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Organização de Cursos em Pesquisa Avançada

Diálogo sobre Apoio à Organização de Cursos em Pesquisa Avançada
Local: FAPESP – Rua Pio XI, 1500
Data: 23 de maio de 2018
Horário: 10h às 12h

O evento tem como objetivo oferecer às instituições de ensino superior e pesquisa, que apresentaram ou têm interesse em apresentar projeto à modalidade de auxílio ESPCA, a oportunidade de esclarecerem dúvidas antes do encerramento do prazo de submissão de propostas de pesquisa para a 14ª Chamada da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), dia 17 de agosto de 2018.

Esta modalidade de fomento contribui para o avanço do conhecimento e para a formação dos estudantes participantes. Espera-se que os eventos apoiados contribuam para dar visibilidade à pesquisa, aos programas de doutorado e a oportunidades para estágios de pós-doutorado no Estado de São Paulo, em especial a candidatos de outros estados e países.

Essas escolas oferecem os meios de disseminação de informação e ideias de uma forma que não poderia ser obtida por meio de canais usuais de comunicação como publicações científicas e apresentações em eventos científicos.

Inscrições para o evento: 
www.fapesp.br/eventos/14espca/inscricao

Informações sobre a 14ª Chamada: espca.fapesp.br/detalhe/chamada/14

Informações sobre a Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA): espca.fapesp.br

Mais informações sobre o evento: (11) 3838-4216 / meletti@fapesp.br

Sugestão de estacionamento: 
Pio Park - Rua Pio XI, 1320 | ELS – Rua Pio XI, 1650 | Tonimar - Rua Jorge Americano, 89

Artigo de docentes do IFUSP em destaque na PRL

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Artigo resultante de colaboração internacional coordenada no IFUSP pelo Prof. André Bohomoletz Henriques é aceito para publicação na Physical Review Letters

O artigo “Ultrafast light switching of ferromagnetism in EuSe”, de autoria de A. B. Henriques, X. Gratens, P.A. Usachev, V.A. Chitta, e G. Springholz foi aceito para publicação na revista Physical Review Letters.

A ILUMINAÇÃO QUE MAGNETIZA INSTANTANEAMENTE

A concepção de métodos fáceis e rápidos de controle do estado magnético da matéria abre novos caminhos para o avanço da tecnologia eletrônica moderna. Aqui demonstramos que a luz magnetiza completamente um semicondutor magnético inicialmente desordenado, EuSe, em escala de tempo muito curta. Um único fóton promove um elétron desde um estado fortemente localizado num átomo para um estado que se estende sobre muitos átomos (Figura 1). As interações magnéticas obrigam, num intervalo de tempo de aproximadamente 50 picossegundos, a todos os átomos dentro do alcance da função de onda do elétron a girarem seus spins para uma única direção, gerando um momento magnético supergigante de 6000 magnétons de Bohr (Figura 2). Isso equivale a 6000 elétrons com os seus spins apontando na mesma direção, formando o que chamamos de polaron de spin. O polaron de spin supergigante que descobrimos é mais do que cem vezes maior do que os polarons conhecidos anteriormente. Para alcançar um polaron de spin tão gigantesco é necessário selecionar os materiais magnéticos adequados. Nosso resultado abre o caminho para novas formas de manipulação ultrarápida do estado magnético da matéria utilizando luz de baixa intensidade.

Contato:

Prof. André Bohomoletz Henriques – E-mail: andreh@if.usp.br

 

 

 

Data Publicação: 
quarta-feira, 2 Maio, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quinta-feira, 31 Maio, 2018

Entrevista com Pedro Donostia, ex-aluno

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Seminário do Departamento de Física dos Materiais e Mecânica – FMT

“Electron quantum optics with graphene-based nanostructures”

Dr. Pedro Brandimarte Donostia (International Physics Center (DIPC), Spain)

Dia: 02 de maio, quarta-feira, às 16h.

Local: Sala de Seminários José Roberto Leite Edifício Alessandro Volta (bloco C), IFUSP.

Abstract:

Graphene nanoribbons (GNRs) are strong candidates as components in future nanoelectronics, since they incorporate some of the remarkable properties from graphene while are predicted to present a band gap.[1] More than a theoretical speculation, these structures can be fabricated nowadays via on-surface synthesis of chemically customized molecular precursors, reaching lengths up to 200 nm and free of defects.[2] This bottom-up method allows to precisely tune the GNRs electronic structure through structural control (edge structure and width)[3] and/or via chemical doping.[4-5] Together with these experimental breakthroughs a major effort has been devoted to the development of theoretical and computational methods to accomplish reliable quantum transport simulations. In this talk I will present na overview of our contributions in this field, including two prototypedevices: an electron analog of a Fabry-Perot resonator[4] and a tunable electronic beam splitter[6]. Our calculations illustrate the emerging of picture of GNR-based materials as an ideal platform for electron quantum optics.

[1] L. Yang, C.-H. Park, Y.-W. Son, M. Cohen, and S. Louie., Phys. Rev. Lett. 99, 186801 (2007).

[2] J. Cai, P. Ruffieux, R. Jaafar, M. Bieri, T. Braun, S. Blankenburg, M. Muoth, A. Seitsonen, M. Saleh, X. Feng, K. Müllen, and R. Fasel, Nature 466, 470-473 (2010).

[3] N. Merino-Díez, A. Garcia-Lekue, E. Carbonell-Sanromà, J. Li, M. Corso, L. Colazzo, F. Sedona, D. Sánchez-Portal, J. I. Pascual, and D. G. de Oteyza, ACS Nano 11(11), 11661-11668 (2017).

[4] E. Carbonell-Sanromà, P. Brandimarte, R. Balog, M. Corso, S. Kawai, A. Garcia-Lekue, S. Saito, S. Yamaguchi, E. Meyer, D. Sánchez-Portal, and J. I. Pascual, Nano Letters 17(1), 50-56 (2017).

[5] E. Carbonell-Sanromà, J. Hieulle, M. Vilas-Varela, P. Brandimarte, M. Iraola, A. Barragán, J. Li, M. Abadia, M. Corso, D. SánchezPortal, D. Peña, and J. I. Pascual, ACS Nano 11(7), 7355-7361 (2017).

[6] P. Brandimarte, M. Engelund, N. Papior, A. Garcia-Lekue, T. Frederiksen, D. Sánchez-Portal, J. Chem. Phys. 146, 092318 (2017).

ENTREVISTA COM PEDRO BRAMDIMARTE DONOSTIA

Imagem: arquivo pessoal

Onde (local) você se criou? Onde estudou antes de entrar na USP? Conte um pouco sobre sua família, que formação tem/tinham seus pais? Fale um pouco sobre sua origem, formação inicial, etc.

R: Sou natural de São Paulo capital, onde passei a maior parte de minha vida, com exceção de alguns anos em Jaboticabal, Brasília, Rio de Janeiro e Genebra (Suíça). Meu pai, Cláudio, era geógrafo, lecionou no ensino  médio e escrevia livros didáticos. Minha mãe, Vera, tem formação em sociologia e jornalismo, e é jornalista do Valor Econômico. Minha formação inicial foi um tanto confusa, dada a constante mudança de colégios, mas sempre demonstrei maior interesse nas áreas de artes, música e ciências. Antes de estudar física, cursava música popular no conservatório de Tatuí, onde estive por dois anos.

Como foi a decisão de prestar vestibular para USP? Por que Física?

R: Eu estudava música, mas havia uma pressão familiar para que tivesse uma formação superior. Escolhi física por ser a disciplina que mais gostava no colegial (últimos anos do ensino médio). Nunca estudei em um colégio onde se incentivava o estudo de exatas, como participação em olimpíadas de matemática ou física ou coisas do tipo. Mas acredito que o que me atraiu para a  física foi um livro didático adotado onde cursava o segundo ano do colegial. Não me lembro o nome do livro, mas havia três personagens que discutiam os conceitos ensinados que estavam presentes em todo o livro. Naquela época estava morando no Rio de Janeiro e vinha com frequência para São Paulo visitar meu pai e meu passatempo nessas viagens de ônibus era ler este livro.

Como / por que foi a decisão / oportunidade de completar seus estudos no exterior? O que e onde você estudou? Há quanto tempo está no (país, local atual)?

R: Logo que concluí o doutorado um amigo me repassou um anúncio para uma vaga de pós-doutorado no Centro de Física de Materiales - CFM (San Sebastián, Espanha) para realizar pesquisa em assuntos bem relacionados com o meu trabalho de doutorado. Então, enviei meu currículo e carta de apresentação. Passei por uma entrevista por Skype com três pesquisadores ligados ao projeto, Prof. Daniel Sánchez-Portal (CFM), Prof. Thomas Frederiksen (Donostia International Physics Center – DIPC) e Dra. Aran García-Lekue (DIPC). Perguntaram-me a respeito do meu doutorado e sobre como eu acreditava poder contribuir para o projeto. Foi uma decisão difícil, pois tive que deixar a graduação em matemática aplicada e computacional que vinha cursando na USP junto com o doutorado e, principalmente, porque tinha um filho chegando dali a alguns meses. Vim para a Espanha em março de 2015 com minha esposa e filho de dois meses. Em outubro do ano passado, iniciei um segundo pós-doutorado no Donostia International Physics Center.

No contexto dos seus estudos/trabalho no (local onde estuda/trabalha) como você avalia a formação obtida no IFUSP?

R: Acredito que tive uma boa formação no IFUSP. Com algumas lacunas, como por exemplo em matemática, onde senti necessidade de complementar meus estudos, mas acredito que o IFUSP ofereceu meios para uma formação sólida.

Quais são os principais temas de pesquisas/estudos que você está realizando atualmente? Onde?

R: Tenho dedicado minha pesquisa principalmente à caracterização da estrutura eletrônica e à análise de transporte eletrônico de estruturas de baixa dimensionalidade, tais como: nanofitas de grafeno, nanofios em superfícies semicondutoras, e dispositivos com multiterminais, o que envolve não apenas a aplicação de ferramentas avançadas, mas também, o desenvolvimento de novos métodos computacionais. Atualmente, sou pesquisador pós-doutor no Donostia International Physics Center, Espanha.

Há colaboração entre a instituição em que está atuando e a USP? Se sim, por favor, descreva.

R: Desconheço alguma colaboração no momento.

Quais são os seus projetos para 2018? E na área em que você atua quais são as inovações que você consegue antever?

R: Pretendo continuar me dedicando ao estudo de materiais derivados do grafeno, em particular à proposta de dispositivos eletrônicos análogos aos existentes em ótica quântica. Do ponto de vista experimental acredito que ocorreram recentemente grandes avanços tanto na fabricação de tais dispositivos através de métodos “bottom-up” de reações químicas sob superfície, como também, na caracterização através de espectroscopia de tunelamento eletrônico realizado simultaneamente com várias pontas de medição. Do ponto de vista teórico, os dispositivos com materiais à base de carbono representam um meio ideal para se explorar processos fundamentais em física quântica.

Avaliando a sua experiência quais são as vantagens e desvantagens de trabalhar e realizar pesquisas no exterior?

R: Vejo diversas vantagens na experiência de realizar pesquisas no exterior, mas acredito que a principal é a possibilidade de uma maior proximidade e interação com diversos grupos de pesquisa no mundo todo. Do ponto de vista profissional, não vejo desvantagens.

Pretende continuar realizando suas pesquisas no Brasil? Por quê?

R: Meu plano sempre foi o de voltar ao Brasil, porque gostaria de poder retribuir as oportunidades que me foram dadas na universidade pública com a transferência do conhecimento adquirido no exterior. Mas temo que a conjuntura política e as recentes mudanças no contexto de ciência e desenvolvimento tornem ainda mais remotas as perspectivas de se fazer ciência a médio e longo prazo no Brasil, o que faz com eu me mantenha aberto a outras possibilidades.

 

 

Data Publicação: 
quarta-feira, 2 Maio, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quarta-feira, 2 Maio, 2018

Manual de física médica e tecnologia de raios-X

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

 

Handbook of X-ray Imaging: Physics and Technology

Editado por Paolo Russo

CRC Press – Taylor & Francis Group

 

Chapter 56: “Phantoms for image quality and dose assessment”

Autores do capítulo: Profa. Alessandra Tomal (IFGW/UNICAMP) e Prof. Paulo Roberto Costa (IFUSP)

 

Livro publicado nos E.U.A. no início deste ano contou com a colaboração do Professor Paulo Roberto Costa, docente do IFUSP, é considerado o mais atualizado manual dedicado à física e tecnologia de imagens de raios-X

A referência do livro está no link abaixo:


https://books.google.com.br/books?id=rQZDDwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl...

 

        Breve resumo do livro:

Este livro que compõe uma coleção importante na área de física médica e engenharia biomédica teve a contribuição de mais de 130 renomados cientistas do mundo todo, dentre eles, o professor Paulo Roberto Costa, docente do Departamento de Física Nuclear do Instituto de Física da USP.

A publicação é considerada o mais atualizado manual dedicado à física e tecnologia de imagens de raios X. Foi editado pelo Professor Paolo Russo, docente do Departamento de Física “Ettore Pancini”, da Universidade de Nápoles, na Itália. É autor de vários capítulos de livros importantes no campo de imagens por raios X. É também editor-chefe de uma revista científica internacional em física médica e participa nos comitês de publicação de organizações científicas internacionais em física médica.

Questões relativas às imagens de raios X 2D e 3D, incluindo tomografia computadorizada, fluorescência, imagens radiográficas odontológicas e imagens de pequenos animais são discutidas no livro. Além disso, vários capítulos são dedicados às análises de técnicas de imagem de mama. Imagens industriais 2D e 3D foram incorporadas no livro, bem como imagens de obras de arte. Foram destacadas também técnicas de imagem de raios X por contraste de fase. 

Essas e outras dezenas de questões são examinadas neste livro. A abordagem utilizada pelos autores é a que ilustra a teoria com as técnicas e os dispositivos usados nos vários campos de pesquisa. Os aspectos computacionais são totalmente abordados, incluindo algoritmos de reconstrução 3D e dicas para resolver artefatos causados por software ou hardware. Teorias de qualidade de imagem são ilustradas. Histórico, radioproteção, dosimetria de radiação, garantia de qualidade e aspectos educacionais também são abordados.

Segundo o organizador da publicação, este manual é voltado para um público amplo, incluindo estudantes de pós-graduação em física médica e engenharia biomédica; residentes de física médica; técnicos de radiologia; físicos e engenheiros no campo da imagem e testes industriais não destrutivos usando raios X; e cientistas interessados em entender e usar técnicas de imagem por raios X.

SERVIÇO:

Handbook of X-ray Imaging: Physics and Technology

Chapter 56: Phantoms for image quality and dose assessment

Autores do capítulo: Profa. Alessandra Tomal – IFGW e Prof. Dr. Paulo Roberto Costa – IFUSP

E-mail: pcosta@if.usp.br

Editado por Paolo Russo

CRC Press – Taylor & Francis Group

 

Data Publicação: 
quarta-feira, 25 Abril, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quinta-feira, 31 Maio, 2018

Artigo recomendado pelos editores da APS

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Fonte: Wikipedia - Imagem: Strontium Titanate

ARTIGO DE DOCENTE DO IFUSP É PUBLICADO COMO SUGESTÃO DOS EDITORES NA REVISTA CIENTÍFICA “PSYSICAL REVIEW LETTERS

(APS – American Physical Society)

Thermal Transport and Phonon Hydrodynamics in Strontium Titanate

Autores:  Valentina Martelli, Julio Larrea Jiménez, Mucio Continentino, Elisa Baggio-Saitovitch, and Kamran Behnia.

https://journals.aps.org/prl/abstract/10.1103/PhysRevLett.120.125901

O artigo acima foi publicado na revista Phyisical Review Letters da Sociedade Americana de Física (APS), uma das mais importantes revistas científicas da área e tratou dos mecanismos de condutividade térmica do titanato de estrôncio em amplas faixas de temperatura (2-400 K) e possibilitou detectar diferentes regimes de fluxos de calor associados com diferentes fenômenos coletivos atípicos em sólidos.

Na literatura científica, desde a década de 1960, esse óxido chamado titanato de estrôncio apresentava propriedades isolantes com estado classificado como paraelétrico quântico devido à relevância das flutuações quânticas à medida que a temperatura se aproxima ao zero absoluto. Este material isolante, levemente dopado passava por uma mudança de metal para supercondutor. No entanto, os cientistas costumavam caracterizar essa supercondutividade como “não convencional”, pois ela se comportava de maneira estranhamente oposta aos metais supercondutores. Até então, o titanato de estrôncio era capaz de conduzir eletricidade sem qualquer resistência somente em baixas temperaturas e convenientemente dopado, no entanto o entendimento da supercondutivade continuava sendo um tema para elucidar. Uma das perguntas em aberto era entender o papel que desempenhava nesse material as excitações coletivas de vibração rede, ou seja, os fônons. O que o Prof. Julio Larrea e os demais autores conseguiram demonstrar nesse artigo publicado no PRL, no último dia 22 de março de 2018, é que ao estudarem o titanato de estrôncio com medidas de condutividade térmica em condições extremas de baixas temperaturas e em pequenas dopagens de Nióbio, eles observaram a presença de fônons com comportamento hidrodinâmico do tipo Poiseuílle, uma manifestação dos fônons muito rara de ser encontrada em sólidos.

Outro aspecto relevante é que este fluxo de fônons do tipo Poiseuílle não depende das pequenas dopagens de Nióbio no titanato de estrôncio, os pesquisadores concluíram que ele resulta ser um efeito intrínseco em materiais com uma desordem atômica moderada. Isto abre novas perspectivas de investigar o mesmo efeito exótico em outros isolantes cúbicos.

O  Prof. Julio Antonio Larrea Jiménez (DFMT-IFUSP) ressalta que este trabalho, que começou em colaboração com o CBPF, continuará sendo desenvolvido nos laboratórios do DFMT-IFUSP. O próximo passo é procurar uma universalidade do comportamento dos fônons hidrodinâmicos em sólidos sob diferentes efeitos. Porém, novos experimentos de condutividade térmica, calor especifico e transporte térmico serão instalados e realizados sob simultâneas condições extremas de ultra-baixas temperaturas (menor a 2 K) e altas pressões.  

Cabe também ressaltar que, as descobertas feitas vão além do interesse da ciência básica, o titanato de estrôncio se apresenta também com um material ideal para entender como os fônons influenciam as propriedades termoeléctricas. Melhorar a eficiência dos materiais termoelétricos representa um grande desafio, uma vez que, atualmente, o estudo de materiais com melhor armazenamento e transporte de energia reverbera rapidamente nas aplicações tecnológicas de ponta e sustentáveis.

Note-se que o trabalho publicado na prestigiosa revista científica “Psysical Review Letters” (APS), foi recomendado por seus editores, onde 1 de cada 6 papers são escolhidos como tal por sua relevância.

O artigo “Thermal Transport and Phonon Hydrodynamics in Strontium Titanate” pode ser acessado em:

https://journals.aps.org/prl/abstract/10.1103/PhysRevLett.120.125901

Mais informações:

Professor Julio Antonio Larrea Jiménez

Departamento de Física dos Materiais e Mecânica
Rua do Matão, 1371 - Cidade Universitária - CEP 05508-090 - São Paulo, SP
Tel.: (11) 3091-6879 - E-mail de contato:
larrea@if.usp.br

 

Data Publicação: 
segunda-feira, 26 Março, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
segunda-feira, 30 Abril, 2018

International Masterclasses 2018

Referência da imagem: Masterclasses 2017, realizado no IFUSP.

Referência da imagem: Masterclasses 2017, realizado no IFUSP

Nos dias 26, 27 e 28 de março, alunos do ensino médio poderão “experimentar” como é ser um cientista e trabalhar com física de partículas. Eles participarão de duas edições do International Masterclasses Hands on Particles Physics evento promovido pelo International Particle Physics Outreach Group, em colaboração com o Instituto de Física da USP e diversas instituições de todo o mundo.

Referência da imagem: Masterclasses 2017, realizado no IFUSP.

Referência da imagem: Masterclasses 2017, realizado no IFUSP.

Masterclasses 2018

O Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP) sediará no período de 26 a 28 de março, duas das edições brasileiras do 14º International Masterclasses Hands on Particles Physics, uma sobre o experimento ATLAS e, o outra, sobre o ALICE, ambos são experimentos do acelerador de partículas LHC (Large Hadron Collider), situado no laboratório europeu CERN. Esse evento é promovido em colaboração com o International Particle Physics Outreach Group (IPPOG).

Essas iniciativas têm como objetivo aproximar alunos do ensino médio ao cotidiano dos cientistas que atuam nesse importante laboratório internacional. Durante os eventos, com duração de dois dias, os alunos terão a oportunidade de aprender alguns conceitos fundamentais da Física Nuclear e de Partículas Elementares, disciplinas que estudam a constituição mais elementar da matéria. Além disso, eles poderão visitar as dependências do Laboratório Aberto de Física Nuclear do IFUSP  e trabalhar com dados reais dos experimentos ALICE e ATLAS, através de softwares fornecidos pelo próprio CERN.

Masterclasses internacionais

Um dos objetivos do International Masterclasses Hands on Particles Physics é permitir a realização de medições utilizando dados reais das pesquisas e dos próprios experimentos de física de partículas do CERN. No final de cada dia, como em uma colaboração internacional de investigação, os alunos interagem com outros participantes de outros países e também com os pesquisadores do CERN através de videoconferências, nas quais são feitas discussões e conferência dos dados.

A cada ano mais de 13.000 estudantes do ensino médio em 52 países visitam cerca de 215 universidades e centros de pesquisa espalhados pelo mundo, a fim de desvendar os mistérios da física. Durante alguns dias, os cientistas e professores que atuam nas pesquisas em colaboração com o CERN falarão dos métodos de pesquisa e discutirão conceitos fundamentais da Física Nuclear e de Partículas Elementares.

Este programa internacional é organizado pelo TU-Dresden e pelo QuarkNet Notre Dame, no âmbito do International Particle Physics Outreach Group (IPPOG). Tem o apoio técnico do CERN TI e do Fermilab TI e recebe apoio financeiro do CERN, EPS HEPP de Alta Energia e Partículas, da Divisão de Física da Sociedade Europeia de Física, da TU Dresden, da US National Science Foundation e do Departamento de Energia dos EUA.

SERVIÇO:

Para conhecer o experimento ALICE assista:

https://youtu.be/yWBWzIUCNpw

Para conhecer o experimento ATLAS assista:

https://youtu.be/zJj8u1Fxn9o

Sobre o Masterclasses no IFUSP:

Prof. Dr. Marcelo Gameiro Munhoz, e-mail: munhoz@if.usp.br

Prof. Dr. Ivã Gurgel, e-mail: gurgel@if.usp.br

Dr. Marco Leite, e-mail: mleite@if.usp.br

Profa. Dra. Suzana Salem: e-mail: suzana@if.usp.br

Dra. Marisilvia Donadelli, e-mail: marisilvia@if.usp.br

Acesse a página do High Energy Physics and Instrumentation Center (HEPIC) do IFUSP:

http://hepic.if.usp.br/

Sobre o Masterclasses internacional:

http://physicsmasterclasses.org/

 

 

 

Data Publicação: 
sexta-feira, 23 Março, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quarta-feira, 28 Março, 2018

Kwan Ng ganha o Marie Sklodowska-Curie Award

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Foto: Acervo do Grupo de Dosimetria das Radiações e Física Médica do IFUSP - Prof. Kwan Ng (University of Malaysia) – Docente visitante do IFUSP em 2016 ao centro.

Professor Kwan Ng (University of Malaysia), docente visitante do IFUSP em 2016, foi escolhido para receber o Marie Sklodowska-Curie Award 2018, maior prêmio da Área de Física Médica do mundo.

É com alegria que anunciamos que o prof. Kwan Ng, da University of Malaysia, acaba de receber o mais importante prêmio da área de Física Média do mundo.

O prof. Kwan foi visitante no IFUSP em 2016, tendo interagido muito com nossos alunos de graduação e pós-graduação, ministrou um colóquio e deixou importantes marcas em nosso Grupo. É um grande incentivador de jovens cientistas.

Foto: Acervo do Grupo de Dosimetria das Radiações e Física Médica do IFUSP - Prof. Kwan Ng (University of Malaysia), em 2016, durante Colóquio.


SOBRE O PROFESSOR KWAN NG:

Professor Ng Kwan Hoong, Department of Biomedical Imaging, Faculty of Medicine, University of Malaya is honored to be the recipient of  the highest rank and the most prestigious award in medical physics – the Marie Sklodowska-Curie Award bestowed by the International Organization for Medical Physics (IOMP). He is the first scientist from a developing country  to receive such an honour.  He will be traveling to World Congress on Medical Physics and Biomedical Engineering, Prague, June 3-8 2018 to receive the award.  This honour will certainly elevate the reputation of the University of Malaya and Malaysia.

SOBRE O PRÊMIO:

About the Marie Sklodowska-Curie Award

The Marie Sklodowska-Curie Award is established to honor scientists who have distinguished themselves by their contributions in:

1. education and training of medical physicists, medical students, medical residents, and allied health personnel;

2. advancement of medical physics knowledge based upon independent original research and/or development;

3. advancement of the medical physics profession in the IOMP adhering national and international organizations.

The past recipients are:  Prof. John R Cameron, USA (2000), Prof. Andree Dutreix, France (2003), Prof. John R Cunningham, Canada (2006), Prof. Azam Niroomand-Rad, USA (2009), Prof. Charles A Mistretta, USA (2012), Prof. Colin Orton, USA (2015). All of them are very established and well-known scientists: For example, John Cameron is the inventor of the bone mineral densitometer (for detection of osteoporosis); Charles Mistretta is the inventor of digital subtraction angiography (the basis for cardiac angiography, interventional procedures); Colin Orton contributed significantly to applying radiobiology concept in radiotherapy.

Fonte das informações:

Prof. Dr. Paulo Roberto Costa

Grupo de Dosimetria das Radiações e Física Médica

Telefone: 3091-7005

E-mail: pcosta@if.usp.br


 

 

Data Publicação: 
segunda-feira, 5 Março, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sábado, 31 Março, 2018

Chip brasileiro vai equipar experimento ALICE do LHC

PRODUÇÃO DO CHIP SAMPA, DESENVOLVIDO NO BRASIL PARA EQUIPAR UM DOS EXPERIMENTOS DO MAIOR ACELERADOR DO MUNDO, RECEBE LUZ VERDE DE REVISORES INTERNACIONAIS

Artefato atrai atenção de experimentos internacionais e outras aplicações para ele já estão sendo pesquisadas. 

Foto: Marcos Santos

A produção final do chip Sampa, desenvolvido no Brasil especialmente para o experimento Alice (A Large Ion Collider Experiment), um dos quatro grandes experimentos do LHC (Large Hadron Collider), recebeu parecer positivo de um comitê internacional de revisores. O LHC é o maior acelerador de partículas do mundo, situado na fronteira entre Suíça e França. O protótipo do chip Sampa foi validado durante uma reunião realizada por videoconferência em 20 de fevereiro, em que foram apresentados os resultados de testes feitos com o chip em diferentes países. Após essa reunião, chamada de Production Readiness Review (Revisão de Prontidão para Produção), os revisores internacionais emitiram parecer favorável para a imediata produção do chip que irá equipar o experimento Alice, coroando um projeto de cinco anos liderado por pesquisadores da USP vinculados ao Instituto de Física e à Escola Politécnica, que contou também com a participação de pesquisadores da UNICAMP e cujos recursos foram financiados pela Fapesp. O Sampa mostrou-se apto para atender às necessidades do TPC (Time Projection Chamber) e do MCH (Muon Chamber), os detetores do Alice nos quais o chip será utilizado.  Após concluídos todos os testes, o passo seguinte é justamente a produção industrial de 88 mil unidades, a maioria das quais será destinada ao Alice.

Porém, além do Alice, equipes de outros aceleradores de partículas espalhados pelo mundo, como nos EUA e na Rússia, já manifestaram interesse pelo chip. E não para por aí! A vida do Sampa não se restringirá à pesquisa básica. Grupos do Instituto de Física da USP estão criando dispositivos de detecção prontos para integrar o chip assim que ele for produzido. Esses detetores darão, por exemplo, mais eficiência e flexibilidade ao exame de peças arqueológicas, obras de arte e outros objetos. Serão fáceis de transportar para o local em que a peça esteja e aumentarão a área de escaneamento.

O Sampa concentra 32 canais em uma área aproximada de 0,82 cm2. Sua compactação representa economia de custo, de espaço e de energia para o Alice, que aplicará 17 mil unidades do Sampa no TPC, câmara de 5m comprimento por 5m de diâmetro, e 40 mil no MCH, dispositivo mais distante das colisões do que o TPC. A maior densidade de canais do Sampa permite-lhe, ocupando menos espaço, cobrir áreas maiores e ser mais veloz do que o sistema atual de dois chips, um para receber sinais analógicos e outro para convertê-los em sinais digitais. O Sampa executa as duas tarefas.

O LHC, o maior acelerador de partículas já construído no mundo, com 27 km de circunferência, é uma colaboração internacional, com acesso aberto para os 10 mil cientistas que nele atuam diretamente, vindos de 100 países, e lotados em quatro experimentos: Alice, Atlas, CMS, LHCb. O equipamento será desligado em 2019 para receber upgrade nos quatro experimentos e voltará a funcionar em 2021. Equipes de vários países participam da preparação do upgrade de maneira articulada. A capacidade de produzir um chip compacto de alta complexidade motivou a coordenação do Alice a escolher a equipe brasileira para desenvolver o novo chip de front-end (primeiro de uma série de componentes eletrônicos) do experimento.

***

Coordenadores do projeto: Wilhelmus Van Noije e Marcelo Gameiro Munhoz

Contatos:

Marcelo Munhoz, munhoz@if.usp.br , (11) 3091-6940

Wilhelmus Van Noije, noije@lsi.usp.br, (11) 3091-5668

Sites relacionados:

LHC – Large Hadron Collider   https://home.cern/topics/large-hadron-collider

Renafae – Rede Nacional de Física de Altas Energias http://mesonpi.cat.cbpf.br/renafae/

Matéria no Jornal da USP  http://jornal.usp.br/tag/chip-sampa/  (publicada em 2016)

 

Data Publicação: 
quinta-feira, 1 Março, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
segunda-feira, 30 Abril, 2018

Através do espelho: o inverso da matéria

Através do espelho e o que nós encontramos por lá:

O inverso da matéria

Como sensores de silício — análogos aos que você tem na câmera do seu smartphone — estão ajudando pesquisadores a compreender de que é feito o nosso universo e como é a rotina dos cientistas brasileiros que procuram entender a antimatéria num dos principais experimentos do LHC, o maior colisor de partículas em operação no mundo.

Texto de autoria do GpexDC-Uniso*

Dentro de 27 km de tubos metálicos altamente instrumentados, sob a fronteira da Suíça com a França, feixes de prótons — uma das partículas elementares que constituem os núcleos dos átomos — giram rapidamente. E por “rapidamente”, nós queremos dizer muito rapidamente: cada próton completa mais de 11 mil voltas por segundo, chegando bem próximo à velocidade da luz, antes de se chocar com outros prótons vindo no sentido oposto. Dadas as proporções, esse choque é tão intenso que os prótons se estilhaçam em várias outras partículas, de vários tipos, semelhantes àquelas que existiram logo após o Big Bang, ou seja, a ocasião do próprio nascimento do universo. Muitos cientistas se ocupam em estudar essas colisões, inclusive muitos brasileiros; o problema é que muitas dessas partículas são tão instáveis que elas logo se transformam em outras (o que os pesquisadores chamam de decaimento) e, por isso, é preciso registrar os produtos desse decaimento logo após o choque entre os feixes de prótons.

Ao longo dessa estrutura colossal, que integra o LHC (Large Hadron Collider, na sigla em inglês), o maior colisor de partículas do mundo, são quatro os principais experimentos em operação: o ALICE, o ATLAS, o CMS e o LHCb, cada um voltado a responder suas próprias questões acerca da constituição de todas as coisas. Desses, é o último que tenta entender “o que foi que aconteceu depois do Big Bang que permitiu que a matéria sobrevivesse até hoje, dando forma ao universo em que nós habitamos”, conforme divulgação oficial.

“O LHCb é um dos quatro maiores e mais conhecidos experimentos conduzidos no LHC. Um dos seus objetivos é registrar o decaimento de um tipo específico de partículas: os mésons B, que podem nos ajudar a entender a diferença entre a matéria e a antimatéria”, explica o doutor em Física Leandro Salazar de Paula, coordenador do Laboratório de Física de Partículas Elementares do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IF-UFRJ), um dos brasileiros envolvidos no registro dessas partículas no LHC.

Em busca da antimatéria

Na literatura e no cinema, ela já foi chamada de a fonte de “energia do futuro”. Em Anjos e Demônios (2009), o filme baseado no romance homônimo, de Dan Brown, diz-se que ela é “mil vezes mais poderosa do que a energia nuclear” e que “alguns gramas bastariam para suprir a energia de uma grande cidade durante uma semana”. Ao fim da projeção, contudo, ela é usada simplesmente como explosivo, iluminando os céus de Roma. As empreitadas em busca da antimatéria — e suas possíveis aplicações — já motivaram inúmeras obras de ficção científica, mas o que os pesquisadores brasileiros da UFRJ e do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) — assim como da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) — estão fazendo na Suíça está longe de ser ficção.

Segundo o doutor em Física Ignácio Bediaga, presidente do Conselho Técnico Científico da Rede Nacional de Física de Altas Energias (Renafae), a antimatéria é como se fosse o reflexo da matéria num espelho. “Se uma bailarina faz uma pirueta no sentido horário”, exemplifica ele, “quem a observar por meio de um espelho a verá rodando no sentido anti-horário. Isso também ocorre quando olhamos para um elétron e um pósitron (como é chamado o antielétron): o primeiro gira no sentido anti-horário, enquanto a antipartícula gira no sentido horário.” Suas cargas elétricas, da mesma forma, possuem polaridades opostas: enquanto um elétron tem carga elétrica negativa, o pósitron tem carga positiva. Essa propriedade que diferencia uma partícula de uma antipartícula é chamada de conjugação de carga e paridade, ou simplesmente CP.

Sabe-se, no entanto, que algumas partículas conseguem violar essa propriedade — ou seja, elas apresentam outras diferenças além do sentido de rotação e da polaridade da carga. São, portanto, assimétricas. Um dos poucos exemplos de violação de CP ocorre associado a uma partícula chamada quark b e entender melhor como se dá esse fenômeno pode, no fim das contas, ajudar a responder uma das grandes perguntas da Física contemporânea: por que existe mais matéria do que antimatéria no universo?

Acredita-se que matéria e antimatéria tenham surgido simultaneamente durante o Big Bang, a explosão cósmica que deu origem ao espaço-tempo (e, consequentemente, ao universo como nós o conhecemos). “Uma descrição simplificada da história do universo seria a seguinte: no início, houve uma explosão que deu origem a pares formados por uma partícula e sua antipartícula. Ou seja, foram criadas matéria e antimatéria, em quantidades iguais. Com o passar do tempo, os pares de partícula e antipartícula deveriam se reencontrar e se aniquilar. Dessa forma, não deveríamos ter matéria no universo, pois todas as partículas criadas deveriam ter se aniquilado, ou ao menos deveria haver uma quantidade igual de matéria e de antimatéria”, explica de Paula. Contudo, não foi isso que aconteceu; cerca de 14 bilhões de anos depois do Big Bang, a matéria é muito mais abundante do que a antimatéria e nós simplesmente não sabemos o porquê. A única explicação possível é que matéria e antimatéria tenham, de fato, propriedades diferentes. “Desde 1964, sabemos que isso ocorre, que quarks e antiquarks se comportam de forma ligeiramente diferente, mas essa diferença não é igual para todos os quarks. O que tem a maior diferença de comportamento é o quark b e, por essa razão, o seu estudo é o que tem maior possibilidade de indicar uma resposta para o problema.”

“Essa questão é seguramente um dos maiores problemas da Física na atualidade”, complementa Bediaga. “Por isso, devemos modificar alguns pontos nas leis atuais da Física, de forma a sermos capazes de explicar esse enorme problema que é o desaparecimento do ‘espelho do universo’, que seria a antimatéria”. Ele explica que a importância de realizar estudos com esses mésons reside justamente na ampliação do conhecimento sobre os fenômenos que envolvem a antimatéria: “a compreensão das suas múltiplas desintegrações e a dinâmica associada a elas interessa não só pelo estudo do que já sabemos, mas pelo descobrimento de novas fontes de assimetria, em outras reações além daquelas que já conhecemos”.

Sensores de silício: dos colisores de partículas à câmera do seu celular

Para chegar a essas respostas sobre a constituição do universo e a proporção entre matéria e antimatéria, um dos equipamentos essenciais é o detector de vértices, cuja função é identificar a trajetória daquelas partículas que são geradas após uma colisão. “Em geral, são criadas várias partículas ao mesmo tempo. Essas partículas se afastam do ponto de criação, cada uma descrevendo uma trajetória. A origem de todas essas trajetórias é chamada de vértice. O sub-detector responsável por determinar onde fica esse ponto é chamado de detector de vértices e, no caso do LHCb, esse detector se chama VeLo (da sigla em inglês para Vertex Locator)”, explica de Paula.

A cada segundo de operação no LHCb, nada menos do que 40 milhões de colisões entre prótons podem ocorrer. A tarefa do VeLo é identificar as partículas geradas, separando os mésons B das demais e identificando qual foi o caminho percorrido por elas. Tudo isso durante um tempo muitíssimo curto — na verdade, 40 vezes menos do que um milionésimo de um milionésimo de segundo. Além disso, antes de se transformar em outras partículas, os mésons B percorrem apenas alguns centímetros, o que significa que os detectores precisam estar próximos ao feixe de partículas. “Dentre todos os o sub-detectores de vértices já construídos, o  VeLo é o que opera mais próximo do ponto de colisão, com sensores de silício posicionados ao redor, a apenas 7 milímetros”, ele acrescenta.

Esses sensores de silício não são exatamente uma novidade e nem mesmo uma exclusividade de grandes experimentos científicos. Na verdade, é muito possível que você tenha alguns agora mesmo, perto de você. “Os detectores feitos de silício podem ser construídos em diferentes tamanhos e formas. Podem detectar partículas carregadas, mas podem também detectar luz, como nas câmeras fotográficas digitais e as dos próprios celulares, por exemplo. Na verdade, o fato de esses detectores serem leves e pequenos foi o que permitiu a existência de câmeras fotográficas tão compactas e ágeis”, destaca o pesquisador, lembrando que sensores desse tipo estão presentes, também, em scanners usados para a segurança de aeroportos e são usados até mesmo para estudar a estrutura de edificações.

Naturalmente, esse não é o único exemplo de como as tecnologias empregadas para os estudos das colisões de partículas podem estar presentes, também, em nosso cotidiano. ​“Talvez as pessoas não percebam no dia a dia o quão próximas estão da Física Experimental de Partículas”, acrescenta Diego Figueiredo, doutor em Física pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que atualmente participa de um dos outros quatro principais projetos do LHC, o detector CMS. “Pode-se comparar o nosso trabalho à Fórmula 1: as equipes desenvolvem tecnologia de ponta para competir e, em alguns casos, essas tecnologias são adaptadas para a indústria automotiva. O mesmo ocorre na pesquisa em ciência pura, cujo desenvolvimento tecnológico é imprescindível e pode gerar inovações para a sociedade”, diz ele, elencando algumas dessas inovações tecnológicas, como novos materiais tolerantes à radiação, sensores mais precisos e eficientes, novos chips eletrônicos desenvolvidos em larga escala, a optoeletrônica (circuitos que utilizam luz), sistemas de processamento computacional em nível global e muitos outros. “Tudo isso melhora a vida das pessoas diretamente, nos campos da instrumentação médica, da aviação, das comunicações e da computação, sem contar aquele que acredito ser o maior legado, que é a formação de pessoal e os vínculos científicos formados em diferentes níveis.”

No Brasil, voltando especificamente aos detectores de silício aplicados à detecção de partículas, há um longo histórico de trabalho no LHC, com sólidas perspectivas para o futuro. A ideia é que sensores cada vez mais rápidos e eficientes continuem sendo desenvolvidos, especialmente com a chegada da atualização do LHC — o chamado upgrade — que resultará em feixes de partículas mais intensos, demandando equipamentos que suportem radiação e temperaturas mais elevadas.

Rotina anual

O LHC opera num ciclo de doze meses que compreende, na maior parte do ano, períodos de tomadas de dados acrescidos de alguns dias reservados ao desenvolvimento operacional e à calibração. Sempre no começo de cada ano, dois a quatro meses são reservados para as correções e as melhorias, “uma espécie de revisão anual”, como diz de Paula.

“Durante os ciclos de tomada de dados, o detector — no nosso caso, o LHCb — tem de manter todos seus sub-detectores em operação. Para poder coletar dados de todas as colisões, o VeLo deve estar sempre em condições ideais. Para garantir que não haja falhas, temos os piquets, que são pesquisadores com treinamento específico que acompanham a tomada de dados realizando plantões de uma semana. Temos vários pesquisadores brasileiros desempenhando tal função. Durante essa semana, eles consultam regularmente os parâmetros técnicos (voltagens, corrente, temperatura etc.) dos sensores do VeLo e atuam sempre que algum deles sai do padrão. Essa pessoa também carrega um celular ligado 24 horas por dia e é chamada se algum alarme do VeLo é acionado. Quando isso ocorre, ele tem a função de corrigir o erro. Isso pode eventualmente ser feito remotamente, mas pode exigir um deslocamento imediato para o local do experimento”, explica.

Vale lembrar que o VeLo é formado por 44 sensores de silício em formato de semicírculo. Os feixes de partículas aceleradas passam pelo centro e, até que elas estejam devidamente estabilizadas, os sensores ficam posicionados a uma distância segura. Só então os detectores são aproximados mecanicamente, para identificar as trajetórias das partículas geradas pelas colisões. Finalmente, cada um dos sensores envia as suas medidas para um computador central que controla o VeLo. E não há uma única trajetória para cada colisão, de modo que 40 milhões de colisões equivalem a 1,6 bilhão de registros de trajetórias. É preciso não apenas garantir que o sistema esteja apto a registrar toda essa informação, mas também que os detectores estejam resistindo aos danos inerentes à operação. É um trabalho que exige monitoramento constante.

“As partículas detectadas são um tipo de radiação, e como tal, causam danos ao detector”, conta de Paula. “Devemos controlar esses danos, agir para revertê-los quando possível ou decidir substituir o detector quando não há outra solução. Como uma eventual substituição só pode ocorrer na parada do início de ano, não podemos correr o risco de ter sensores parando de funcionar no meio da tomada de dados. Para isso, fazemos estudos continuados sobre a evolução do comportamento dos sensores, para poder prever as substituições com antecedência. Outro problema é entender como as respostas do detector estão sendo comprometidas, para poder corrigir suas medidas.”

É esse monitoramento contínuo que evita acidentes e garante que os pesquisadores envolvidos entendam cada vez melhor os pormenores da detecção de partículas. “O monitoramento é uma atividade essencial para o aprimoramento dos detectores”, conclui.

Já há quase 30 anos, desde 1990, diversos grupos brasileiros de várias universidades e centros de pesquisa — entre os quais estão as equipes de pesquisadores da UFRJ e do CBPF — contribuem para os experimentos conduzidos no LHC. Especificamente em relação ao LHCb, os pesquisadores vêm participando tanto da construção dos detectores quanto das análises de dados obtidos em si. O CBPF, por exemplo, tem três projetos importantes: o primeiro relacionado à análise de dados envolvendo matéria e antimatéria; outro envolvendo a computação em grid, com 1.500 núcleos de processamento dedicados a contribuir com a rede internacional de processamento e armazenamento de dados do LHC; além da atuação no próprio upgrade, particularmente na instrumentação do detector de fibras cintilantes — um equipamento que, tal qual o detector de silício, tem como objetivo a detecção de trajetórias, porém cobrindo uma área maior —, num projeto que envolve um pesquisador dedicado, seis estudantes de pós-graduação e um técnico. Já quanto aos detectores de vértice, há pesquisadores brasileiros da UFRJ trabalhando nessa área desde 1993. Atualmente, a colaboração engloba tanto a operação do VeLO atual quanto a participação na construção do novo VeLo, que entrará em operação após o upgrade.

*Participaram dos processos de pesquisa e redação para esta reportagem os seguintes membros do Grupo de produção experimental em Divulgação Científica da Universidade de Sorocaba: André Fidalgo, Andressa Nogueira, Alexandre Meiken, Aline Albuquerque, Antony Isidoro, Francine Corrêa, Isa Feijó, Pâmela Ramos, Rodrigo Honorato e Vanessa Ferranti, sob coordenação e com a edição do prof. Me. Guilherme Profeta, em parceria com a Rede Nacional de Física de Altas Energias (Renafae).

CONTATOS:

Prof. Me. Guilherme Profeta (GpexDC-Uniso)

Email: guilherme.profeta@prof.uniso.br

Prof. Dr. Ignácio Bediaga (RENAFAE)

Email: bediaga@cbpf.br

 

 

Data Publicação: 
terça-feira, 27 Fevereiro, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sábado, 31 Março, 2018

Laboratório Virtual de Mecânica do IFUSP

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Imagem: divulgação – Laboratório Virtual de Mecânica



“Experimentos Virtuais de Mecânica”

http://www.fep.if.usp.br/~fisfoto/divulgacao.php

“Onde está a vida que perdemos vivendo?

Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento?

Onde está o conhecimento que perdemos na informação?”

T.S. Eliot, The Rock: A Pageant Play (1934).

Materiais didáticos dos diversos níveis e assuntos estão sendo cada vez mais empregados e difundidos pela internet. Blogs, canais no YouTube, sites especializados e laboratórios virtuais visam amplificar o acesso aos conhecimentos científicos.

As grandes universidades do mundo estão se familiarizando com novas ferramentas de comunicação e já disponibilizam conteúdos e cursos via internet. Um exemplo dessas ferramentas é o Laboratório Virtual de Mecânica (do Departamento de Física Experimental do IFUSP, coordenado pelos professores Nora Maidana e Vito Vanin), com experiências que versam sobre temas relacionados à mecânica básica e avançada.

Esse laboratório virtual disponibiliza um conjunto de experimentos obtidos a partir de filmagens de sistemas reais, que após serem editados, permitem que os movimentos em questão sejam analisados a partir dos roteiros que guiam as atividades.

Navegando na página você pode conferir as experiências de translação e rotação que possuem diferentes graus de dificuldade e aprofundamento, sendo possível realizar desde análises simples até aquelas com cálculos de incerteza e elaboração de modelos matemáticos.

O website está em constante construção, com alguns experimentos sendo modificados e/ou acrescentados. Perguntas, dúvidas ou sugestões? Entre em contato com os elaboradores: http://www.fep.if.usp.br/~fisfoto/contato.php



 

Data Publicação: 
sexta-feira, 16 Fevereiro, 2018
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sábado, 31 Março, 2018

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