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“The Wronskians” é o time que vai representar a USP no Brazilian Physicists’ Tournament (BPT) | BIFUSP Entrevista

Foto da equipe "The Wronskians". Divulgação


“The Wronskians” é o time que vai representar a USP no Brazilian Physicists’ Tournament (BPT)

Participante desde a primeira edição do torneio em 2018, o time USP do Brazilian Physicists’ Tournament ganha novo nome, novos líderes e uma disciplina totalmente dedicada ao evento.

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Doze problemas de física em aberto. Ao menos seis equipes prontas. O campo está montado para o Brazilian Physicists’ Tournament (BPT) deste ano, que ocorrerá na UFMG, em Belo Horizonte, de 9 a 12 de dezembro. O BPT é a seletiva nacional do International Physicists’ Tournament (IPT), torneio entre equipes universitárias que debatem soluções de problemas abertos em física. As equipes são formadas por estudantes de graduação ou mestrado e conta com líderes (que atuam como técnicos) que podem ser doutorandos, pós-doutorandos e docentes. 

De acordo com Bruno Siqueira Eduardo, membro veterano do time USP, parte do encanto do torneio é desvelar as camadas de complexidade que vão emergindo a despeito da aparente simplicidade dos problemas e fenômenos do cotidiano. Normalmente, é possível atacar as questões usando física em nível de graduação, no entanto, o processo de estudo para o torneio é bastante diferente da maioria das aulas do curso: ao contrário das listas de exercícios, extremamente orientadas para o uso de teorias ou técnicas específicas, os problemas são apresentados de modo totalmente aberto, sendo possível abordá-los das mais diversas maneiras, usando todo o repertório e criatividade da equipe.

As edições anteriores estão repletas de exemplos intrigantes. A explicação de um teste de qualidade realizado em destilarias de cachaça: primeiro, bate-se uma haste metálica na garrafa inerte e novamente depois de agitá-la. Como é possível deduzir o status da bebida a partir da mudança do som produzido? Outro exemplo interessante: ouvindo-se um trovão, o que é possível apreender sobre o formato do relâmpago de origem? Alguns problemas têm, inclusive, aplicações de grande importância. “Sabe quando você vai colocar sal na comida e o saleiro entope? Aí você tem que mexer um pouquinho no saleiro e volta a colocar. Então, isso é um problema importantíssimo em física estatística, que acontece nessa escala e também acontece em refinarias de petróleo, quando tem que ter uma bitola do tamanho certo para não travar o fluxo. A física é meio que a mesma. Aí faltava investigar isso” - comenta o estudante.

A dinâmica do torneio se dá por meio das “Batalhas de Física”, em que cada time pode atuar como apresentador, opositor ou mediador. Enquanto se alternam e competem, as equipes vão aprimorando as soluções apresentadas. Além disso, uma vez finalizada a etapa brasileira - com a definição do time campeão e que vai representar o país na fase internacional - o ecossistema atua de forma colaborativa: o vencedor pode acionar e contar com o apoio dos trabalhos das outras equipes. Nesse momento, todos se tornam time “Brasil”.

Presente desde a primeira edição do evento, a USP ainda não venceu a etapa nacional, mas 2024 traz bons ventos para a equipe: é o ano em que, finalmente, a preparação para o BPT se formaliza como disciplina de graduação. E, de acordo com os estudantes, isso pode fazer uma boa diferença. “A USP, junto com a UFABC, é a universidade que participa do BPT há mais tempo, desde 2018. O que acontece é que as outras universidades que foram entrando ao longo dos anos, a UNICAMP, a UFMG, etc., elas têm disciplinas formalizadas totalmente. Então, tem turmas - trinta, quarenta alunos - trabalhando naquela lista de problemas, tem notas, tem vários professores.[...] E a gente, até então, era sempre na força da amizade, mas sempre correndo atrás de professor.[...] Nas últimas duas semanas, a gente falava ‘a gente precisa participar, precisa ensaiar alguma coisa’. Aí passava madrugada na casa de um e na casa de outro. Eu lembro que na pandemia, a entrada de baixo estava fechada, mas o pessoal dos laboratórios topou ajudar a gente, aí eles iam lá, deixavam os experimentos, os materiais na bancada, e a gente vinha de final de semana, mesmo com tudo fechado, e ficava fazendo os experimentos lá” - recorda o estudante Bruno.

A equipe lembra com carinho dos pesquisadores que os apoiaram nas últimas edições, como os docentes Antônio Domingues e Edivaldo Moura, além de outros pós-docs que atuaram como líderes do time. No entanto, a perspectiva de uma estrutura curricular que os ajude a atrair cérebros, organizar os estudos e reforçar a equipe é muito bem-vinda. Novo logo do time, a fênix vem traduzir esse momento de renascimento e fortalecimento da equipe. A ementa da disciplina “Aprendendo física enfrentando problemas em aberto”, coordenada e oferecida pelo professor Eric C. Andrade, contou com colaboração dos membros do time para ser definida. Assim, o docente assume o posto de novo líder da equipe, junto ao doutorando Gustavo Alves, que, ano passado, conseguiu tirar um tempo de seu intercâmbio no Fermilab para uma reunião virtual de apoio na semana anterior ao torneio. De volta ao país, ele reassume o compromisso com a equipe, animado, e mirando a primeira vitória da USP no BPT.

Além de torcer pela equipe, estudantes de todos os cursos de graduação da Universidade podem participar! Para saber mais sobre o torneio ou como fazer parte do time, entre em contato pelo perfil no Instagram: @ipt.usp

The Wronskians Team:

Líder e coordenador da disciplina: 

  • Prof. Eric. C. Andrade

Membros representantes da equipe no BPT em Belo Horizonte:

  • Gustavo Figueiredo Severiano Alves (Líder)
  • Artur Libanio de Araujo Yordaky (Capitão)
  • Guilherme Aciron Loureiro Lancaster de Torres
  • Ted Martins Paulo da Silva
  • Maria Fernanda Dressano Barbaro
  • Felipe Gasaniga Monteiro
  • Lívia Tiemi Bidoia de Freitas

Demais membros que participam da resolução de problemas:

  • Nathalia Seino
  • Gabriela Vieira Kuhn Scavone
  • Mateus Teixeira e Souza
  • Bruno Siqueira Eduardo
  • Édy Soares da Silva de Oliveira
  • Alfredo José de Castilhos Pauli Barbosa
  • Álex Felipe Caçula Leal
  • Valkíria Luna Anjos dos Santos
  • Inácio Captuleio de Souza Pinto
  • Lucca Mazella
  • Jean Matias Ferreira
 

Projeto de Extensão leva estudantes da USP para oferecer monitorias e plantões de dúvidas em escolas públicas

Coordenado pela Professora Euzi Fernandes, do Instituto de Física da USP, o projeto “Monitoria de Física, Matemática e disciplinas tecnológicas para estudantes do ensino médio das escolas públicas da grande São Paulo” tem como objetivo fortalecer o aprendizado dos estudantes de ensino médio das escolas públicas nas disciplinas de Física, Matemática e Engenharia (Tecnologia e Robótica). A proposta é que graduandos da USP vinculados à iniciativa ofereçam monitorias e plantões para esclarecimento de dúvidas, buscando amenizar as dificuldades apresentadas no aprendizado dessas disciplinas. Eles serão supervisionados pela equipe responsável do projeto, formada por docentes de três unidades da USP - Instituto de Física (IF), Instituto de Matemática e Estatística (IME) e Escola Politécnica (EP) - em parceria com os coordenadores pedagógicos das escolas estaduais.

O projeto se adequa ao contexto da curricularização da extensão na Universidade e vem alinhado a dois eixos ODS: Educação de Qualidade e Redução das Desigualdades. O público-alvo da ação são estudantes do Ensino Médio, em preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e o Provão Paulista, e entende-se que as monitorias possibilitarão um melhor aproveitamento do conhecimento oferecido nas escolas, aumentando as chances dos estudantes conseguirem acesso ao sistema de educação de nível superior. 

Para além de tirar dúvidas e resolver exercícios, o projeto tenciona que o aluno-monitor desperte e incentive o interesse dos alunos para o aprendizado das disciplinas de Física, Matemática e conteúdo tecnológico. A ação e presença do aluno-monitor na escola deverão servir também como catalisadoras e motivadoras do sentimento de pertencimento escolar. As atividades deverão proporcionar uma maior aproximação entre os estudantes e a escola onde estudam, contribuindo para um ambiente estimulante ao aprendizado. Para tanto, cada aluno atuando no projeto deverá estudar cuidadosamente os livros-textos utilizados nas escolas parceiras e estar atento às recomendações dos coordenadores pedagógicos.

Os alunos-monitores poderão auxiliar os estudantes no desenvolvimento ou aprimoramento de habilidades computacionais, ensinando o uso de computadores da escola parceira e apresentando claramente os recursos das plataformas digitais usadas pelas escolas, onde parte do conteúdo acadêmico é compartilhado. Caso seja de interesse da equipe da escola parceira, os monitores poderão também auxiliar seus docentes na elaboração e correção de provas, trabalhos e conteúdo nas plataformas de ensino implantadas pelo Estado, ou outras atividades de apoio ao ensino.

Para além dos impactos desejados junto aos estudantes do ensino médio, espera-se uma melhoria do aprendizado do próprio graduando, já que precisará se comunicar de modo a transmitir o conhecimento de maneira clara e objetiva, aumentando, assim, o domínio dos assuntos em pauta. Dessa forma, o projeto promove o protagonismo estudantil no espaço educacional (no caso dos monitores e dos alunos monitorados), contribui para redução da desigualdade no ensino entre escolas públicas e privadas, e fortalece a qualidade do ensino público.

Para mais informações, contate a pesquisadora Euzi Fernandes em euzicfs@if.usp.br

Formação de novas partículas acima do topo das árvores contribui com as chuvas na Amazônia

Pesquisa publicada na Nature Geoscience e liderada por cientista brasileiro mostra como explosões de nanopartículas induzidas pela chuva ajudam a formar nuvens e precipitação, influenciando o ciclo de água, clima e balanço energético da Terra.
Em Agência FAPESP. Acesse AQUI o original.
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Pesquisa publicada nesta sexta-feira (08/11) na revista Nature Geoscience desvenda uma importante peça do quebra-cabeça que busca explicar a formação de chuvas na Amazônia, uma das regiões mais influentes no clima global. Segundo o estudo, a floresta é capaz de produzir sozinha aerossóis que, induzidos pela própria chuva, desencadeiam um processo de novas formações de nuvens e precipitação, influenciando assim o ciclo de água, o clima e o balanço energético da Terra.

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Imagem: Luiz Machado et al./Nature Geoscience

Artigo | Frequent rainfall-induced new particle formation within the canopy in the Amazon rainforest

Dos autores Luiz A. T. Machado, Gabriela R. Unfer, Sebastian Brill, Stefanie Hildmann, Christopher Pöhlker, Yafang Cheng, Jonathan Williams, Harder Hartwig, Meinrat O. Andreae, Paulo Artaxo, Joachim Curtius, Marco A. Franco, Micael A. Cecchini, Achim Edtbauer, Thorsten Hoffmann, Bruna Holanda, Théodore Khadir, Radovan Krejci, Leslie A. Kremper, Yunfan Liu, Bruno B. Meller et al. 
Publicado em Nature Geoscience. Acesse AQUI o original.
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Partículas de aerossol atmosférico são essenciais para a formação de nuvens e precipitação, influenciando assim o orçamento de energia da Terra, o ciclo da água e o clima em escalas regionais e globais. No entanto, a origem das partículas de aerossol sobre a floresta amazônica durante a estação chuvosa é mal compreendida. Estudos anteriores mostraram a formação de novas partículas na saída de nuvens convectivas profundas e sugeriram um fluxo descendente de partículas de aerossol durante eventos de precipitação. Aqui, usamos dados abrangentes de aerossol, gás traço e meteorológicos do Observatório Amazon Tall Tower para mostrar que a precipitação regularmente induz explosões de nanopartículas na faixa de tamanho de nucleação. Isso pode ser atribuído à eliminação de partículas maiores relacionada à chuva e uma redução correspondente do sumidouro de condensação, juntamente com uma injeção de ozônio no dossel da floresta, o que pode aumentar a oxidação de compostos orgânicos voláteis biogênicos, especialmente terpenos, e aumentar a formação de novas partículas. Durante e após a precipitação, as concentrações de partículas de nucleação diretamente acima do dossel são maiores do que aquelas mais altas. Este gradiente persiste durante toda a estação chuvosa para a faixa de tamanho de nucleação, indicando formação contínua de partículas dentro do dossel, um fluxo ascendente líquido de partículas recém-formadas e uma mudança de paradigma na compreensão das interações aerossol-nuvem-precipitação na Amazônia. Explosões de partículas fornecem uma explicação plausível para a formação de núcleos de condensação de nuvens, levando à formação local de nuvens verde-oceânicas e precipitação. Nossas descobertas sugerem que uma interação de uma redução relacionada à chuva no sumidouro de condensação, emissões primárias de gases, principalmente terpenos, e partículas do dossel da floresta, e processamento de nuvens convectivas determinam a população de núcleos de condensação de nuvens no ar intocado da floresta tropical.

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Imagem: Figura original do artigo. Luiz Machado et al./Nature Geoscience

Artigo | CloudRoots-Amazon22: Integrating Clouds with Photosynthesis by Crossing Scales

Dos autores J. Vilà-Guerau de Arellano, O. K. Hartogensis, H. de Boer, R. Moonen, R. González-Armas, M. Janssens, G. A. Adnew, D. J. Bonell-Fontás, S. Botía, S. P. Jones, H. van Asperen,S. Komiya, V. S. de Feiter, D. Rikkers, S. de Haas, L. A. T. Machado, C. Q. Dias-Junior, G. Giovanelli-Haytzmann, W. I. D. Valenti, R. C. Figueiredo, C. S. Farias, D. H. Hall, A. C. S. Mendonça, F. A. G. da Silva et al.
Publicado em Bulletin of the American Meteorological Society (BAMS). Acesse AQUI o original.
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Como a fotossíntese e os fluxos turbulentos da floresta tropical são influenciados pelas nuvens? Até que ponto as nuvens são afetadas por processos locais impulsionados pelos fluxos de energia, água e carbono da floresta tropical? Essas questões inter-relacionadas foram os principais impulsionadores do experimento de campo intensivo CloudRoots-Amazon22 que ocorreu no Amazon Tall Tower Observatory (ATTO)/Campina na floresta tropical da Amazônia durante a estação seca, em agosto de 2022. CloudRoots-Amazon22 coletou dados observacionais para derivar relações de causa e efeito entre processos que ocorrem no nível da folha até as escalas do dossel em relação à evolução diurna da transição de claro para nublado.

Primeiro, estudamos o impacto das perturbações da radiação das nuvens e do dossel na variabilidade subdiurna da condutância estomática. A abertura do estoma é maior pela manhã, modulada pela espessura óptica da nuvem. Segundo, combinamos medições de frequência de 1 Hz dos isotopólogos estáveis de dióxido de carbono e vapor de água com medições de turbulência para determinar fontes e sumidouros de dióxido de carbono e vapor de água dentro do dossel. Usando observações de cintilômetro, inferimos fluxo de calor sensível de 1 minuto que respondeu em minutos às passagens de nuvens. Terceiro, perfis colocados de variáveis ​​de estado e gases de efeito estufa nos permitiram determinar o papel das nuvens no transporte vertical. Então, inferimos, usando observações de dossel e da atmosfera superior e uma parametrização, a cobertura de nuvens e o fluxo de massa de nuvens para estabelecer causalidade entre os processos de dossel e nuvem. Isso mostra a necessidade de um conjunto observacional abrangente para melhorar as representações de modelos climáticos e de tempo. Nossas descobertas contribuem para avançar nosso conhecimento do acoplamento entre camadas limites nubladas e produtividade primária de carbono da floresta tropical amazônica. 

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Imagem: Figura original do artigo.

Cresce de sete para 11 o número de brasileiros em Comissões na IUPAP

Por Sociedade Brasileira de Física. Acesse AQUI o original.
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O número de físicos brasileiros participando de comissões na International Union of Pure and Applied Physics (IUPAP) cresceu de sete para 11 entre 2021 e 2024. De acordo com o site da entidade, as comissões promovem os objetivos da IUPAP em suas áreas de especialização e fornecem conselhos sobre as atividades e necessidades dos subcampos da física que representam. Leia mais...

*Notícia da SBF vem reconhecer e parabenizar os pesquisadores brasileiros que conquistaram ou reforçaram posições em uma das mais importantes entidades internacionais da Física. Pelo IFUSP, congratulamos os docentes Marcelo G. Munhoz, Cristiano Mattos e Gustavo Canal, cada qual em sua área de atuação.


Imagem: logo da IUPAP.

Presença de mulheres na ciência ainda é insuficiente

Em homenagem ao aniversário da cientista Marie Curie, pesquisadoras refletem sobre o cenário atual das ciências exatas na USP
Em Jornal do Campus. Acesse AQUI o original.
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No dia 7 de novembro é celebrado o aniversário de um dos maiores nomes da ciência: Marie Curie. Aos 36 anos, a cientista fez história ao se tornar a primeira mulher a receber um Prêmio Nobel e a primeira pessoa, dentre cinco, a recebê-lo duas vezes. O primeiro em Física, em 1903, por demonstrar a existência da radioatividade natural, e o segundo em Química, em 1911, pela descoberta dos elementos rádio e polônio. Mais de um século depois, a presença feminina nas ciências exatas parece avançar a passos lentos no meio universitário. Inspiradas pela trajetória de Curie, pesquisadoras da USP refletem sobre os desafios persistentes na luta pela equidade na pesquisa científica. Leia mais...

*Matéria com participação das pesquisadores Elisabeth Yoshimura e Edilaine Honório, do IFUSP.


Imagem: Mestranda Catherine T. Nakatsugawa realiza purificação de uma proteína produzida a partir de DNA modificado, utilizando a técnica de cromatografia de afinidade. Foto de: Marina Giannini/JC.

Líquidos de spins: o universo de ímãs inusitados

Artigo de divulgação do Prof. Eric C. Andrade
Publicado na Revista Ciência Hoje. 
Acesse AQUI o original.
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A versão mais popular sobre a descoberta dos ímãs conta que, na região da Magnésia, na Grécia Antiga, uma pedra atraía a ponta de ferro dos cajados dos pastores. Milhares de anos depois desses relatos, o estudo do magnetismo segue como uma das áreas mais pujantes da física teórica e experimental. No século passado, novos fenômenos foram descobertos. Um deles, um intrigante e ainda desafiador estado em que os materiais magnéticos se comportam como se fossem um líquido. Leia mais...


Imagem: Adobestock, site da Revista Ciência Hoje

BIFUSP Entrevista | Caetano Miranda fala sobre o projeto LabDiv

BIFUSP Entrevista
Caetano Miranda fala sobre o projeto LabDiv
Inspirado em experiência no MIT, o pesquisador Caetano Miranda lança a iniciativa LabDiv - Expressão e Divulgação, que visa desenvolver competências de comunicação científica junto à comunidade do IFUSP
O mês de outubro marcou o início efetivo dos trabalhos do LabDiv - Expressão e Divulgação no Instituto de Física, coordenado pelo pesquisador Caetano Miranda. O projeto vem atuar em duas frentes distintas, atendendo a grandes demandas da comunidade do IF: a primeira visa a melhoria da expressão e comunicação do trabalho científico, enquanto a segunda foca o fomento a ações de divulgação científica. Na fase inicial, o projeto deve se concentrar na primeira frente de atuação, e terá como estratégia o oferecimento das ferramentas para o desenvolvimento de competências essenciais que envolvem, por exemplo, o preparo de apresentações mais atrativas, a redação de resumos mais claros e coesos, a montagem de posters mais marcantes e efetivos.
 
Como presidente da Comissão de Pesquisa do IFUSP, o docente já estava a par da necessidade de fortalecer o preparo dos estudantes para estas atividades necessárias e correntes da vida acadêmica, mas que não são abordadas durante o curso. O pesquisador ressalta que, quando presentes, essas competências costumam ficar mais contidas no âmbito dos grupos de pesquisa, e entende que devam ser estimuladas de maneira mais ampla. 
 
Eu tive uma experiência quando estava como pós-doc no MIT, que era um suporte - uma articulação entre os próprios estudantes, alunos de pós-graduação, entre os pós-doutorandos e os docentes. Havia um grupo, que é esse laboratório de comunicação, que essencialmente auxiliava, em termos da redação, a criar um currículo, a fazer uma aplicação… Era o suporte a um tipo de texto com direcionamento mais específico - você tinha o olhar de alguém que é da área, ou próximo, e, portanto, poderia auxiliar na curadoria daquele texto antes que fosse, de fato, submetido. E isso envolvia todos os tipos de texto. Também as apresentações, o preparo para uma conferência [...] Era uma forma de você poder se articular e ter um olhar de quem é de fora do grupo. Isso era muito enriquecedor e acontecia de uma forma orgânica, entre discentes e docentes” - recorda Caetano Miranda.
 
O pesquisador descreve como essa estrutura se organizava em diferentes unidades no MIT, cada qual com as especificidades de sua área, e gerava um labkit - uma série de pressupostos ou materiais de suporte que se adequam à respectiva área de pesquisa. Havia também um treinamento para que pessoas interessadas pudessem se tornar mentoras nos processos, que incluíam analisar resumos, oferecer feedback em relação a apresentações e outras atividades afins. Dessa maneira, a comunidade aprimorava continuamente as habilidades de comunicar e apresentar seus estudos. Os impactos eram inegáveis: melhoria na recepção dos trabalhos e aumento de conforto e confiança para atender as demandas de comunicação relacionadas às atividades de pesquisa. Gerava, também, o aumento na integração entre docentes e discentes.
 
Caetano Miranda realizou o curso disponibilizado por um dos laboratórios do MIT como ação de difusão durante a pandemia: em uma semana de imersão, foram apresentados os elementos necessários para montar um laboratório equivalente, em seu segmento de interesse. O conteúdo contemplou temas de treinamento, a mentoria, os processos de acompanhamento, materiais disponíveis, reflexões sobre as questões de especificidade - no nosso caso, por exemplo, envolveria organizar um material em português e com adequações culturais. “Propusemos como nome LabDiv - Expressão e Divulgação, já que se trata de desenvolver exatamente isso: a habilidade de se expressar através da palavra, do som, da imagem. E ‘divulgação’ é essa conversa que a gente quer levar para a sociedade. A ideia, então, é criar as ferramentas e oferecer um período de treinamento, de mentoria, para fazer esse acompanhamento” - comenta o pesquisador.
 
O curso ajudou na fomentação e reflexão de como se daria a proposta mais adequada para o IFUSP - não se tratando de comunicação institucional, mas de um direcionamento especializado nas áreas da Física, com possibilidade de analisar os conteúdos em termos conceituais, de explicações que funcionam melhor, ou seja, do ponto de vista de quem poderia avaliar um projeto visando à aprovação de recursos, por exemplo. Em sua ponderação sobre as adaptações mais interessantes ou prioritárias, o pesquisador entendeu que o direcionamento passaria, necessariamente, pela compreensão das demandas da comunidade - as maiores dificuldades dos estudantes e questões afins. E o levantamento dessas informações foi a primeira ação do projeto. À frente desta atividade e do desenvolvimento dos materiais do labkit do IFUSP está a bacharelanda Danielle Serafim, em seu projeto de Iniciação Científica, orientado por Caetano. A própria aluna, na posição de possível usuária, montou o questionário enviado à comunidade.
 
Um dos aspectos de interesse foi entender como os docentes enxergam a habilidade de comunicação. “Algumas pessoas podem entender que isso não seja um investimento, e sim algo para competir com a formação no núcleo duro da física, quando, para a carreira, isso é fundamental”. Outro aspecto foi pensar nas prioridades das atividades disponibilizadas: neste primeiro momento, o foco escolhido foi o preparo de apresentações. Aproveitando o calendário, direcionou-se o oferecimento de apoio aos estudantes que participarão do SIICUSP: alguns manifestaram interesse e já estão participando da mentoria. O projeto também está recebendo a adesão de novos docentes.

“Esse é um modelo que pode ser replicado em qualquer unidade. Isso é um ponto interessante, porque muitas vezes esse conhecimento fica restrito ao grupo de pesquisa. Com o laboratório, você acaba, inclusive, auxiliando o trabalho do líder do grupo, do orientador, pois a apresentação já vem pré-avaliada, pré-preparada, com um olhar de quem é de fora. O trabalho chega já amadurecido no ponto que você está querendo mostrar”. 

-> Para aqueles que já realizam ações de divulgação científica, o LabDiv disponibiliza - além dos materiais, mentorias e acompanhamentos oferecidos - espaços e ferramentas para a produção de conteúdo. Pelo site, é possível saber mais sobre o projeto e se inscrever para participar: portal.if.usp.br/labdiv/index

 
 
 
 
 
 
 
 

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