
Publicado por intranet em ter, 13/08/2024 - 10:11
O trabalho, orientado pelo professor do IFUSP Ivã Gurgel, destaca o trabalho do físico Mário Schenberg
Na última semana, a tese de Alexander Brilhante Coelho, orientada pelo Prof. Ivã Gurgel, ganhou o prêmio de melhor tese em História da Ciência no biênio 2022-2023. O prêmio é concedido pela Sociedade Brasileira de História da Ciência e a cerimônia de entrega ocorreu durante o 19° Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia, realizado em Salvador entre 29/07 e 02/08.
Intitulada “Prestígio e Heterodoxia: Paranormalidade e outros mistérios na obra de Mário Schenberg dos anos 1980”, a tese faz uma análise crítica da trajetória de Schenberg, mostrando como ele transita entre os campos científico, político e artístico e se constitui como um autor que utiliza seus conhecimentos para dialogar com movimentos de contracultura no Brasil.
Após ganhar o prêmio, Alexander conversou com a comunicação do Hepic e ressaltou o físico brasileiro Mário Schenberg como personagem principal da tese, a fim de valorizar a produção de conhecimento nacional. "Em geral, quando nós brasileiros pensamos na produção de conhecimento científico, pensamos em algo que se dá fora do país, como se a ciência fosse algo intrinsecamente estrangeiro. Jogar luz sobre a ciência nacional - sem recair em um ufanismo bobo, obviamente - me parece algo importante", completa o pesquisador.
De acordo com ele, a ciência no Brasil é produzida quase que exclusivamente com dinheiro público, e com isso, seria justo o acesso público para que todos pudessem saber um pouco mais sobre a produção científica nacional.
Outro aspecto levantado pelo premiado, é a relevância histórica e institucional de Schenberg, uma vez que o mesmo teve uma forte presença no campo intelectual brasileiro em momentos decisivos da formação do país, como na consolidação da Universidade de São Paulo e em seu prestígio científico que foi capaz de chamar atenção da comunidade científica internacional para as arbitrariedades do regime militar. "Acompanhar a trajetória intelectual de Schenberg, é, num certo sentido, acompanhar a história do Brasil no século XX", comenta Alexander.
Perguntado qual é o sentimento de levar o prêmio, o mesmo ressaltou que não esperava ser coroado com a titulação, uma vez que a produção brasileira de conhecimento em História da Ciência está cada vez mais forte, com trabalhos incríveis e pesquisadores com um nível de excelência internacional. Por outro lado, ressalta: "mas sabia também que a minha pesquisa tinha sido bem feita, envolvendo bastante trabalho, e que o resultado final tinha qualidade. Enfim, não esperava ganhar o prêmio, mas também havia ficado satisfeito com o resultado final, com a recepção da banca e etc. Meu orientador, Ivã Gurgel, também ficou satisfeito com o resultado, e achou que eu deveria me inscrever para concorrer ao prêmio. Felizmente ele tinha razão!", completa animado.
Após a premiação, o pesquisador começou a escrever um artigo sobre a relação do Schenberg com a contracultura brasileira, que vai de encontro com o conteúdo do último capítulo abordado em sua tese. "No último, procuro mostrar as afinidades eletivas entre o movimento da contracultura, a cultura mediúnica nacional e a postura epistemológica do Schenberg. O artigo que estou escrevendo trata desse assunto", comenta.