90 anos de Física na USP: Revisitando o Passado e Pensando o Futuro

90 anos de Física na USP: Revisitando o Passado e Pensando o Futuro
De 21 a 25/10. Diversos auditórios com transmissão ao vivo.

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O Simpósio “90 anos de Física na USP: Revisitando o Passado e Pensando o Futuro” visou unir celebração e reflexão sobre o futuro da ciência brasileira. A programação colocou em debate a atuação do IFUSP nos três pilares da Universidade: Pesquisa, Ensino e Extensão.

Contando com proeminentes convidados, a programação do evento apresentou um amplo panorama temático, incluindo discussões sobre bolsas e financiamento, diversidade na ciência, avaliação da pós-graduação, memórias sobre a criação dos cursos do IFUSP, relações entre pesquisa e inovação, entre outras atividades.

"A ciência brasileira enfrenta novos desafios. O crédito - nos diferentes sentidos da palavra - dado à ciência não é mais o mesmo. Cada vez mais a prática da ciência 'desinteressada' é questionada, o que exige novas respostas à sociedade. Mas não são apenas questões sociais que merecem atenção, há questões epistemológicas que também se impõem. A separação entre o que seria ciência básica e aplicada se tornou menos definido, o que exige com que a Física precise rever sua autoimagem. Também vivemos um momento de Big Science, em que projetos de ponta são resultados de empreendimentos com centenas de pessoas." - aponta Ivã Gurgel, coordenador do Simpósio.

 

 

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 Assista a programação na playlist:


PROGRAMAÇÃO DO SIMPÓSIO
Atividades principais no auditório Abrahão de Moraes

2ª feira | 21.10

  • 10h | Abertura
    Com a participação da Exmª Vice Reitora Profª Maria Arminda N. Arruda, da Profª Kaline R. Coutinho (Diretora do Instituto de Física), Prof. Cristiano Oliveira (Vice-Diretor) e Ivã Gurgel (coordenador do evento).
  • 10h30 | A Física na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (1934-1969)
    Com o Prof. Olival Freire Jr. (CNPq / UFBA)
  • 14h | A Formação dos Departamentos do IFUSP: FEP, FMT e FNC
    Com Carlos Castilla Becerra (FMT), Maria José Bechara (FNC) e Luís Carlos de Menezes (FEP)
  • 15h45 | Coffee Break 
  • 16h | A Formação dos Departamentos do IFUSP: FMA, FAP e FGE
    Com Antônio Toledo Piza (FMA), Vera Henriques (FGE), Iberê Caldas e Lia Amaral (FAP)
  • 18h30 | Coffee Break 
  • 19h | A Graduação no IFUSP: Memórias sobre a Criação de nossos Cursos
    Com Iberê Caldas (Bach), Maria Regina Kawamura (Lic), Elisabeth Yoshimura (FisMed)

3ª feira | 22.10

  • 10h | Diversidade na Ciência
    Com Rogério Monteiro (EACH/PRIP)
    *Atividade da Comissão de Inclusão e Pertencimento (CIP)
  • 14h | Avaliação CAPES
    Com as coordenadoras de área da CAPES, Kaline Coutinho (IFUSP), de Física, e Ivanise Rizzati (UFRR), de Ensino.
    *Atividade da Comissão de Pós-Graduação (CPG)
  • 15h45 | Coffee Break 
  • 16h | Bolsas e Financiamento
    Com Ricardo Galvão (CNPq) e Sylvio Canuto (FAPESP)
    *Atividade da Comissão de Pós-Graduação (CPG)
  • 18h30 | Coffee Break 
  • A partir das 19h | Atividades por curso
    *Atividades paralelas organizadas pelas Comissões Coordenadoras dos Cursos (CoC) de Licenciatura, Bacharelado e Física Médica

*Licenciatura (Auditório Cesar Lattes)
14h | Experimentação, Arte e Ciência | Claudio Furukawa
19h | Homenagem ao Prof. João Zanetic

*Bacharelado (Auditório Abrahão de Moraes)
19h | Mesa Redonda - Trajetórias de Egressos | Com Marcela Cruz, Fabio Gerab, Mariana Mercucci, Gabriel Makhoul

*Física Médica (Auditório Marcello Damy)
19h | A Criação e Atuação do C2PO | Com Roger Chammas


4ª feira | 23.10

  • 10h | Conversa sobre o livro “As Bases do Eletromagnetismo”
    Com Manoel R. Robilotta, Suzana Salem, Maria José Bechara e José Luciano Duarte
  • 14h | O que é um tema de fronteira na ciência?
    Com Bárbara Amaral, Luana Pedroza e Valentina Martelli (IFUSP).
  • 15h45 | Coffee Break 
  • 16h | Relações entre Pesquisa e Inovação
    Com Marcos Martins (SCTI) e Paulo Roberto Costa (IFUSP).
    *Atividade da Comissão de Pesquisa e Inovação (CPqI)
  • 18h30 | Coffee Break 
  • A partir das 19h | Atividades por curso
    *Atividades paralelas organizadas pelas Comissões Coordenadoras dos Cursos (CoC) de Licenciatura, Bacharelado e Física Médica

*Licenciatura (Sala 2017)
14h | Experimentação, Arte e Ciência | Com Mikiya Muramatsu
19h | Física, cinema e literatura | Com João Eduardo Fernandes Ramos (UFPE) e Emerson Ferreira Gomes (IFSP)

*Bacharelado (Auditório Abrahão de Moraes)

19h | Perfis para o Bacharelando em Física | Com Rodrigo Capaz (CNPEM/SBF) e Adalberto Fazzio (Ilum)

*Física Médica (Auditório Adma Jafet)
19h | Residência em Física Médica | Com Denise Nersissian 
20h | Café filosófico -  Segurança e acidentes radiológicos | Com Roberto Vicente, Marcelo Tatit e Neilo Trindade

5ª feira | 24.10

  • 10h | Cultura e Extensão Universitária: o que o IFUSP oferece e o que precisamos
    Com Kaline Coutinho, Marcelo G. Munhoz, Cristiano L. P. Oliveira e Daniel Cornejo
    *Atividade da Comissão de Cultura e Extensão (CCEx)
  • 14h | Avaliação Docente e Institucional
    Com Claudio G. Schön (CAI) e Rossana P.V. Francisco (CAD)
    *Atividade da Diretoria
  • 15h45 | Coffee Break 
  • 16h | Critérios para Escolha de Áreas de Pesquisa em Concursos para Docentes
    Reunião Aberta de Docentes do IFUSP
    *Atividade da Diretoria
  • 18h30 | Coffee Break 
  • A partir das 19h | Atividades por curso
    *Atividades paralelas organizadas pelas Comissões Coordenadoras dos Cursos (CoC) de Licenciatura, Bacharelado e Física Médica

*Licenciatura (Sala 2017)
14h | Mostra Ecofalante - Exibição do filme “Floresta um jardim que a gente cultiva”.
19h | Ensino de Física e Questões Culturais | Com Lúcia Sasseron

*Bacharelado (Auditório Abrahão de Moraes)

19h | Futuro do Projeto Político Pedagógico do Bacharelado | Com Renato Higa

*Física Médica (Auditório Adma Jafet)
19h | Liga de Radioterapia e Radiocirurgia | Diretoria da Liga
20h | Introdução à Radioterapia Guiada por Imagem | Danilo Bérgamo (Elekta Medical Systems)

6ª feira | 25.10*

Jornada, Colóquios dos Departamentos, Atividades por Curso. 

  • 10h às 18h | JORNADA: Quase 100 anos de Mecânica Quântica: aspectos Históricos e Filosóficos (Auditório Marcello Damy)
    10h com Jean-Phillippe Martinez (TU Berlin)
    14h com Thiago Hartz (UFRJ)
    16h15 com Ivã Gurgel (IFUSP)
  • 09h45 às 18h | Agorá Meeting - Colóquio do DFMA (Auditório Abrahão de Moraes)
  • 10h | Colóquio do DFMT (Auditório Adma Jafet) - [acesse aqui a programação]
  • 16h30 | Confraternização DFMT (Ed. Mario Schenberg)

Outras atividades

*Licenciatura (Auditório Cesar Lattes)
10h às 12h | Apresentação dos trabalhos
14h às 16h | O Futuro da Licenciatura | Prof. André Machado Rodrigues
19h às 21h | Apresentação de Trabalhos
 
*Física Médica (Auditório Adma Jafet)
19h | Inteligência Artificial na Física Médica | Edson Amaro

90 anos de Física na USP: Revisitando o Passado e Pensando o Futuro

 

Em 1934 um novo capítulo da história das ciências se abriu no Brasil com a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL), que também marcaria as origens da Universidade de São Paulo (USP). As escolas de formação profissional, como a Escola Politécnica fundada em 1893, passaram a compor a USP, mas sua célula mater seria a FFCL, dedicada ao que era chamado de “Ciências Desinteressadas”. Para compor seu corpo docente foram planejadas missões à Europa que trouxeram pesquisadores para apoiar a criação de cursos e grupos de pesquisa na FFCL. Para liderar a subseção de Física, por indicação de Enrico Fermi, veio ao Brasil o ítalo-ucraniano Gleb Wataghin. Embora fosse um teórico de campos, Wataghin elegeu a física experimental de raios cósmicos como linha de pesquisa que estruturou a criação do que ficou mais conhecido como “Departamento de Física” da USP. Esta era uma área que permitiu os primeiros estudos de partículas em altas energias através de uma instrumentação ao mesmo tempo sofisticada e barata. Em seguida, em 1937, o italiano Giuseppe Occhialini também vem ao Brasil, o que seria um grande reforço por ser um físico experimental com grande habilidade em instrumentação científica.

Um grupo de estudantes se tornaram o grande alicerce de Wataghin e Occhialini. Estes últimos apresentam a esse jovens pesquisadores um novo olhar para a Física, mostrando seus problemas em aberto e destacando a importância da investigação teórica e experimental nas ciências, que busca resultados novos. Eles também instauram no Brasil uma nova postura em relação a como se inserir na comunidade científica, imprimindo no Departamento de Física um forte espírito internacionalizante. Além de fazer pesquisas de alta qualidade, Wataghin e Occhialini buscam estar conectados com a Física feita mundo afora, acompanhando seus desenvolvimentos. Já nestas primeiras décadas de pesquisa, muitos de seus estudantes viajam ao exterior e entram em contato com cientistas de renome. Por exemplo, Marcello Damy de Souza Santos foi fazer pós-graduação com William Lawrence Bragg, na Universidade de Cambridge, em 1938; Mario Schenberg, entre 1938 e 1939, trabalhou primeiramente com Enrico Fermi na Universidade de Roma e posteriormente com Wolfgang Pauli na Universidade de Zurique e com Frédéric Joliot-Curie no Collège de France; Paulus Aulus Pompeia foi trabalhar com Arthur H. Compton, na Universidade de Chicago, em 1940; e Sonja Ashauer foi fazer seu doutorado com Paul Dirac em Cambridge em 1945, se tornando a primeira mulher brasileira a obter um PhD em Física.

Dentre a primeira geração de estudantes da FFCL, César Lattes é um dos que irá adquirir uma das maiores notoriedades tanto no cenário brasileiro como internacional. Curitibano, completaria 100 anos em 2024. Ingressou na FFCL em 1941 e rapidamente passou a atuar no grupo coordenado por Wataghin e Occhialini, colaborando com as pesquisas em raios cósmicos. À época o modelo de Hideki Yukawa para as interações fortes já havia sido publicado e detectar o Méson π era um dos maiores desafios experimentais para a ciência. Com o apoio de colaborações internacionais, Lattes lidera a detecção do Méson π primeiramente em Raios Cósmicos e, em um segundo momento, com Aceleradores de Partículas. Esta descoberta não projeta apenas o nome de César Lattes, mas toda a ciência feita na FFCL-USP. Nos anos que se seguem Lattes irá se tornar uma liderança científica destacada, participando da criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Física (CBPF), em 1949, e do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), em 1951.

Wataghin deixa a FFCL em 1949, mas a tradição criada por ele permanece. Nos anos de 1950 outros professores estrangeiros vêm à USP, entre eles nomes consagrados como Guido Beck e David Bohm. No final dessa década Lattes retorna à USP e recria o grupo de raios cósmicos, agora como parte de uma colaboração com o Japão. Mas a tradição experimental se renova ao longo dos anos, com a criação de novos laboratórios já na Cidade Universitária. Destaque à construção do Acelerador Eletrostático Van de Graaff; um acelerador de partículas construído inteiramente no Brasil, com a liderança de Oscar Sala. Um projeto como esse em uma época em que no Brasil a indústria ainda era incipiente é algo digno de nota. 

Com a reforma Universitária a FFCL se desmembra e são criados institutos específicos. Em 1970 começa a funcionar o Instituto de Física, inicialmente com três departamentos; Física Nuclear, Física Experimental e Física dos Materiais e Mecânica. Nos anos seguintes novos departamentos são criados: Física-Matemática, Física Geral e Física Aplicada. O resultado líquido é que hoje temos um instituto com grande diversidade em áreas de pesquisa, cobrindo todas as principais subáreas da Física. A vocação internacional criada por Wataghin se mantém, o que é facilmente verificável pela produção científica do IFUSP.

Contudo, hoje a ciência brasileira enfrenta novos desafios. O crédito - nos diferentes sentidos da palavra - dado à ciência não é mais o mesmo. Cada vez mais a prática da ciência “desinteressada” é questionada, o que exige novas respostas à sociedade. Mas não são apenas questões sociais que merecem atenção, há questões epistemológicas que também se impõem. A separação entre o que seria ciência básica e aplicada se tornou menos definido, o que exige com que a Física precise rever sua auto-imagem. Também vivemos um momento de Big Science, em que projetos de ponta são resultados de empreendimentos com centenas de pessoas. 

O Simpósio “90 anos de Física na USP: Revisitando o Passado e Pensando o Futuro” busca unir celebração e reflexão sobre o futuro da ciência brasileira. Sua programação, apresentada a seguir, coloca em debate a atuação do IFUSP nos três pilares da Universidade: Pesquisa, Ensino e Extensão. 

 

Data do Evento: 
21/10/2024 - 10:00
Data de Término: 
25/10/2024 - 19:00

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