Todas as Notícias

IFUSP recebe vista de representantes do experimento ALICE, do LHC.

Por Tatiana Maria / Comunicação HEPIC - IFUSP.

--

Na última quinta-feira (13), recebemos no Instituto de Física da USP a visita dos cientistas Dr. Marco Van Leeuwen - porta-voz (spokesperson) da Colaboração ALICE, Werner Riegle - coordenador técnico do experimento (Technical Coodinator) e de Arturo Tauro - coordenador técnico adjunto do ALICE (Deputy Techinical Coordinator).

A visita contou com uma integração dos convidados ao edifício do grupo Hepic e com os alunos e cientistas que integram o grupo e desenvolvem estudos sobre o experimento ALICE. Com o tema “O experimento ALICE: uma jornada pela QCD”, o Dr. Leeuwen realizou no Auditório Adma Jafet do IFUSP, uma palestra sobre o experimento e sua estrutura física. E abordou as principais teorias físicas relacionadas ao projeto, como Teoria Quântica de Campos e como as matéria (léptons e hádrons) se relaciona ao meio existente em colisões de íons pesados relativísticos.

Ao fim da palestra, os participantes puderam tirar suas dúvidas e realizar diversas perguntas ao Dr. Leeuwen sobre os resultados e o futuro do experimento, principalmente o desenvolvimento do ALICE 3.

-> Veja AQUI mais imagens da visita

Foto: Reprodução. Instagram HEPIC.

Instituto de Física da USP realiza homenagem a ex-diretores e docentes aposentados octogenários

--

No contexto das celebrações dos 90 anos da Universidade de São Paulo, o IFUSP realizou ontem, 20 de março de 2025, uma cerimônia para homenagear ex-diretores e docentes aposentados octogenários que marcaram a história da instituição. O evento, que reuniu a comunidade do Instituto, homenageados e suas famílias, celebrou a trajetória e as contribuições desses profissionais para o avanço da ciência e do ensino da física no Brasil.

Além da diretora, Profa. Kaline Coutinho, e do Prof. Cristiano Oliveira, vice-diretor, participaram da mesa solene os chefes de departamento do Instituto. Ao longo da cerimônia, foram entregues placas de homenagens ao ex-diretores, que exerceram papel fundamental na administração e no desenvolvimento do Instituto de Física:

  • Prof. Dr. Giorgio Moscati (representado por Sandra Rachel Moscati);
  • Prof. Dr. Ivan Cunha Nascimento;
  • Prof. Dr. Gil da Costa Marques;
  • Prof. Dr. Silvio Roberto de Azevedo Salinas;
  • Prof. Dr. Adalberto Fazzio;
  • Prof. Dr. Marcos Nogueira Martins;
  • Prof. Dr. Manfredo Harri Tabacniks.

Além dos ex-diretores, receberam homenagens os docentes aposentados octogenários que dedicaram suas carreiras ao ensino e à pesquisa no Instituto de Física:

  • Prof. Dr. Alberto Villani;
  • Profa. Dra. Alinka Lèpine;
  • Prof. Dr. Armando Paduan Filho;
  • Prof. Dr. Carlos Castilla Becerra;
  • Profa. Dra. Emico Okuno;
  • Prof. Dr. Henrique Fleming;
  • Prof. Dr. Kasuo Ueta;
  • Profa. Dra. Lia Queiroz do Amaral;
  • Prof. Dr. Luís Carlos de Menezes;
  • Prof. Dr. Mauro Sergio Dorsa Cattani;
  • Prof. Dr. Mikiya Muramatsu;
  • Profa. Dra. Nobuko Ueta;
  • Profa. Dra. Sonia Frota Pessoa;
  • Profa. Dra. Wanda Valle Marcondes Machado;
  • Prof. Dr. Wayne Allan Seale.

O evento foi encerrado com um breve discurso da diretora Kaline Rabelo Coutinho, que ressaltou a importância do legado dos homenageados, não apenas acadêmico e científico, mas também institucional, na formação das gerações atuais de pesquisadores e fortalecimento do Instituto de Física.

Acesse aqui a galeria de fotos >

* Compartilhe suas fotos com o álbum do evento. Encaminhe as imagens para comunica@if.usp.br

 

 


Assista a cerimônia na íntegra:

Artigo | Applications of machine learning in ion beam analysis of materials

Do autor Tiago Fiorini da Silva
Publicado em Journal of Vacuum Science & Technology A
Com informações do autor.
--

Neste artigo eu publiquei uma visão geral sobre o uso de aprendizado de maquina no processamento de dados de análise de materiais com feixes iônicos, envolvendo o processamento de imagens hiperspectrais e multimodais, espectros de espalhamento nuclear e otimização de experimentos. No final, faço uma análise das tecnologias atualmente em destaque e como elas podem ser incorporadas para expandir a aplicabilidade das técnicas de análise.

 

 

 

Homenagem ao Prof. Yogiro Hama

 

Por Fernando Navarra (IF-USP), Frederique Grassi (IF-USP), Sandra Padula (IFT-UNESP) e Takeshi Kodama (IF-UFRJ)

--

No dia 14 de fevereiro perdemos Yogiro Hama, nosso colega e grande cientista do Brasil. Sua partida representa uma imensa perda para a ciência e para todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo e trabalhar ao seu lado.

Iniciou sua vida acadêmica no Instituto de Física da USP. Fez seu doutorado no Japão e regressou à USP, onde desenvolveu sua carreira, sendo um dos membros fundadores do Departamento de Física Matemática e chegando a professor titular. Em décadas de trabalho, formou inúmeros pesquisadores, que hoje estão ativos e ocupam posições de liderança. Continuou trabalhando até dez anos depois de se aposentar.
 
Sua especialidade era a física de partículas elementares, com ênfase no estudo de colisões entre núcleos a altas energias. Introduziu entre nós a ideia de que nestas colisões se forma um fluido, cujo movimento é descrito pelas complexas equações da hidrodinâmica relativística. Foi nesta área que Yogiro ficou conhecido internacionalmente e onde deu várias contribuições notáveis. Em colaboração com outros pesquisadores desenvolveu o primeiro programa para resolver estas equações levando em conta o fato de que as condições iniciais (o estado da matéria logo após o impacto inicial) varia de uma colisão para outra (em linguagem técnica "event-by-event hydrodynamics”). Com isso, deu a melhor explicação para um enigma, conhecido como “ridge”. Essa linha de pesquisa teve um grande impacto na área e agora virou o método padrão para estudar a produção de partículas em colisões nucleares relativísticas. Outra contribuição marcante foi sobre como este fluido se desfaz, como ele se dissocia em fragmentos que não interagem mais. Em uma série de artigos com seus colaboradores, propôs uma nova maneira de terminar a fase hidrodinâmica (o chamado “freeze-out”) na qual as partículas finais são emitidas continuamente. Este mecanismo de emissão contínua representou uma mudança de paradigma na comunidade internacional envolvida no estudo de colisões nucleares a altas energias. Além destas mudanças no início e no fim, Yogiro também foi muito inovador na evolução do sistema em sua fase hidrodinâmica, ao aplicar esta abordagem ao estudo de correlações entre partículas observadas no estado final destas colisões, conhecido como interferometria HBT, com o qual é possível ter uma idia
do tamanho do sistema denso e quente formado nestes processos. Ele também observou que a existência deste fluido poderia influir no alinhamento dos spins de certas partículas e deu uma explicação para o fenômeno conhecido como “polarização de hyperons”.
 
Trabalhamos juntos por mais de 40 anos e tivemos colaborações extraordinárias. Para nós, ele foi uma figura marcante, tanto como cientista quanto como personalidade agregadora, que inspirou e formou gerações de pesquisadores. 
 
Entre suas inúmeras realizações, destaca-se a criação, em 1989, da série de reuniões conhecidas como "RETINHA" (Reunião de Trabalho sobre Interações Hadrônicas), que continua sendo organizada anualmente até hoje. Essa iniciativa surgiu no contexto de um projeto temático da FAPESP, coordenado pelo Yogiro e renovado sucessivamente por 25 anos. O projeto atraiu pesquisadores de diversas instituições além da USP, como UFRJ, CBPF, UNESP, UNICAMP, UFRGS e UFSC, fortalecendo a colaboração científica no Brasil. A RETINHA sempre se caracterizou por um ambiente aberto e estimulante, incentivando discussões livres e proporcionando espaço para a participação ativa de jovens pesquisadores.
 
A ideia de estruturar uma série de workshops voltados para uma área específica da ciência foi inovadora no Brasil. Esse projeto do Yogiro ficou registrado como o primeiro "Projeto Temático" da FAPESP. O impacto dessa iniciativa na formação de jovens
cientistas foi imenso, e graças a este esforço, a comunidade brasileira de física teórica de interações hadrônicas tornou-se altamente coesa e ativa.
 
Ao longo de quase meio século de dedicação à nossa comunidade, o Yogiro foi decisivo para seu crescimento e consolidação. Sua ausência será profundamente sentida, mas seu legado continuará vivo em todos nós. Ele sempre será lembrado como um mentor e protetor, nosso verdadeiro Mestre Yoda da física teórica.
 
Seguiremos dedicados à nossa área de pesquisa, honrando seu exemplo e sua memória.

Surrealismo, revolução, relatividade e mecânica quântica

Artigo de divulgação do Prof. Edilson Crema, publicado no portal "A Terra é Redonda".
Acesse AQUI na íntegra.
--

Surrealismo, revolução, relatividade e mecânica quântica
Uma retrospectiva por ocasião do centenário do Primeiro Manifesto do Surrealismo

“Não é o em si do inconsciente que aparece no mundo em ruína dos surrealistas. Se medíssemos seus símbolos segundo sua conexão com o inconsciente, eles se revelariam demasiado racionalistas”
(Theodor Adorno).
 
Julho de 1914. A eclosão da guerra provocou a dissolução de todos os movimentos artísticos que se desenvolviam na Europa. As elites e o próprio sistema econômico-social, que produziram a carnificina, ficaram desacreditados e sob forte contestação. O caos da vida cotidiana, os relatos de atrocidades e a divulgação das inumanas condições dos soldados nas trincheiras, que se matavam aos milhões sem saber o porquê, revoltaram os espíritos mais sensíveis e críticos da insanidade em curso. Do ponto de vista cultural, essa situação induziu o surgimento, em meio à catástrofe, de uma corrente artística internacionalista, contestatória, intencionalmente caótica e anarquista.
 

 

Artigo | Reproductive organs of a Grylloidea fossil from the Cretaceous Araripe Basin, Brazil

Dos autores Jaime Joaquim Dias, Ismar de Souza Carvalho, Pedro G. B. Souza-Dias, Edison Zefa, Cecília de Lima Barros, Gustavo Prado e Gabriel Ladeira Osés. 
Publicado em Journal of the Geological Society.
Comentários do pesquisador Gabriel Osés.
--
A pesquisa revela a descoberta de ovário e possíveis ovos preservados em uma fêmea de grilo do Período Cretaceo (mais de 100 milhões de anos atrás). As descobertas foram realizadas por meio de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e comparação com animais atuais. O trabalho foi liderado por pesquisadores da UFRJ, em colaboração com outros pesquisadores, incluindo Gabriel Osés, pesquisador colaborador do IFUSP.
 
Abstract: 
The Crato Formation, an Early Cretaceous lacustrine Lagerstätte in Northeastern Brazil, is noteworthy for soft-tissue fossilization. This unit records an abundant and diverse palaeoentomofauna, which preserve external and internal elements, including organs and delicate tissues. Here, we report the oldest and only known fossilized insect ovary fragments, found in the laminated limestone of the Crato Formation, Araripe Basin. It is a female Baissogryllidae, an extinct lineage of true crickets (Grylloidea). Dissection of the extant cricket, Endecous (Notendecous) onthophagus (Berg, 1891), facilitated accurate morphological and morphometric comparisons, enhancing our interpretation of the fossil structures. Besides the ovaries, dozens of elliptical microelements, resembling fossilized "eggs," were found in the female abdomen. These structures are significantly smaller than the mature oocytes of E. (N.) onthophagus or even early-stage oocytes. It remains open whether these microelements represent immature baissogryllid oocytes or if Cretaceous cricket eggs were inherently smaller. Alternatively, this could be a preservation artefact. Taphonomic signatures suggest that this ancient Grylloidea lived close to a lacustrine environment, likely using lake margins for oviposition. Despite the open wings indicating death near the depositional environment, the straighter abdomen and ovipositor suggest that the cricket was not ovipositing at its time of death.
 
-> Acesse o artigo “Reproductive organs of a Grylloidea fossil from the Cretaceous Araripe Basin, Brazil"

 

Artigo | Vibrações em Minerais Controlam a Polarização de Ondas de Terahertz

Dos Autores Nicolas M. Kawahala, Daniel A. Matos, Raphaela de Oliveira, Raphael Longuinhos, Jenaina Ribeiro-Soares, Ingrid D. Barcelos e Felix G. G. Hernandez.
Publicado em 
npj 2d materials and applications
Com informações do pesquisador Felix Hernandez
__

Vibrações em Minerais Controlam a Polarização de Ondas de Terahertz

A natureza nos presenteia com minerais extraordinários que se organizam em camadas empilhadas, fracamente ligadas entre si, chamados de minerais de van der Waals. Essas folhas podem ser removidas uma a uma, até se obter uma única camada isolada. Por exemplo, a descoberta do grafeno — obtido a partir da esfoliação do grafite — revolucionou a ciência dos materiais e rendeu o Prêmio Nobel de Física em 2010. Desde então, cientistas têm buscado novos materiais bidimensionais com propriedades elétricas, ópticas e mecânicas complementares, ampliando o leque de aplicações tecnológicas. 

Em um estudo recente, pesquisadores do IFUSP demonstraram que a polarização da luz na faixa de terahertz pode ser controlada por meio das vibrações das folhas de um mineral de van der Waals abundante na natureza: o clinocloro.

O trabalho, publicado na revista npj 2D Materials and Applications (grupo Nature, IF=9,2), foi realizado em colaboração entre três instituições no Brasil. O grupo da Dra. Ingrid Barcelos (CNPEM) forneceu as amostras de clinocloro extraídas em Minas Gerais. Na UFLA, o Prof. Raphael Longuinhos e a Profa. Jenaina Ribeiro-Soares realizaram os cálculos teóricos das vibrações, considerando a influência de impurezas no material. Já as medições experimentais foram conduzidas pelo grupo de terahertz do IFUSP, liderado pelo Prof. Felix Hernandez, utilizando instrumentação desenvolvida durante o doutorado de Nicolas Kawahala e aplicado no mestrado de Daniel Matos.

Essa pesquisa abre caminho para o uso de minerais naturais como uma alternativa de baixo custo na engenharia de materiais bidimensionais, permitindo o controle de propriedades ópticas através da manipulação de suas vibrações estruturais. 

A pesquisa foi apoiada pela FAPESP através do auxílio temático 2021/12470-8 e auxílio regular 2023/04245-0, do quais o Prof. Hernandez é pesquisador principal e pesquisador responsável respectivamente, e pela bolsa TT-5 2023/11158-6 do Dr. Kawahala. A bolsa de mestrado do Daniel Matos foi concedida pelo CNPq.

Mais informações sobre a pesquisa do grupo em: portal.if.usp.br/terahertz

Leia o artigo completo (acesso aberto):
Shaping terahertz waves using anisotropic shear modes in a van der Waals mineral
Nicolas M. Kawahala, Daniel A. Matos, Raphaela de Oliveira, Raphael Longuinhos, Jenaina Ribeiro-Soares, Ingrid D. Barcelos e Felix G. G. Hernandez.
npj 2D Materials and Applications 9, 16 (2025) 
https://doi.org/10.1038/s41699-025-00540-w


Nicolas (esquerda) e Daniel (direita) utilizando o espectrômetro de terahertz no domínio do tempo no DFMT.

 

Nota sobre o Professor Dr. Horacio Oscar Girotti


No dia 16 de dezembro de 2024, faleceu o Prof. Dr. Horacio Oscar Girotti, deixando um vazio imensurável com sua marcante presença. Nascido em 28 de março de 1939, em Vicente López, na região metropolitana de Buenos Aires, passou a infância em General Alvear, uma pequena cidade no centro da província de Buenos Aires.

Em 1962, graduou-se em Engenharia Eletromecânica pela Universidade Nacional de Buenos Aires. Foi durante esses estudos que descobriu sua vocação para a Física, decidindo aprofundar-se nessa área. Entre 1967 e 1968, realizou o mestrado em Física na University of California at Davis, com ênfase em Partículas Elementares e Campos.

Ao retornar à Argentina, concluiu o doutorado na Universidad Nacional de La Plata, onde atuou no ensino e pesquisa. Como membro do Consejo Nacional de Desarrollo Científico y Tecnológico e da Comisión de Investigaciones Científicas de la Provincia de Buenos Aires, dedicou-se à Teoria Quântica de Campos. Em 1975, com uma bolsa da Organización de los Estados Americanos, realizou um pós-doutorado no International Center for Theoretical Physics, na Itália, especializando-se na Teoria Geral de Partículas e Campos.

Sua trajetória tomou um novo rumo em outubro de 1976, quando aceitou o convite para ser Professor Visitante no Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Decidiu estabelecer-se em Porto Alegre com sua família após o nascimento de seu filho e a aprovação em concurso para Professor Titular. A partir de então, construiu uma sólida carreira como docente nos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Física, atuando também como Membro Titular do Conselho de Ensino e Pesquisa e da Câmara de Pós-Graduação da UFRGS. Sua produção acadêmica o levou a obter a bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq, alcançando seu nível máximo.

Entre 1985 e 1986, realizou estágios de pós-doutorado na Ruprecht-Karls-Universität Heidelberg, na Alemanha, com foco na Teoria Geral de Partículas e Campos. De 1992 a 2013, manteve uma colaboração intensa e produtiva com o Departamento de Física Matemática do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), contribuindo para os avanços na Teoria Quântica de Campos e Supercordas. Em 2013, publicou o livro *An Introduction to the Functional Formulation of Quantum Mechanics*, pela World Scientific, consolidando sua influência acadêmica.

Esta breve biografia é uma homenagem a um cientista rigoroso e meticuloso, sempre em busca da excelência. Com grande dedicação, transmitiu conhecimento aos seus alunos, incentivando-os a aprimorar-se e acompanhar as pesquisas nacionais e internacionais. Seu amor pelo conhecimento transcendia sua área de atuação, refletindo-se em um interesse genuíno por diversas expressões da criatividade humana.

Além do reconhecimento acadêmico, conquistou a admiração e o respeito de alunos, colegas e amigos por sua disposição em auxiliá-los sempre que necessário. Seu legado vai além das contribuições científicas: deixou um exemplo de dedicação, integridade e empenho para todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.

- Texto elaborado por amigos e colaboradores

Com novo projeto, IFUSP reassume protagonismo na pesquisa de ímãs permanentes à base de terras raras

Com novo projeto em colaboração internacional aprovado pelo CNPq, IFUSP reaviva tradicional linha de pesquisa sob um novo paradigma. Pesquisadores de laboratórios dos Departamentos de Física Experimental (FEP) e Física dos Materiais e Mecânica (FMT) coordenam a iniciativa. 
Adaptado de texto de Júlio Larrea.

--

Recém aprovado pelo CNPq, o projeto de pesquisa “Encontrando uma nova rota para ímãs permanentes a partir de sistemas eletrônicos correlacionados em escala nanoscópica”, ou em inglês “A new Route towards hard permanente magnets from correlated nanoscopic system”, será sediado no Instituto de Física (IFUSP) e coordenado pelo Prof. Julio Larrea do Laboratory for Quantum Matter under Extreme Conditions (LQMEC) em parceria com o Prof. Daniel Cornejo, do Laboratório de Materiais Magnéticos e Espectroscopia Mössbauer (LMM&EM). O projeto é uma colaboração internacional entre grupos de pesquisa do Brasil, Suíça, Inglaterra, China e Peru. 

Ímãs permanentes são cotidianos em nossas vidas, seja em objetos como adornos de geladeiras até no uso em aplicações tecnológicas essenciais, como discos rígidos, motores para veículos elétricos, geradores eólicos, componentes para a indústria aeroespacial, entre outros. A capacidade de armazenar energia magnética salienta a eficiência dos ímãs permanentes como materiais muito promissores para serem usados na atual revolução industrial quântica. 

No entanto, nas últimas três décadas, apesar dos grandes avanços nas sínteses de novos protótipos de ímãs permanentes (inclusive sendo produzidos em escalas nanoscópicas), a comunidade cientifica tem encontrado sérias limitações para melhorar a performance de ímãs permanentes. Por um lado, a maior eficiência é atingida quando os ímãs permanentes incluem na sua composição elementos terras-raras, como são os casos dos ímãs de NdFeB e SmCo5. Entretanto, a utilização desses elementos terras-raras tem um grande impacto ambiental e a escassez desses elementos também ocasionou um aumento exponencial no preço desses ímãs permanentes. Por outro lado, a maioria das tentativas de melhorar a eficiência dos ímãs permanentes foram direcionadas por “serendipity”, que mesmo com a inclusão de terras-raras, não houve melhora significativa no desempenho para as aplicações tecnológicas.

Além disso, a atual descrição da física dos ímãs permanentes foca-se em paradigmas do magnetismo onde as partículas fundamentais quânticas como a carga, spin e orbitais não interagem, situação que se afasta da realidade, sobretudo quando estes compostos contêm terras raras. 

No contexto deste desafio, a equipe internacional coordenada pelo Prof. Larrea está propondo uma nova abordagem para entender aspectos da física fundamental responsáveis pelas excelentes propriedades magnéticas dos ímãs permanentes. Abordando a interação entre as partículas fundamentais, dentro da física quântica de muito corpos, e na presença de efeitos quânticos de tamanho do sistema, como quando os compostos atingem escalas nanoscópicas, pretendemos descobrir quais escalas de energias no nível quântico são fundamentais para a formação dos ímãs permanentes baseados em terras raras. 

De acordo com o pesquisador Daniel Cornejo, a pesquisa de ímãs permanentes tem reconhecida tradição no IFUSP, com mais de quatro décadas de história. Ela foi liderada pelos professores Frank Patrick Missell e Hercílio Rodolfo Rechenberg. “Tanto o saudoso professor Hercílio quanto o Frank - meu mentor e amigo, atualmente aposentado -, foram pioneiros na tarefa de montar o que hoje é o LMM&EM. Eles deram contribuições muito significativas no estudo de propriedades de ímãs de terras raras, como SmCo5 e Nd2Fe14B. Mais ainda, formaram um bom número de recursos humanos, muitos dos quais hoje lideram diferentes grupos no Brasil com ênfase em magnetismo”.

Neste momento, no entanto, o IFUSP deve liderar a pesquisa sob um novo paradigma: “Por um lado, nossa abordagem tem relevância para o entendimento do magnetismo em função do comportamento coletivo das partículas quânticas na matéria. Por outro lado, a nossa equipe composta por especialistas na física de matéria condensada, tanto teórica como experimental, destaca a importância de entender os mecanismos básicos para posteriormente procurar novas rotas na obtenção de ímãs permanentes com menos uso de terras raras. Esses resultados também serão muito estratégicos para o Brasil, considerando que, apesar de sua grande reserva de terras raras, o know-how gerado deste projeto pode auxiliar na obtenção de ímãs permanentes mais sustentáveis. Ainda importante, a colaboração entre pares de diferentes instituições beneficiará a formação de recursos humanos especializados em materiais quânticos funcionais a partir dos auxílios de intercâmbio recebidos neste projeto. Estamos muito motivados nesta colaboração internacional, e acreditamos que laboratórios do IFUSP, como o LQMEC e LMM&EM poderão trabalhar em sinergia para superar desafios” - esclarece o Prof. Julio Larrea, coordenador do projeto.


A new route towards hard permanent magnets from Correlated nanoscopic system
Agência de Fomento: CNPq | Chamada: Apoios a Projetos Internacionais, MCTI/CNPQ Nº 16/2024 - Faixa 1

O projeto inclui colaboradores da École Polytechnique Fédérale de Lausanne (Suíça); University of Oxford, Rutherford Appleton Laboratory and University of Warwick (Inglaterra); Zhejiang University (China); Universidad Mayor de San Marcos (Peru); Universidade de São Paulo, Universidade Federal de Amazonas, Universidade Federal do Oeste de Pará, Universidade Federal de Pernambuco (Brasil)
 
Contato: Prof. Julio Larrea | +55-11-30916727 | larrea@if.usp.br
Laboratory for Quantum Matter under Extreme Conditions (LQMEC)

FOTO: Prof. Larrea em frente do sistema criogênico “cryofree” do laboratório LQMEC.

Artigo | Shape-responsive host–guest chemistry: metal-free tetracationic porphyrin nonplanarity promoted by clay mineral interactions assessed by theoretical simulations

Dos autores Eduardo Diaz Suarez, Filipe Camargo Dalmatti Alves Lima, Arles V. Gil Rebaza, Vera Regina Leopoldo Constantino e Helena Maria Petrilli.
Publicado em Dalton Transactions. Back Cover do nº 6, 2025.
--
O artigo, originalmente publicado em 18/12/24, é resultado da tese de doutorado de Eduardo D. Suárez (primeiro autor) orientando da Profª. Helena Maria Petrilli. O trabalho agora ganha destaque como Back Cover do número 6 / 2025, no periódico Dalton Transactions, publicação da Royal Society of Chemistry.
 
Abstract: 
Distortions in the porphyrin core from planarity can trigger a unique structure–property relationship, imparting its basicity, chemical stability, redox potential, and excited-state energetics, among other properties. The colour change promoted by such distortion is signed by red shifts in its electronic absorption spectra. The adsorption of guest meso-substituted free-base porphyrin species onto inorganic hosts, such as clay minerals (layered aluminium or magnesium silicates), is known to further promote colour changes. However, the origin of these changes remains a subject of debate without a clear consensus. In this work, an extensive theoretical study was conducted using density functional theory (DFT) to model the interactions between tetracationic porphyrins, specifically meso-substituted groups N-methyl-4-pyridyl (p-TMPyP) and N-methyl-3-pyridyl (m-TMPyP), and montmorillonite (MMT) with the ideal formula [(Al1.67Mg0.33)Si4O10(OH)2]−0.33. The following conditions were evaluated: (i) adsorption or intercalation of p-TMPyP into MMT host structure, (ii) intercalation of m-TMPyP into MMT, and (iii) the influence of water on the intercalation process. The electrostatic interactions between the porphyrins and the MMT siloxane surface induced conformational changes in p-TMPyP, characterized by rotation of the substituent groups at the macrocycle periphery and a twist of the porphyrin plane. The nonplanarity of the intercalated p-TMPyP guest produced robust Brønsted basic sites capable of abstracting H+ ions from intercalated water molecules, resulting in the formation of a dication. The macrocycle distortion was found to decrease π-conjugation, thereby enhancing the localisation of the lone pair on the imine nitrogen atom. On the other hand, m-TMPyP exhibited slight core macrocycle deformations and minor changes in the dihedral angles of its meso-substituent groups compared to its isomer, with no observed protonation reaction upon intercalation. These findings highlight the clay microenvironment as a promising strategy for inducing conformational alterations in porphyrins, promoting nonplanarity, and exemplifying a shape-responsive system within the framework of guest–host chemistry.
 
-> Acesse o artigo “Shape-responsive host–guest chemistry: metal-free tetracationic porphyrin nonplanarity promoted by clay mineral interactions assessed by theoretical simulations"

 

Páginas

Desenvolvido por IFUSP