Publicado por kmatsui em sex, 17/10/2025 - 00:00
A aluna de graduação do HEPIC, Maria Julia Barreto recebeu o prêmio de Melhor pôster no Encontro de primavera de física de partículas e campos & física nuclear na área de divulgação e ensino, apresentando o projeto de extensão e cultura CELESTE do HEPIC - IFUSP e compartilhou sua experiência no evento e sua participação no projeto.
Maria Julia das N R Barreto com o pôster no V Encontro de Primavera da SBF
Durante os dias 30 de setembro a 3 de outubro de 2025, em São Luís (MA), no campus da UFMA, ocorreu o V Encontro de Primavera da SBF - EPSBF 2025. O evento reuniu alunos e professores de diversas áreas da física, proporcionando a integração de pesquisadores que atuam no Brasil e no exterior, por meio da divulgação dos avanços recentes, tanto no campo teórico quanto experimental e suas potenciais aplicações nas pesquisas multidisciplinares, como no ensino e na divulgação.
Durante o evento, a graduanda pôde expor as mais diversas atividades e frentes do projeto no qual atua desde o início da sua graduação e a importância de projetos de divulgação científica na área de física de partículas. Essas ações vão desde oficinas, criação de conteúdos de divulgação científica para o site do projeto até a programação e simulações das partículas cósmicas.
O projeto CELESTE tem o objetivo de criar uma rede de detectores de partículas que podem ser construídos e operados por alunos e professores do Ensino Médio, permitindo a investigação autônoma e envolvimento dos alunos em atividades de pesquisa científica de tópicos da física de partículas, astronomia e computação, através de atividades "hands-on".
Alunos em uma das oficinas realizadas pelo CELESTE no laboratório do HEPIC
Participam do projeto alunos e professores de ensino médio, pesquisadores em educação e físicos experimentais, alunos de graduação, técnicos, de forma a unir escolas, universidades e institutos de pesquisa.
As atividades do projeto são diversas, uma delas é a realização de oficinas com alunos do Ensino Médio, unindo temáticas que vão desde a exposição sobre a área de Partículas Cósmicas, sua história, como detectar raios cósmicos, seus processos físicos e experimentos atuais, passando inclusive pela análise de dados, a fim de medir o fluxo de Partículas Cósmicas por meio de programação.
“Conseguimos fazer toda essa discussão histórica, científica, discussão de trabalho em equipe entre os alunos, além da análise de dados. Eles tinham um dia de cientista nessas oficinas, além de entender como funciona esse detector e como extrair os dados deles”
Maria Julia destaca que ter alunos e professores engajados com o projeto trouxe resultados frutíferos, já que os alunos de Ensino Médio se engajaram com as atividades e voltaram a participar de mais atividades do grupo. O prêmio reconheceu os esforços da aluna e da equipe envolvida, que atualmente totalizam aproximadamente dez pessoas.
“Fiquei muito feliz com a premiação, porque nós nos sentimos muito inseguras durante a graduação, principalmente como uma mulher, em uma equipe que tive pouco contato com mulheres, como a professora Marisílvia, o que me ajudou a me manter motivada nesse sentido, sendo uma mulher na física, em uma equipe de maioria de homens, que são pessoas muito acolhedoras, mas sentimos falta de mais mulheres nesses espaços, então fiquei pessoalmente muito feliz com isso”.
Ela destaca que há uma falta de valorização dos projetos de extensão, havendo uma escassez em bolsas para o projeto, além de uma defasagem no número de projetos que conseguem participar de eventos como o Encontro de Primavera da SBF: “Para mim, toda essa experiência no projeto e ter participado do encontro, recebendo o prêmio, significa esperar que mais projetos de divulgação científica nas áreas da física sejam valorizados, principalmente de altas energias e que mais projetos ganhem reconhecimento dentro da área da física”. “É importante valorizar esses projetos, pois eles merecem reconhecimento”.
“A graduação às vezes nos deixa tristes, por conta de notas, muita cobrança, muitas vezes questionei se deveria seguir com um projeto mais voltado para a área de pesquisa, mas eu não queria perder o contato com o CELESTE, com a Divulgação, porque acho muito importante, a graduação por mais que tenha me deixado frustrada por diversas questões, ter tido esse reconhecimento, mostrou que valeu a pena! Continuei me dedicando ao projeto e vi que muita coisa mudou e melhorou dentro dele”.
Maria Julia veio da escola pública de uma zona rural, tinha interesse na física e astronomia, ao ingressar no bacharelado em Física, em 2021, durante a pandemia, descobriu o Programa Unificado de Bolsas (PUB), onde conheceu o projeto. Pelo interesse em Física de Partículas, Divulgação Científica e a correlação com a Astronomia, decidiu tentar fazer parte do projeto. Ao ser selecionada, começou a atuar no site do grupo, juntamente com a professora Marisílvia, atualmente na UERJ. Em 2022, pôde ter contato com os professores e alunos envolvidos no projeto e destaca o acolhimento da equipe. Atualmente, é orientada pelo professor Marco Leite, pesquisador do HEPIC, e está concluindo a graduação e pretende seguir a carreira acadêmica, sem deixar de se envolver no projeto CELESTE.
Ela também destaca a relação dos conteúdos da sala de aula com aqueles apresentados nas atividades: “Para entender e explicar bem todos os processos relacionados aos raios cósmicos, é necessária uma base teórica sólida para explicar essas informações, então consegui aprender muito com esse projeto, que dialogava muito com muitas coisas que eu estava vendo durante a graduação”.
Placa de processamento de um dos detectores de partículas cósmicas, desenvolvido pelo projeto CELESTE
O projeto CELESTE conta com um site com conteúdos de divulgação científica diversos. Além disso, conta com a colaboração de alunos e professores de diversos estados do Brasil, Caso tenha interesse em participar ou conhecer um pouco mais sobre o projeto, acesse o site: https://celeste.if.usp.br ou entre em contato: raios.cosmicos.21@gmail.com.
Por Kelly Matsui Mestranda em Divulgação Científica e Cultural pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Bacharel em Física pela Universidade de São Paulo. Bolsista em Jornalismo Científico pela FAPESP (2020/04867-2), sob orientação de Marcelo Munhoz.
