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Descoberta importante na área de física de materiais

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Pesquisadores do Brasil e dos EUA fazem descoberta importante na área de física de materiais supercondutores

Artigo publicado por físicos da Universidade de São Paulo e da San Diego State University, Califórnia, EUA, propõe uma nova interpretação para a origem da supercondutividade do monoboreto de Nióbio.

O elemento químico Nióbio, um metal de transição, está localizado na família 5-B da tabela periódica. Seu símbolo químico é Nb e seu número atômico é 41. Devido ao seu alto ponto de fusão é denominado de refratário e utilizado em diversas ligas metálicas para aplicações em altas temperaturas. Além dessas propriedades, o Nb apresenta propriedades ditas supercondutoras abaixo de ~ 9.2 K, ou seja, a de apresentar estado de resistência elétrica nula e, portanto, de conduzir corrente elétrica sem perdas. Muitas ligas e compostos metálicos de Nb, como NbTi e Nb3Sn, são utilizados na fabricação de boninas supercondutoras para a produção de altos campos magnéticos, bobinas essas utilizadas desde o final da década de 50 do século passado.

O estudo aqui em perspectiva foi publicado em 08/09/2017 na revista Physical Review Materials – Phys. Rev. Materials, nova publicação da APS (American Physical Society), uma das associações de física mais importantes do mundo, e propõe que a fase cristalográfica do monoboreto de Nióbio, NbB, ao contrário do pressuposto e assumido por mais de 65 anos, não apresenta propriedades supercondutoras abaixo de aproximadamente 8,5 K. Os resultados experimentais obtidos pelos autores sugerem que a origem da supercondutividade observada em amostras de NbB está relacionada a uma outra fase cristalográfica, rica em Nb e provavelmente com composição Nb0.98B0.02, ou seja, essencialmente Nb puro. Essa fase supercondutora é observada precipitar nos chamados contornos de grãos das amostras estudadas pelos investigadores.

De acordo com a pesquisa, a supercondutividade, investigada em mais de 20 amostras de materiais com composições químicas próximas de NbB, não é oriunda desta fase e sim do metal Nb, mas com pequenas substituições de B na sua rede cristalina. O estudo também demonstrou, via diversas caracterizações estruturais, microestruturais, magnéticas, de transporte eletrônico e térmico, que a magnitude da temperatura crítica supercondutora dos materiais produzidos, similar a 9 K, é muito próxima daquela observada no elemento Nb (de ~ 9.2 K). Além desse conjunto consistente de resultados experimentais, os autores se valeram de um modelo físico para inferir que a propriedade supercondutora nos espécimes estudados seria relacionada a uma solução sólida rica em Nb com estequiometria próxima de Nb0.98B0.02 e não da fase NbB.

Segundo o professor Renato de Figueiredo Jardim, docente do Instituto de Física da USP, orientador da pesquisa que originou a dissertação de mestrado do aluno Fábio Santos Alves Abud (Supercondutividade na solução sólida (Nb1-xZrx)B, defendida em 19/08/2016) que serviu de base para o artigo científico, “a procura por novos materiais supercondutores experimentou um grande avanço a partir dos anos 40 do século passado e um dos pesquisadores importantes na descoberta desses novos materiais foi o Prof. Berndt Matthias. O seu grupo de pesquisa foi responsável pela descoberta de centenas de novos materiais supercondutores e ele uma liderança científica na área”. Ainda, segundo o professor Renato Jardim, “um dos materiais descoberto no ano de 1951 no grupo do Prof. Matthias foi o NbB (nióbio-boro), supostamente com temperatura crítica supercondutora de ~ 8,5 K. Esse material foi aquele com a maior temperatura crítica supercondutora nos chamados monoboretos de metais de transição. A fase NbB é citada como exemplo de supercondutor em livros e textos clássicos de física da matéria condensada, como as primeiras edições do “Introduction to Solid State Physics” de Charles Kittel. Adicionalmente, esses materiais a base de boro (boretos) estão sendo bastante estudados no momento, primariamente devido a descoberta no início da década passada de supercondutividade abaixo de ~ 38 K no MgB2.

A pesquisa foi financiada pelas agências de fomento FAPESP (Proc. No. 2013/07296-2, No. 2014/12401-2, e No. 2014/19245-6) e CNPq (Proc. No. 444712/2014-3 e No. 306006/2015-4 ).

O artigo “Absence of superconductivity in NbB ” está em anexo e ficará disponível no site da revista Physical Review Materials (https://link.aps.org/doi/10.1103/PhysRevMaterials.1.044803).

Assinam o artigo:

F. Abud e R. F. Jardim, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, L. E. Correa, I. R. Souza Filho e A. J. S. Machado, da Escola de Engenharia de Lorena, da Universidade de São Paulo, e M. S. Torikachvili, do Departamento de Física, da San Diego State University, California, USA.

Contato para informações:

Prof. Renato de Figueiredo Jardim

Instituto de Física, Universidade de São Paulo

São Paulo, Brazil

Tel: 55-11- 3091-6896 ou 55-11- 3091-7091

55-12- 3159-5005 ou 3159-5007 (EEL-USP-Lorena)

E-mail: rjardim@if.usp.br

 

Data Publicação: 
terça-feira, 12 Setembro, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quinta-feira, 12 Outubro, 2017

Pesquisa sobre efeitos da fumaça de queimadas

FUMAÇA DAS QUEIMADAS NA AMAZÔNIA CAUSAM SÉRIOS DANOS AO MATERIAL GENÉTICO E MORTE DE CÉLULAS PULMONARES HUMANAS

Um estudo publicado hoje (07/09/17) na revista Nature Scientific Reports mostrou com detalhamento inédito os danos na saúde ocasionados pela fumaça das queimadas na floresta Amazônica, cujos efeitos podem se estender por toda América do Sul. Este estudo, fruto de uma colaboração de pesquisadores da USP, UFRN, Fiocruz e UFRJ mostrou como a exposição à fumaça causa danos ao material genético e morte das células pulmonares. O estudo interdisciplinar foi financiado majoritariamente pela FAPESP.

Pela primeira vez, foi possível demonstrar que as partículas de queimadas da Amazônia ao entrarem nos pulmões aumentam a inflamação, o estresse oxidativo e causam danos genéticos nas células de pulmão humano. O dano no DNA pode ser tão grave que a célula perde a capacidade de sobreviver e morre.  Ou esta célula perde o controle celular e começa a se reproduzir desordenadamente, evoluindo para câncer de pulmão, diz a pesquisadora Nilmara de Oliveira Alves, autora principal do estudo. Para descobrir estes mecanismos, células de pulmão humano foram expostas a partículas coletadas na Amazônia e analisadas com técnicas bioquímicas avançadas, onde foi medido o grau de inflamação e de dano no DNA. Estas células podem induzir autofagia (processo que indica estresse celular) e também sofrer lesões no DNA que podem contribuir para formação de câncer, acrescenta Alexandre Vessoni, pesquisador do ICB-USP e atualmente na Universidade de Washington em St. Louis, nos EUA. Os mecanismos para isso foram desvendados no estudo. A figura abaixo ilustra o processo.

Mecanismo proposto para a ação de material particulado PM10 de queimadas da Amazônia. Em sua fase inicial, observamos dano no DNA e produção de compostos reativos e citocinas, com alterações nas mitocôndrias. Neste estágio, a ativação de autofagia (suicídio celular) também foi observada. PM10 também causou um aumento na expressão de proteínas p53 e p21, ligadas ao controle celular. Com o aumento da exposição, a célula fica incapacitada de continuar reagindo contra o invasor externo, e mecanismos de apoptose e necrose são iniciados, o que leva à morte da célula. A fragmentação do DNA induz a formação de γ-H2AX. Se os danos ao DNA persistem, induzem mutações, e podendo levar ao desenvolvimento de câncer de pulmão.

Neste trabalho, foram descobertos os mecanismos de morte celular e identificado um dos compostos responsáveis por isso. Quimicamente o composto químico reteno, um marcador de queimadas, tem um forte efeito na morte celular de células do pulmão.

A Amazônia sofre com o desmatamento e queimadas, consequências de um processo de ocupação desordenado, afirma o pesquisador Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, co-autor do estudo. Todo ano, em setembro e outubro, os focos de incêndios disparam, e uma nuvem de fumaça cobre toda a região amazônica, ocasionando sérios problemas respiratórios na população, como relatado em estudos anteriores coordenados pela pesquisadora Sandra Hacon, da FIOCRUZ-RJ, também co-autora do estudo. Ela analisou dados do SUS e concentração de poluentes e observou uma forte associação entre queimadas e efeitos na saúde, mas não se conhecia os mecanismos pelos quais o dano no pulmão ocorre.

Os pesquisadores coletaram amostras do material emitido na atmosfera pelas queimadas na região próxima à Porto Velho, uma das áreas mais atingidas pelos incêndios na Amazônia. Nessa fumaça, existe o material particulado, que é formado por uma mistura de compostos químicos. O médico patologista Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Instituto de Estudo Avançados da USP, explica que quanto menor a partícula, ela consegue penetrar mais profundamente no sistema respiratório, atingir os alvéolos pulmonares e ter contato com a corrente sanguínea, sendo mais prejudicial para a saúde.

A exposição ao material particulado é considerada uma das principais causas de câncer de pulmão de acordo com a Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC), vinculada à Organização Mundial de Saúde. A poluição causada pela queima de biomassa na Amazônia emite compostos químicos que são diferentes dos poluentes emitidos pelos veículos automotores e pelas indústrias nos centros urbanos. Outra novidade deste estudo é que um dos compostos emitido somente pela queima de biomassa (o reteno) é um dos grandes responsáveis pelos danos no DNA que observamos nas células pulmonares, afirma Silvia Batistuzzo, professora da UFRN e orientadora do trabalho.

No Brasil, onde ao longo dos últimos 30 anos observamos altas concentrações de material particulado na atmosfera como decorrência de emissões de queimadas, não há nenhum programa de melhoria da qualidade do ar decorrente da queima de biomassa. Nós esperamos que com estudos como este, incentive o monitoramento destas partículas finas que causa claramente danos à saúde, finaliza Carlos Menck, professor do ICB-USP e também orientador desta pesquisa.

Esta pesquisa foi financiada pelo CNPq (Nº 471033/2011-1), Rede CLIMA (Nº 550022/2014-7), FINEP (Nº 01.13.0353.00) e FAPESP, através dos projetos: Nº 2014/02297-3, 2014/15982-6, 2013/05014-0 e 2013/25058-1.

O título do artigo na revista Nature Scientific Reports é "Biomass burning in the Amazon region causes DNA damage and cell death in human lung cells”. Disponível em:  www.nature.com/articles/s41598-017-11024-3.

Mais informações com Nilmara de Oliveira Alves, no e-mail nilmaraoalves@gmail.com; Skype “alvesno”; fones (na França): + (33) 9 73 22 63 39 e +(33) 7 83 28 65 86. 

Prof. Paulo Eduardo Artaxo Netto - E-mail: artaxo@if.usp.br - Telefone: (11) 3091-7016 

Data Publicação: 
segunda-feira, 11 Setembro, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sábado, 30 Setembro, 2017

A Física Médica e a importância da profissão


Crédito: Homem de Vitrúvio – Desenho de Leonardo da Vinci – Wikipédia – domínio público

 

A Física Médica e a importância da profissão

Para falarmos dessa profissão tão importante para a área da física, mas também, para a área da saúde é fundamental pontuar historicamente alguns acontecimentos.

Leonardo da Vinci pode ser considerado um dos pioneiros da Física Médica devido aos seus estudos, no século XVI, acerca da biomecânica e da locomoção humanas, do movimento do coração e do fluxo sanguíneo no sistema cardiovascular.

Os conhecimentos da óptica possibilitaram a invenção do microscópio, que por sua vez possibilitou aos médicos uma melhor compreensão sobre anatomia e histologia, bem como a descoberta e o estudo de microorganismos no século XVII.

A descoberta dos raios X pelo alemão Wilhelm Conrad Röntgen, em 1895, é um marco na Física que continua a exercer um grande impacto na Medicina. Além de render-lhe o primeiro Prêmio Nobel de Física, o trabalho de Röntgen abriu caminhos para estudos que renderiam também o Prêmio Nobel a Antoine Henri Becquerel, Pierre e Marie Curie, pelas observações e interpretações das emissões de partículas provenientes de materiais radioativos (radioatividade). Em 1908, por formular hipóteses sobre substâncias radioativas, Ernest Rutherford foi laureado com o Nobel de Química.

Além desses, muitos outros cientistas receberam o Prêmio Nobel pelos seus trabalhos com a radioatividade. A utilização da substância rádio no tratamento de câncer de pele foi introduzida logo após a sua descoberta. Rapidamente evidenciaram-se os perigos de seu uso não controlado das substâncias radioativas, pois foram causa mortis e de doenças em pacientes tratados, e em alguns desses cientistas pioneiros. A partir dessa constatação, as primeiras organizações internacionais responsáveis pelas recomendações de proteção radiológica foram criadas.

A utilização de raios X e radioatividade no diagnóstico e na terapia foram responsáveis pela introdução de profissionais físicos no meio hospitalar, incorporando o aspecto interdisciplinar dessa nova área. O físico e matemático suíço Theophil Friedrich Christen doutorou-se em Medicina em 1905. Christen realizou treinamento médico e visitou importantes hospitais na Inglaterra e nos EUA. Ao retornar a Berna, criou uma clínica médica onde se dedicou principalmente à recém-criada área de Radiologia e preparou-se para o exame de habilitação em Fisioterapia. Em 1908, diante da Faculdade de Medicina de Berna defendeu uma tese não convencional para a época na área de Física Médica intitulada "A clareza das chapas médicas como problema de absorção" (Die Deutlichkeit des Röntgenbildes als Absorptionsproblem).

Nessa época, mais precisamente em 1913, o físico William Duane iniciou um trabalho sobre o uso de fontes de radônio para o tratamento de câncer num hospital em Boston. No mesmo ano, outro físico, Sydney Russ, começou a trabalhar com o mesmo problema no Middlesex Hospital em Londres. Gioacchino Failla, em Nova York, em 1915, com o objetivo de empregar radiações em procedimentos terapêuticos, iniciou a construção de geradores de radônio. Dessa forma, podemos afirmar que há um século estava criada a Física Médica.

O caráter interdisciplinar entre a Física e a Medicina pode ser destacado nos prêmios Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1979, divididos entre o Físico Allan Cormack e o engenheiro Godfrey Hounsfield pelo desenvolvimento da Tomografia Computadorizada, e pelo prêmio de 2003, compartilhado entre o físico Peter Mansfield e pelo químico Paul Lauterbur devido aos seus trabalhos no desenvolvimento da técnica de imagens por ressonância magnética.

Na década de 1950, médicos e profissionais de Física Médica já atuavam em conjunto. Nas décadas de 1960 e 1970, foram criadas legislações estabelecendo a atuação desse profissional em algumas áreas médicas, como radioterapia e Medicina nuclear. No Brasil, a área de Física Médica foi estruturada com a criação da Associação Brasileira de Física Médica (ABFM), em 1969. O nascimento desta Associação teve forte influência de profissionais da Universidade de São Paulo, tendo sua concepção ocorrida em uma reunião no Centro de Medicina Nuclear da Faculdade de Medicina da USP. Esta Associação tem um importante papel de liderança na Física Médica da América Latina, é associada à Associación Latino Americana de Física Médica (ALFIM) e à International Organization of Medical Physics (IOMP) e é muito respeitada internacionalmente.

Atualmente, o profissional físico médico atua principalmente nas áreas de radiologia diagnóstica e intervencionista, medicina nuclear, radioterapia, radiocirurgia, proteção radiológica, metrologia das radiações, biomagnetismo, radiobiologia, processamento de sinais e imagens biomédicas.

Apesar de o surgimento da Física Médica estar associado ao uso da radiação ionizante, essa área do conhecimento não mais se restringe a esse tipo de radiação. Assim, o crescente campo de atuação e contribuição dos profissionais da área de Física Médica é uma natural consequência do rápido avanço da ciência e da tecnologia, que tem trazido grande impacto nas condutas e nos procedimentos médicos e da saúde populacional. Como exemplo, podemos citar a biofotônica em que se tem constatado intenso avanço e desenvolvimento de novas técnicas de diagnóstico e terapia.

Esse ramo da Física é essencialmente multidisciplinar — pois trabalha com conhecimentos e técnicas básicas específicas da junção da Física, Biologia e Medicina — abrangendo hoje uma ampla área de atuação. O físico médico aplica os conhecimentos físicos em múltiplas técnicas terapêuticas, proporcionando fundamentação e bases teóricas para as modernas tecnologias aplicadas na área médica, ao mesmo tempo em que estabelece e avalia critérios de utilização segura e eficaz dos agentes físicos na área de saúde.

Os físicos médicos também participam, integrados e em sinergia com outros profissionais, da elaboração das bases necessárias de medição de variáveis biomédicas, desde calibração de equipamentos e monitoração de controle de radiação até controle de qualidade nos equipamentos empregados na área da saúde.

A FÍSICA MÉDICA NO BRASIL E NO IFUSP

A Física Médica no Brasil iniciou-se em 1969 através do curso de Física das Radiações na graduação do Bacharelado em Física, no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP). Na época, devido à falta de laboratórios especializados e de equipamentos próprios, alguns hospitais cederam seus equipamentos bem como suas instalações físicas.

O Instituto de Física da USP possui grande experiência na formação de pessoal de nível superior nas áreas associadas à Física Médica. Pelo Laboratório de Dosimetria e pelo grupo de Biofísica e Física Médica deste Instituto, sob a liderança das profas. Cecil Robilotta, Emico Okuno, Marília Teixeira da Cruz e Elisabeth Yoshimura, já foram formados mais de 30 mestres e cerca de 15 doutores em áreas correlatas à da Física Médica. Além disso, professores deste grupo costumam ministrar disciplinas que fomentam a formação de profissionais nesta área, como a Física das Radiações, Física do Corpo Humano, Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes e Não-ionizantes, entre outras.

Além da formação de profissionais, o Grupo de Dosimetria das Radiações e Física Médica do IFUSP desenvolve pesquisas aplicadas a diferentes áreas de fronteira na Física Médica. Entre elas, destaca-se:

  • Desenvolvimento de materiais dosimétricos;
  • Técnicas de dosimetria aplicada à tomografia computadorizada e à mamografia;
  • Espectrometria de raios X aplicadas ao diagnóstico por imagens;
  • Desenvolvimento de materiais radiologicamente equivalentes para aplicações em proteção radiológica;
  • Técnicas de controle de qualidade e dosimetria aplicadas em modalidades de diagnóstico por imagens;

Mais informações sobre o Grupo de Dosimetria das Radiações e Física Médica do IFUSP:

Laboratório de Dosimetria da Radiação

Docente Responsável: 

Elisabeth Mateus Yoshimura (Coordenadora), Ana Regina Blak, Paulo Roberto Costa e Emico Okuno

Email: 

e.yoshimura@dfn.if.usp.br; anablak@if.usp.br;  pcosta@if.usp.br  e emico.okuno@dfn.if.usp.br

Telefones: 

3091.6991/ 3091.6849/ 3091.7005

 

 

 

Data Publicação: 
terça-feira, 5 Setembro, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sábado, 30 Setembro, 2017

Pesquisa sobre o etanol e a redução da poluição

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Uso de etanol em veículos reduz a emissão de nanopartículas em São Paulo

Escolha do combustível afeta a emissão de partículas menores que 50 nanômetros de diâmetro e causa problemas pulmonares e cardiorespiratórios

Estudo publicado na revista Nature Communications no dia 17 de julho mostrou que existe uma correlação entre a escolha do combustível veicular (etanol ou gasolina) e o número de nanopartículas no ar de São Paulo. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após medirem a concentração de partículas menores que 50 nanômetros de diâmetro, na cidade de São Paulo, e constatarem um aumento de 30% das concentrações dessas nanopartículas em função do uso da gasolina em vez de etanol em veículos do tipo flex.

De acordo com o estudo, a opção pela gasolina se deu em razão da alta do preço do etanol. O problema é que essas nanopartículas menores que 50 nanômetros penetram facilmente nos alvéolos pulmonares, causando problemas respiratórios e cardiovasculares. “Os milhões de motoristas em São Paulo usam gasolina ou etanol de acordo com o preço. Nosso estudo mostrou que quando se usa mais etanol do que gasolina temos menos nanopartículas”, diz o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP e um dos autores.

O economista brasileiro Alberto Salvo, pesquisador da Universidade Nacional de Singapura, liderou o estudo, que contou ainda com um químico da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, além dos físicos da USP. A partir dos resultados obtidos na estação do Instituto de Física na Cidade Universitária, coletados pelo grupo de Artaxo, a equipe multidisciplinar utilizou modelos estatísticos de econometria levando em conta tráfego, comportamento do consumidor, tamanho de partícula e dados meteorológicos de janeiro a maio de 2011.

“Estes dados foram estudados antes, durante e depois de uma flutuação forte no preço de etanol, que ocasionou uma troca de combustíveis consumidos em São Paulo”, ressaltou Artaxo, acrescentando que órgãos ambientais, como Cetesb e Conama, não regulam ou medem essas partículas muito pequenas. “Mas trabalhos recentes mostram que as nanopartículas têm um forte efeito negativo na saúde humana, o que confere mais uma vantagem no uso de etanol na redução da poluição do ar”.

Franz Geiger, químico da Northwest University, também coautor do estudo, salienta que o uso de biocombustíveis é agora uma questão global, sobretudo depois que Europa e Estados Unidos adotaram uso de biocombustíveis em larga escala. “A opção por veículos elétricos ou movidos a biocombustíveis nas cidades pode resultar na redução desta partículas ultrafinas”, complementa Salvo.

Para ele, São Paulo é um “laboratório do mundo real para estudo do comportamento humano na bomba de combustíveis e poluição do ar urbana”. Por esta razão, os pesquisadores pretendem estudar o que acontece com a saúde da população quando a troca de combustíveis etanol/gasolina é feita.

Vale ressaltar que São Paulo tem a maior frota urbana de veículos Flex no mundo, e é possivel observar como a mudança da composição do combustível utilizado possui um impacto forte no que é emitido pelo escapamento, e consequentemente na qualidade do ar. O efeito de redução de emissão de nanoparticulas com utilização de biocombustível já foi observado em laboratório anteriormente, mas é a primeira quantificação deste efeito no mundo real, coloca Joel Ferreira de Brito, pesquisador da USP, também autor do trabalho.

“Esperamos que com estudos como este, incentive o monitoramento destas partículas ultrafinas que tem acesso direto aos alvéolos pulmonares, e fortes efeitos na saúde, diz Paulo Artaxo. Monitorar somente partículas maiores e gases pode não ser suficiente para proteger a saúde da população”, complementa Artaxo.

O estudo observou também que não houve alterações na concentração de partículas maiores, com concentrações regulamentadas atualmente, mas com menor efeito negativo na saúde. Estas partículas incluem o chamado particulado fino, com diâmetro menor que 2,5 mícron (PM2.5) e partículas menores que 10 mícron (PM10).

A pesquisa foi financiada pela FAPESP, através do projeto 2013/25058-1. O artigo “Reduced ultrafine particle levels in São Paulo’s atmosphere during shifts from gasoline to ethanol use” está disponível no site da revista Nature Communications.

Contato para informações: Prof. Paulo Artaxo – artaxo@if.usp.br

Data Publicação: 
segunda-feira, 31 Julho, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quinta-feira, 31 Agosto, 2017

A nanotecnologia e a transição energética

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Contribuições de simulações moleculares e nanotecnologia para recuperação melhorada de petróleo e transição energética com uso limitado de carbono

Por Prof. Caetano R. Miranda (DFMT – IFUSP)

               Entre os grandes desafios e problemas enfrentados hoje na área de Energia, em particular pela indústria do setor petrolífero, estão a recuperação melhorada do óleo e a exploração de fontes alternativas aos combustíveis fósseis. Uma tendência clara é a transição energética com o uso limitado de fontes de energia a base de carbono. Os avanços recentes em materiais nanoestruturados abriram uma ampla gama de novos materiais multifuncionais com um potencial promissor para o desenvolvimento de tecnologias energéticas mais eficientes para a exploração de combustíveis fósseis, bem como energias renováveis dentro do contexto de ciclo de carbono neutro (sem emissão de CO2).

               O grupo Sampa (Simulação Aplicada a Materiais: Propriedades Atomísticas) do Instituto de Física da USP vem desenvolvendo projetos em parcerias com empresas do setor de Petróleo e Gás e agências de fomento para o desenvolvimento de tecnologias para transição energética com uso limitado de carbono utilizando simulações moleculares e nanotecnologia. Os projetos caminham na direção de otimizar processos de extração de petróleo de maneira amigável ao meio-ambiente, propor nanoestruturas para catálise de etanol e desenvolvimento dos chamados combustíveis solares, matérias primas de maior valor agregado obtidas a partir do CO2 utilizando processos fotocatalíticos (com energia solar).

1)      Água “Esperta”

               Com a escassez de novas reservas, aumento da demanda e variações nos preços de derivados do petróleo, os processos de recuperação melhorada de petróleo tornaram-se não apenas necessários, mas economicamente viáveis. Esses processos visam revitalizar reservatórios maduros, aumentando a produção e estendendo assim seus ciclos de vida.

Com os recentes avanços tecnológicos e computacionais, tornou-se possível prover uma caracterização mais precisa dos reservatórios, permitindo a proposição de cenários e agilizando o processo de decisões no planejamento e desenvolvimento dos reservatórios para maximização da recuperação do petróleo. Entretanto, os chamados simuladores de reservatórios têm sua capacidade limitada, não apenas pelos modelos empregados, mas também pela confiabilidade e acurácia dos dados de entrada. No caso dos modelos, estes têm que descrever a complexidade de fenômenos físico-químicos que ocorrem durante o processo de injeção, acoplando as equações de fluxo de multicomponentes com as propriedades termodinâmicas dos sistemas envolvidos. Essas são muitas vezes ou desconhecidas ou não válidas na condição do reservatório.

               Usualmente, fluídos (salmoura, CO2, N2) são injetados com uma alternativa para aumentar a eficiência de extração do óleo em rochas, alterando dessa forma a permeabilidade e a pressão do óleo nas rochas. Recentemente, observou-se, a partir de diversos trabalhos experimentais e de modelagem, que a injeção de água de baixa salinidade leva a uma melhoria nos processos de EOR. Um dos grandes atrativos desse processo é o fato de ser uma tecnologia ambientalmente amigável e utilizar insumos in-situ.

               Entretanto, para uma aplicação otimizada, é necessário conhecer os mecanismos moleculares de seu funcionamento para a proposição da composição salina ótima para injeção. Nesse sentido, o Projeto “Simulações moleculares em multiescala com aplicações em recuperação melhorada de petróleo: baixa salinidade em carbonatos.”  com financiamento da Petrobras, visa utilizar simulações moleculares, para podemos obter diretamente informações sobre os mecanismos relacionados a melhora na extração por injeção de água de baixa salinidade, quantificarmos parâmetros relacionados às propriedades físico-químicas das interfaces, dissolução e precipitação das rochas que compõem o Pré-Sal, bem como efeitos de confinamento e das geometrias dos poros.  O conhecimento desses parâmetros a nível molecular, otimizam as escolhas das formulações dos fluidos a serem injetados. A integração das propriedades obtidas via simulações moleculares, podem diminuir as incertezas em simuladores de reservatórios (em escala de centenas de metros e quilômetros), melhorando o poder de predição e consequentemente maior embasamento para as decisões a serem tomadas pelos engenheiros de petróleo.

2)      Catálise de etanol

Outra linha de pesquisa é o desenvolvimento de nanoestruturas para catálise de etanol a serem utilizadas como combustível nas chamadas células a combustível, que tem uma eficiência na conversão de energia muito maior que motores a combustão interna (queima do etanol). Nesse sentido, a partir dos chamados cálculos de primeiros princípios estamos projetando nanopartículas metálicas do tipo core-shell que possam catalisar a quebra das ligações na molécula do etanol de forma mais eficiente utilizando materiais mais abundantes e com custo reduzido.  Nossos estudos mostraram que nanopartículas a base de Ouro e Platina induzem um alongamento da ligação C-O, que pode ser explorada para melhorar a reação de oxidação do etanol.

3)      Combustíveis solares

Também estamos desenvolvendo nanoestruturas que permitam a conversão do CO2 em outras matérias-primas com maior valor agregado (como metanol, ácido fórmico, etc). Para isso, é necessário entender a seletividade dessas nanoestruturas para cada um dos produtos e desenvolver nanoestruturas que possam otimizar esses processos.

CONTATO:

Prof. Dr. Caetano Rodrigues de Miranda

Telefone: (11) 3091-7009

E-mail: cmiranda@if.usp.br

Data Publicação: 
sexta-feira, 7 Julho, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
segunda-feira, 31 Julho, 2017

Curso de Astronomia para Docência - Sistema Solar

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Instituto de Física (IF-USP) e Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG-USP) organizam o curso:

 

ASTRONOMIA PARA DOCÊNCIA - SISTEMA SOLAR

 

Curso de EXTENSÃO gratuito! Inscrições abertas até 10/07, às 16h.

·         PERÍODO: 02/08/2017 a 05/12/2017

·         Carga Horária total: 150 horas

Educação a distância: 94 horas - Presencial: 56 horas ( às quintas-feiras, das 14 às 17h30).

Disponibilidade40 vagas

Mais informações e inscrições:

               http://portal.if.usp.br/extensao/pt-br/sistema-solar

 

O curso Astronomia para Docência – Sistema Solar é um programa que oferece gratuitamente atualização a distância e presencialmente para professores do ensino fundamental I, com o objetivo de contribuir para melhorar o ensino de Astronomia, pertencente ao currículo de ciências no Ensino Fundamental. O aprendizado é intensificado por meio da capacitação de professores nos conceitos científicos e em estratégias de ensino e diagnóstico das dificuldades dos alunos, utilizando modernas tecnologias de informação e comunicação, e material produzido inteiramente por profissionais na área científica e de ensino de ciências com esse objetivo.

A equipe docente é composta por um coordenador pedagógico (da área de ensino de ciências e formação de professores), e coordenadores e consultores de conteúdo (com conhecimento aprofundado em astronomia e astrofísica), todos pertencentes à USP.

 

O curso Astronomia para Docência – Sistema Solar contém 15 tópicos, mais uma semana-aula de revisão geral e finalização dos trabalhos. Dessa forma, são 16 semanas-aula. Toda semana há um encontro presencial de 3,5 horas e atividades a serem realizadas em ambiente virtual, correspondendo a 5 horas.

A frequência mínima para aprovação é de 85% do total das atividades do curso. Cada semana-aula produz duas aferições de frequência, uma virtual e outra presencial.  No total, o curso gera 32 aferições de frequência (16 presenciais e 16 à distância), das quais o cursista precisa ter participação completa em no mínimo 27 para ser considerado aprovado, ou seja, frequência mínima de 85% no total das atividades e média de notas superior ou igual a 7,0 nas atividades avaliativas.

Não há tutores. São dois professores da USP que ministrarão o curso. O esclarecimento de dúvidas, correções e feedbacks serão dados pelos docentes, online e presencialmente.

A iniciativa, segundo a coordenadora do curso Profa. Anne L. Scarinci (docente do Departamento de Física Experimental do IFUSP), já está indo para a sua 7ª edição e, neste ano, a prioridade será a complementação da formação dos professores do ensino fundamental I.

Para a Profa. Anne, “a demanda por um curso introdutório de astronomia apresentada pelos professores das séries iniciais era muito grande e resolvemos priorizá-los desta vez”.

Conheça os tópicos de conteúdo do curso:

Tópico 1 – Objetivos do curso e familiarização com o Ambiente Virtual de Aprendizagem

  • Conteúdos de astronomia e sua conexão com os objetivos da Escola Básica

Tópico 2 - O céu que enxergamos

  • Fenomenologia: Estrelas fixas e “errantes”; Movimento diário do céu (note que o movimento aparente anual da esfera celeste será assunto do tópico seguinte)
  • Constelações e asterismos (dentre os quais os indígenas brasileiros)

Tópico 3 – O referencial “para baixo” e o formato da Terra

  • Introdução a Referenciais
  • Força gravitacional e inércia como determinantes para os movimentos dos astros
  • Conteúdo pedagógico: obstáculos conceituais  e o ensino de astronomia

Tópico 4 – Conceitos de astronomia de posição e causa da sucessão dia-noite

  • Fenomenologia associada ao movimento de rotação da Terra
  • Localização dos astros na esfera celeste

Tópico 5 – Movimento Diurno do Sol e duração do dia no inverno e no verão

  • Fenomenologia em associação com o movimento de translação da Terra

Tópico 6 – Equivalência de referenciais

  • Uso dos referenciais geocêntrico e heliocêntrico para descrição e interpretação das causas dos movimentos.

Tópico 7 – Estações do ano e o movimento de translação da Terra

  • Fenomenologia e associação com a translação e a inclinação do eixo de rotação da Terra.

Tópico 8 – Fenomenologia relacionada à Lua

  • Fases da Lua, marés, face visível da Lua
  • Discussão da associação das fases lunares com crescimento de cabelos, nascimento de bebês, etc.

Tópico 9 – Fases da Lua – causalidade e representação

  • Associação da fenomenologia discutida no tópico anterior com movimentos dos astros, interações gravitacionais e diferenças de luminosidade.

Tópico 10 – Eclipses

  • Modelagem física para explicar as causas dos eclipses
  • Tipos de eclipses
  • Estações de eclipses

Tópico 11 – História dos modelos cosmológicos no ocidente

  • Modelo geocêntrico e heliocêntrico e evidências\argumentos a favor de um ou outro, ao longo da história ocidental desde a antiguidade clássica
  • Fatores que influenciaram a mudança do paradigma geocêntrico para o heliocêntrico, na Europa renascentista

Tópico 12 – Geofísica – a Terra como um planeta

  • Estudo da estrutura interna da Terra (sismologia, comparações de densidade de rochas, movimento dos continentes, etc.)
  • Estudo da história geológica da Terra (paleomagnetismo, indícios fósseis, estudo de meteoritos, etc.)

Tópico 13 - Sistema Solar

  • A origem do sistema solar (indícios, modelos, estado atual do conhecimento)
  • Planetas e seus satélites (planetologia comparada)
  • Corpos menores

Tópico 14 – representações dos movimentos em três e duas dimensões

  • Relação entre as representações feitas com o telúrio, stellarium e esquemas em papel, das estações do ano, fases da Lua, sucessão dia-noite, eclipses e face oculta da Lua.

Tópico 15 – A estrela Sol

·         Estrutura do Sol, métodos de estudo, caminho evolutivo do Sol, relação com o Clima Espacial.

SERVIÇO:

Curso “Astronomia para Docência – Sistema Solar”
Local: Universidade de São Paulo – Instituto de Física
Endereço: R. do Matão, 1371 - Butantã, São Paulo – SP.
Período de realização: 02/08/2017 a 05/12/2017
Informações e Inscrições: http://portal.if.usp.br/extensao/pt-br/sistema-solar

Data Publicação: 
quinta-feira, 6 Julho, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
segunda-feira, 10 Julho, 2017

Artigo do Physics Today destaca pesquisa no ALICE

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Quando as colisões de prótons e prótons se tornam estranhas

Por Sung Chang

PHYSICS TODAY

05 DE JUNHO DE 2017 – Editoria: Pesquisa e Tecnologia

Doi: 10.1063/PT.6.1.20170605a

Sung Chang articulista do jornal Physics Today, da APS (Associação Americana de Física), destacou artigo recentemente publicado na revista Nature Physics, por cientistas de vários países incluindo brasileiros que atuam na colaboração internacional ALICE do CERN (Centro Europeu de Energia Nuclear), em que o mundo da física ficou entusiasmado com a descoberta de que, nas colisões de íons com prótons, o rendimento relativo de partículas que contêm quarks estranhos aumenta com a multiplicidade de partículas carregadas.

A observação destes sinais levantou questionamentos a respeito do poder de discriminação destas partículas em um cenário no qual há de fato a formação de um QGP (Quark-Gluón-Plasma) e, num outro, em que não há o desconfinamento de quarks e gluóns. Para muitos pesquisadores, a investigação deste problema é crucial para a compreensão de colisões nucleares de alta energia em geral. 

A estranheza é outra característica da formação de QGP.  Nesse trabalho de pesquisa publicado na revista Nature Physics em 24 de abril (DOI: 10.1038 / nphys4111), pesquisadores reportaram resultados do “Experimento ALICE” mostrando que a produção de estranheza é igualmente aumentada. A hipótese levantada, embora com estudos ainda não conclusivos, aponta evidências de que o QGP pode se formar mesmo em colisões entre prótons.   

Para o pesquisador Marcelo Munhoz, docente do Instituto de Física da USP, que faz parte do grupo de cientistas brasileiros atuantes no experimento ALICE e que estão desenvolvendo o chip SAMPA, “a ideia é que o chip desenvolvido no Brasil e que ainda está em fase de testes possa fazer um upgrade dos equipamentos a partir de 2020 e isso permita o ALICE operar com taxas de colisões mais altas, onde as colisões de alta multiplicidade possam ser mais frequentes e se estendam a multiplicidades mais altas”.

Ajudar a estabelecer de forma decisiva se o QGP pode realmente ser criado em colisões entre prótons é um dos grandes desafios dos pesquisadores e a vantagem de se estudar essas colisões é que os cientistas podem investigar as propriedades do QGP em um sistema muito mais simples que o pesquisado em colisões de íons pesados. Para o professor Marcelo Munhoz “é realmente fascinante estudar e procurar compreender quais processos físicos permitem a formação de um sistema tão complexo como o QGP em colisões entre prótons”.

As pesquisas e o protótipo do chip SAMPA receberam financiamento da FAPESP.

O artigo “Enhanced production of multi-strange hadrons in high-multiplicity proton–proton collisions”, publicado em 24 de abril de 2017 está disponível online em acesso livre no link da revista Nature Physics:

https://www.nature.com/nphys/journal/v13/n6/full/nphys4111.html

Contato:

Marcelo Gameiro Munhoz - IFUSP (011) 3091-6940 – E-mail: munhoz@if.usp.br

Data Publicação: 
segunda-feira, 19 Junho, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
segunda-feira, 31 Julho, 2017

Artigo em destaque na Physical Review Letters

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

"The Wigner entropy production rate

Autores: Jader P. Santos, Gabriel T. Landi, and Mauro Paternostro
Physical Review Letters -Editors’ Suggestion - 118, 220601 – Published 1 June 2017

O artigo “The Wigner entropy production rate”, de autoria dos pesquisadores brasileiros Jader P. Santos (Universidade Federal do ABC), Gabriel T. Landi (Instituto de Física da USP) e Mauro Paternostro (Queen’s University Belfast, da Irlanda do Norte), foi publicado como sugestão dos editores na prestigiada revista Physical Review Letters. Esta revista teve fator de impacto de 7.645 do PRL para 2015, de acordo com o Journal Citation Reports Science Edition de 2015 (Thomson Reuters, 2016).

Resumo do artigo:

Irreversibilidade representa um dos principais conceitos da termodinâmica, tendo sua origem nos trabalhos seminais de Carnot e Clausius.

Quantificar a irreversibilidade de um processo constitui uma tarefa de crescente importância tecnológica, pois permite estimar as perdas ocorridas durante um processo. Apesar deste conceito inicialmente ter sido desenvolvido para sistemas macroscópicos, ele encontra diversas aplicações em sistemas microscópicos como, por exemplo, motores biológicos, nano-dispositivos e tecnologias quânticas, como computação e comunicação quânticas.

Este último caso, em particular, se enquadra no problema de sistemas quânticas abertos (ou seja, em contato com um reservatório). Apesar da importância tecnológica desses sistemas, não existe atualmente um formalismo unificado para estimar a irreversibilidade de um processo.

O artigo que foi publicado na revista Physical Review Letters diz respeito a um trabalho de pesquisa financiado pela FAPESP e CAPES, que desenvolveu um modelo teórico para tratar da questão da irreversibilidade de sistemas quânticos abertos usando o conceito de produção de entropia no espaço de fase. Os autores consideraram um sistema bosônico descrito pela função de Wigner, permitindo a manipulação do sistema no espaço de fase em termos de uma equação de Fokker-Planck quântica. Eles então mostraram que a entropia da função de Wigner fornece uma medida da desordem do sistema que engloba tanto as flutuações térmicas quanto as flutuações quânticas e, cuja produção de entropia associada, servia como uma medida de irreversibilidade.

Os pesquisadores mostraram que é possível identificar correntes de probabilidade do sistema quântico que representam a componente irreversível da dinâmica e que estão diretamente relacionadas com o grau de irreversibilidade de um processo. Segundo Gabriel Landi , docente do Instituto de Física da USP, a inovação da pesquisa está em fornecer uma medida simples para estimar a irreversibilidade de um sistema que pode ser diretamente acessada experimentalmente.

O trabalho pode ser visualizado através do link:

https://journals.aps.org/prl/abstract/10.1103/PhysRevLett.118.220601

Contatos:

Gabriel Teixeira Landi - IFUSP (011) 3091-6776 – E-mail: gtlandi@if.usp.br

Jader Pereira dos Santos – Pesquisador da UFABC – E-mail: jader.pereira.santos@gmail.com

Mauro Paternostro - (Queen’s University Belfast) - E-mail: m.paternostro@qub.ac.uk

 

Data Publicação: 
segunda-feira, 5 Junho, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sexta-feira, 30 Junho, 2017

Pesquisa publicada do experimento GoAmazon

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Imagem: divulgação LBA e GoAmazon

Pesquisas do experimento GoAmazon revelam novas complexidades das emissões de compostos orgânicos voláteis

Autores:

Assinam o artigo 22 autores, entre eles: Paulo Artaxo (Instituto de Física da USP), Dasa Gu e Alex Guenther (Universidade da Califórnia), Scot Martin, (Universidade de Harvard), Rodrigo Souza (Universidade do Estado do Amazonas - UEA), e Oscar Vega (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares - IPEN).

Revista Nature Communications, publicado em 23 de maio de 2017.

Cientistas brasileiros, americanos e europeus chegaram à conclusão de que as emissões de isopreno na floresta amazônica são muito maiores do que apontavam resultados anteriores. Um trabalho publicado na revista Nature Communications em 23 de maio (DOI: 10.1038/ncomms15541), reportando resultados do “Experimento GoAmazon 2014/2015” sobre as propriedades da atmosfera no entorno da cidade de Manaus, Amazonas, mostrou como as emissões urbanas de Manaus interagem com as emissões da floresta. Para isso, realizaram medidas detalhadas em solo e no perfil vertical da atmosfera, utilizando aviões até 15 quilômetros de altura.

Após extensas medidas com o avião de pesquisas Gulfstream G1, do Departamento de Energia dos Estados Unidos, os pesquisadores concluíram que as emissões de isopreno são aproximadamente três vezes maiores do que os valores obtidos através de medidas por satélites. De acordo com o físico Paulo Artaxo, da USP, um dos autores deste estudo da Nature, a importância desta descoberta está no fato de que o isopreno é um dos principais gases precursores da formação de ozônio, o que afeta a capacidade oxidativa da atmosfera.

“A floresta, em seu metabolismo, emite uma série de compostos orgânicos voláteis biogênicos, sendo o de maior intensidade o isopreno. Estamos entendendo melhor como funcionam os complexos processos atmosféricos na região, pois a oxidação do isopreno produz partículas de aerossóis e também afeta profundamente a química da formação de ozônio”, explica Artaxo.

Segundo ele, também foi observado que as emissões variam “fortemente” com a elevação do terreno da floresta, fato jamais observado em medidas anteriores. Para uma elevação de 30 metros, o fluxo de isopreno foi de 6 mg/m2/h, enquanto o mesmo fluxo para uma elevação do solo de 100 metros forneceu valores de fluxo de isopreno de cerca de 14 mg/m2/h.  Não é clara a razão desse “curioso” efeito. “Pode ser causado por variações nas espécies de árvores, associada à alta biodiversidade da Amazônia, ou diferentes quantidades de água com a elevação do terreno. É também possível que em áreas mais altas, que possuem menor acesso à água, as plantas respondam a este stress emitindo mais isopreno”, acrescenta Artaxo.

Os dados foram também analisados por diversos modelos atmosféricos e de uso do solo, entre eles o “Model of Emissions of Gases and Aerosols from Nature (MEGAN)”, que auxiliou na interpretação entre os fluxos medidos e o que se espera da fisiologia das plantas e fatores meteorológicos. “Os vários modelos utilizados na interpretação dos dados resultaram em um importante impacto na fotoquímica regional e na qualidade do ar como resultados destas maiores emissões de isopreno”, salienta Artaxo.

Foram utilizados também os modelos “Community Land Model”, WRF-Chem, e o MEGAN, além de medidas do sensor MODIS e do “ASTER Global Digital Elevation Model (ASTER GDEM)” para a determinação da elevação do terreno com resolução de 30 metros. Artaxo destaca que estudos na Amazônia estão fornecendo conhecimentos importantes sobre processos químicos e físicos na atmosfera, tanto em áreas não impactadas pelo homem, quanto em áreas poluídas por emissões de queimadas ou emissões urbanas de Manaus.

Além de Artaxo, assinam o artigo mais 21 autores, entre eles Dasa Gu e Alex Guenther, da Universidade da Califórnia em Irvine, Scot Martin, de Harvard, Rodrigo Souza da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e Oscar Vega do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).

O artigo está disponível online em acesso livre no link da revista Nature Communications:

https://www.nature.com/articles/ncomms15541

Contato:

Paulo Eduardo Artaxo Netto - IFUSP (011) 3091-7016 – E-mail: artaxo@if.usp.br

Data Publicação: 
quinta-feira, 25 Maio, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sexta-feira, 30 Junho, 2017

Curso de Tecnologia do Vácuo para a Indústria

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

O curso de Tecnologia do Vácuo para a Indústria é gratuito e será realizado no Instituto de Física da Universidade de São Paulo, no período de agosto a novembro de 2017.

 

Este curso compreenderá aulas teóricas, seminários e atividades práticas. Serão apresentados alguns aspectos da teoria cinética dos gases, necessários para o estudo de sistemas de vácuo, conceitos de velocidade de bombeamento, condutâncias, escoamento de gases nos regimes molecular, viscoso e intermediário. Serão discutidos os mecanismos de operação de medidores de pressão, bombas de vácuo, vazamentos reais e virtuais, componentes, materiais e fontes de gases associadas com seus respectivos modelos, tais como: gás do volume, dessorção térmica, difusão, permeação, vaporização, etc.

 

As aulas teóricas serão complementadas através da realização de experimentos específicos, de suma importância para a interação dos estudantes com sistemas de vácuo, bem como para o aprendizado de tomada de atitudes durante o processo de escoamento de gases nos diferentes regimes.

 

As aulas serão ministradas no Instituto de Física da USP às segundas-feiras e terças-feiras das 19h30min às 22h30min, no período de agosto a novembro de 2017. O início das aulas está previsto para o dia 07 de agosto e o término para o dia 14 de novembro de 2017.

 

As inscrições estão abertas a partir de 24 de maio até dia 14 de julho de 2017.

 

Os candidatos selecionados serão informados até dia 01 de agosto de 2017 e deverão confirmar a presença no curso. Para a aceitação do candidato no curso é necessária a apresentação de uma carta solicitando sua inscrição, feita pela Empresa ou Instituição do candidato. Serão limitadas as inscrições para no máximo dois participantes por empresa. Para que o participante tenha direito ao certificado de conclusão do curso é necessário o comparecimento em 85% das atividades programadas.

 

As inscrições podem ser feitas no site da Comissão de Cultura e Extensão do IFUSP

(http://portal.if.usp.br/extensao/).

Número de vagas: 20

Para maiores informações sobre o curso acesse os sites:

http://web.if.usp.br/tecvac

http://portal.if.usp.br/extensao/

Data Publicação: 
quarta-feira, 24 Maio, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sexta-feira, 14 Julho, 2017

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