Resumo: A atividade do cientista ao descrever a realidade física concreta, – especificamente, o trabalho do físico—, e a atividade do artista (aqui pensamos no poeta), no seu processo criativo, encontram as suas raízes comuns na expressão da vontade, da espontaneidade, e são manifestações autênticas sobre a compreensão de nosso mundo particular e de todas as coisas que o circundam.
Propõe-se, aqui, um breve diálogo entre esses dois universos, – que usam linguagens muito distintas, apropriadas ao escopo do conhecimento e ao valor daquilo que se busca –, que se nutrem da mesma pesquisa imaginativa. A ideia de partida é que a física e a poesia sejam consideradas como duas atividades humanas essenciais, autênticas expressões de um modo de estar no mundo encontrável nas pessoas criativas e sensíveis – e que, em medida maior e menor, possam muito bem representar um ideal de conhecimento para toda a humanidade.
Para motivar esta breve reflexão sobre a convivência entre essas representações do real, partimos de uma imagem oferecida pelo físico Richard Feynman – inspirada provavelmente pelo poeta Walt Whitman – sobre a que talvez seja a mais notável descoberta da astronomia de todos os tempos, a saber, o fato de as estrelas serem feitas dos átomos que encontramos na Terra – aqueles dos quais somos feitos.
Isso pode nos ajudar a compreender por que a descrição poética e a do físico não se excluam necessariamente, mas, ao contrário, se proponham como duas possibilidades a serem exploradas. Afinal, podemos sempre “sair para rever as estrelas” como o fazem os poetas Dante e Virgílio, quando deixam o Inferno (Divina Commedia, Inf. XXXIV, 139), ou como o fazem os astrônomos, ao perscrutarem o céu noturno com os instrumentos da óptica.
Sobre o Palestrante: Luiz Roberto Evangelista (02-03-1958), maringaense, de origem italiana (Molise e Lombardia), foi professor titular de física teórica no Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá (1982-2019) e, atualmente, é Professor Visitante no Politecnico di Torino, Itália.
É pesquisador do CNPq na área de fluidos e sistemas complexos, e trabalha com problemas de física-matemática no campo dos cristais líquidos e da mecânica estatística, com a descrição teórica dos fenômenos de difusão anômala, por meio das equações de difusão fracionárias. Já publicou cerca de duzentos artigos científicos em revistas internacionais.
É membro do Editorial Board do Physical Review E da American Physical Society, e da Nature Scientific Reports, do grupo Springer-Nature.
É membro da International Liquid Crystal Society e membro correspondente da Accademia Peloritana dei Pericolanti (fundada em 1729), da Università di Messina (Sicília, Itália).
É cidadão benemérito de Maringá (2010) e cidadão honorário da cidade de Toro (Campobasso), Itália (2015).
Recebeu os prêmios de outstanding referee da American Physical Society (2014), o Premio San Giorgio — do Centro Studi Molisano, em Campobasso, Itália, pelo conjunto da obra acadêmica (2015), o Premio Giornalistico e Letterario Marzani, em San Giorgio del Sannio (BN), Itália, pelo seu trabalho de divulgação científica (2017), e o Premio Pitagora di Samo, da cidade de Reggio Calabria (terra de Pitágoras), por suas contribuições em física-matemática (2018).
É autor dos livros: An Elementary Course on the Continuum Theory for Nematic Liquid Crystals (World Scientific, Singapore, 2001), com G. Barbero; Adsorption Phenomena and Anchoring Energy in Nematic Liquid Crystals (Taylor & Francis, London, 2006), com G. Barbero; Fractional Diffusion Equations and Anomalous Diffusion (Cambridge University Press, Cambridge, 2018), com Ervin K. Lenzi; Perspectivas em História da Física I (Editora Moderna, Rio de Janeiro, 2011); Perspectivas em História da Física II (Livraria da Física, São Paulo, 2014); Il Big Bang e la Teologia (Classi, Firenze-Parigi, 2016); Adagio Sostenuto – Sui sentieri del tempo dalla Magna Grecia al Cern (Classi, Firenze-Parigi, 2017) – este último transformado na trilogia Tempora sunt tria I, II, III (Classi, Firenze-Parigi, 2017). Em 2019 publicou um livro de memórias sobre a sua infância na Vila Operária, em Maringá, intitulado Em Si Bemol Maior: Recordações da Vila Operária (Amazon, 2019), achando que alguém, além dele, pudesse se interessar pelo argumento.
Em 05 de dezembro de 2018, foi nomeado, por decreto do governo italiano, Ambasciatore del Molise nel Mondo, coisa de que muito se orgulha.
LINK: https://zoom.us/j/99209533760
