as fronteiras entre as diversas áreas começaram a ser derrubadas. Surgem, então,
desafios para o quadro filosófico-científico dominante. O todo foi dividido pelo método Cartesiano de Descartes, e as
ciências por exemplo, ficaram muito voltadas para a especializacão. A interdisciplinaridade pretende buscar, em cada
disciplina, seus conhecimentos e métodos para formar o todo. O pensamento complexo e a interdisciplinaridade se
misturam para criar a busca do todo e fazer o método científico se interar das questões complexas do mundo de hoje.
Nos anos 1940 e 1950, o americano matemático e cientista da comunicação Norbert Wiener (1896-1964), com o livro
“Cibernética”, e o filósofo austríaco Ludwig von Bertalanffy (1901-1972), criador da “Teoria Geral dos Sistemas”,
apresentaram dois trabalhos que continham, ao mesmo tempo, conceitos de semelhança e de oposição. Esses conceitos
se relacionam com a atual Complexidade. Conceitos como sistemas fechados (que interagem apenas entre si) e abertos
(interagem com sistemas externos), homeostase (recuperação do equilíbrio após uma perturbação), feedback
(realimentação), teleologia (que executa seus processos), entropia (medida física que estabelece a organização de um
sistema), vitalismo (uma vitalidade que difere os seres vivos dos inanimados) e mecanicismo (fenômenos naturais
regidos por um modelo causal provado cientificamente) são os mais relevantes. Assim, a teoria da complexidade lida
com problemas surgidos por variáveis que se relacionam entre si e que acabam por levar a comportamentos complexos.
E para lidar com esses problemas complexos é que a teoria tem sua finalidade.
Pensadores como Edgar Morin e Zygmund Bauman contribuíram para a compreensão da complexidade do mundo real,
considerando-o como intrinsecamente complexo, com fenômenos interligados e imprevisíveis. Segundo Morin, A ética
da complexidade é uma ética que não pode ser dissociada da compreensão dos efeitos e paradoxos da ação. Para
Bauman, na “modernidade líquida”, as distâncias se encurtam ou evaporam, mas o tempo se expande..
Pierre Levy destaca como a própria tecnologia transforma a nossa visão de mundo, fato particularmente marcante no
momento atual em que a Inteligência Artificial deixa de ser tema de especialistas ou de escritos de ficção-científica para
passar a fazer parte das nossas vidas cotidianas. Segundo o filósofo, o virtual é sempre atual e se constitui por um
contínuo de passagens do potencial ao atual. Presume-se que a revolução que a IA trará para o nosso dia-a-dia será
semelhante ao ainda maior do que a da Internet! Nesse contexto, Bauman nos ensina que as relações humanas não se
firmam de maneira sólida o bastante para produzir os efeitos de longo prazo de confiança ou amizade.
Em breve publicaremos mais textos da Teoria de Complexidade.
Os seminários de 2025 serão todas as sextas as 10h-12h. Preferencialmente on-line. Seminários presenciais, quando assim definidos, serão na sala 3029 ALA II.