
Publicado por intranet em sex, 27/09/2024 - 11:09
O programa de intercâmbio realiza sonhos e alavanca a carreira de pesquisadores
A Física de Partículas é um tema intrigante na Física. E para os pesquisadores brasileiros, essa faceta ganhou um novo capítulo com a titulação do Brasil como estado membro do CERN. Esse movimento é fundamental para ampliar os avanços dos estudos no país e estreitar os laços de cooperação entre os alunos que realizam intercâmbio em outras partes do Mundo.
Nos últimos dias, a comunicação do HEPIC tem conversado com estudantes e compreendido quais são as consequências dessas trocas internacionais e como elas favorecem os avanços no âmbito pessoal e para os grupos de pesquisas das universidades Brasileiras. Já na última semana, não foi diferente, em entrevistas com os estudantes Lucas Ferrandi e Leonardo Campos, eles contaram desafios e conquistas durante as suas experiências nas universidade de Munster, na Alemanha.
O Doutorando Leonardo entrou na Física devido a descoberta do Bóson de Higgs. Naquele momento, o seu interesse foi instigado a partir de uma visita guiada na Universidade de São Paulo. O interesse do aluno foi tão longínquo que durante a graduação, já iniciou sua Iniciação Científica e depois, realizou mestrado e iniciou o doutorado, o qual teve a oportunidade de realizar a viagem.
Durante a sua trajetória, ele comenta que pegou todas as escalas. "Cada bolsa foi um tema, a minha iniciação científica foi focada em instrumentação. Já o meu mestrado foi em fenomenologia, então eu mudei de instrumentação para fenomenologia, basicamente usando um modelo até complexo de Monte Carlo, e agora no doutorado eu estou na parte experimental", explica.
Com a entrada no Doutorado, ele conta que o processo para realizar o intercâmbio foi natural, uma vez que o tema de estudo focado em que estava no Brasil coincidia com o da Universidade de Munster, que era a respeito do Jatos de Heavy Flavor. "A partir dessa colaboração entre essas universidades o processo fica mais fácil, sendo o único desafio encontrar a viabilização para a bolsa", comentou.
Perguntado se a experiência foi importante para o seu doutorado, Leonardo explica que há duas formas de olhar para a questão. A primeira é que o contato presencial com os alunos que colaboram diariamente com eles virtualmente é fundamental para ampliar a visão sobre a pesquisa e a rede de contatos. Já a segunda, é a possibilidade de estar na Europa Central permite um contato com eventos científicos, que são difíceis de acompanhar pelo Brasil devido à logística.
Por fim, o mesmo destaca que a experiência foi muito válida para os âmbitos pessoais e profissionais. "Eu acho que a mudança principal de estar aqui é que você está perto do detector, então é mais fácil ir para o CERN para trabalhar diretamente no Alice", ressalta Leonardo.
Já o estudante Lucas Ferrandi, que entrou na Universidade de São Paulo em 2017, comenta que sempre se interessou pela Física. "Eu gostava muito de Mecanica Quantica, Relatividade e Buracos Negros. Já no ensino médio , eu decidi que ingressar nessa área seria uma meta de vida", comenta.
No IFUSP, sua carreira acadêmica começou com o estudo sobre as condições iniciais de uma colisão entre íons pesados relativísticos, com foco na energia do LHC. "O meu papel era basicamente estudar onde quarks pesados são formados, para que sejam usados como input para simulações computacionais", explica Lucas.
De acordo com ele, a sua pesquisa no doutorado é similar a da IC, apesar de não ser focada na condições iniciais, mas sim, nos observáveis finais dessas colisões. "O foco principal é a formação de quarks pesados, principalmente os quarks charm, e a fragmentação deles em um hadron que é chamado de JPsi , que é um estado ligado entre um quark charm e um anti-quark charm", comenta Lucas.
Durante o mesmo doutorado, já em relação ao intercâmbio, o estudante comenta que já tinha planos de realizar e com isso, teve de esperar abrir os editais para desfrutar uma possibilidade real. De acordo com ele, "abriu um edital do programa chamado de PRINT, que significa Programa de Internacionalização. Eu me inscrevi para esse edital, em que tive que coletar vários documentos, conseguir um orientador na universidade, confirmar o aceite, e escrever um projeto. Eu fiz esse processo e consegui ser aprovado".
Apesar de ter vislumbrado um intercâmbio para a sua carreira, Lucas valoriza a ciência brasileira. Para ele, a produção científica no país precisa ser potencializada e cita as universidades como um caminho para esse processo.
Para complementar o arcabouço de conhecimento em relação a sua pesquisa que está sendo feita no Brasil, Lucas comenta que o intercâmbio foi uma espécie de continuidade do seu trabalho. Além disso, ele ressalta, assim como Leonardo, as experiências de eventos científicos pela Europa e os contatos com os experimentos do LHC.