Victor de Oliveira Rivelles

Por: João Carlos Alves Barata, Chefe do Departamento de Física Matemática do IFUSP.
---

No último dia 31 de outubro o Departamento de Física Matemática e o Instituto de Física da USP perderam um de seus mais notáveis membros. O Prof. Victor de Oliveira Rivelles, falecido aos setenta e dois anos, tornou-se docente do IFUSP em 1987, instituição onde também se graduara, entre 1970 e 1974. Seu doutoramento foi realizado entre 1978 e 1982 no King's College, em Londres, tendo tido também passagens profissionais pela Universidade Federal da Paraíba e pela Universidade de Brasília, incluindo um pós-doutoramento no MIT. Centrou sua atuação científica na grande área de Teoria Quântica de Campos, tendo sido um dos pioneiros, no Brasil, no estudo de modelos supersimétricos, de teorias de supergravidade e, posteriormente, de supercordas, assim como nos usos da chamada quantização BRTS, uma de suas especialidades. Suas preocupações científicas eram profundas, amplamente motivadas por problemas centrais da Física e sempre atentas à atualidade da pesquisa.

Manteve de forma constante intensa atividade científica, com colaboradores nacionais e internacionais, tendo orientado doze mestrados e dezesseis doutoramentos, além de supervisionado ao menos treze pós-doutorados. Sua produção soma mais de oitenta e três artigos publicados, coedições de livros e incontáveis participações em congressos nacionais e internacionais, assim como em bancas e comissões acadêmicas.

Esses dados e números por si não revelam, porém, a personalidade do Prof. Rivelles. De temperamento extremamente discreto, defendia com segurança e consistência os melhores princípios acadêmicos, distanciando-se de divergências pessoais e de vaidades que, não raro, acometem o meio universitário. A pesquisa em alto nível, à qual dedicou-se até o final, o desenvolvimento da sua área de trabalho em nosso meio e a formação de nossos estudantes pareciam ser suas maiores preocupações. Mais que um colega, era um membro emblemático de nosso Departamento. Com seu falecimento, soubemos também ter sido um marido e pai amoroso e dedicado.

Como disse Paul Halmos em sua autobiografia, "isso foi uma vida, isso foi uma carreira". Quantos dentre nós podem deixar a mesma sensação de completude? Fica em nós a tristeza de não vê-lo poder aproveitar suficientemente sua condigna aposentadoria, iniciada em março último. 

Deixa exemplos pessoais que enriquecem e dignificam aqueles que puderam ter tido contato pessoal consigo e a Física no Brasil como um todo. 

Desenvolvido por IFUSP