Homenagens a João Zanetic

Elogio a João Zanetic
Texto dos membros da CAPEF e da Comissão para Assuntos de Ensino da SBF, com participação de várias sócias e sócios da área de Pesquisa em Ensino de Física, enviado ao BIFUSP pela coautora Cristina Leite.

[Publicação atualizada em 08/05]
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28/03/1943 - 25/04/2024

Nosso país deu ao mundo muitos seres humanos de primeira grandeza. Nenhuma pessoa do Brasil recebeu Prêmio Nobel, mas o mundo olha o relógio, assobia e educa diferente graças ao sol e ao calor humano destas terras.

No dia 25 de abril de 2024, nossa comunidade científica e educacional perdeu João Zanetic, um desses prodígios brasileiros. Sal da terra, que sentimos mais quando ele falta.

Neste país, e pelo mundo afora, as físicas e os físicos aqui formados são reconhecidos pela criatividade, persistência e capacidade de trabalho. E isto em todos campos da Física; inclusive da Pesquisa em Ensino de Física, que tem interface com a Pesquisa em Ensino de Ciências, em Educação, em História e Filosofia das Ciências etc.

A morte de João Z nos dá oportunidade de pensar que, o que nos distingue talvez seja o amor que nos move; um amor pela aventura de gerar conhecimento que professoras e professores discretos cultivaram em nós. 

Ainda hoje, a maioria das aulas de Física no ensino médio no Brasil é dada por pessoas que não são formadas em física. Portanto, a Física brasileira deve muito à coragem e à determinação da minoria – discreta e apaixonada – que insiste em preparar aulas instigantes.

Ao olharmos para a trajetória de um professor, pesquisador, militante persistente e colega como João Zanetic nos cabe perguntar: de onde vem a coragem e a determinação de pessoas como ele? Como que nós, que vivemos de Ciência e de Educação, nos tornamos capazes de encarar tantos reveses profissionais neste país onde o acesso à informação e ao conhecimento é tão desigual?

O maior legado de professores–pesquisadores como João Zanetic está nas pessoas que tiveram aula, conduziram investigações sistemáticas, enfrentaram desafios e compartilharam momentos educativos com ele.

À primeira vista, nos intriga o ânimo e a determinação que distinguiu Zanetic – e que tantas pessoas discretas que ensinam e que fazem pesquisa possuem. Contudo, a explicação para sua força e sua energia é simples, mas difícil de ser falseada. Só tem tanta coragem e determinação quem luta cotidianamente por um futuro em que as pessoas possam embarcar na aventura do conhecimento.

João Zanetic fez isso ao:

• participar do Projeto de Ensino de Física do MEC/IFUSP;
• ler Paulo Freire em suas aulas para formação de professores, apesar da censura a seus livros;
• coordenar o lançamento da Revista de Ensino de Física da SBF e a editar por 10 anos;
• militar ativamente na Associação dos Docentes da USP;
• participar da equipe de Paulo Freire quando ele foi Secretário Municipal de Educação e Luiza Erundina foi Prefeita de São Paulo;
• formular, defender e divulgar a tese de que "Física também é cultura";
• participar do GREF – Grupo de Reelaboração do Ensino de Física, que publicou livros didáticos escritos por professoras e professores de ensino médio com apoio dele e de colegas do IFUSP;
• fazer palestras, dar entrevistas, se manifestar de maneira inflamada ou com falas longas que, em alguns casos, se transformaram em texto ou inspiraram editoriais, ensaios etc.
• contextualizar a produção da Ciência na abordagem de diferentes disciplinas de física, escrevendo apostilas e usando textos originais.

Ele foi incansável pois tinha amor pela vida, pela liberdade, pela aventura do conhecimento e pela educação dialógica e conscientizadora.

Cabe a nós agradecer a ele por ter deixado tanta gente disposta a honrar sua memória.

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• Homenagem do Prof. Otaviano Helene

João Zanetic (1943-2024)

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• Homenagem da ADUSP

João Zanetic, poeta da Física e bravo guerreiro, nos deixa aos 81

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• Homenagem do SINTUSP

​Moção de Pesar: Companheiro Prof. João Zanetic Presente

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• Homenagem da Revista Balbúrdia

Professor João Zanetic: um educador e militante incansável

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• Relatos de colegas e ex-alunos

João Zanetic sustentou, nos anos 80 do século passado, a criação e a fase heroica da Revista de Ensino de Física. João inspirou-me (com Amélia Império Hamburger e Diomar da Rocha Santos Bittencourt) na remodelação da disciplina Instrumentação para o Ensino de Física, para a graduação em Física da Unesp, câmpus de Rio Claro, SP. João também me inspirou (com Manoel Roberto Robilotta) na remodelação da disciplina Evolução dos Conceitos, para a mesma graduação. Concomitantemente, nossos respectivos doutorados amadureceram (comme il faut), João com Luis Carlos de Menezes, eu com Ernst Wolfgang Hamburger. João Zanetic foi exemplo silencioso de influenciador, diferentemente do que se vê banalizado nas redes sociais.

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Meus sentimentos aos familiares, amigos e colegas de luta de João Zanetic, falecido ontem em São Paulo. Professor do Instituto de Física da USP, Zanetic foi exemplar em sua vida profissional e militante. Sua tese de doutorado, intitulada "Física também é cultura", demonstrava a visão humana que ele possuía sobre a área na qual era especialista e referência. Na luta política, o professor combateu a ditadura de 1964, lutou incansavelmente pela educação e a universidade pública. Enquanto estudante e funcionária da USP, tive o privilégio de partilhar com ele muitas lutas. Sua cordialidade, disposição ao diálogo e a participar de atividades do movimento eram permanentes. Assim como apoiava, sempre de forma entusiasmada, os projetos políticos dos jovens. Foi o caso do apoio que tive a honra de receber dele, em minha  primeira candidatura a vereadora em 2016. E sei que, assim como a minha, ele marcou a trajetória de muitas pessoas. Obrigada! João Zanetic presente! 

Sâmia Bonfim

Grande, João! Pessoa maravilhosa, vai fazer muita falta.
Joana Salém Vasconcelos

Professor Maravilhoso
Roberta Crivorncica

Muito triste, foi meu professor em diversas disciplinas, meus sentimentos à família.
Prof. Claudio Luís Jordão

Que lástima! Um incrível homem, sentiremos sua falta
Priscila Matos

Lamento profundamente. Grande mestre.
Tania Lorenzini Mendes

Uma inspiração para todos nós.
Guilherme Barros

Lembro do professor como atuante na Adusp, incansável na defesa da docência.
Deusa Souza Pinheiro-Passos