Prof. Silvio Salinas é destaque na Revista da FAPESP

Silvio Roberto de Azevedo Salinas: Um físico de altas e baixas temperaturas

Pesquisador fala dos trabalhos em estatística, de educação e política nuclear brasileira

NELDSON MARCOLIN e RICARDO ZORZETTO | ED. 234 | AGOSTO 2015

 
 

© LÉO RAMOS

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Silvio Salinas gosta de uma boa conversa. Se for sobre sua especialidade, melhor ainda. Mesmo para os que têm pouca familiaridade com a física estatística, segmento da física teórica complicado para os não iniciados, ele tenta dar alguma noção da área em que trabalha há 45 anos. Entusiasmado, caminha até o quadro branco e anota conceitos e fórmulas. Depois de algum tempo, senta-se e solta um lamento: “Se tivéssemos mais uma hora, eu seria capaz de fazer vocês entenderem um pouco do que já estudei”, diz o professor titular sênior do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP). Para ele, seu trabalho como físico teórico tem como objetivo simplificar modelos complexos da física estatística para torná-los mais acessíveis.

 

A física está longe de ser o seu único ponto de interesse. Discorre sobre política e educação. Sua trajetória acadêmica é singular. Sete dias após o golpe militar de 1964, Salinas foi preso e expulso do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, com outros estudantes e professores, acusados de subversão. “Éramos jovens de esquerda bastante ativos no centro acadêmico, mas ninguém pensava em explodir pontes, como nos acusavam”, conta ele. Libertado quatro meses depois, inscreveu-se em dois cursos, o de engenharia, na Escola Politécnica (Poli-USP), e o de física, na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL-USP, atual FFLCH). Passou no vestibular e cursou ambos simultaneamente.

Natural de Araraquara, interior de São Paulo, Salinas optou pela física, área na qual fez mestrado na USP (1967-68) e doutorado nos Estados Unidos (1969-73). Na volta ao Brasil, participou dos debates sobre o acordo nuclear Brasil-Alemanha e mergulhou nas pesquisas sobre física estatística, interagindo com os físicos experimentais de matéria condensada. Um assalto sofrido há 12 anos o deixou cego do olho direito, mas não diminuiu seu entusiasmo.

Inquieto aos 72 anos, orienta alunos, escreve artigos e se preocupa com questões domésticas e universais. Revela-se frustrado por não conseguir atrair historiadores para estudar a trajetória do IF-USP, que começou nos anos 1930 e contém a origem da docência e da pesquisa em física no país. E tenta vislumbrar uma saída para a física, que estaria num momento de indefinição. Casado, com dois filhos gêmeos – um advogado e outro bioquímico –, Salinas concedeu a entrevista abaixo para Pesquisa FAPESP.

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http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/08/13/silvio-roberto-de-azevedo-sa...

 

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