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A cientista brasileira e a 1ª foto de um buraco negro

Da Assessoria de Imprensa do Instituto de Física da USP:

UMA JOVEM CIENTISTA BRASILEIRA E SUA PARTICIPAÇÃO NA DETECÇÃO DA PRIMEIRA IMAGEM DE UM BURACO NEGRO

A pesquisadora brasileira Lia Medeiros do Steward Observatory da University of Arizona, nos E.U.A, participou da equipe do EHT (Event Horizon Telescope), que fez  a primeira imagem de um buraco negro situado na galáxia M87.

IMAGEM: Lia Medeiros – Crédito: Drew Bourland

Onde você nasceu? Onde estudou antes de ir para os E.U.A? Conte um pouco sobre sua família, que formação tem/tinham seus pais? Fale um pouco sobre sua origem, formação inicial, etc.

“(...) Eu nunca morei mais do que 4 anos em um mesmo lugar.”

Eu nasci no Rio de Janeiro, fui para a Inglaterra com 2 anos, voltei para o Rio com 5 anos, morei em São Carlos por 6 meses, e morei em Belo Horizonte entre os 06 e os 10 anos de idade. Fui para a Califórnia, nos E.U.A., com 10 anos e morei em 4 cidades diferentes na Califórnia durante 14 anos. Eu nunca morei mais do que 4 anos em um mesmo lugar.

Fiz graduação em Berkeley e estudei física e astrofísica. Fiz doutorado na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara onde eu obtive uma bolsa da NSF (National Science Foundation). Com essa bolsa eu pude passar alguns anos em outras universidades durante meu doutorado. Nos E.U.A. doutorados em física/astrofísica duram de 5 a 6 anos e incluem também o mestrado. Passei os dois primeiros anos em Santa Bárbara; o terceiro, na Universidade do Arizona; o quarto, em Harvard, o quinto e o sexto anos, na Universidade do Arizona. A supervisora da minha tese é professora na Universidade do Arizona.

Meu pai é professor da USP em São Carlos, e eu acho que a experiência de crescer perto de pesquisa teve um grande impacto em mim. Meu pai sempre incentivou minha curiosidade científica. Minha mãe fez faculdade em psicologia.

Como foi a decisão de estudar no exterior? Por que Física? O que a motivou a pesquisar o Cosmos?

                    “(...) Percebi desde pequena que a matemática era universal (...)”.

Para mim não foi uma escolha estudar no exterior. Eu já estava morando nos E.U.A. e era até mais fácil ir para uma universidade no mesmo sistema escolar e na mesma língua em que eu já estava estudando. Eu me mudei muito quando era pequena e troquei de língua entre o inglês e o português 3 vezes até os 10 anos. Percebi desde pequena que a matemática era universal, e se eu focasse na matemática isso seria útil em qualquer lugar.

Quando eu estudei Cálculo, Física e Astronomia ao mesmo tempo no ensino médio, eu fiquei maravilhada em descobrir como a matemática pode ser usada para explicar, e até fazer previsões sobre o universo. Buracos negros e a relatividade geral me fascinaram ainda mais, especialmente o fato de que velocidades altas e campos gravitacionais podem dilatar o tempo. Lembro-me de perguntar para um professor qual matéria que eu deveria cursar na universidade se eu quisesse estudar buracos negros e relatividade. Ele disse que física ou astrofísica seriam boas opções, então eu estudei as duas.

No contexto dos seus estudos/trabalho como você avalia a formação obtida no Brasil?

                               “(...) Só estudei no Brasil até os 10 anos, e quando cheguei nos E.U.A. estava bem avançada em comparação com meus colegas (...)”.

Isso é um pouco difícil de responder para mim porque eu não tenho um bom conhecimento sobre a formação obtida no Brasil. Só estudei no Brasil até os 10 anos, e quando cheguei nos E.U.A.  estava bem avançada em comparação com meus colegas, mas não sei como comparar o ensino superior que obtive nos E.U.A. com o ensino no Brasil.

Quais são os principais temas de pesquisas/estudos que você está realizando atualmente? Onde?

                             “(...) Já fiz mais de 12.000 simulações de buracos negros diferentes, e calculei o que o EHT (Event Horizon Telescope) iria ver se olhasse para um buraco negro como cada um destes (...)”

Atualmente estou fazendo simulações de buracos negros que são diferentes do que esperamos baseado na teoria da relatividade geral. Estou usando teoria de perturbação para adicionar perturbações à geometria de Kerr (a solução das equações de Einstein que esperamos que descreva buracos negros reais). Já fiz mais de 12.000 simulações de buracos negros diferentes, e calculei o que o EHT (Event Horizon Telescope) iria ver se olhasse para um buraco negro como cada um destes. https://eventhorizontelescope.org/

Estou usando Análise de Componentes Principais (“Principal Components Analysis - (PCA)”), um algoritmo que determina uma autobase para uma base de dados. A autobase é escolhida de forma que o menor número de autovetores seja necessário para descrever grande parte da variabilidade que existe na base de dados original. Descobri que é possível reconstruir todas as 12.000 imagens de buracos negros diferentes usando apenas 4 ou 6 autovetores dependendo do nível de precisão necessário. Atualmente, eu estou pesquisando na Universidade do Arizona e esse projeto foi realizado aqui, mas vou começar um postdoc no Instituto de Estudos Avançados (Institute for Advanced Study – IAS), no primeiro dia de junho deste ano.      

Há colaboração entre a instituição em que está atuando e a USP? Se sim, por favor, descreva.

                                  “(...) Eu acho que ser exposta à pesquisa desde criança (na USP) ajudou a despertar em mim a curiosidade científica.”

Acho que não, mas a USP teve um impacto significativo na minha vida, pois eu ficava muito tempo na USP quando visitava meu pai. Eu acho que ser exposta à pesquisa desde criança ajudou a despertar em mim a curiosidade científica.

Quais são os seus projetos para 2020? E na área em que você atua quais são as inovações que você consegue antever?

                                 “(...) O foco principal da minha tese foi usar simulações de buracos negros e seus discos de acreção turbulentos para entender melhor como a variabilidade da fonte, que vem do fluxo de acreção turbulento, afetaria os observáveis do EHT (...)”.

O EHT (Event Horizon Telescope) tem dois alvos principais, o buraco negro da galáxia M87 e o buraco negro no centro da nossa galáxia, Sgr A*. Até agora só divulgamos uma imagem do buraco negro em M87. Sgr A* é uma fonte significativamente mais difícil de imagear, já que é cerca de 1.000 vezes menor do que o buraco negro em M87. Como está também cerca de 1.000 vezes mais perto de nós, parece ser do mesmo tamanho no céu, mas o menor tamanho estabelece uma escala de tempo de Sgr A* 1.000 vezes menor que a de M87. Isso significa que a estrutura de emissão do Sgr A* pode mudar ao longo do tempo que se leva para obter a imagem, e esta variabilidade torna esse problema muito mais complexo. O foco principal da minha tese foi usar simulações de buracos negros e seus discos de acreção turbulentos para entender melhor como a variabilidade da fonte, que vem do fluxo de acreção turbulento, afetaria os observáveis do EHT. Mostrei que a variabilidade esperada afetaria significativamente nossa capacidade de criar uma imagem usando métodos convencionais e propus um novo algoritmo baseado na Análise de Componentes Principais para resolver esse problema. Atualmente estou trabalhando na finalização deste algoritmo e aplicando-o aos dados do Sgr A*. Espero poder reconstruir uma série temporal de imagens para o Sgr A*.

O número de telescópios envolvidos no projeto EHT já aumentou dos 8 telescópios que foram usados para fazer as observações de abril de 2017 que resultaram na imagem M87 publicada na semana passada. Hoje, 11 telescópios estão prontos para participar das próximas observações do EHT. Esperamos continuar a expandir este projeto e até mesmo consideramos a possibilidade de lançar uma antena no espaço para participar das observações do EHT.     

Avaliando a sua experiência quais são as vantagens e desvantagens de trabalhar e realizar pesquisas no exterior?

                                  “(...) Eu acho que a disponibilidade de financiamento científico para projetos dessa magnitude é uma vantagem significativa na realização de pesquisas científicas nos Estados Unidos.”

O EHT recebeu 28 milhões de dólares de financiamento ao longo de vários anos para tornar possível este recente resultado. Eu acho que a disponibilidade de financiamento científico para projetos dessa magnitude é uma vantagem significativa na realização de pesquisas científicas nos Estados Unidos.

Pretende voltar e continuar a realizar suas pesquisas no Brasil? Se sim, por quê?                                                                            

                     “(...) Eu tenho muito orgulho de ser brasileira (...)”.

Eu gosto muito do Brasil, me sinto mais em casa no Brasil do que nos E.U.A., e tenho muito orgulho de ser brasileira. Atualmente não tenho nenhum plano específico de voltar, mas já pensei muito sobre isso em várias etapas da minha vida. Eu já estou fora do Brasil há bastante tempo e, portanto, eu estou meio sem prática em português, o que dificulta um pouco voltar a fazer pesquisa no Brasil.

ALGUMAS IMAGENS DE SIMULAÇÕES DE BURACOS NEGROS REALIZADAS POR LIA MEDEIROS E C. K. CHAN, NA UNIVERSITY OF ARIZONA

Créditos: LIA MEDEIROS E C. K. CHAN. UNIVERSITY OF ARIZONA

Créditos: LIA MEDEIROS E C. K. CHAN. UNIVERSITY OF ARIZONA

Créditos: LIA MEDEIROS E C. K. CHAN. UNIVERSITY OF ARIZONA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Data Publicação: 
quarta-feira, 24 Abril, 2019
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sábado, 31 Agosto, 2019

Artigo em destaque na Revista Scientific Reports

Da Assessoria de Imprensa do Instituto de Física da USP:

ARTIGO COM PARTICIPAÇÃO DE PESQUISADORES BRASILEIROS E DO EXTERIOR SOBRE DESENVOLVIMENTO DE VACINAS ORAIS MAIS EFICIENTES GANHA DESTAQUE EM REVISTA CIENTÍFICA INTERNACIONAL

A ideia de desenvolver uma tecnologia que permita a produção de vacinas orais mais eficientes, baratas e que auxilie os programas de saúde dos governos no aumento da cobertura vacinal da população é uma das grandes metas dos pesquisadores e a ciência brasileira tem auxiliado nessa tarefa.

ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA NATURE – SCIENTIFIC REPORTS

“3D visualisation of hepatitis B vaccine in the oral delivery vehicle SBA-15”

Publicado em 15.04.2019

Autores: Martin K. Rasmussen, Nikolay Kardjilov, Cristiano L. P. Oliveira, Benjamin Watts, Julie Villanova, Viviane F. Botosso, Osvaldo A. Sant’Anna, Marcia C.A. Fantini & Heloisa N. Bordallo

Um estudo recentemente publicado na prestigiosa revista Nature - Scientific Reports, que contou com pesquisadores do Brasil e do exterior conseguiu demonstrar a eficiência do uso da sílica nanoestruturada como adjuvante (veículo protetor) na produção de vacinas orais mais eficientes.

O objetivo principal da pesquisa foi o de garantir a segurança do antígeno encapsulado dentro do veículo protetor pela passagem através do trato gastrointestinal, promovendo a entrega correta dos antígenos no organismo e com isso aumentar a resposta imunológica.  No caso particular da hepatite B, os pesquisadores observaram que a utilização da sílica nanoestruturada SBA-15 na formulação oral constituiu-se numa abordagem viável. Como resultado de sua estrutura porosa, baixa toxicidade e estabilidade estrutural, a SBA-15 foi capaz de proteger e liberar o antígeno do tipo partícula viral (HBsAg), utilizado no esquema de vacinação, no destino desejado. Além disso, quando comparado com o método de administração baseado em injeção atualmente utilizado, observou-se uma melhora na resposta de anticorpos.

No entanto, informações sobre a organização da proteína do antígeno permaneciam desconhecidas. Por exemplo, a partícula HBsAg era muito grande para entrar nos mesoporos ordenados da SBA-15, de diâmetro médio 10 nm, e apresentava uma tendência para aglomerar quando protegido pelo sistema de entrega. Foi nesse momento que a Física foi fundamental para auxiliar os cientistas na resolução do problema.

A dependência do pH da agregação das partículas HbsAg foi testada em solução salina e os cientistas começaram a investigar essa agregação usando a técnica de espalhamento de raios X a baixo ângulo (SAXS) que resultou em uma otimização das condições de encapsulamento. Além disso, microscopia por transmissão de raios X com varredura (STXM), a tomografia com nêutrons e raios X permitiu visualizar imagens completas em 3D do agrupamento da HBsAg (a aglomeração de antígenos), dentro dos macroporos da SBA-15. Esse método evidenciou a organização do antígeno no interior do sistema de entrega da vacina no organismo, onde as partículas HBsAg aglomeradas coexistem com partículas uniformemente distribuídas, estas últimas mais adequadas à liberação dos antígenos para o sistema imunológico.

Essa nova abordagem, a ser levada em consideração ao preparar a formulação, pode ajudar muito na compreensão de estudos clínicos e no avanço de novas formulações de vacinas orais.

O Brasil tem dado contribuições importantes para o desenvolvimento de adjuvantes (veículos) a base de sílica nanoestruturada que poderão ser usados em polivacinas, algumas delas de uso oral, e em transporte de novas biomoléculas tornando o processo de desenvolvimento de novas vacinas mais barato. O Instituto de Física da USP em conjunto com o Instituto Butantan e o Niels Bohr Institute da Universidade de Copenhagen na Dinamarca participam ativamente dessas pesquisas.

O artigo publicado na Revista Nature-Scientific Reports está em anexo.

CONTATOS:

Profa. Márcia C.A. Fantini (mfantini@if.usp.br) e Prof. Cristiano L.P. Oliveira (crislpo@if.usp.br).

 

 

Data Publicação: 
quarta-feira, 17 Abril, 2019
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quarta-feira, 31 Julho, 2019

Canais de física da USP na internet

Da Assessoria de Imprensa:

INSTITUTO DE FÍSICA DA USP OFERECE AULAS PRÁTICAS DE FÍSICA NA INTERNET

Docentes e pesquisadores do Instituto de Física da USP criam novos canais no YouTube para ensinar conceitos de física de forma prática, bem como voltados para o ensino médio.

https://www.youtube.com/channel/UCxPNyWlm0HQ4sHZWzY-ObOw

https://www.youtube.com/channel/UCDgkeTxZsvLtt7oaGp8S2Ag

Anunciado pelo IFUSP em agosto de 2016, o canal Física Universitária é dedicado ao o ensino de Física nesse nível, e teve no primeiro mês depois da sua divulgação, mais de 10 mil inscritos no YouTube. Trata-se de um canal já consolidado no qual podem ser encontrados 1380 vídeos.

https://www.youtube.com/channel/UCF5qm-yrOeDq1sSmE-gCh0w

Uma demanda que tem por base diversas pesquisas realizadas por institutos e organizações sociais[1], levou a equipe coordenada pelo professor Gil da Costa Marques, docente titular do Departamento de Física Experimental do Instituto de Física da USP (IFUSP) e professor da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), a criar mais dois canais no YouTube (Física na Prática e Física do Ensino Médio) que visam fomentar o interesse dos internautas pela física e também auxiliar professores do Ensino Médio na preparação de suas aulas. Em ambos os canais, o objetivo principal é apresentar os conteúdos de física de forma prática, dinâmica e corretos do ponto de vista científico.

Assim, as aulas de física dos novos canais visam atender públicos distintos do canal Física Universitária. Os três canais oferecem mais de 2000 videoaulas de física. As playlists dos canais correspondem a disciplinas tais como: Física I e III, Mecânica, Eletromagnetismo, Óptica, Oscilações e Ondas, Gravitação, Termodinâmica, Física Quântica, Teoria da Relatividade e Física Moderna.

O primeiro novo canal (Física na Prática) é dedicado a pessoas que querem aprender Física de uma forma diferente da usual, pois as aulas são práticas e de duração que vão de 2 minutos a, até, 15 minutos. O formato das aulas é inédito. O público às quais elas se destinam é bastante amplo, indo do leigo curioso em aprender conceitos de física, até alunos de curso superior. É voltado, também, para professores que queiram incorporar a experimentação em suas aulas.

O segundo novo canal (Física do ensino médio) é voltado para alunos do ensino médio e se constitui numa fonte confiável para pesquisa dos estudantes que estão se preparando para os exames vestibulares. Segundo o coordenador do projeto, Prof. Gil da Costa Marques, “as videoaulas, com duração de mais ou menos 20 minutos cada, foram pensadas para auxiliar não só estudantes, como docentes e o público em geral, no entendimento dos conceitos de física de forma prática e buscando, sempre, a simplicidade”. Para tal, o canal exibe cerca de 200 vídeos curtos (duração de 1 minuto até 3 minutos) versando sobre experiências de Física. Elas complementam as aulas teóricas.

Uma das grandes dificuldades que os estudantes encontram durante a sua formação escolar é o entendimento dos conceitos de física de forma prática e experimental, pois em muitas escolas ainda faltam laboratórios para que os professores possam colocar em prática os ensinamentos. Nesse sentido, a iniciativa dos professores e pesquisadores do Instituto de Física da USP foi de criar esses canais de vídeo em plataforma aberta na internet para que conteúdos de alta qualidade possam ser disponibilizados e compartilhados de forma ampla.

Todas as aulas foram concebidas de acordo com as ementas das várias disciplinas, e os exemplos práticos foram elaborados por Cláudio Furukawa, nos laboratórios didáticos do Instituto de Física da USP. Segundo o Prof. Gil da C. Marques, “esse é um dos maiores compromissos de uma universidade pública com a sociedade que a financia, que é o de difundir amplamente o conhecimento produzido por ela, visando um público cada vez mais ávido por conhecimentos de qualidade. Quem compra um pãozinho na padaria, um saco de arroz e feijão ou um jato, tem o mesmo direito de se apropriar desses conhecimentos e transformá-los. A educação e a ciência devem estar a serviço da sociedade”, finalizou.           

SERVIÇO:

Endereços dos canais no YouTube:

https://www.youtube.com/channel/UCxPNyWlm0HQ4sHZWzY-ObOw

https://www.youtube.com/channel/UCDgkeTxZsvLtt7oaGp8S2Ag

https://www.youtube.com/channel/UCF5qm-yrOeDq1sSmE-gCh0w

Contato:

Prof. Dr. Gil da Costa Marques

Telefone: 3091-6694 – E-mail: marques@if.usp.br




[1] Com a divulgação, no final de 2014, do primeiro Indicador de Letramento Científico (ILC) do País, os brasileiros puderam perceber um problema que costuma passar ao largo dos debates sobre educação. Elaborado pelo Instituto Abramundo, em parceria com o Instituto Paulo Montenegro, do IBOPE e a ONG Ação Educativa, os dados apresentados mostraram que 61% dos entrevistados entre 15 e 40 anos, com pelo menos 4 anos de escolaridade e residentes em 9 regiões metropolitanas do país não atingem o nível básico de letramento científico.

http://www.institutoabramundo.org.br/publicacoes/indice-de-letramento-ci...

 

 

Data Publicação: 
sexta-feira, 22 Março, 2019
Data de Término da Publicação da Notícia: 
domingo, 30 Junho, 2019

Jovem física é destaque internacionalmente

Da Assessoria de Imprensa:

No dia 08 de março, Dia Internacional da Mulher, uma jovem pesquisadora brasileira, Cecília Chirenti, foi selecionada para o Programa Simons Emmy Noether Fellows 2019-20, no Perimeter Institute, um centro de pesquisa teórica referência para a física mundial.

A Professora Associada da Universidade Federal do ABC, Cecilia Chirenti, docente do Centro de Matemática, Computação e Cognição e ex-aluna do Instituto de Física da USP, foi selecionada para ser uma das Simons Emmy Noether Fellows de 2019-20 na renomada instituição de pesquisa canadense Perimeter Institute for Theoretical Physics.

Foto: Arquivo pessoal. Professora Cecília  Chirenti, ex-aluna do Instituto de Física da USP.

A Profa. Cecilia Chirenti bacharelou-se no curso de física em 2003 pela Universidade de São Paulo (IF-USP). Em 2007, pelo programa de pós-graduação do IF-USP, ela concluiu doutoramento sob orientação do Prof. Élcio Abdalla, defendendo a tese “Perturbações de sistemas gravitacionais: a métrica de Vaidya, mini buracos negros e gravastares”. Realizou pós-doutoramento no Max Planck Institut für Gravitations Physik (Albert Einstein Institut), na Alemanha, no período de 2007 a 2009. Atualmente, é professora associada da Universidade Federal do ABC, junto ao Centro de Matemática, Computação e Cognição.

Seu trabalho de pesquisa envolve o estudo de ondas gravitacionais e objetos compactos, tais como: buracos negros e estrelas de nêutrons (e também gravastares), usando a teoria da Relatividade Geral. As observações de ondas gravitacionais podem fornecer importantes informações astrofísicas sobre objetos compactos, e também sobre o comportamento da matéria em situações extremas, como no interior das estrelas de nêutrons.

O estudo de ondas gravitacionais envolve relatividade geral e teoria de perturbação. Os objetos compactos perturbados e sistemas binários emitem ondas gravitacionais (oscilações do espaço-tempo que se propagam com a velocidade da luz), segundo a teoria de Einstein. (Fonte: Currículo Lattes – CNPq).

SOBRE ANÚNCIO:

O anúncio do seleto grupo de 08 cientistas oriundas de várias partes do mundo e que incluiu a física teórica brasileira Cecilia Chirenti foi feito no último dia 08 de março por membros do Conselho do Programa Simons Emmy Noether Fellows. Segundo o comunicado do Perimeter Institute, as escolhas das oito bolsistas visitantes abrangeram uma série de especialidades na física e levaram em conta a excelência científica de cada uma delas.

As bolsas visam apoiar pesquisadoras nos estágios iniciais até intermediários da carreira, criar novas colaborações frutíferas e acelerar as carreiras científicas das selecionadas. O Perimeter Institute ainda propicia as condições necessárias para as pesquisadoras realizarem seus estudos por períodos prolongados e de forma a aproveitarem ao máximo sua permanência científica oferecendo infraestrutura e apoio logístico, tais como: moradia próxima, indicações de escolas e creches para os filhos.

Esse famoso instituto de pesquisa canadense instituiu o programa Simons Emmy Noether Fellows para homenagear o legado de Amalie Emmy Noether, uma grande cientista judia nascida na Alemanha, em 1882, e radicada nos Estados Unidos que fez contribuições fundamentais para a matemática e também para a física.

Ainda segundo o Perimeter Institute, “as candidatas selecionadas para o Simons Emmy Noether 2019/20 estão prontas para fazer descobertas em uma diversidade de campos da física: da teoria das cordas e da teoria quântica de campos aos buracos negros e à cosmologia”.

Mais informações:

https://www.perimeterinstitute.ca/news/new-simons-emmy-noether-fellows-announced?fbclid=IwAR1z_H8lDO0bBALNx4XHaJssGY0mTllu1HymGOffg2jDv0QnAwKDO2MLUpA

Contato:

Professora Cecilia Chirenti

http://hostel.ufabc.edu.br/~cecilia.chirenti/index.html

 

 

 

 

 

 

Data Publicação: 
quinta-feira, 14 Março, 2019
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sexta-feira, 31 Maio, 2019

Artigo publicado na Revista Nature Communications

Quando uma floresta tropical intocada encontra uma nuvem de poluição

Utilizando a cidade de Manaus e a floresta Amazônica como um laboratório, cientistas mostraram que emissões de poluição provocam grandes mudanças na formação de aerossóis orgânicos secundários naturais, o que tem importantes efeitos climáticos. 

Imagem: ilustração sobre os efeitos da poluição na formação de aerossóis orgânicos secundários naturais.

 

As questões científicas

O que acontece com uma floresta tropical quando sua atmosfera muito limpa recebe a poluição urbana de uma cidade? Isso modifica a fotossíntese, propriedades de nuvens e chuva?  

Um dos aspectos menos conhecidos da complexa química atmosférica é como as emissões urbanas influenciam a formação de aerossóis orgânicos secundários (SOA) biogênicos naturais. Essas partículas contendo carbono são produtos da oxidação de grandes quantidades de compostos orgânicos voláteis (COVs) emitidos pelas florestas. Como as atividades humanas já modificaram significativamente a atmosfera de quase todas as regiões continentais, é difícil conhecer quais seriam os níveis de SOA biogênicos naturais, isto é, na ausência de influência humana. O experimento GoAmazon estudou esta questão em detalhes tanto do ponto de vista experimental quanto utilizando modelagem numérica da atmosfera. Buscou-se entender a transição, na floresta amazônica, entre as condições primitivas que representam os tempos pré-industriais e as condições poluídas impactadas pelas emissões urbanas. Foi observado que o óxido de nitrogênio (NOx) emitido por Manaus, uma cidade de 2 milhões de pessoas no meio da floresta amazônica, aumentou a produção biogênica de SOA em até 400%. Em locais da floresta não afetados pela pluma urbana, as emissões naturais de NOx do solo da floresta tem impactos muito menores. O grande aumento de NOx sob influência da pluma de poluição aumentou os oxidantes (radicais hidroxila (OH-)  e ozônio) que promoveram a conversão gás-partícula de COVs emitidos pela floresta, aumentando a formação de SOA biogênico. O aumento na formação de SOA biogênico dentro da Amazônia é muito maior do que foi observado e relatado na maioria dos locais em todo o mundo.

Como foi feito

Foram utilizadas medidas em aviões do Departamento de Energia dos Estados Unidos (US-DoE), medidas em superfície, e um programa de computador que simula a química da atmosfera em escala regional para interpretar as medidas experimentais à luz da meteorologia e dos complexos processos químicos. Foram desenvolvidos no laboratório do PNNL (Pacific Northwest National Laboratory) novos módulos que calculam a cinética química do modelo WRF-Chem que tiveram sucesso na simulação da dispersão da pluma de poluição e na produção extra de aerossóis pela interação poluição-emissões biogênicas naturais da floresta.

O impacto

O processo de urbanização na Amazonia e em outras regiões de florestas tropicais na África e Sudoeste da Ásia, altera totalmente a produção de aerossóis em mais de 400%, que por sua vez influenciam na formação de nuvens e no balanço radiativo. Na Amazônia, o aerossol orgânico responde por 75 a 85% da massa do aerossol, e um aumento ainda maior na quantidade de aerossóis tem fortes impactos no ecossistema.  Estas partículas são importantes para a convecção, para a formação e desenvolvimento de nuvens, e para o balanço radiativo. Influenciam também fortemente a fotossíntese, que depende da razão de radiação direta/difusa para a fixação de carbono pelo ecossistema. O aumento na formação de SOA biogênico na Amazônia foi muito maior do que outras observações relatadas em florestas em outras regiões.

Trabalho internacional em equipe:

Um trabalho como este demonstra a importância do investimento em ciência, que é capaz de dar respostas que a sociedade necessita, tais como as consequências do processo de urbanização na Amazônia. Políticas públicas baseadas em ciência sólida são fundamentais para orientar o desenvolvimento da Amazônia. Este trabalho mostra também a grande importância das colaborações internacionais na produção de ciência de alto nível... O artigo é assinado por 36 autores, sendo 9 brasileiros Paulo Artaxo (USP), Henrique M. J. Barbosa (USP), Joel Brito (USP), Eliane Gomes Alves (UEA), Helber Gomes (UFAL), Adan Medeiros (UEA/INPA), Suzane S. de Sá (Harvard), Rodrigo F. Souza (UEA), e Rita Ynoue (USP).

Contatos: 

Autor Principal: ManishKumar Shrivastava - Pacific Northwest National Laboratory, manishkumar.shrivastava@pnnl.gov.

Participantes do experimento GoAmazon: Prof. Paulo Artaxo – Instituto de Física da USP, artaxo@if.usp.br

Prof. Henrique Barbosa, Instituto de Física da USP - hbarbosa@if.usp.br

Financiamento:

O Projeto GoAmazon foi parcialmente financiado pela FAPESP, através dos Projetos Temáticos 2013/05014-0 e 2017/17047-0.

Dados completos do artigo, de livre acesso:

Manish Shrivastava, Meinrat O. Andreae, Paulo Artaxo, Henrique M J Barbosa, Larry Berg, Joel Brito, Joseph Ching, Richard C Easter, Jiwen Fan, Jerome D Fast, Zhe Feng, Jose D Fuentes, Marianne Glasius, Allen H. Goldstein, Helber B. Gomes, Dasa Gu, Alex B. Guenther, Shantanu H. Jathar, Saewung Kim, Ying Liu, Sijia Lou, Scot T Martin, V. Faye McNeill, Adan Medeiros, Suzane S de Sá, John E Shilling, Stephen R Springston, Rodrigo A. F. Souza, Joel A Thornton, Gabriel Isaacman-VanWertz, Lindsay D. Yee, Rita ynoue, Rahul A Zaveri, Alla Zelenyuk, Chun Zhao. Urban pollution greatly enhances formation of natural aerosols over the Amazon rainforest. Nature Communications,  Vol. 10, number: 1, pg. 1046, https://doi.org/10.1038/s41467-019-08909-4 , https://www.nature.com/articles/s41467-019-08909-4 .  Março de 2019.

 

 

 

 

Data Publicação: 
sexta-feira, 8 Março, 2019
Data de Término da Publicação da Notícia: 
domingo, 30 Junho, 2019

Revista Nature destaca artigo de brasileiros

The role of quantum coherence in non-equilibrium entropy production

 

Imagem: arquivo pessoal do Prof. Gabriel Landi. 



O artigo The role of quantum coherence in non-equilibrium entropy production”, de autoria dos pesquisadores brasileiros Jader P. Santos (Instituto de Física da USP), Lucas C. Céleri (UFG), Gabriel T. Landi (Instituto de Física da USP) e Mauro Paternostro (Queen’s University Belfast, da Irlanda do Norte), foi publicado neste mês na revista Nature Quantum Information. Esta revista teve fator de impacto de 9.206 em 2017 de acordo com o Journal Citation Reports.

Resumo do artigo:

Irreversibilidade está entre os conceitos mais debatidos da física no último século. As leis fundamentais da natureza, como as leis de Newton ou a equação de Schrödinger, são manifestamente reversíveis. No entanto, os fenômenos que emergem dela podem não ser. Efeitos irreversíveis impactam diretamente a eficiência de máquinas térmicas e outros dispositivos. Quantificá-los é, portanto, essencial não apenas do ponto de vista fundamental, mas também aplicado.

Recentemente tem havido um grande esforço da comunidade em desenvolver dispositivos termodinâmicos que fazem uso de sistemas quânticos coerentes. Neste caso, propriedades como o princípio da superposição ou o emaranhamento, poderiam ser utilizadas como recursos para aumentar a eficiência destes dispositivos.  Estes recursos, no entanto, são facilmente degradados pelo contato com o ambiente, um processo eminentemente irreversível. A teoria matemática necessária para quantificar a irreversibilidade associada à perda de tais recursos quânticos ainda está incompleta.

Neste trabalho os autores contribuem neste aspecto, desenvolvendo um formalismo que permite separar a contribuição de efeitos clássicos e quânticos para a irreversibilidade de processos termodinâmicos. O trabalho é baseado em ferramentas de sistemas quânticos abertos, combinadas com o formalismo de teorias de recursos em informação quântica.

Em particular, o foco foi em quantificar o grau de irreversibilidade relacionado à perda de coerências quânticas quando um sistema interage com o ambiente. Os autores mostraram que há uma separação clara entre um termo clássico, relacionado com a troca de calor entre o sistema e o ambiente, e um termo genuinamente quântico, relacionado ao processo de decoerência. Além disso, utilizando o formalismo de trajetórias quânticas, os autores mostraram que a irreversibilidade devido à decoerência está ultimamente relacionada com um dos conceitos mais básicos da mecânica quântica: a noção de que estados quânticos não são em geral ortogonais entre si. Esta pesquisa contribui, dessa forma, para um esforço crescente da comunidade em identificar quais efeitos quânticos podem resultar em uma quantum advantage no contexto da termodinâmica.

O trabalho pode ser acessado gratuitamente em: https://www.nature.com/articles/s41534-019-0138-y

Contato:

Prof. Gabriel T. Landi. IFUSP. gtlandi@if.usp.br.

URL: www.fmt.if.usp.br/~gtlandi

Serviço:

The role of quantum coherence in non-equilibrium entropy

production

Autores: Jader P. Santos, Lucas C. Céleri, Gabriel T. Landi e Mauro Paternostro

Nature Quantum Information, 5, 23 (2019.

 

Data Publicação: 
quinta-feira, 7 Março, 2019
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sexta-feira, 31 Maio, 2019

Pesquisa inovadora recebe apoio da FAPESP

Da Assessoria de Imprensa do Instituto de Física da USP:

PESQUISA INOVADORA SOBRE POLIVACINAS E NOVAS BIOMOLÉCULAS RECEBE APOIO DA FAPESP PARA SER AMPLIADA

Quando pensamos em inovação tecnológica logo nos remetemos ao que é desenvolvido tendo por base o avanço do conhecimento e da técnica acumulados ao longo de anos, décadas e, em alguns casos, muitos séculos. Foi assim com a chamada “Revolução Industrial” e depois com as demais, até chegarmos ao que está sendo convencionado chamar de “Revolução 4.0”, ou seja, as transformações que estão ocorrendo na computação, inclusive a quântica, automação e a internet das coisas. Na área da saúde, essas transformações também estão ocorrendo e são latentes. No campo das vacinas, o Brasil tem dado contribuições importantes para o desenvolvimento de adjuvantes (veículos) a base de sílica nanoestruturada que poderão ser usados em polivacinas, algumas delas de uso oral, e em novas biomoléculas tornando o processo de desenvolvimento de novas vacinas mais barato e ampliando desta forma a cobertura vacinal da nossa população.

O Instituto de Física da USP participa desses esforços. Abaixo, a descrição do projeto temático que foi aprovado pela FAPESP:

“Sílica nanoestruturada como veículo protetor de vacinas e biomoléculas”

Pesquisador responsável: Osvaldo Augusto Brazil Esteves Sant'Anna (Instituto Butantan).

Pesquisadora principal: Marcia Carvalho de Abreu Fantini (Instituto de Física da USP).

Pesquisadores associados: Andrea Borrego ; Aryene Góes Trezena ; Cristiano Luis Pinto de Oliveira ; Denise Vilarinho Tambourgi ; Francisco Mariano Neto ; Gisele Picolo ; Heloisa Nunes Bordallo ; Jose Luiz de Souza Lopes ; Luís Carlos Cides da Silva ; Marcos Tadeu Dazeredo Orlando ; Milene Tino de Franco ; Orlando Garcia Ribeiro Filho ; Tereza da Silva Martins ; Viviane Fongaro Botosso.

Resumo do Projeto:

Trabalhos de pesquisa sobre vacinas, incluindo orais, vêm sendo desenvolvidos de forma exitosa, através de uma parceria entre a academia e uma indústria farmacêutica nacional. Essa parceria é um projeto de responsabilidade público-privada, dadas as características de seu processo aberto de pesquisa conjunta e a cessão de patente para uso nacional, sem ônus para o Brasil. Estudos anteriores deram origem a uma abordagem inovadora, científica e tecnológica, que necessita ser ampliada para uso em polivacinas e novas biomoléculas. Estes estudos baseiam-se na utilização de adjuvantes/veículos a base de sílica nanoestruturada a serem disponibilizados para a população, com eficácia superior aos produtos existentes no mercado e menor custo. O presente estudo visa sintetizar, caracterizar e determinar a eficácia de sílicas nanoestruturadas com diferentes estruturas de poros e morfologias para o desenvolvimento de vacinas para difteria e tétano (DT) e Hepatite B para administração por via oral e/ou parenteral e, também, diminuir a toxicidade de toxinas, como já verificado em estudos preliminares. As análises dos produtos vacinais contemplam a possibilidade de diminuição das concentrações das proteínas, diminuição do número de doses, e reavaliações sobre os intervalos de doses em correlação com a indução de memória imunológica efetiva. Estudos preliminares indicam que a SBA-15 possibilita a diminuição de toxicidade de exotoxinas bacterianas e aqui essa característica será estudada incluindo venenos e toxinas de serpentes e de aranha. Além disso, as sílicas serão utilizadas como veículo protetor, a fim de favorecer o efeito da crotoxina (CTX) no controle da dor crônica, sua interferência sobre as respostas imune e inflamatória induzidas pela Encefalomielite Autoimune Experimental (EAE), e em modelos de neuropatia periférica como o de lesão de nervo periférico (PSNL). (AU)

CONTATO NO IFUSP:

Profa. Márcia Fantini

Fone:  +55 11 3091 6882/6709
FAX  : +55 11 3091 6749
mfantini@if.usp.br
http://www.if.usp.br/cristal

Data Publicação: 
quinta-feira, 21 Fevereiro, 2019
Data de Término da Publicação da Notícia: 
terça-feira, 30 Abril, 2019

Prof. Adalberto Fazzio fala sobre artigo na PRL

Da Assessoria de Imprensa do Instituto de Física da USP:

Artigo científico

Spin-Polarization Control Driven by a Rashba-Type Effect Breaking the Mirror Symmetry in Two-Dimensional Dual Topological Insulators

Autores

Carlos Mera Acosta e Adalberto Fazzio

Physical Review Letters 122, 036401 (2019)

ArXiv:1811.11014

ENTREVISTA COM O PROFESSOR ADALBERTO FAZZIO, DIRETOR CIENTÍFICO DO LNNano (Laboratório Nacional de Nanotecnologia),

SOBRE RECENTE PROPOSTA DE UM DISPOSITIVIO BASEADO NO SPIN

No último dia 25 de janeiro, em pleno feriado em homenagem à fundação da cidade de São Paulo, foi publicado na revista Physical Review Letters (PRL), um dos artigos científicos mais importantes da área de física dos materiais dos últimos tempos.

O mesmo acrônimo que usamos quando queremos dizer dos nossos sentimentos de pertencimento e de estranhamento a essa que é uma das maiores metrópoles do mundo, e que carinhosamente foi cantada em verso e prosa pelo poeta e músico Caetano Veloso na sua famosa canção SAMPA, é utilizado para designar um dos grupos de pesquisadores do IFUSP, que se dedica ao estudo de propriedades eletrônicas, estruturais, magnéticas e de transporte em materiais nanoestruturais.

As pesquisas realizadas no SAMPA (http://portal.if.usp.br/sampa/pt-br/node/342) por dois desses pesquisadores, os professores Adalberto Fazzio e Carlos Mera Acosta, deram suporte a escrita do artigo científico que foi publicado na PRL e ajudaram na formulação de uma nova proposta para os isolantes topológicos duais.

Esse novo entendimento formulado pelos pesquisadores brasileiros poderá ser fundamental na construção do transistor spintrônico, uma evolução dos atuais transistores eletrônicos para um estágio mais eficiente no uso de energia, por exemplo, em equipamentos de microeletrônica e na computação em geral.

Abaixo, uma entrevista concedida pelo Professor Adalberto Fazzio:

1)      Fale um pouco sobre as pesquisas que levaram a descoberta dessa nova classe de materiais.

Prof. Adalberto Fazzio:

Os Isolantes Topológicos (TI) foram propostos em 2005 pelos pesquisadores americanos C. Kane e E.J.Mele e, desde essa época, o tema me interessou. Em 2011 publiquei o primeiro artigo que era sobre a quebra de simetria e as mudanças na textura de spin provocadas por impurezas magnéticas. Desde então, eu estou sempre ligado ao problema da textura de spin.

Com meu aluno de doutoramento Leandro Seixas em 2015, nós publicamos um artigo científico na revista Nature Communications que tratava também da textura de spin, mas em interfaces. Nessa época, o Carlos Mera estava iniciando o doutoramento comigo e havíamos publicado um trabalho na revista Physical Review Letters PRL, sobre efeito Rashba em TI que apresenta uma textura de spin não convencional. Enfim, esses trabalhos foram sempre pensados no desenho de um dispositivo de spintrônica.

Recentemente, nós começamos a estudar um pouco sobre outra classe de isolantes Topológicos, os chamados Topológicos Cristalinos (TCI). E pensamos em um material topológico que tinha duas proteções, uma “time-reversal” e, outra, de simetria cristalina, ambos chamados de dual (DTI). A ideia simples é que poderíamos com a quebra de simetria de um plano de espelho via campo elétrico poder contralar o spin. O Carlos trabalhou bastante em um modelo que realizamos também usando cálculos DFT. Enfim saiu uma proposta para um dispositivo!

2)      Quais são os possíveis impactos dessa pesquisa para o avanço na área da spintrônica e, consequentemente, no desenvolvimento de novas tecnologias:

Prof. Adalberto Fazzio:

Para ser bem sincero não vejo um impacto em novas tecnologias. Meu olhar é para a ciência básica, pois a realização desse dispositivo exige muita “estrada” experimental para torná-lo factível. Mas, poderá dar alguma luz para outras propostas.

3)      Há quanto tempo seu grupo de pesquisa desenvolve essas pesquisas? O trabalho de doutoramento de seu aluno Carlos Mera Acosta foi decisivo na descoberta dessa nova classe de materiais?

Prof. Adalberto Fazzio:

Como já falei anteriormente, eu comecei o trabalho com esses materiais no início de 2011. O Carlos Mera é um pesquisador de primeira linha, ele tem uma excelente formação e para essa pesquisa o “suor” dele é que definiu o trabalho!

            4)       Quais são os principais temas de pesquisas/estudos que vocês estão realizando atualmente? Onde?

Prof. Adalberto Fazzio:

Eu sou Diretor do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNANO) e o Carlos atualmente é pos-doc na UFABC sob a supervisão do professor Dalpian. A colaboração que mantenho com Carlos atualmente é em descobertas de novos materiais via Machine Learning. E também uma colaboração com o grupo da universidade do Colorado em efeito Rashba, onde o Carlos deverá ir no próximo mês.

CONTATOS:

Prof. Adalberto Fazzio – E-mail: fazzio@if.usp.br

Prof. Carlos Mera Acosta – E-mail: acosta@if.usp.br

 

Data Publicação: 
sexta-feira, 15 Fevereiro, 2019
Data de Término da Publicação da Notícia: 
terça-feira, 30 Abril, 2019

Visita de estudantes da Escola Pública ao Pelletron

Da Assessoria de Imprensa do Instituto de Física da USP:

Um dia como cientista no IFUSP

Referência da imagem: visita de estudantes da ETEC
Gildo Marçal Bezerra Brandão ao IFUSP – janeiro de 2019.

No dia 23 de janeiro deste ano, alunos do ensino médio da Escola Técnica Estadual “Gildo Marçal Bezerra Brandão”, do bairro de Perus, em São Paulo, puderam “experimentar” como é ser um cientista. Eles visitaram as instalações do Pelletron, um acelerador de partículas instalado no IFUSP que é voltado para a pesquisa básica em física nuclear. Antes da visita, os estudantes vivenciaram alguns conceitos de física de forma lúdica e descontraída com o Show de Física.

Referência da imagem: Show de Física IF USP - Apresentação para os alunos da ETEC de Perus. Janeiro de 2019.

Referência da imagem: Show de Física IF USP - Apresentação para os alunos da ETEC de Perus. Janeiro de 2019.

 

Visita ao Pelletron

 

 

Referência da imagem: palestra do Prof. Leandro Gasques para os alunos da ETEC de Perus sobre o Pelletron. Janeiro/2019.

O Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP) tem um acelerador de partículas de 8 MV, máquina eletrostática do tipo Tandem, que foi construído em 1972. Segundo o professor Leandro Gasques, docente do Departamento de Física Nuclear, que fez uma apresentação inicial aos estudantes de Perus, “esse acelerador é um dos poucos existentes na América do Sul. Com tamanho similar, e dedicado predominantemente a pesquisa básica, existe apenas mais um instalado no Tandar, em Buenos Aires, Argentina”.

Os feixes negativos, produzidos em uma fonte SNICS, instalada no 8º andar do prédio, são injetados no acelerador e atraídos pela tensão positiva de até 8 MV aplicada ao terminal, localizado no centro do acelerador. A seleção da massa do feixe negativo a ser acelerado é feita por um imã analisador ME20, localizado no 8º andar do prédio.

Quando os feixes negativos chegam ao terminal de alta tensão, atravessam uma fina folha de carbono, que arranca elétrons do feixe negativo. O feixe, agora positivo, é novamente acelerado em direção a extremidade inferior do tanque, devido a força repulsiva causada pela tensão positiva aplicada ao terminal. A energia do feixe após passar pela folha de carbono é E = (q+1)V, sendo q a carga do feixe, e V a tensão no terminal.

O nome Pelletron originou-se de um processo de inovação tecnológica de transporte da carga até o terminal de alta tensão, que foi introduzido pela empresa NEC, construtora do acelerador. Nestes aceleradores, o transporte de carga até o terminal é feito por uma corrente construída de “pelotas” (pellets) de metal, ligadas umas às outras por isolantes de nylon.

Referência da imagem: visita dos alunos da ETEC de Perus ao Pelletron. Janeiro de 2019.

Referência da imagem: visita dos alunos da ETEC de Perus ao Pelletron. Janeiro de 2019.

Referência da imagem: fala da Profa. Alinka Lépide-Szily aos alunos da ETEC de Perus sobre os 150 da publicação da Tabela Periódica. Janeiro de 2019.



Essas iniciativas de visita têm como objetivo aproximar alunos do ensino médio ao cotidiano dos cientistas que atuam nesse importante laboratório aberto de física nuclear do Brasil. Durante a visita, os estudantes tiveram a oportunidade de aprender com o professor Leandro Gasques alguns conceitos fundamentais da Física Nuclear e de Partículas Elementares. Além disso, eles souberam por intermédio da professora Alinka Lépine-Szily, docente do IFUSP, um pouco mais sobre a Tabela Periódica, sua origem, a importância do trabalho de sistematização feito por Mendeleev e sobre os 150 anos de sua publicação que estão sendo completados neste ano.

CONTATO:

http://portal.if.usp.br/fnc/pt-br/contato-lafn

Notícia e vídeo produzidos pelo Jornal e Canal USP:

http://portal.if.usp.br/ifusp/pt-br/not%C3%ADcia/jornal-e-tv-usp-destacam-o-acelerador-pelletron-do-ifusp


 

Data Publicação: 
segunda-feira, 28 Janeiro, 2019
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sábado, 30 Março, 2019

O mistério da identidade da Matéria Escura

Da Assessoria de Imprensa do Instituto de Física da USP:

Experimento COSINE-100 investiga o mistério da Matéria Escura

Sobre a publicação

- Paper Title: An experiment to search for dark matter interactions using sodium iodide detectors

- Journal, Publication Date: Nature, December 6, 2018

- Authors: Govinda Adhikari, Pushparaj Adhikari, Estella Barbosa de Souza, Nelson Carlin, Seonho Choi, Mitra Djamal, Anthony C. Ezeribe, Chang Hyon Ha* (IBS),
Insik Hahn, Antonia J.F. Hubbard, Eunju Jeon, Jay Hyun Jo, Hanwool Joo, Woon Gu Kang, Woosik Kang, Matthew Kauer, Bonghee Kim, Hyounggyu Kim, Hongjoo Kim, Kyungwon Kim, Nam Young Kim, Sun Kee Kim, Yeongduk Kim, Yong-Hamb Kim, Young Ju Ko, Vitaly A. Kudryavtsev, Hyun Su Lee* (IBS), Jaison Lee, Jooyoung Lee, Moo Hyun Lee, Douglas S. Leonard, Warren A. Lynch, Reina H. Maruyama, Frederic Mouton, Stephen L. Olsen, Byungju Park,
Hyang Kyu Park, Hyeonseo Park, Jungsic Park, Kangsoon Park,
Walter C. Pettus, Hafizh Prihtiadi, Sejin Ra, Carsten Rott, Andrew Scarff, Keon Ah Shin, Neil J.C. Spooner, William G. Thompson, Liang Yang, and Seok Hyun Yong
(COSINE-100 Collaboration)

(*corresponding authors)

- DOI: 10.1038/s41586-018-0739-1.

- Os resultados iniciais de 59,5 dias de tomada de dados não indicam eventos induzidos por matéria escura, desafiando significativamente a afirmação da colaboração DAMA/LIBRA de observação de um sinal correspondente a WIMPs.

               Evidências astrofísicas sugerem que o Universo contém uma grande quantidade de Matéria Escura, mas nenhum sinal definitivo foi observado apesar dos esforços conjuntos de muitos grupos experimentais. Uma exceção é a muito debatida alegação da colaboração DAMA/LIBRA, de observação de uma modulação anual na taxa de eventos em seu detector, usando iodeto de sódio como material alvo. Esse seria um comportamento esperado nas interações de partículas de Matéria Escura denominadas WIMPs (Weakly Interacting Massive Particle). O novo experimento COSINE-100, um detector de Matéria Escura instalado no Laboratório Subterrâneo de Yangyang (Y2L) na Coréia do Sul, está começando a explorar essa afirmação usando o mesmo material alvo e agora apresenta os primeiros resultados, os quais desafiam significativamente as interpretações feitas pela colaboração DAMA/LIBRA, que já duram quase duas décadas.

            O enigma do sinal da colaboração DAMA/LIBRA e suas inconsistências com os resultados de outros experimentos resultaram em centenas de publicações. Como consequência, muitos novos modelos para explicar a Matéria Escura foram propostos e a controvérsia permanece de grande interesse científico e público.

             Um ponto crítico e de suma importância é que o experimento COSINE-100 está investigando a afirmação de detecção de Matéria Escura usando o mesmo material alvo que o experimento DAMA/LIBRA, sendo o primeiro a divulgar resultados significativos por este meio. Em um artigo publicado na revista Nature, a colaboração COSINE descreve os resultados da primeira fase de trabalho, que consiste numa busca pelo sinal da Matéria Escura, procurando por um excesso de eventos sobre o fundo esperado. Este estudo indica que não há tais eventos presentes nos dados, confirmando que o sinal de modulação anual do experimento DAMA/LIBRA está em forte tensão com os resultados de outros experimentos sob a suposição do Standard Halo Model para Matéria Escura em nossa galáxia, como mostrado na Fig. 1

Fig. 1 -  Limites de exclusão na interação  WIMP-nucleon. Os limites de exclusão de 90% (círculos + linha sólida preta) na interação WIMP-nucleon são mostrados com bandas para o limite esperado, assumindo a hipótese de presença de fundo somente. Os limites excluem  a interpretação do experimento DAMA/LIBRA - fase 1 de 3σ (linhas pontilhadas). Os limites do NAIAD, o único outro experimento baseado em iodeto de sódio a estabelecer um limite competitivo, são mostrados em magenta.

Conforme um dos porta-vozes do experimento, Hyunsu Lee, esses resultados são significativos porque, pela primeira vez, foram  utilizados detectores de iodeto de sódio de tamanho e sensibilidade suficientes para observar a região de sinal do experimento DAMA/LIBRA de forma independente. Os resultados mostram que há pouco espaço para que tenha sido observada a Matéria Escura pelo experimento DAMA/LIBRA, a menos que o modelo de Matéria Escura seja significativamente modificado.

          A colaboração do COSINE-100 é composta por 50 cientistas da Coréia do Sul, dos Estados Unidos, do Reino Unido, do Brasil e da Indonésia. O COSINE-100 começou a coleta de dados em 2016. O experimento utiliza oito cristais de iodeto de sódio dopados com tálio de fundo baixo dispostos em uma matriz de 4 por 2, resultando em uma massa total de 106 kg. Cada cristal é acoplado a dois fotossensores para medir a quantidade de energia depositada no cristal. O conjunto de cristais de iodeto de sódio é imerso em 2.200 L de líquido cintilador, o que permite a identificação e posterior redução de fundos radioativos observados pelos cristais. O cintilador líquido é cercado por cobre, chumbo e cintiladores plásticos para reduzir a contribuição de fundo da radiação externa, bem como múons de raios cósmicos. O esquema do detector é mostrado na Fig. 2.

Fig. 2. O detector COSINE-100 está contido em um conjuntoi de componentes de blindagem mostrados em a). O principal objetivo da blindagem é fornecer cobertura total contra radiação externa de várias fontes de fundo. Os componentes de blindagem incluem painéis cintiladores de plástico, uma caixa de chumbo e uma caixa de cobre. Os oito cristais de iodeto de sódio encapsulados, mostrados em c) estão localizados dentro da caixa de cobre e são imersos em líquido cintilador, como mostrado em b).

             Apesar da forte evidência de sua existência, a identidade da Matéria Escura permanece um mistério. Vários anos de tomada de dados serão necessários para confirmar ou refutar totalmente os resultados de modulação anual do experimento DAMA/LIBRA. Melhor compreensão teórica e mais dados do detector COSINE-100 atualizado (COSINE-200) ajudarão a entender o mistério do sinal. Para ajudar a alcançar este objetivo, está em construção um novo local, mais profundo e espaçoso, chamado Laboratório Yemi. O experimento COSINE-100 foi concebido por Yeongduk Kim, Hyun Su Lee, Reina Maruyama e Neil Spooner e está atualmente coletando dados com melhoria contínua no entendimento do detector.

                 Para mais informações sobre o experimento COSINE-100: https://cosine.yale.edu/home ou https://cosine.ibs.re.kr

                 Contato: Prof. Nelson Carlin Filho - carlin@if.usp.br - tel: (11)3091-6820

- Referência

Govinda Adhikari, Pushparaj Adhikari, Estella Barbosa de Souza, Nelson Carlin, Seonho Choi, Mitra Djamal, Anthony C. Ezeribe, Chang Hyon Ha* (IBS),
Insik Hahn, Antonia J.F. Hubbard, Eunju Jeon, Jay Hyun Jo, Hanwool Joo, Woon Gu Kang, Woosik Kang, Matthew Kauer, Bonghee Kim, Hyounggyu Kim, Hongjoo Kim, Kyungwon Kim, Nam Young Kim, Sun Kee Kim, Yeongduk Kim, Yong-Hamb Kim, Young Ju Ko, Vitaly A. Kudryavtsev, Hyun Su Lee* (IBS), Jaison Lee, Jooyoung Lee, Moo Hyun Lee, Douglas S. Leonard, Warren A. Lynch, Reina H. Maruyama, Frederic Mouton, Stephen L. Olsen, Byungju Park,
Hyang Kyu Park, Hyeonseo Park, Jungsic Park, Kangsoon Park,
Walter C. Pettus, Hafizh Prihtiadi, Sejin Ra, Carsten Rott, Andrew Scarff, Keon Ah Shin, Neil J.C. Spooner, William G. Thompson, Liang Yang, and Seok Hyun Yong
(COSINE-100 Collaboration)

(*corresponding authors); An experiment to search for dark matter interactions using sodium iodide detectors;

Nature (2018). DOI é 10.1038/s41586-018-0739-1.

 

 

Data Publicação: 
quinta-feira, 6 Dezembro, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quinta-feira, 31 Janeiro, 2019

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