Os resultados das pesquisas brasileiras sobre a Amazonia são destacados pela revista Nature em dois artigos

Ano: 
2012
Pesquisador: 
Prof. Paulo Artaxo
O Professor  Paulo Artaxo do Departamento de física Aplicada do IFUSP foi convidado pela revista Nature para apresentar a sua opinião pessoal sobre a importância do experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia  (LBA), coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia  (INPA). As suas considerações foram publicadas pela revista na seção world view da edição a Nature de 19/01/2012 com o título "Quebrar barreiras na pesquisa climática". Ele rápidamente explica o processo da criação, a consolidação e as contibuições do projeto LBA dizendo, "Quase 20 anos atrás, eu fazia parte de um grupo de cientistas que elaboraram um ambicioso plano para estudar a floresta amazônica de uma forma totalmente nova, para melhorar a nossa compreensão da floresta e seu papel no sistema climático global. Queríamos construir uma base científica para aprender como a região poderia ser desenvolvida de forma sustentável".
 
                Ainda na mesma edição foi publicado um outro artigo de revisão, de sua co-autoria sintetizando os resultados das pesquisas realizadas nos ultimos 20 anos pelo LBA. O reporte Fábio de Castro intrevistou o Prof. Artaxo e publicou um artigo na revista  eletrônica da Agência FAPESP. Nesta entrevista  o prof. Artaxo afirma que “O LBA deu uma contribuição importante para desvendar os processos físicos, químicos e biológicos que são responsáveis pelo funcionamento extremamente complexo da floresta. Esses processos vão desde a dinâmica climática até a interação entre a biologia da floresta e seu funcionamento intrínseco do ponto de vista dos fluxos de calor, de energia, de vapor d´água e de carbono”.  Ainda explica que “A floresta desenvolveu, ao longo de seu processo evolutivo, mecanismos que permitem recuperar seu ponto de equilíbrio. No entanto, isso tem um limite que pode ser ultrapassado dependendo do grau de perturbação que o homem provoca no ecossistema. Esse delicado equilíbrio precisa ser respeitado para que o processo de ocupação da Amazônia não desestabilize ainda mais o funcionamento do ecossistema”. Segundo ele uma das contribuições fundamentais do LBA foi determinar os limites da capacidade de resistência, isto é de superar uma situação critica e retornar ao seu estado natural de excelência e as consequências de ultrapassar estes limites. Ele afirma que “Embora os impactos do uso da terra e das fortes seca na bacia amazônica possam ficar aquém da magnitude da variabilidade natural dos ciclos hidrológicos e biogeoquímicos, há alguns sinais de uma transição para um regime de predomínio de distúrbios. Esses sinais incluem modificações nos ciclos hídricos e energéticos no sul e no leste da Amazônia”. O Programa LBA envolve várias centenas de pesquisadores e estudantes, produziu mais de 2.000 trabalhos publicados e mais de 300 teses e dissertações, sendo o maior experimento cientifico ambiental em execução atualmente. Os resultados do Programa LBA estão sendo utilizados pelo governo para estruturar políticas públicas de redução do desmatamento da Floresta Amazônica. A redução de desmatamento de 27.000 Km² em 2004 para 6.200 Km² em 2010 mostra  que o Brasil está fazendo concretamente a sua parte em relação às emissões de gases de efeito estufa e combatendo as mudanças climáticas globais.

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