Discurso do Prof. Paulo Artaxo durante cerimônia de premiação

Físico Paulo Artaxo recebe o Prêmio Almirante Álvaro Alberto

No discurso, pesquisador afirmou que a ciência é "absolutamente estratégica" para o desenvolvimento do Brasil e defendeu "financiamento forte e de longo prazo"para a pesquisa.

por Ascom do MCTI

Publicação: 04/05/2016 

 

 

 

A ministra em exercício da Ciência, Tecnologia e Inovação, Emília Ribeiro, e o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), Hernan Chaimovich, entregaram, no último dia 04.05.2016, o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para o pesquisador Paulo Eduardo Artaxo Netto. Trata-se da mais importante honraria nacional do setor de ciência e tecnologia, que, nesta edição, contemplou a área de ciências exatas, da terra e engenharias.

Graduado pela Universidade de São Paulo (USP), Paulo Artaxo trabalha com física aplicada em questões ambientais, em especial, nas mudanças climáticas e no bioma da Amazônia. É referência internacional no assunto e integra a lista dos mais brilhantes cientistas do mundo. O pesquisador já deu aulas na Universidade de Harvard e trabalhou na Nasa, nos Estados Unidos.

Na cerimônia, realizada na Escola Naval da Marinha do Brasil, no Rio de Janeiro, o pesquisador dedicou o prêmio a todos os brasileiros que ainda enfrentam dificuldades para ter acesso à educação e salientou que a ciência é "absolutamente estratégica" para o desenvolvimento econômico, social e sustentável do Brasil.

"Vamos precisar cada vez mais de pesquisas inovadoras, e a comunidade científica está realizando isso. A condição fundamental para que a pesquisa científica se desenvolva e o crescimento avance cada vez mais é garantir as liberdades democráticas. Que o Brasil continue a sua caminhada respeitando os princípios da democracia e que possamos daqui a algum tempo comemorar a força das nossas instituições continuando a fazer ciência de alto nível com financiamento forte e de longo prazo, algo que é absolutamente estratégico para o futuro do nosso Brasil", disse.

O Prêmio Almirante Álvaro Alberto é concedido anualmente a um pesquisador que tenha se destacado pela realização de obra científica ou tecnológica de grande valor para o progresso da sua área do conhecimento. Paulo Artaxo Netto recebeu um diploma, uma medalha e R$ 200 mil, valor concedido pela Fundação Conrado Wessel (FCW).

A Marinha do Brasil levará o pesquisador para conhecer o Centro Experimental Aramar na região de Sorocaba, São Paulo, responsável pelo desenvolvimento de pesquisas nucleares da Marinha do Brasil. Quarenta e cinco pesquisadores já foram laureados com o Prêmio Almirante Álvaro Alberto.

"Nesse período em que estou no ministério tive a oportunidade de confirmar a importância de nos inteirarmos mais, a importância da ABC para a ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Somos exemplo no mundo no setor de telecomunicações e expansão da rede. Essa é, por exemplo, uma das nossas capacidades na dedicação da CT&I para o país. Hoje, a ciência se relaciona com os governos federal, estadual e municipal, o que não acontecia antes. A legislação traz para nós uma esperança muito grande de destraves nas exportações e importações, nos processos decisórios do poder público e pode ajudar a ciência do país a ser menos burocrática", disse a ministra.

Durante a cerimônia, o CNPq também destacou os trabalhos dos pesquisadores Carol Hollingworth Collins, Durval Rosa Borges, Gerhard Malnic, José Renato Coury, Maria Lígia Coelho Prado, Reynaldo Luiz Victória, Silviano Santiago e Tânia Maria Diederichs Fischer. Eles foram agraciados com o título Pesquisador Emérito. Também foi entregue Menção Especial de Agradecimento ao Instituto Euvaldo Lodi (IEL).

O título Pesquisador Emérito é concedido ao cientista brasileiro ou estrangeiro radicado no Brasil há pelo menos dez anos, pelo conjunto de sua obra científico-tecnológica e por seu renome junto à comunidade científica. Já a Menção Especial de Agradecimento é entregue às instituições parceiras do CNPq que contribuíram para os serviços prestados ao crescimento, desenvolvimento, aprimoramento e divulgação da agência.

Para o presidente do CNPq, Hernán Chaimovic, o pesquisador Paulo Artaxo é um "cientista visionário". "O impacto do trabalho do Artaxo começou a ser reconhecido tardiamente, especialmente, na nossa comunidade. Ele é um cientista que olha além e ganha o mundo com sua competência." 

Sobre o prêmio

Criado em 1981, o Prêmio Nacional de Ciência e Tecnologia, como era conhecido à época, foi instituído durante a solenidade comemorativa dos 30 anos do CNPq, por meio de decreto presidencial. A partir de 1986, a iniciativa passou a ser denominada Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia, em homenagem ao primeiro presidente do CNPq, Álvaro Alberto da Motta e Silva. Esta é a 27ª edição do prêmio, que já agraciou 44 pesquisadores.

O Prêmio Almirante Álvaro Alberto é concedido anualmente, em sistema de rodízio, a uma das três grandes áreas do conhecimento: ciências exatas, da terra e engenharias; ciências humanas e sociais, letras e artes; e ciências da vida.

Idealizador e primeiro presidente do CNPq, Álvaro Alberto defendeu que o desenvolvimento científico e tecnológico estava intimamente ligado à prosperidade do país e dedicou-se à criação de órgãos de fomento e de apoio à pesquisa. Ele é um dos responsáveis pela criação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict/MCTI).

Posse

Na solenidade, tomaram posse os novos membros da Academia Brasileira de Ciências, eleitos em assembleia geral de 2015. Em seu discurso de posse como presidente da ABC para o triênio 2016-2019, o físico Luiz Davidovich reforçou a defesa que sua gestão pretende fazer do MCTI, que, em suas palavras, "é o motor do desenvolvimento do país".

"A nova diretoria da ABC irá defender a integridade e a individualidade do MCTI como órgão central da articulação da ciência no país e, portanto, para o desenvolvimento brasileiro. Iremos defender isso. Vamos proteger o conhecimento e garantir o futuro do Brasil", afirmou.

Fonte: MCTI

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