Doutorando do HEPIC vai ao Summer School China e compartilha curiosidades da cultura de trabalho e as oportunidades de troca

 

Para além do prédio do Hepic, a discussão sobre Física de Partículas é realizada em diversas partes do Mundo. Para as pessoas do campo, a ponte mais óbvia de intercâmbio é o Laboratório CERN, localizado na Suíça. Mas para o Doutorando Leopoldo Carvalho, o destino foi a China, país onde pode realizar um intercâmbio de um mês e entender a dinâmica de trabalho e os avanços que a principal universidade do país fez para se tornar a segunda maior publicadora sobre o tema. 

Mas antes de chegar neste desafio, o pesquisador contou um pouco sobre a sua trajetória na área, desde o seu primeiro despertar de interesse. De acordo com ele, foi por meio de um professor e amigo pessoal na escola que o instigou a paixão pela Física, a qual foi preponderante para ele desistir do campo da engenharia, o qual era fortemente indicado para o mesmo. 

Já na universidade, Leopoldo ingressou na Iniciação Científica no terceiro ano, com a orientação do professor Marcelo Munhoz. Na oportunidade, o mesmo estudou as propriedades do Plasma de Quarks e Gluons. "O LHC consegue simular as condições do universo primordial, poucos microssegundos após o Big Bang. Você tem ali um estado da matéria chamado dessa forma,. E o laboratório consegue produzir isso durante as colisões entre núcleos de chumbo  e a minha IC tinha como objetivo estudar algumas propriedades globais daquele plasma", explica Leopoldo. 

Depois de encerrar a IC, Leopoldo comenta que ingressou no mestrado. "O meu período no mestrado foi um tanto traumático por conta da pandemia, ou seja, basicamente foi online. E para além disso, eu não sabia que era tão diferente a graduação e a pós graduação. Fora isso, foi um período muito bom porque tive o primeiro contato com o objeto de estudo que trabalho hoje, que são partículas exóticas", comentou. 

Depois de um período de dificuldade durante o mestrado. O mesmo iniciou o doutorado, e com ele o trabalho presencial e a oportunidade de realizar o intercâmbio para a China. "O CERN conta com a participação de pessoas praticamente do mundo todo   A China tem um papel muito forte no Laboratório pois as universidade Chinesas estão quebrando a hegemonia que as universidades ocidentais tinham a décadas átras", argumenta. 

Em consonância com o depoimento de Leopoldo, para além das Universidades, uma notícia veiculada no canal oficial do IPEA revela que a China planeja construir um acelerador de partículas de US$ 5 bilhões (o equivalente a R$ 27,8 bilhões) nos próximos três anos. Ainda de acordo o portal, com 100 quilômetros (km) de circunferência, o Colisor Circular de Elétrons e Pósitrons (CEPC) promete revolucionar a ciência ao oferecer análises sem precedentes do bóson de Higgs — partícula que pode ser responsável pela massa de todas as demais —, ajudando os cientistas a responder questões fundamentais sobre a evolução do Universo e a maneira como as partículas interagem.

Essa relevância do país em relação ao tema, chamou a atenção de Leopoldo quando o mesmo recebeu a informação de uma bolsa aberta da Summer School de um professor Chinês que estava colaborando junto a ele em um projeto de forma remota. "Eu fui atrás e pesquisei a Universidade de Ciência e Tecnologia da China, e vi que era a segunda mais importante do mundo em publicações, ficando atrás apenas de Harvard", completa. 

De acordo com ele, a experiência foi fundamental para a sequência do seu projeto de doutorado. Por fim, destacou que o Brasil não explora todo o seu potencial uma vez que o País está no mesmo bloco econômico que a China. "É fundamental colocar dinheiro na ciência, pois ela traz benefícios imensuráveis, com isso eu espero que o Brasil invista na Física", termina Leopoldo. 

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