Todas as Notícias

O mistério da identidade da Matéria Escura

Da Assessoria de Imprensa do Instituto de Física da USP:

Experimento COSINE-100 investiga o mistério da Matéria Escura

Sobre a publicação

- Paper Title: An experiment to search for dark matter interactions using sodium iodide detectors

- Journal, Publication Date: Nature, December 6, 2018

- Authors: Govinda Adhikari, Pushparaj Adhikari, Estella Barbosa de Souza, Nelson Carlin, Seonho Choi, Mitra Djamal, Anthony C. Ezeribe, Chang Hyon Ha* (IBS),
Insik Hahn, Antonia J.F. Hubbard, Eunju Jeon, Jay Hyun Jo, Hanwool Joo, Woon Gu Kang, Woosik Kang, Matthew Kauer, Bonghee Kim, Hyounggyu Kim, Hongjoo Kim, Kyungwon Kim, Nam Young Kim, Sun Kee Kim, Yeongduk Kim, Yong-Hamb Kim, Young Ju Ko, Vitaly A. Kudryavtsev, Hyun Su Lee* (IBS), Jaison Lee, Jooyoung Lee, Moo Hyun Lee, Douglas S. Leonard, Warren A. Lynch, Reina H. Maruyama, Frederic Mouton, Stephen L. Olsen, Byungju Park,
Hyang Kyu Park, Hyeonseo Park, Jungsic Park, Kangsoon Park,
Walter C. Pettus, Hafizh Prihtiadi, Sejin Ra, Carsten Rott, Andrew Scarff, Keon Ah Shin, Neil J.C. Spooner, William G. Thompson, Liang Yang, and Seok Hyun Yong
(COSINE-100 Collaboration)

(*corresponding authors)

- DOI: 10.1038/s41586-018-0739-1.

- Os resultados iniciais de 59,5 dias de tomada de dados não indicam eventos induzidos por matéria escura, desafiando significativamente a afirmação da colaboração DAMA/LIBRA de observação de um sinal correspondente a WIMPs.

               Evidências astrofísicas sugerem que o Universo contém uma grande quantidade de Matéria Escura, mas nenhum sinal definitivo foi observado apesar dos esforços conjuntos de muitos grupos experimentais. Uma exceção é a muito debatida alegação da colaboração DAMA/LIBRA, de observação de uma modulação anual na taxa de eventos em seu detector, usando iodeto de sódio como material alvo. Esse seria um comportamento esperado nas interações de partículas de Matéria Escura denominadas WIMPs (Weakly Interacting Massive Particle). O novo experimento COSINE-100, um detector de Matéria Escura instalado no Laboratório Subterrâneo de Yangyang (Y2L) na Coréia do Sul, está começando a explorar essa afirmação usando o mesmo material alvo e agora apresenta os primeiros resultados, os quais desafiam significativamente as interpretações feitas pela colaboração DAMA/LIBRA, que já duram quase duas décadas.

            O enigma do sinal da colaboração DAMA/LIBRA e suas inconsistências com os resultados de outros experimentos resultaram em centenas de publicações. Como consequência, muitos novos modelos para explicar a Matéria Escura foram propostos e a controvérsia permanece de grande interesse científico e público.

             Um ponto crítico e de suma importância é que o experimento COSINE-100 está investigando a afirmação de detecção de Matéria Escura usando o mesmo material alvo que o experimento DAMA/LIBRA, sendo o primeiro a divulgar resultados significativos por este meio. Em um artigo publicado na revista Nature, a colaboração COSINE descreve os resultados da primeira fase de trabalho, que consiste numa busca pelo sinal da Matéria Escura, procurando por um excesso de eventos sobre o fundo esperado. Este estudo indica que não há tais eventos presentes nos dados, confirmando que o sinal de modulação anual do experimento DAMA/LIBRA está em forte tensão com os resultados de outros experimentos sob a suposição do Standard Halo Model para Matéria Escura em nossa galáxia, como mostrado na Fig. 1

Fig. 1 -  Limites de exclusão na interação  WIMP-nucleon. Os limites de exclusão de 90% (círculos + linha sólida preta) na interação WIMP-nucleon são mostrados com bandas para o limite esperado, assumindo a hipótese de presença de fundo somente. Os limites excluem  a interpretação do experimento DAMA/LIBRA - fase 1 de 3σ (linhas pontilhadas). Os limites do NAIAD, o único outro experimento baseado em iodeto de sódio a estabelecer um limite competitivo, são mostrados em magenta.

Conforme um dos porta-vozes do experimento, Hyunsu Lee, esses resultados são significativos porque, pela primeira vez, foram  utilizados detectores de iodeto de sódio de tamanho e sensibilidade suficientes para observar a região de sinal do experimento DAMA/LIBRA de forma independente. Os resultados mostram que há pouco espaço para que tenha sido observada a Matéria Escura pelo experimento DAMA/LIBRA, a menos que o modelo de Matéria Escura seja significativamente modificado.

          A colaboração do COSINE-100 é composta por 50 cientistas da Coréia do Sul, dos Estados Unidos, do Reino Unido, do Brasil e da Indonésia. O COSINE-100 começou a coleta de dados em 2016. O experimento utiliza oito cristais de iodeto de sódio dopados com tálio de fundo baixo dispostos em uma matriz de 4 por 2, resultando em uma massa total de 106 kg. Cada cristal é acoplado a dois fotossensores para medir a quantidade de energia depositada no cristal. O conjunto de cristais de iodeto de sódio é imerso em 2.200 L de líquido cintilador, o que permite a identificação e posterior redução de fundos radioativos observados pelos cristais. O cintilador líquido é cercado por cobre, chumbo e cintiladores plásticos para reduzir a contribuição de fundo da radiação externa, bem como múons de raios cósmicos. O esquema do detector é mostrado na Fig. 2.

Fig. 2. O detector COSINE-100 está contido em um conjuntoi de componentes de blindagem mostrados em a). O principal objetivo da blindagem é fornecer cobertura total contra radiação externa de várias fontes de fundo. Os componentes de blindagem incluem painéis cintiladores de plástico, uma caixa de chumbo e uma caixa de cobre. Os oito cristais de iodeto de sódio encapsulados, mostrados em c) estão localizados dentro da caixa de cobre e são imersos em líquido cintilador, como mostrado em b).

             Apesar da forte evidência de sua existência, a identidade da Matéria Escura permanece um mistério. Vários anos de tomada de dados serão necessários para confirmar ou refutar totalmente os resultados de modulação anual do experimento DAMA/LIBRA. Melhor compreensão teórica e mais dados do detector COSINE-100 atualizado (COSINE-200) ajudarão a entender o mistério do sinal. Para ajudar a alcançar este objetivo, está em construção um novo local, mais profundo e espaçoso, chamado Laboratório Yemi. O experimento COSINE-100 foi concebido por Yeongduk Kim, Hyun Su Lee, Reina Maruyama e Neil Spooner e está atualmente coletando dados com melhoria contínua no entendimento do detector.

                 Para mais informações sobre o experimento COSINE-100: https://cosine.yale.edu/home ou https://cosine.ibs.re.kr

                 Contato: Prof. Nelson Carlin Filho - carlin@if.usp.br - tel: (11)3091-6820

- Referência

Govinda Adhikari, Pushparaj Adhikari, Estella Barbosa de Souza, Nelson Carlin, Seonho Choi, Mitra Djamal, Anthony C. Ezeribe, Chang Hyon Ha* (IBS),
Insik Hahn, Antonia J.F. Hubbard, Eunju Jeon, Jay Hyun Jo, Hanwool Joo, Woon Gu Kang, Woosik Kang, Matthew Kauer, Bonghee Kim, Hyounggyu Kim, Hongjoo Kim, Kyungwon Kim, Nam Young Kim, Sun Kee Kim, Yeongduk Kim, Yong-Hamb Kim, Young Ju Ko, Vitaly A. Kudryavtsev, Hyun Su Lee* (IBS), Jaison Lee, Jooyoung Lee, Moo Hyun Lee, Douglas S. Leonard, Warren A. Lynch, Reina H. Maruyama, Frederic Mouton, Stephen L. Olsen, Byungju Park,
Hyang Kyu Park, Hyeonseo Park, Jungsic Park, Kangsoon Park,
Walter C. Pettus, Hafizh Prihtiadi, Sejin Ra, Carsten Rott, Andrew Scarff, Keon Ah Shin, Neil J.C. Spooner, William G. Thompson, Liang Yang, and Seok Hyun Yong
(COSINE-100 Collaboration)

(*corresponding authors); An experiment to search for dark matter interactions using sodium iodide detectors;

Nature (2018). DOI é 10.1038/s41586-018-0739-1.

 

 

Data Publicação: 
quinta-feira, 6 Dezembro, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quinta-feira, 31 Janeiro, 2019

Artigo publicado na prestigiada Revista Chaos

Da Assessoria de Imprensa do Instituto de Física da USP:

Artigo publicado pelo Prof. José Carlos Sartorelli é destaque na prestigiada Revisa Chaos. NOGUEIRA, T. N.; PEREIRA, F. A. C. ;PROCOPIO, J.; SARTORELLI, J.C. Dripping faucet dynamics in a nonuniform electric field. CHAOS, v. 28, p. 113101, 2018.

https://aip.scitation.org/journal/cha

https://aip.scitation.org/doi/10.1063/1.5040757

O experimento da torneira gotejante, tendo a abertura desta como parâmetro de controle, foi sugerido por Rössler como paradigma de um sistema caótico. Este experimento oferece uma coleção de atratores caóticos e periódicos, além de bifurcações como Hopf, duplicação de período, crises de fronteira e interior. A novidade relatada neste trabalho é o estudo das gotas se formando em um campo elétrico não uniforme, mantendo a abertura da torneira fixa. Nós obtivemos comportamentos semelhantes, agora com um parâmetro que pode ser facilmente controlado, permitindo futuros trabalhos de controle de caos.

Diagramas de bifurcação usando os parâmetros: (a) abertura da torneira; (b) tensão aplicada no cilindro metálico que envolve o bico da torneira.

CONTATO:

Professor José Carlos Sartorelli

Telefone: (11) 3091-6915

Email: sartorel@if.usp.br

 

Data Publicação: 
terça-feira, 13 Novembro, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
segunda-feira, 31 Dezembro, 2018

Artigo no PRL: uma Nova Ordem Magnética

Da Assessoria de Imprensa do Instituto de Física da USP:

O Prof. Armando Paduan Filho, trabalhando em colaboração com pesquisadores de Grenoble, publicou recentemente um trabalho na revista Physical Review Letters, em que descreve a existência de uma fase magnética ordenada como o resultado de uma desordem introduzida artificialmente em um material paramagnético. Medidas de magnetização foram realizadas no IFUSP.

Ordem magnética resultante de uma desordem química

O entendimento de efeitos sutis de impurezas e desordem em sistemas quânticos motivou recentes atividades experimentais e teóricas.  Em especial, o assunto de localização em problemas de muitos corpos surgiu como uma possibilidade de re-análise dos fundamentos da estatística quântica. Entretanto, apesar de importantes realizações teóricas, a física experimental de sistemas desordenados permaneceu escassa. Neste contesto o sistema magnético NiCl2-4SC(NH2)2 , cloreto de níquel com tiureia (DTN), um material que apresenta uma condensação de Bose-Einstein em condições especiais de temperatura e campo magnético, mostrou-se como um sistema em que a desordem provocada pelas impurezas leva a uma nova ordem magnética. Esta fase do tipo "ordem por desordem", recentemente sugerida em um trabalho teórico, foi detectada atraves de medidas de ressonância magnética nuclear por um grupo composto por Armando Paduan Filho do IFUSP e colaboradores em Grenoble. A desordem no DTN foi introduzida pela substituição parcial de cloro por bromo, que, quando adicionada em pequenas proporções, dá origem a nova fase em temperaturas da ordem de miliKelvin e campos de 13 Tesla.

Trabalho publicado em 25/10/2018, em Phys. Rev. Lett. 121, 177202 (2018).

 https://journals.aps.org/prl/abstract/10.1103/PhysRevLett.121.177202

 

 

Data Publicação: 
terça-feira, 13 Novembro, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
segunda-feira, 31 Dezembro, 2018

Pesquisa em destaque na Physical Review Letters

Da Assessoria de Imprensa do Instituto de Física da USP:

Irreversibilidade em sistemas quânticos mesoscópicos

17 de outubro de 2018.

De acordo com as leis da termodinâmica, processos envolvendo sistemas macroscópicos são fundamentalmente irreversíveis. O sentido de operação de uma máquina térmica, por exemplo, só pode ser modificado se energia adicional for fornecida ao sistema. Este tipo de comportamento está em contraste com as leis da mecânica quântica, que regem objetos microscópicos, para a qual os processos são reversíveis. Entender como se dá esta transição conforme transitamos gradualmente do mundo quântico ao clássico constitui um tema de pesquisa extremamente ativo atualmente.

Com o intuito de elucidar esta questão, um grupo de pesquisadores envolvendo diversas instituições estudou experimentalmente a produção de entropia (um quantificador de irreversibilidade) em dois sistemas mesoscópicos: um condensado de Bose-Einstein com 100.000 átomos de rubídio e uma cavidade optomecânica pesando menos de uma micro-grama.

O trabalho foi liderado pelo Prof. Mauro Paternostro da Queen’s University em Belfast, Irlanda do Norte e o Dr. Matteo Brunelli, atualmente na Universidade de Cambridge, Reino Unido.

O primeiro passo do projeto foi desenvolver um formalismo teórico para estimar a produção de entropia, já que esta grandeza não pode ser medida diretamente. Esta contribuição foi feita por dois grupos brasileiros, dos Profs. Fernando Semião, da Universidade Federal do ABC, e Gabriel T. Landi, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Os pesquisadores desenvolveram um modelo teórico para relacionar a produção de entropia com grandezas mensuráveis em ambos os experimentos. Este trabalho foi publicado no ano passado na prestigiosa Physical Review Letters (118, 220601 (2017)) e foi escolhido como sugestão do editor.

Os experimentos foram realizados no ETH, Zürich (condensados de Bose-Einstein) e na Universidade de Viena (cavidade optomecânica). Em ambos os casos, os sistemas foram acoplados a dois reservatórios, fazendo com que uma corrente de calor passasse pelos sistemas. O resultado obtido pelos pesquisadores mostra que, em ambos os casos, o processo pelo qual os sistemas estão sujeitos são irreversíveis. Ou seja, neste regime mesoscópico, apesar de apresentarem propriedades quânticas, os sistemas ainda são irreversíveis. O caso do condensado de Bose-Einstein merece atenção particular, uma vez que ele apresenta uma transição de fase quântica, denominada transição de superradiância de Dicke. Os resultados experimentais mostram que a produção de entropia reflete o comportamento crítico desta transição, divergindo no ponto crítico.

Esta pesquisa representa a primeira quantificação experimental da produção de entropia em sistemas mesoscópicos que apresentam propriedades genuinamente quânticas. No futuro, os pesquisadores planejam estudar a dinâmica da produção de entropia durante um processo de relaxação, algo que pode ajudar a elucidar propriedades fundamentais da dinâmica de transições de fase quânticas.

Esta pesquisa foi publicada na Physical Review Letters.

REFERÊNCIA:

Segunda lei em uma cavidade óptica e uma BEC

17 de outubro de 2018

Físicos observam a produção de entropia em dois sistemas quânticos de escala intermediária, indicando que os sistemas passaram por um processo irreversível.  

Sinopse sobre: 
M. Brunelli et al. 

Phys. Rev. Lett. 121 , 160604 (2018)

 

 

Data Publicação: 
sexta-feira, 19 Outubro, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sexta-feira, 30 Novembro, 2018

Um reconhecimento aos cientistas brasileiros

Da Assessoria de Imprensa do Instituto de Física da USP:

CERIMÔNIA DE ENTREGA DA ORDEM NACIONAL DO MÉRITO CIENTÍFICO

Crédito da imagem: Ana Paula Freire

Em cerimônia realizada ontem, dia 17.10.2018, no Palácio do Planalto, em Brasília, personalidades ligadas ao meio científico, pesquisadores, professores e dirigentes de entidades, receberam as insígnias referentes à Ordem Nacional do Mérito Científico.

A Ordem Nacional do Mérito Científico foi instituída em 1993 e visa homenagear quem tem contribuído de forma significativa para o avanço da ciência e seu desenvolvimento no Brasil. Trata-se de uma ordem honorífica e os agraciados podem ser brasileiros ou estrangeiros.

O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) havia aberto prazo de trinta dias no mês de fevereiro deste ano para que a comunidade científica fizesse as indicações de novos membros. No mês de abril, uma comissão composta por membros da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), MCTIC (Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) e Academia Brasileira de Ciências (ABC) reuniu-se e fez as indicações com pareceres para submissão ao Conselho da Ordem, presidida pelo Presidente da República, que anunciou as escolhas.

Três pesquisadores do Instituto de Física da USP foram agraciados com a Ordem Nacional do Mérito Científico. O professor Paulo Artaxo Netto foi promovido para a Classe Grâ-Cruz e os professores Antonio José Roque da Silva e Sylvio Roberto Accioly Canuto admitidos na Classe de Comendador.

Segundo o Professor Paulo Artaxo, a comenda é um reconhecimento aos cientistas que lutam para manter o protagonismo da ciência do País em diferentes áreas. “Eu só posso me sentir muito honrado, porque a Ordem Nacional do Mérito Científico é a maior comenda científica concedida aos cientistas brasileiros. Sem ciência, não há desenvolvimento, nenhuma nação avança. Então, não deixa de ser um reconhecimento da sociedade ao nosso trabalho, ao desafio que temos de manter a alta qualidade de nossas pesquisas”.

Links de notícias relacionadas:

http://www.abc.org.br/2018/08/02/lista-de-novos-agraciados-da-onmc-e-divulgada/

http://www.cnpq.br/web/guest/noticiasviews/-/journal_content/56_INSTANCE_a6MO/10157/6578425

 

 

Data Publicação: 
quinta-feira, 18 Outubro, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sexta-feira, 30 Novembro, 2018

Uma jovem física e o Prêmio Nobel de 2018

Da Assessoria de Imprensa do Instituto de Física da USP:

UMA JOVEM PESQUISADORA DO IFUSP E O PRÊMIO NOBEL DE FÍSICA 2018  

FOTO: Ana Carolina de Magalhães

Onde (local) você se criou? Onde estudou antes de entrar na USP? Conte um pouco sobre sua família, que formação tem/tinham seus pais? Fale um pouco sobre sua origem, formação inicial, etc.

R: Eu sou de São Paulo mesmo, estudei em escola pública até a 3ª serie e depois na particular. Meus pais são professores, minha mãe é pedagoga e diretora de escola, meu pai é professor de artes. Eles sempre deram muito valor para a educação, pois acredito que fez muita diferença na vida deles. Eu sempre gostei muito de estudar e tive interesse pelas áreas científicas, apesar de não ter tido uma formação tão focada nesse aspecto. Além disso, sempre fui do time mão na massa, que gosta de fazer coisas com as próprias mãos e testar coisas.

Como foi a decisão de prestar vestibular para USP? Por que Física?

R: Eu sempre gostei de biologia e devido à influência de professores no ensino médio acabei decidida a prestar física, até porque eu queria fazer astronomia, mas como na época, ainda não havia o curso separado do IAG e só a habilitação dentro do Bacharelado em Física no IFUSP, eu acabei cursando. Mesmo em outras universidades, a astronomia não era um curso muito fácil de encontrar. No fim, entrando no IFUSP conheci outras aáreas da física, incluindo a Física Médica, o que acabou me levando de volta para perto da minha outra grande paixão: a biologia!

Como / por que foi a decisão / oportunidade de completar seus estudos no exterior? O que e onde você estudou? Há quanto tempo está no (país, local atual)?

R: Eu tive a oportunidade de fazer doutorado sanduíche na Universidade de Toronto, no Canadá, em 2014/2015, fui para lá para desenvolver parte dos experimentos do meu doutorado. Foi uma experiência muito interessante, pois pude ver como se desenvolve pesquisa fora do Brasil, como é um laboratorio de grande porte, que tem uma série de outros laboratórios para dar suporte à pesquisa. Além disso, ter contato com outras culturas foi uma experiência pessoal bastante importante para a minha formação como pessoa, foi essencial também para reconhecer as vantagens e desvantagens de morar no Brasil e me fez querer voltar para cá.

No contexto dos seus estudos/trabalho no (local onde estuda/trabalha) como você avalia a formação obtida no IFUSP?

R: Como qualquer outra faculdade, a formacão que se obtêm no IFUSP não é completa e nunca é possível ensinar tudo o que uma pessoa vai precisar em sua vida profissional. O que o IFUSP me deu foi uma base para que eu pudesse me desenvolver e construir o conhecimento que era necessário para o meu trabalho e para a minha pesquisa. A iniciação científica foi uma oportunidade excepcional, pois foi algo que me possibilitou a utilização de vários conceitos de forma aplicada.

Por outro lado, a formação que eu tive no IFUSP, no bacharelado e na pós-graduação, foi para a pesquisa, não para a docência. Essa formação específica eu precisei buscar fora do IFUSP quando ela se fez necessária para a minha atuação profissional. Hoje, minha principal atividade profissional é como docente de Ensino Superior.

Quais são os principais temas de pesquisas/estudos que você está realizando atualmente? Onde?

R: Minha principal atividade profissional tem sido a docência no ensino superior, para a graduação em Engenharia do Insper, Instituto de Ensino e Pesquisa, com disciplinas relacionadas à area biomédica, especificamente física médica e biofotônica, que é a aplicação da fotônica em áreas biológicas. Nesse sentido, tenho estudado bastante essa área e formas de ensino que sejam mais efetivas para os alunos. Além disso, sou colaboradora do grupo Arte e Ciência no Parque, do IFUSP, que é um grupo que trabalha com divulgação científica, através de experimentos de baixo custo, principalmente entre alunos de escolas públicas. Assim, parte dos meus estudos tem se relacionado à educação e divulgação e popularização da ciência e tecnologia. Por fim, também tenho me dedicado ao estudo do tema de pesquisa que eu desenvolvi durante a minha graduação e pós-graduação, a biofotônica. A terapia de fotobiomodulação é uma modalidade terapêutica que vem sendo muito utilizada na área da saúde, pois tem efeitos anti-inflamatórios, cicatrizantes e de redução de dor. A grande vantagem é que se constitui em um método não invasivo que utiliza uma luz com baixa intesidade, normalmente um laser ou LED, para o desecadeamento de processos físicos, químicos e biologicos em células, o que desencadeia a resposta anti-inflamatória, a proliferação celular e redução de dor. Esse método além de não ser invasivo, não causa efeitos colaterais e tem uma série de aplicações, pois o que ele faz é fornecer energia para que as células possam desempenhar suas funções. Apesar de ser uma terapia efetiva, os mecanismos de ação não são completamente compreendidos e as doses (quantidade de luz utilizada no tratamento), não são bem estabelecidas. No meu doutorado eu desenvolvi uma pesquisa para a investigacão de um possível mecanismo. Esse trabalho está em processo de publicação na revista Journal of Biophotonics. Relacionado à questão da determinacão da dose, eu sou colaboradora da Startup Bright Photomedicine, incubada no CIETEC e estamos com um pedido de projeto PIPE 1 na FAPESP, para o desenvolvimento de um programa que possa ser utilizado para determinar a quantidade de luz aplicada em pacientes, considerando características desses pacientes, como tipo de pele e quantidade de gordura. Dessa forma, as doses podem ser padronizadas e determinadas de forma personalizada. Com isso, pretendemos ter um melhor entendimento da relação entre os efeitos obtidos e a dose aplicada.

Há colaboração entre a instituição em que está atuando e a USP? Se sim, por favor, descreva.

R: A empresa Bright Photomedicine tem parceria com alguns pesquisadores da USP, para o desenvolvimento de estudos de interesse mútuo. Além disso, estão com um estudo clínico em processo de aprovacão no hospital das clínicas, para o teste da terapia de fotobiomodulação em dor crônica causada por osteoartrose de joelho. (tem uma reportagem sobre a empresa nesse link: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2018/08/remedio-digital-a...)

Quais são os seus projetos para 2019? E na área em que você atua quais são as inovações que você consegue antever?

R: Os meus planos são de continuar as minhas atividades de docência, ajudado a tornar a area de física médica e biofotônica mais conhecidas entre os estudantes de engenharia. Continuar com minhas atividades de extensão, com divulgação científica de forma a levar a curiosidade por fenômenos da natureza e o pensamento científico para estudantes dos ensinos básico e médio. E por fim, desenvolver o projeto de pesquisa que eu comentei anteriormente, para tornar a terapia de fotobiomodulação mais sistemática e personalizada, o que irá contribuir para a sua difusão nos serviços de saúde.

Avaliando a sua experiência quais são as vantagens e desvantagens de trabalhar e realizar pesquisas no exterior?

R: Uma das grandes vantagens é o acesso a materiais e equipamentos, o qual é menos burocrático e demorado do que aqui no Brasil. A integração entre as diversas linhas de pesquisa dentro de uma mesmo laboratorio é maior. Assim, há também uma maior interdisciplinaridade e são encontradas pessoas com diversas formações em um mesmo laboratório, o que dá a possilidade de diversos enfoques para um mesmo problema. Além disso, há uma série de laboratórios multi-usuário, os quais podem ser utilizados pelos pesquisadores. No entanto, o uso desses laboratórios é pago e entra na verba que o laboratório de pesquisa usa em suas atividades.

Pretende continuar realizando suas pesquisas no Brasil? Por quê?

R: Infelizmente a situação para as carreiras científicas e acadêmicas no Brasil não estão fáceis, isso é de conhecimento de todos, já faz um tempo! No entanto, há diversos fatores além desse que me estimulam a continuar no Brasil. Fatores pessoais, fatores culturais, mas certamente a noção de contribuir para melhorar as condições do meu país é também um desses fatores.

Sobre o prêmio Nobel de Fisica de 2018:

Foi muito legal receber a notícia do prêmio Nobel de Física deste ano, pois está muito relacionado com o meu trabalho. Eu estudo os efeitos que a luz tem em células, mais precisamente como a luz pode mudar as propriedades mecânicas das celulas, como sua rigidez. Uma das formas de medir isso é usando pinças ópticas. Fazia parte dos planos usar a pinça óptica para fazer essa medida no meu doutorado, mas infelizmente não conseguimos realizar esse experimento. Ainda assim, é muito bom ver que as tecnologias fotônicas estão sendo reconhecidas e ver que suas aplicações trouxeram grandes possibilidades e avanços para a área. Além disso, também observar como vem crescendo a necessidade por integração entre as diversas áreas, e aí está um belo exemplo, de uma tecnologia física que tem uma aplicação biológica bastante importante! Por fim, mas não menos importante, novamente uma mulher é agraciada com o prêmio, a primeira nos últimos 55 anos e apenas a 3ª da história da premiação!

 

Data Publicação: 
quarta-feira, 17 Outubro, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sexta-feira, 30 Novembro, 2018

Artigo publicado na Physical Review Materials

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

IMAGEM:  fonte - Videoteca IFUSP

Artigo de pesquisadores brasileiros e norte-americanos "Anomalous remnant magnetization in dilute antiferromagnetic Gd1-xYxB4", foi publicado na prestigiosa Physical Review Materials - PRM.

Autores: S.H. Masunaga and V.B. Barbeta, Centro Universitário FEI, S. Bernardo do Campo, Brasil; Renato F. Jardim and C.C. Becerra, Instituto de Física da USP, São Paulo, Brasil; M.S. Torikachvili, San Diego State University, San Diego, Califórnia, USA; P.F.S. Rosa and Z. Fisk, University of Califórnia, Califórnia, USA.

A impossibilidade de satisfazer interações magnéticas concorrentes e de maneira simultânea resulta em um fenômeno conhecido como frustração magnética. Um caso típico de frustração geométrica pode ser visualizado em um material com rede triangular, onde o alinhamento antiferromagnético AFM entre três íons magnéticos posicionados nos vértices do triângulo não pode ser satisfeito simultaneamente. Um caso mais geral de frustração em uma rede em duas dimensões (2D) foi abordado por Sriram Shastry e Willian (Bill) Sutherland no início da década de 80 e é denominado de rede SS. Neste contexto, sistemas AFM frustrados têm atraído bastante interesse e motivado extensa pesquisa devido à observação de novos fenômenos e fases exóticas que se correlacionam com a frustração. Importante mencionar também que o interesse renovado em sistemas AFM frustrados, oriundo no processo físico que ocorre tanto nos domínios AFM presentes nos materiais, assim como nas paredes de domínio, deve-se à sua relevância para as interações antiferromagnéticas que ocorrem, por exemplo, na spintrônica.

Compostos de tetraboretos de terras raras RB4 (R = elemento terra-rara) são de interesse nesse cenário pois oferecem uma realização experimental rara de redes frustradas do tipo SS. As interações magnéticas concorrentes em materiais RB4 resultam em diversos fenômenos físicos de interesse na matéria condensada incluindo plateaus de magnetização, formação de dímeros, estruturas magnéticas complexas e diagramas de fase muito ricos. O composto GdB4, em particular, pode ser considerado como um sistema do tipo SS, em que os momentos formam uma estrutura magnética não-colinear. A anisotropia necessária para estabilizar essa estrutura magnética também é responsável por fazer a orientação de magnetização dura ao longo do eixo perpendicular ao plano basal (veja Figura 1).

         Figura 1 – Estrutura magnética do GdB4 ao longo do plano ab da rede cristalina. Os átomos de Gd e os átomos de B são representados pelas cores verde e azul, respectivamente.

O surgimento de um ferromagnetismo fraco exótico (wFM) promovido por substituição iônica não magnética no sítio R foi observado recentemente no sistema frustrado geometricamente R1-xYxB4 (R = Tb e Dy). A substituição parcial de Tb ou Dy por Y (não magnético), resulta no decréscimo da temperatura de ordem AFM (TN) e no aparecimento de uma componente ferromagnética fraca wFM abaixo de TN. Este ferromagnetismo fraco é bastante anisotrópico e só pode ser observado quando o campo magnético externo é aplicado ao longo do plano magnético. O início e a magnitude da componente wFM inicialmente escala com o nível de dopagem Y. No entanto a saturação da magnetização ocorre ao redor de x ≈ 0,35, sugerindo que a formação do wFM não é usual. A ocorrência de ferromagnetismo fraco nos R1-xYxB4 (R = Sm, Gd, Tb, Dy, Er) magneticamente frustrados é uma característica geral, sugerindo que apresenta origem comum. A fim de investigar isso mais a fundo, foi realizado um estudo detalhado da magnetização em cristais de Gd1-xYxB4; x = 0, 0,2 e 0,4. Os resultados indicam um comportamento universal para cristais com diluições diferentes, nas quais a componente ferromagnética do wFM satura em campos magnéticos relativamente baixos. As magnetizações obtidas em diferentes campos magnéticos também exibem comportamento universal.

A ocorrência de ferromagnetismo fraco e magnetização remanente nos cristais diluídos correlaciona-se com a substituição parcial de Y por Gd e é consistente com a formação de paredes de domínio nos materiais. Os dopantes não magnéticos são possivelmente os centros de ancoramento e o ferromagnetismo fraco resulta de uma ligeira descompensação dos íons nas paredes do domínio. Embora domínios magnéticos sejam observados em outros materiais antiferromagnéticos diluídos, tanto quanto sabemos, cristais de Gd1-xYxB4 são os únicos sistemas magneticamente frustrados com redes SS que exibem a formação de domínios antiferromagnéticos após diluição.

Artigo: “Anomalous remnant magnetization in dilute antiferromagnetic Gd1-xYxB4

Autores: S. H. Masunaga, V. B. Barbeta, R. F. Jardim, C. C. Becerra, M. S. Torikachvili, P. F. S. Rosa, and Z. Fisk

Projetos FAPESP: 2013/07296-2, 2013/20181-0 e 2014/19245-6

https://journals-aps.ez67.periodicos.capes.gov.br/prmaterials/abstract/10.1103/PhysRevMaterials.2.084415

MAIS INFORMAÇÕES:

Professor Renato Figueiredo Jardim

Contato: rjardim@if.usp.br

Telefones: 3091-6896 ou (12) 3159-5007 

 

 

Data Publicação: 
segunda-feira, 3 Setembro, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
domingo, 30 Setembro, 2018

Rede internacional UGPN aprova projeto do IFUSP

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

A University Global Partnership Network (UGPN) é uma rede de parceria internacional formada por quatro grandes universidades: Universidade de São Paulo (Brasil), Universidade Estadual da Carolina do Norte (UECN, EUA), Universidade de Surrey (UOS, Reino Unido) e Universidade de Wollongong (Austrália), que se reuniram com a finalidade de trabalhar juntas no desenvolvimento de pesquisas e na busca por soluções para grandes temas de importância global.

Essa rede multilateral de apoio busca encontrar soluções inovadoras para problemas mundiais com base no compartilhamento de experiências em pesquisa e utiliza como estratégia a mobilidade de professores, funcionários e alunos para alcançar esse objetivo.

O Fundo Anual de Colaboração em Pesquisa da UGPN no valor de US $ 240.000 foi criado para apoiar pesquisas e, até o momento, já financiou 46 projetos em várias áreas do conhecimento.

As chamadas para novos projetos ficam abertas por um período de um mês, com o anúncio dos selecionados ocorrendo no mês de julho e os projetos são financiados por um período de 01 ano.

Nesta 7ª chamada do edital UGPN, 36 projetos foram inscritos e apenas 09 selecionados para obterem apoio financeiro. Dos projetos que ganharam 05 (cinco) têm participação da USP, sendo que o único escolhido na área das ciências exatas é o que foi apresentado pelo Instituto de Física e será coordenado pelo Prof. Julio Antonio Larrea Jiménez, docente do Departamento de Física dos Materiais e Mecânica. O título do projeto “Novel Quantum Phenomena towards a New Generation of Thermoelectric Materials for Energy Harvesting” tem as parcerias dos grupos liderados pelos professores D. Kumah da UECN e, I. Jurewicz da UOS.

Abaixo, o link com o resultado da sétima chamada do edital UGPN (University Global Parternship Network Research- collaboration Fund RCF 2017):

http://www.usp.br/internationaloffice/index.php/resultados/resultado-do-edital-ugpn-2018/

CONTATO:

Prof. Dr. Julio Antonio Larrea Jiménez
Instituto de Física, Universidade de São Paulo.
Rua do Matão, 1371
CEP 05508-090 - São Paulo, SP
Brasil
tel:   +55-11-3091-6879
fax:   +55-11-3091-6984
e-mail:
 larrea@if.usp.br  

 

Data Publicação: 
terça-feira, 7 Agosto, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sexta-feira, 31 Agosto, 2018

Brasileiros se destacam na 49ª IPhO

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

ALUNOS BRASILEIROS SE DESTACAM EM OLIMPÍADA INTERNACIONAL DE FÍSICA

A 49ª Olimpíada Internacional de Física (IPhO) foi realizada em Lisboa, de 21 a 29 de julho de 2018, com a participação de 90 países, 11 deles do continente americano e contou com mais de 400 alunos.

A Olimpíada Internacional de Física (IPhO) é uma competição internacional anual em física, organizada pela Sociedade Portuguesa de Física, sob a responsabilidade do Ministério da Educação daquele país.

Trata-se de um teste experimental e teórico aplicado individualmente aos alunos. O vencedor deste ano no quadro geral foi o estudante chinês Yang Ti, que obteve as melhores marcas tanto no exame experimental, quanto no teórico.

Os representantes do Brasil também tiveram ótimas participações. Segundo o Prof. Airton Deppman, docente do Instituto de Física da USP, que ajudou na preparação dos estudantes e, também, os acompanhou durante a competição: “participaram 5 estudantes brasileiros, já que esse é o número máximo permitido para a participação de cada país. Os resultados foram os seguintes:

Thomas Rosswhite Bergamaschi, Colégio Etapa – SP, medalha de prata

Paulo Toshio Kitayama,  Colégio Farias Brito – CE, medalha de bronze

Levy Bruno do Nascimento Batista, Colégio Farias Brito – CE medalha de bronze

Nicolas Meira Sinotti Lopes, Colégio Arí de Sá – CE, medalha de bronze

Matheus Barros da Silveira Colégio Christus - CE, medalha de bronze”.

Além disso, dois dos nossos medalhistas de bronze ficaram entre os 5 primeiros entre os premiados com essa medalha, portanto, eles ficaram muito próximos de obterem a medalha de prata. O estudante Paulo Kitayama, por exemplo, ficou a menos de meio ponto para obter essa medalha.

A competição se dá entre os melhores alunos de Física no Ensino Médio em todo o mundo. Estamos competindo com países como China, Japão, Coréia do Sul, Rússia, além de vários países Europeus com excelente qualidade de ensino. Portanto, os resultados obtidos pelos nossos estudantes são muito bons.

Ainda segundo o Prof. Airton, “em 2020, o Brasil sediará a realização de Olimpíada Ibero-Americana de Física, que envolve países da América Latina, além de Espanha e Portugal, e as expectativas de obtermos novamente bons resultados são as melhores possíveis”.

Mais informações sobre a 49ª IPhO podem ser obtidas no link abaixo:

http://ipho2018.pt/

 

Data Publicação: 
sexta-feira, 3 Agosto, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sexta-feira, 31 Agosto, 2018

A percepção do mundo em escala nanométrica

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

A PERCEPÇÃO DO MUNDO EM ESCALA NANOMÉTRICA

(Imagens: ilustrações de Alice in Wonderland, Lewis Carroll Fonte: Wikipedia).

O laboratório SAMPA (“Simulações Aplicadas a Materiais: Propriedades Atomísticas”) do Instituto de Física da USP vem desenvolvendo projetos na caracterização de materiais a partir de simulações moleculares e no design de novos materiais, em particular em sistemas na escala nanométrica. Os projetos estão ligados a materiais para energia envolvendo desde melhorias nos processos de extração de petróleo, captura e sequestro de CO2, combustíveis solares, armazenamento de hidrogênio, células a combustível a base de etanol e baterias.

Para melhorar as estratégias no design de novos materiais, os pesquisadores do  SAMPA estão experimentando mudar a descrição usual da Física para abordar o problema do ponto de vista de Design através de experiências perceptivas dos sistemas moleculares.

Para realizar essa nova experiência perceptiva, os pesquisadores estão vivenciando os sistemas moleculares na mesma escala da percepção física, ou seja, é como a Alice no país das Maravilhas, que ao ser encolhida, uma nova percepção do mundo é revelada. No caso das pesquisas desenvolvidas, a ideia é vivenciar os materiais como se  fôssemos os próprios átomos ou moléculas. Assim, é possível ter a percepção do mundo em escala nano e criar uma intuição sobre a forma, tamanhos, espaço e processos dinâmicos nessa escala, que é muito distinta da que vivemos cotidianamente.

Por exemplo, como é ser uma molécula em uma interface água-óleo, ou como uma molécula se sente entrando em um poro nanométrico?  Essa pergunta, da perspectiva da molécula, é para nossa escala, algo equivalente a entrarmos em uma catedral ou em uma casinha de cachorro? Apenas vivenciando essa experiência é que adquirimos uma intuição sobre essas escalas. Como seria caminharmos em uma paisagem no mundo nanoscópico? O que devemos alterar nessa paisagem para melhorarmos a performance desses materiais?  Este tipo de experiência enriquece bastante nossa percepção sobre os fenômenos.

Para realizar as experiências perceptivas e imersivas em escala atômica, os pesquisadores do SAMPA utilizam a realidade virtual (VR). O set-up de realidade virtual do laboratório permite que se possa "estar" e interagir no mundo dos materiais na escala nanoscópica. Essa experiência vem sendo bastante reveladora, não apenas para mudar nossa perspectiva sobre design de materiais, mas estimula  discussões e interações na equipe dos projetos. Apesar do uso da realidade virtual já acontecer em muitas áreas, os pesquisadores do SAMPA inovaram ao introduzir no Brasil sua utilização em simulações moleculares e de materiais. Além do uso direto nos projetos de pesquisa, esse é um excelente instrumento para divulgação científica e visa estimular jovens e crianças para a curiosidade e a descoberta desse maravilhoso mundo em escala nanométrica.

Adicionalmente, os pesquisadores trabalham com uma técnica conhecida como sonificação, que consiste em converter dados em sons. Acoplando sonificação à Realidade Virtual, não apenas aprimoramos a experiência imersiva com o som, mas conseguimos "ouvir" a dinâmica dessas moléculas ou as vibrações que elas realizam, ao mesmo tempo, que visualizamos esses dados usando VR.

Esses questionamentos saem da perspectiva de como os problemas são usualmente resolvidos em Física, entrando em uma vereda que mistura Ciência e nossas próprias experiências e sensações perceptivas, bem mais próximos das estratégias em Design.

CONTATO:

Prof. Caetano Rodrigues Miranda

Telefone: (11) 3091-7009

E-mail: cmiranda@if.usp.br

 

 

 

Data Publicação: 
segunda-feira, 30 Julho, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sexta-feira, 31 Agosto, 2018

Páginas

Desenvolvido por IFUSP