Maria Palhares é contemplada com bolsa no CERN para analisar dados do experimento ALICE do LHC

 

No segundo semestre de 2023, a doutoranda Maria Paula Martins Palhares foi contemplada com  uma bolsa do  CERN, com o objetivo de estudar a produção de núcleos especiais, os hiper-núcleos utilizando técnicas de aprendizado de máquina. Durante o intercâmbio, ela seguirá sendo aluna de pós-graduação do IFUSP, mas desenvolverá sua pesquisa sob  a orientação de um pesquisador  do laboratório Suiço. 

Durante dois anos, Maria desenvolverá a sua pesquisa com ferramentas e trocas com colaboradores de diversas partes do Mundo. Em entrevista com a equipe de comunicação do Hepic, a mesma revelou que a experiência parece até "meio distante" pois para ela se trata do "Olimpo dos Olimpos da Física". 

A troca com outras pessoas que estudam na mesma área será fundamental para a pesquisadora. De acordo com ela, o foco do seu trabalho é compreender as propriedades dos hiper núcleos a partir das colisões. "Os hiper núcleos tem uma característica diferente, pois além dos prótons e nêutrons, eles tem em sua composição partículas com estranheza, ou seja, contém a presença de quarks estranhos na sua combinação", completa Maria. 

De acordo com Maria, a presença dos Quarks estranhos influenciam no tempo de vida, na carga e na estabilidade das partículas. "Essa área tem relevância no experimento devido a sua caracterização, como por exemplo o raio, carga e interação. Além disso, ela é utilizada como hipótese para explicar a estabilidade de corpos celestes tipo estrelas de nêutron, que contém a massa dos dois sóis, mas com um raio muito menor", completa

Para além do experimento, os(as) pesquisadores(as) da área têm levantado uma questão importante quanto a aplicabilidade da Física de Partículas na sociedade. Como evidência dessa incidência fica a realização da programação de eventos do CERN em comemoração ao seu septuagésimo aniversário. Com transmissão ao vivo, os encontros têm se debruçado em entender como os avanços das pesquisas têm ajudado outras áreas de estudo, como a biologia, artes e a medicina. 

Em consonância com a possibilidade de retorno prático, Maria conta que sua área de estudo tem aplicações  importantes para outras áreas . "Para além desses dois focos, ela é importante para compreendermos a formação da matéria. Tem uma certa expectativa que ela nos ajude a compreender a origem do universo", comenta a doutoranda. 

Do masterclass ao intercâmbio: Maria mostra que para ser bem sucedido na área de  física basta ter persistência e trocas de conhecimento

A partir de sua entrada no grupo em 2021, a pesquisadora trilhou um caminho de trocas de conhecimento, passando por contemplações de projetos de iniciação científica e doutorado. Apesar do longo processo de descoberta na graduação, foi em 2012 já no ensino médio que a doutoranda teve seu primeiro contato com o CERN, o qual despertou seu interesse pela física, com foco em partículas. Na oportunidade, a mesma se deparou com uma reportagem da Folha de São Paulo  sobre a descoberta do Bólson de Higgs no laboratório. 

Por outro lado, o seu primeiro contato com o Hepic foi por meio do Masterclasses. "Em 2015, no terceiro ano do ensino médio, eu participei com a minha escola do evento que acontece no IFUSP. Foi fundamental para mim, pois no encontro, a organização divulgou as atividades do CERN". Agora, a pesquisadora encontra uma nova oportunidade de fortalecer o laço entre as duas organizações e vivenciar a rotina do laboratório internacional por dois anos. 

Desenvolvido por HEPIC IFUSP