Foto da equipe "The Wronskians". Divulgação
“The Wronskians” é o time que vai representar a USP no Brazilian Physicists’ Tournament (BPT)
Participante desde a primeira edição do torneio em 2018, o time USP do Brazilian Physicists’ Tournament ganha novo nome, novos líderes e uma disciplina totalmente dedicada ao evento.
Doze problemas de física em aberto. Ao menos seis equipes prontas. O campo está montado para o Brazilian Physicists’ Tournament (BPT) deste ano, que ocorrerá na UFMG, em Belo Horizonte, de 9 a 12 de dezembro. O BPT é a seletiva nacional do International Physicists’ Tournament (IPT), torneio entre equipes universitárias que debatem soluções de problemas abertos em física. As equipes são formadas por estudantes de graduação ou mestrado e conta com líderes (que atuam como técnicos) que podem ser doutorandos, pós-doutorandos e docentes.
De acordo com Bruno Siqueira Eduardo, membro veterano do time USP, parte do encanto do torneio é desvelar as camadas de complexidade que vão emergindo a despeito da aparente simplicidade dos problemas e fenômenos do cotidiano. Normalmente, é possível atacar as questões usando física em nível de graduação, no entanto, o processo de estudo para o torneio é bastante diferente da maioria das aulas do curso: ao contrário das listas de exercícios, extremamente orientadas para o uso de teorias ou técnicas específicas, os problemas são apresentados de modo totalmente aberto, sendo possível abordá-los das mais diversas maneiras, usando todo o repertório e criatividade da equipe.
As edições anteriores estão repletas de exemplos intrigantes. A explicação de um teste de qualidade realizado em destilarias de cachaça: primeiro, bate-se uma haste metálica na garrafa inerte e novamente depois de agitá-la. Como é possível deduzir o status da bebida a partir da mudança do som produzido? Outro exemplo interessante: ouvindo-se um trovão, o que é possível apreender sobre o formato do relâmpago de origem? Alguns problemas têm, inclusive, aplicações de grande importância. “Sabe quando você vai colocar sal na comida e o saleiro entope? Aí você tem que mexer um pouquinho no saleiro e volta a colocar. Então, isso é um problema importantíssimo em física estatística, que acontece nessa escala e também acontece em refinarias de petróleo, quando tem que ter uma bitola do tamanho certo para não travar o fluxo. A física é meio que a mesma. Aí faltava investigar isso” - comenta o estudante.
A dinâmica do torneio se dá por meio das “Batalhas de Física”, em que cada time pode atuar como apresentador, opositor ou mediador. Enquanto se alternam e competem, as equipes vão aprimorando as soluções apresentadas. Além disso, uma vez finalizada a etapa brasileira - com a definição do time campeão e que vai representar o país na fase internacional - o ecossistema atua de forma colaborativa: o vencedor pode acionar e contar com o apoio dos trabalhos das outras equipes. Nesse momento, todos se tornam time “Brasil”.
Presente desde a primeira edição do evento, a USP ainda não venceu a etapa nacional, mas 2024 traz bons ventos para a equipe: é o ano em que, finalmente, a preparação para o BPT se formaliza como disciplina de graduação. E, de acordo com os estudantes, isso pode fazer uma boa diferença. “A USP, junto com a UFABC, é a universidade que participa do BPT há mais tempo, desde 2018. O que acontece é que as outras universidades que foram entrando ao longo dos anos, a UNICAMP, a UFMG, etc., elas têm disciplinas formalizadas totalmente. Então, tem turmas - trinta, quarenta alunos - trabalhando naquela lista de problemas, tem notas, tem vários professores.[...] E a gente, até então, era sempre na força da amizade, mas sempre correndo atrás de professor.[...] Nas últimas duas semanas, a gente falava ‘a gente precisa participar, precisa ensaiar alguma coisa’. Aí passava madrugada na casa de um e na casa de outro. Eu lembro que na pandemia, a entrada de baixo estava fechada, mas o pessoal dos laboratórios topou ajudar a gente, aí eles iam lá, deixavam os experimentos, os materiais na bancada, e a gente vinha de final de semana, mesmo com tudo fechado, e ficava fazendo os experimentos lá” - recorda o estudante Bruno.
A equipe lembra com carinho dos pesquisadores que os apoiaram nas últimas edições, como os docentes Antônio Domingues e Edivaldo Moura, além de outros pós-docs que atuaram como líderes do time. No entanto, a perspectiva de uma estrutura curricular que os ajude a atrair cérebros, organizar os estudos e reforçar a equipe é muito bem-vinda. Novo logo do time, a fênix vem traduzir esse momento de renascimento e fortalecimento da equipe. A ementa da disciplina “Aprendendo física enfrentando problemas em aberto”, coordenada e oferecida pelo professor Eric C. Andrade, contou com colaboração dos membros do time para ser definida. Assim, o docente assume o posto de novo líder da equipe, junto ao doutorando Gustavo Alves, que, ano passado, conseguiu tirar um tempo de seu intercâmbio no Fermilab para uma reunião virtual de apoio na semana anterior ao torneio. De volta ao país, ele reassume o compromisso com a equipe, animado, e mirando a primeira vitória da USP no BPT.
Além de torcer pela equipe, estudantes de todos os cursos de graduação da Universidade podem participar! Para saber mais sobre o torneio ou como fazer parte do time, entre em contato pelo perfil no Instagram: @ipt.usp
The Wronskians Team:
Líder e coordenador da disciplina:
- Prof. Eric. C. Andrade
Membros representantes da equipe no BPT em Belo Horizonte:
- Gustavo Figueiredo Severiano Alves (Líder)
- Artur Libanio de Araujo Yordaky (Capitão)
- Guilherme Aciron Loureiro Lancaster de Torres
- Ted Martins Paulo da Silva
- Maria Fernanda Dressano Barbaro
- Felipe Gasaniga Monteiro
- Lívia Tiemi Bidoia de Freitas
Demais membros que participam da resolução de problemas:
- Nathalia Seino
- Gabriela Vieira Kuhn Scavone
- Mateus Teixeira e Souza
- Bruno Siqueira Eduardo
- Édy Soares da Silva de Oliveira
- Alfredo José de Castilhos Pauli Barbosa
- Álex Felipe Caçula Leal
- Valkíria Luna Anjos dos Santos
- Inácio Captuleio de Souza Pinto
- Lucca Mazella
- Jean Matias Ferreira