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Workshop sobre o Zika Virus

À pedido do Prof. Dr. Luis Carlos Ferreira, do Instituto de Ciências Biomédicas, solicito divulgação do Workshop “The challenge of zika virus in South America”, no próximo dia 29 de janeiro no ICB.

Evento científico aborda o desafio do zika vírus na América do Sul

No dia 29 de janeiro, o ICB sediará o workshop “The challenge of zika virus in South America”. O objetivo é trazer resultados científicos recentes relacionados à entrada e à propagação do zika vírus nas Américas, sua adaptação genética e consequências clínicas e epidemiológicas.

O evento será em inglês e consistirá em duas apresentações e um debate com o público. As palestras apresentadas serão “The recent introduction of Zika virus to Guiana shield”, do Dr. Mirdad Kazanji, e “Molecular evolution of Zika virus during its emergence in the 20th century”, do Dr. Paolo Zanotto.

O Dr. Mirdad Kazanji é virologista especializado em doenças virais emergentes, e atualmente é o diretor do Instituto Pasteur na Guiana Francesa. O Dr. Paolo Zanotto é pesquisador no Instituto de Ciências Biomédicas e coordenador da rede de pesquisadores que estudam o zika vírus no estado de São Paulo.

O evento será realizado no Anfiteatro Luiz Rachid Trabulsi do ICB III, das 10h às 12h.

Um Nobel da paz entre nós

Um homem, um ativista, um Nobel da paz entre nós

Por: Carolina Modesto*

Ele veio passar as suas férias no Brasil, mas ainda assim estava trabalhando. Ele foi o convidado de honra do evento promovido em 27 de janeiro de 2016, pelo Instituto Ethos, InPACTO e outros parceiros, para discutir a questão do trabalho infantil e trabalho escravo. Ele é Kailash Satyarthi, ganhador do Premio Nobel da Paz 2014.

Eu tinha expectativas de escutá-lo de longe e, ainda assim, estaria imensamente feliz e grata por ter a oportunidade de vê-lo e, sobretudo, escutar a sua experiência e sabedoria. Foi quando veio o momento inesperado e, ao aguardar a permissão de entrada para o auditório, o vejo passar entre as pessoas e, de repente, o vejo passar ao meu lado. Com as mãos unidas e em posição de reverência, o saúdo com um caloroso “Namastê”. Ele pára. Com uma feição de surpresa e felicidade, responde a saudação da mesma forma e com um sorriso generoso e espontâneo toca a minha mão com um aperto suave.

Meu coração dispara. Fico emocionada por algum tempo que não sei exatamente quanto foi. Fomos para o auditório e quando as exposições têm início tivemos, aproximadamente, três horas de mesas de diálogos sobre a “promoção e defesa dos direitos humanos - Brasil em foco” e também sobre “saberes e práticas de direitos humanos no Brasil e no Mundo”. Estiveram presentes os profissionais que estão na linha de frente da questão no nosso país. Pessoas que tem amor pela causa e que trabalham por melhorias e evoluções. Pessoas que lutam para “dar luz” a uma questão ainda obscura e que representam instituições como Ministério Público, Organização Internacional do Trabalho, Tribunal Superior do Trabalho, Sebrae, Ministério do Desenvolvimento Social, Inpacto e Instituto Ethos. E claro, Sr. Kailash ficou com a fala final para nos brindar com a sua experiência de vida que praticamente se confunde com a sua história de ativismo contra o trabalho infantil.

“Dear sisters and brothers” (“Queridos irmãs e irmãos”), assim ele inicia a sua fala olhando e reconhecendo todo o público presente. “Dear sisters and brothers”, assim ele reforça e quebra as formalidades típicas de encontros com autoridades, reconhecendo os seres humanos presentes naquele espaço. Sempre com um sorriso no rosto, Kailash agradece a todos e, humildemente, afirma que o prêmio Nobel que ganhou foi um reconhecimento para todos que lutaram com ele. Todas as instituições envolvidas, governos, amigos e líderes que foram fundamentais para que ele tivesse a força necessária.

Ele segue sua fala apontando os três ingredientes contra o trabalho infantil e escravo: o primeiro deles diz respeito à intenção genuína em ajudar; em seguida, políticas fortes e efetivas e, por fim, integração dos organismos privados e públicos com a sociedade civil. “Economia não é a linha de chegada”, afirma. “Compaixão é o que une tudo”, complementa. Kailash chama a atenção para que os negócios sejam feitos com inteligência compassiva (“Business with compassionate intelligence”), não somente visando o lucro. Também destaca a necessidade dos consumidores de terem discernimento e critérios na hora das compras para forçar as empresas a negar qualquer envolvimento ou financiamento ligado ao trabalho infantil e escravo em suas cadeias produtivas. Somente dessa maneira, podemos falar em negócios sustentáveis.

Ele aponta que ainda existem 150 milhões de crianças vítimas de uma ou outra forma de trabalho infantil no mundo. Destes, mais de dois terços estão presos em regime de escravidão, trabalho forçado, prostituição, trabalhos perigosos em fazendas, fábricas, minas e até mesmo dentro de casa. “Não é somente pobreza. Estamos falando de negar dignidade humana e liberdade a essas crianças”, defende em tom de alerta e conscientização.

Ao longo de sua explanação, Kailash transmite muita espiritualidade, confiança, sabedoria e muita força. Tudo isso envolto em sua característica simpatia e simplicidade. Inspira e fortalece a todos dizendo que ele nunca acredita em problemas; mas, acredita fortemente, em soluções. Faz ainda um chamado para a importância do esforço coletivo. “Temos que globalizar a compaixão” e complementa dizendo que todas as crianças brasileiras também são as suas crianças. Essa é essência da compaixão que Kailash tanto quer nos transmitir. Finalmente, encerra a sua fala compartilhando e divulgando a ideia de uma campanha que pretende organizar e lançar chamada “One hundred million for one hundred million” (“Cem milhões por cem milhões”), a qual pretende engajar e reunir cem milhões de jovens líderes para libertar cem milhões de crianças do trabalho infantil.

Descrever a alegria, honra e emoção de vê-lo e escutá-lo de tão perto ainda não é possível. Demorei um pouco para absorver e refletir sobre tudo o que acabara de aprender e viver. O senso de realidade voltou quando nos preparávamos para ir embora e avistamos Kailash no saguão tirando fotos com algumas pessoas que o admiravam e o esperavam ansiosamente na saída. Após uma rápida troca de olhares entre amigas, entramos na fila da foto. Tiramos nossas fotos individuais (com ele sempre sorridente) e terminamos aquele momento especial com ele dizendo “Agora deixa que eu tiro uma selfie”. Surpresas do início ao fim. Um Nobel da paz estava entre nós.

 

*Carolina Modesto é Relações Públicas formada pela ECA∕USP e atualmente é responsável pela comunicação institucional da empresa Communità Socioambiental. Também atua como professora voluntária na ONG Cidadão Pró-Mundo e é uma das brasileiras selecionadas pelo programa de pós-graduação Endeavour 2016 do governo Australiano. Contato: carolina.aptmodesto@gmail.com

Data Publicação: 
quinta-feira, 28 Janeiro, 2016
Data de Término da Publicação da Notícia: 
segunda-feira, 29 Fevereiro, 2016

Artigo em destaque na Revista Neurophotonics

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

O artigo "Transcranial low-level laser therapy (810 nm) temporarily inhibits peripheral nociception: photoneuromodulation of glutamate receptors, prostatic acid phophatase, and adenosine triphosphate", de autoria dos pesquisadores brasileiros Marcelo Victor Pires de Sousa, Beatriz Kaippert, Cleber Ferraresi e Elisabeth Mateus Yoshimura e, dos norte-americanos, Masayoshi Kawakubo e Michael R. Hamblin, foi recentemente publicado na prestigiosa Revista Neurophotonics.

Esse artigo é decorrência direta das pesquisas desenvolvidas pelo Prof. Marcelo Victor Pires de Sousa e mostra que processos de condução do sinal de dor, originada em pata ou em cauda de pequenos animais, são bloqueados com a iluminação do cérebro. 

O link para a publicação online é: http://dx.doi.org/10.1117/1.NPh.3.1.015003

 

20º Prêmio Jovem Talento em Ciência da Vida

A Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular e a GE Healthcare Life Sciences convidam todos os estudantes dos países da América Latina a participarem do 20º Prêmio Jovem Talento em Ciência da Vida, que celebra duas décadas contribuindo para a pesquisa científica.

Poderão se inscrever alunos de iniciação científica e pós-graduação (mestrado e doutorado) realizando sua tese nos países da América Latina, e os doutores com tese concluída após 30 de janeiro de 2015.

As inscrições estão abertas até o dia 5 de fevereiro de 2016. É necessário preencher um formulário, que está disponível aqui, além de enviar, por correio, os seguintes documentos:

Curriculum Vitae

Carta de Recomendação

Cópias dos artigos completos publicados pelo candidato

Comprovante de inscrição em curso de pós-graduação ou certificado de defesa de tese.

CD contendo todos os itens anteriores no formato PDF.

Resumo da apresentação oral e pôster deverão ser submetidos durante a inscrição no site.

Os documentos não serão devolvidos.

Os prêmios:

Prêmio em dinheiro no valor de US$ 2,000.00 (dois mil dólares norte- americanos)

Passagem aérea para participar de um Congresso Internacional de escolha do candidato

Apresentar o trabalho durante a 45ª Reunião Anual da SBBq

Endereço para Inscrição:

Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq)

a/c Prêmio Jovem Talento

Av. Prof. Lineu Prestes, 748, bloco 3 superior, sala 0367 – CEP 05508-000,

Butantã, São Paulo – SP – Brasil.

Seleção

O comitê encarregado da seleção será composto por membros destacados da comunidade científica, indicados pela diretoria da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular. O Comitê analisará todos os inscritos e selecionará até 5 candidatos para apresentarem seus trabalhos na 45ª Reunião Anual, os quais serão avaliados durante o Simpósio. O resultado final será anunciado durante a cerimônia de encerramento. O vencedor deverá ceder aos organizadores do prêmio o direito de divulgação e publicidade de sua imagem.

SBBq

Fonte: Jornal da Ciência da SBPC

Oportunidades: bolsas de pós-doutorado no INPE

OPORTUNIDADES: BOLSAS DE PÓS-DOUTORADO

Agência FAPESP – A Divisão de Astrofísica (DAS) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) oferece duas bolsas de pós-doutorado para desenvolvimento de projetos em suas áreas de pesquisa. O prazo de inscrição encerra em 4 de março.

Uma das bolsas, no valor de R$ 4.100 mensal, deriva do Curso de Pós-Graduação em Astrofísica do Inpe junto ao Programa Nacional de Pós-Doutorado da Capes/MEC (PNPD) e pode ter duração de até 60 meses. O bolsista ainda dispõe de uma ajuda anual de custo de R$ 10.000 para participação em eventos.

A outra bolsa, no valor mensal de R$ 5.200, tem recursos do CNPq dentro do programa PCI/MCTI/Inpe e pode ter duração de até 36 meses.

As duas bolsas não dispõem de auxílio-instalação nem auxílio-viagem. Cada bolsa é oferecida por um período inicial de 12 meses, podendo ser renovada a cada 12 meses mediante avaliação de produtividade científica.

Os candidatos devem ter título de doutor em Astronomia, Física ou áreas afins há pelo menos dois anos ou obter o título até o início da bolsa, desde que tenha mestrado há pelo menos quatro anos.

Os candidatos deverão apresentar: curriculum Lattes, projeto de pesquisa, três cartas de recomendação e carta de candidatura, indicando a preferência de bolsa (PNPD e/ou PCI) e o colaborador principal da DAS/Inpe, que precisa ser docente permanente da Pós-Graduação em Astrofísica do Inpe.

Para submeter inscrição e para obter mais informações escreva diretamente para pg.ast@inpe.br.

Fonte: Agência FAPESP

Pesquisa em física médica é destaque no portal da USP

Equipamento foi projetado para ser pequeno, flexível e descartável após o uso

Em 2014, Marcelo Victor Pires de Sousa defendeu no Instituto de Física (IF) da USP seu estudo de doutorado que conseguiu, pela primeira vez, mapear a ação terapêutica do laser, esclarecendo os mecanismos de ação da modulação da dor. Orientada pela professora Elisabeth Mateus Yoshimura, a pesquisa concluiu que a iluminação transcraniana, com laser de comprimento de onda adequado, reduz a dor em várias situações, em diversas partes do corpo, pois age bloqueando a troca de sinais elétricos entre os neurônios.

A matéria completa está no link:

http://www5.usp.br/103777/pesquisa-do-instituto-de-fisica-origina-curati...

Chamada Internacional de Pesquisa

CHAMADA DO PROGRAMA DE PESQUISA INTERNACIONAL DA ACADEMIA AUSTRÍACA DE CIÊNCIAS 

Até o dia 15 de fevereiro, pesquisadores com doutorado ou PhD dos últimos 10 anos, que tenham residência ou afiliação com alguma instituição de pesquisa da Áustria, poderão se inscrever no programa Joint Excellence in Science and Humanities (JESH), promovido pela Academia Austríaca de Ciências (OEAW).

O programa será hospedado em instituições de 40 países em todo o mundo e não há restrições quanto à nacionalidade dos candidatos.

Para mais informações e inscrições:

http://www.oeaw.ac.at/en/fellowship-funding/promotional-programmes/joint...

Contato: jesh.application (at) oeaw.ac.at

 

Relato da XIX Escola de Verão de Física Experimental

Da Assessoria de Comunicação do IFUSP:

A OBSERVAÇÃO PRÁTICA DAS GRANDEZAS FUNDAMENTAIS DA NATUREZA

A XIX Escola de Verão Jorge André Swieca de Física Experimental realizada no IFUSP no período de 11 a 22 de janeiro, além de complementar a formação prática dos físicos brasileiros, intensificou o contato com pesquisadores de renome internacional e estimulou parcerias fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa no Brasil.

A construção narrativa pode ser entendida na chave da alegoria do período Renascentista, mas quando o Papa Bento XI estava recolhendo amostras de grandes oficinas de arte visando selecionar artistas que pudessem adornar a basílica de São Pedro, o seu emissário pediu ao pintor Giotto di Bondone uma obra que retratasse com perfeição a natureza, Giotto desenhou à mão livre com tinta vermelha uma esfera e a entregou ao portador. Intrigado, o emissário perguntou ao pintor se aquilo era o que ele tinha para oferecer ao pontífice e Giotto sem titubear disse que “aquilo era suficiente, mais do que suficiente”. Bento XI quando recebeu a pintura não teve dúvidas, Giotto era a pessoa indicada para o trabalho.

Com a física ocorre algo semelhante, o conhecimento das grandezas fundamentais da natureza não se dá somente nos livros ou em sala de aula, é preciso experimentar. Para tanto, a cada dois anos, desde 1986, com patrocínio da SBF (Sociedade Brasileira de Física), além do financiamento da FAPESP e de outras agências de fomento, ocorre a Escola de Verão Jorge André Swieca de Física Nuclear Experimental, que neste ano realizou a sua XIX edição, no Instituto de Física da USP, no período de 11 a 22 de janeiro de 2016.

Nessa edição, a Escola de Verão ofereceu aos 18 estudantes matriculados a oportunidade de estudar a interação de elétrons com a matéria usando o acelerador Microtron do Instituto de Física, instalado no campus Butantã da Universidade de São Paulo. Segundo a Profa. Nora Lia Maidana, coordenadora da escola e docente do IFUSP, “os participantes tiveram a oportunidade de determinar experimentalmente o espectro de energia e fluxo de elétrons espalhados em diferentes ângulos por alvos finos, bem como as seções de choque de bremsstrahlung e de ionização de camadas internas de átomos por impacto de elétrons, grandezas consideradas fundamentais para o entendimento da interação de partículas, carregadas ou não, com a matéria”.

Os alunos trabalharam em uma das duas linhas de feixe do acelerador: a de corrente contínua, com energias que podem ser fixadas entre 10 e 100 keV. Um dos objetivos da Escola foi propiciar que os alunos pudessem realizar uma experiência completa, desde a etapa inicial do planejamento, passando pela partilha de recursos comuns, a coleta de dados, análise e relato formal dos resultados, em um laboratório de pesquisa compartilhado com outras equipes.

Foram usados detectores semicondutores de alta resolução, convenientemente acoplados às câmaras de irradiação em vácuo, que possuem janelas de espectroscopia em determinados ângulos. Em todas as etapas do curso, o acompanhamento dos alunos foi realizado por docentes do próprio Instituto de Física da USP.

Pesquisadores brasileiros e estrangeiros de reconhecida experiência ministraram cursos. Segundo o Prof. Marcos Martins, diretor do IFUSP e um dos palestrantes, “em decorrência da participação dos docentes estrangeiros e do contato que eles tiveram com a pesquisa que está sendo realizada no Brasil será possível estabelecer parcerias fundamentais nessa área”.   

Mais informações sobre o Laboratório do Acelerador Linear do Instituto de Física da USP:

http://portal.if.usp.br/microtron/

Data Publicação: 
quarta-feira, 27 Janeiro, 2016
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quarta-feira, 3 Fevereiro, 2016

Atmosfera líquida

Atmosfera líquida

Pesquisa revela detalhes sobre as propriedades das partículas de aerossóis da Amazônia e aponta para impactos causados pela poluição em Manaus. Mudança na composição atmosférica pode alterar a dinâmica de chuvas da região.

Por: Iara Pinheiro

Publicado em 26/01/2016 | Atualizado em 26/01/2016 - 

Portal do site de notícias da Revista Ciência Hoje

Atmosfera líquida

Umidade relativa do ar elevada na região amazônica é apontada como um dos motivos por trás da descoberta de que partículas aerossóis são majoritariamente líquidas na área. (foto: BM Explorer/www.bbmexplorer.com)

As primeiras medições sobre o impacto da cidade de Manaus no funcionamento do ecossistema amazônico trouxeram resultados surpreendentes. O experimento, fruto de uma colaboração internacional entre pesquisadores de Brasil, Estados Unidos e outros países constatou que partículas de aerossóis na atmosfera amazônica são constituídas majoritariamente por partículas líquidas, e não sólidas, como esperado. A natureza das partículas auxilia nos processos de formação de gotas de nuvens. Graças à descoberta, será possível fazer previsões mais precisas sobre as chuvas na região. A iniciativa trouxe ainda informações importantes sobre os impactos da urbanização da zona metropolitana de Manaus na atmosfera da floresta amazônica.

Partículas de aerossóis são componentes da atmosfera responsáveis pela formação de nuvens e parte do controle da radiação solar que chega à superfície terrestre. Com base em levantamentos anteriores realizados em florestas boreais, modelos climáticos consideravam que essas partículas eram sólidas na região amazônica. No entanto, oestudo publicado em dezembro na revista Nature Geoscience mostra que o estado físico dos aerossóis na Amazônia é 80% líquido. 

Segundo o trabalho, a diferença deve-se a várias razões, entre elas a umidade relativa do ar, bastante elevada na região. Outros fatores que influenciam o estado das partículas são os compostos orgânicos voláteis que as formam. Em florestas boreais, os compostos orgânicos voláteis que formam as partículas são majoritariamente terpenos, enquanto, na Amazônia, as partículas são formadas a partir do isopreno.

Região Metropolitana de Manaus
Estudo comprovou que a poluição resultante do processo de urbanização da Região Metropolitana de Manaus afeta composição atmosférica, com aumento de partículas sólidas.(foto: Ronald Woan/Flickr CC BY 2.0) <br />

A liquidez das partículas interfere diretamente na atmosfera amazônica e é responsável por um funcionamento mais dinâmico se comparado a locais com maior concentração de partículas sólidas, como as florestas boreais da Finlândia. “As reações químicas que acontecem entre uma partícula líquida e a atmosfera são mais eficientes do que em fase sólida. A dissolução dos compostos é mais rápida e, como os componentes são solúveis, são mais eficientes para formar gotas de nuvem”, explica o físico brasileiro Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP), que participou do estudo.

Influência da urbanização

O levantamento sobre os aerossóis faz parte do projeto GoAmazon2014/15, voltado à compreensão dos efeitos da urbanização da zona metropolitana de Manaus na atmosfera amazônica. Para avaliar a composição física das partículas, foram realizadas coletas em diferentes pontos do estado do Amazonas: alguns em áreas remotas livres de poluição, entre 50 e 120 quilômetros ao norte de Manaus, outros no município de Manacapuru, área urbana localizada 110 quilômetros a sudoeste da capital. A conclusão foi que a fração de partículas sólidas aumentou quando houve contato com a poluição.

Para avaliar a composição física das partículas, foram realizadas coletas em diferentes pontos do estado do Amazonas. A conclusão foi que a fração de partículas sólidas aumentou quando houve contato com a poluição

Para chegar a este resultado, os especialistas utilizaram um jato de partículas com amostras de aproximadamente 50 a 150 nanômetros (tamanho aproximado de um décimo de um fio de cabelo) e dois detectores regulados de acordo com a umidade relativa do ar na região. Como as partículas líquidas têm maior aderência ao colidir com uma superfície, o estudo comparou as partículas que permaneceram na superfície do primeiro detector e aquelas que ricochetearam e bateram no segundo detector – sendo, portanto, sólidas. “O que medimos foi a razão entre as partículas que ricocheteavam versusas partículas originais [que aderiram ao primeiro detector]. Com isso sabemos qual fração das partículas originais eram efetivamente líquidas”, detalha Artaxo.

A explicação para a diferença de estado físico das partículas aerossóis dentro e fora do ambiente urbano está relacionada aos gases orgânicos envolvidos em sua emissão. “Como as fontes emissoras são distintas, várias propriedades das partículas são alteradas: composição química, tamanho, forma, fase, e, consequentemente, suas propriedades ópticas, isto é, como elas interagem com a radiação solar”, afirma a física Márcia Yamasoe, do Departamento de Ciência Atmosféricas da USP, destacando que a frota veicular movida a diesel é a principal fonte de emissão sólida destas partículas na atmosfera – um dado preocupante, já que o ritmo de urbanização na região amazônica não dá mostras de desaceleração. Se a poluição será grande o suficiente para alterar a formação de nuvens e a dinâmica das as chuvas? Só o tempo dirá.

Iara Pinheiro
Especial para a CH Online

Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2016/atmosfera-liquida

Matéria do Estadão com o Prof. Paulo Artaxo

Pessoal,
 
Segue abaixo o link para uma matéria publicada no Caderno Ciência de domingo do Estadão, discutindo, entre outras coisas, inovação na ciência brasileira e nossas dificuldades do dia-a-dia...
 
 
A entrevista completa, mais detalhada, está no blog do Estadão:
 
Abraços,
 
Paulo Artaxo

 

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