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Nanopartículas de magnetita no tratamento do câncer

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Imagem obtida por microscopia eletrônica de varredura das nanopartículas de magnetita encapsuladas com polímero

Foto: Caio José Perecin

Magnetite Nanoparticles Encapsulated with PCL and Poloxamer by Nano Spray Drying Technique

Revista Nanoscience and Nanotechnology

O câncer é uma das maiores causas de mortalidade no Brasil e no mundo, sendo previsto um crescimento dessa mortalidade nas próximas décadas. Existem atualmente vários tipos de tratamento, entre eles um bastante promissor é a hipertermia magnética. Nesse tratamento, partículas magnéticas excitadas por um campo magnético alternado são utilizadas para elevar a temperatura das células na região do tumor. Células tumorais são mais sensíveis ao calor do que as sadias, e podem ser destruídas ou enfraquecidas a temperaturas da ordem de 42 oC. Além disso, essas partículas podem também ser utilizadas como agentes de contraste para imageamento por ressonância magnética, que é uma poderosa ferramenta de diagnóstico. A otimização da produção das nanopartículas magnéticas e a sua encapsulação com materiais biocompatíveis são fundamentais.

Nesse contexto, trabalhos vêm sendo desenvolvidos por uma parceria envolvendo o Instituto de Química de São Carlos (IQSC-USP), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o Instituto de Física (IFUSP). Em um trabalho recentemente publicado, o grupo apresentou o estudo da encapsulação de nanopartículas de magnetita por polímeros utilizando, pela primeira vez, a técnica de Nano Spray Drying.

As nanopartículas de magnetita (Fe2O3) foram sintetizadas através do método químico de coprecipitação. Em seguida foram encapsuladas com polímeros de Polycaprolactone (PCL) e Poloxamer 188 através da técnica de Nano Spray Drying. Microscopia eletrônica de dispersão de luz dinâmica mostrou que os diâmetros hidrodinâmicos são da ordem de 50 nm para as nanopartículas e de aproximadamente 600 nm para partículas encapsuladas, com aspecto análogo a de uma massa da mistura PCL/Poloxamer com nanopartículas de magnetita incorporadas. As nanopartículas apresentam um comportamento superparamagnético a 300 K, com coercividade insignificante e o encapsulamento não altera essas propriedades. Ensaios de citotoxicidade mostraram que as nanopartículas são seguras para serem usadas em testes de aplicações biológicas in vivo, sugerindo que elas podem ter afinidade por tumores, o que pode ser útil para as aplicações biológicas pretendidas.

Esse trabalho é parte da dissertação de mestrado de Caio Perecin, orientado pelo Prof. Sergio Yoshioka defendida no Instituto de Química de São Carlos, USP. Ele conta ainda com as colaborações da Dra. Natalia Cerize, da Dra. Patricia Léo e do Dr. Adriano de Oliveira do Instituto de Pesquisas Tecnológicas e do Dr. Xavier Gratens e do Prof. Valmir Chitta do Instituto de Física da USP.

O artigo “Magnetite Nanoparticles Encapsulated with PCL and Poloxamer by Nano Spray Drying Technique”, publicado em dezembro de 2016, na revista Nanoscience and Nanotechnology está disponível no link:

http://article.sapub.org/10.5923.j.nn.20160604.03.html

Veja também em anexo matéria do Jornal da USP publicada no dia 16.11.2016 de autoria do jornalista Antonio Carlos Quinto.

Contatos:

Valmir A. Chitta (3091-7099) – E-mail: vchitta@if.usp.br

Data Publicação: 
segunda-feira, 24 Abril, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quarta-feira, 31 Maio, 2017

Pesquisa publicada na Revista Neural Networks

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Spike timing-dependent plasticity induces non-trivial topology in the brain

Revista Neural Networks

Há algum tempo o homem utiliza a arte de descrever matematicamente um fenômeno para modelar sistemas biológicos. O cérebro é um destes sistemas e atualmente apresenta-se como um dos focos de estudo mais promissores da ciência. Na busca por respostas sobre esse sistema com aproximadamente 100 bilhões de neurônios, cada um com cerca de 10 mil conexões é crescente o estudo comportamental dos entes dispostos em uma rede.

No contexto destes estudos, alguns integrantes do grupo Controle de Oscilações do Instituto de Física da USP desenvolvem trabalhos em parceria com IES no Brasil e no exterior. Em um trabalho recentemente publicado, apresentam o estudo da capacidade do neurônio, disposto em uma rede, mudar temporária ou permanentemente suas conexões e comportamento.

Conforme explica a jovem pesquisadora do Instituto de Física Kelly C. Iarosz, “O cérebro é basicamente constituído por neurônios com diferentes funções. Apresenta-se dividido em dois hemisférios (esquerdo e direito), tais são unidos por fibras nervosas e estão em constante comunicação. Quando acontece desta comunicação deixar de existir por alguma razão, a informação tentará encontrar uma outra via para chegar ao seu destino. Esta capacidade de reorganização dos caminhos neurais em resposta a novas informações, ambientes, desenvolvimentos, estímulos sensoriais ou danos, denomina-se neuroplasticidade”. Kelly explica a importância em entender o mecanismo de plasticidade cerebral para aplicações futuras na medicina e no dia a dia das pessoas. E ainda comenta que “os trabalhos desenvolvidos até o momento levam em consideração a plasticidade sináptica do cérebro. Tal plasticidade pode ser intensificada ou inibida, e esse processo afeta diretamente os indivíduos, um exemplo seria a aprendizagem”.

A integrante do trabalho chama a atenção para os resultados encontrados ao longo dos anos, mostrando os efeitos da plasticidade sináptica dependente do tempo (STDP) sobre o comportamento síncrono e a topologia das redes neurais envolvidas”. No atual trabalho “revela que a evolução da rede utilizada resulta em uma topologia complexa” e ainda explica que “a STDP baseada em regras de Hebb resulta em uma mudança na direção das sinapses entre os neurônios de altas e baixas freqüências”.

Além dos três físicos do grupo de Controle de Oscilações do Instituto de Física, Iberê L. Caldas, Kelly C. Iarosz e Fernando S. Borges esse trabalho contou com pesquisadores Antonio M. Batista (Universidade Estadual de Ponta Grossa), Rafael R. Borges (Universidade Federal Tecnológica do Paraná), Ewandson L. Lameu (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Murilo S. Baptista (University of Aberdeen, Reino Unido) e Chris G. Antonopoulos (Universidade de Essex, Reino Unido).

O artigo “Spike timing-dependent plasticity induces non-trivial topology in the brain”, publicado no 31.01.2017, na revista Neural Networks está disponível no link:

http://dx.doi.org/10.1016/j.neunet.2017.01.010

Contatos:

Iberê Luiz Caldas (3091-6914) – E-mail: ibere@if.usp.br

Kelly Cristiane Iarosz (3091-6657) – E-mail: kiarosz@if.usp.br

Data Publicação: 
quinta-feira, 20 Abril, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quarta-feira, 31 Maio, 2017

IFUSP no Pint of Science Brasil 2017

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Foto: Bar Memorial - divulgação do Pint of Science 2017


CIENTISTAS DO IFUSP PARTICIPARÃO DO PINT OF SCIENCE

O festival internacional de divulgação científica, PINT OF SCIENCE 2017, acontecerá nos dias 15, 16 e 17 de maio, em 22 cidades no Brasil.

A programação completa está divulgada na página do Facebook:

https://www.facebook.com/pintbrasil/

A programação de SP está no link:

http://posbrazil.wixsite.com/posbrazil/sao-paulo17

Os docentes do IFUSP se apresentarão no BAR MEMORIAL: 

http://www.barmemorial.com.br/

Endereço: Rua República do Iraque, 1326 - Campo Belo - São Paulo - SP

Telefone: 5052-7468 / 94023-2985

Mais informações sobre a participação dos docentes do IFUSP no evento:

http://posbrazil.wixsite.com/posbrazil/copy-of-sp1

Malú - Comissão de Cultura e Extensão do IFUSP: 3091.6681

E-mail: ccex@if.usp.br

Data Publicação: 
terça-feira, 11 Abril, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quarta-feira, 17 Maio, 2017

Pesquisa de brasileiros é destaque na Nature

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Imagem: fotografia de uma cobra cascavel  (crotalus sul-americanos durissus terrificus (Viperidae)
Fonte:  CC0 Public Domain/ Divulgação



Biophysical studies suggest a new structural arrangement of crotoxin and provide insights into its toxic mechanism

Revista NATURE – Scientific Reports

Pesquisa publicada on line em 03 de março de 2017.

http://www.nature.com/articles/srep43885

Uma pesquisa publicada no início deste mês na revista Scientific Reports, da Nature, por um grupo de pesquisadores brasileiros, forneceu um modelo  estrutural detalhado da Crotoxina (CTX), uma neurotoxina encontrada em venenos de cobras cascavéis, favorecendo potenciais aplicações terapêuticas desta proteína, como: imunomoduladores, anti-inflamatórias, analgésicas, antitumorais, entre outras.     

“Mecanismo de toxicidade da crotoxina revelado por estudos biofísicos”

A crotoxina (CTX) é uma neurotoxina encontrada em venenos de cobras cascavéis (Crotalus durissus terrificus). Este complexo proteico é um heterodímero composto de uma proteína não-tóxica e não enzimática (CA) e outra proteína fosfolipase com características tóxicas (CB).  Essa neurotoxina tem diversas potenciais aplicações devido a sua ação paralisante semelhante a toxina butolínica (popular BotoxTM), sendo proposta como medicamento para tratamento do estrabismo devido a seus efeitos serem mais duradouros do que a toxina butolínica. Além disso, aplicações como potencial agente terapêutico, anti-inflamatório e anti-tumoral também são propostas.

Em um artigo recente publicado na revista Nature Scientific Reports (Scientific Reports 7, Article number: 43885 (2017)), pesquisadores da UNESP, USP, UFMG e FUNED obtiveram informações sobre o mecanismo de ação da CTX, indicando quais regiões  desta proteína estão envolvidas com a toxicidade. Neste trabalho a combinação de técnicas de calorimetria de titulação isotérmica (ITC), espectroscopia de fluorescência (FE), dicroísmo circular (CD), espalhamento de luz dinâmico (DLS) e espalhamento de raios X a baixos ângulos (SAXS) permitiram a obtenção de um modelo estrutural para a CTX indicando que os triptofanos da proteína estão localizados na interface entre os domínios CA/CB enquanto a região N-terminal do domínio CB é exposta ao solvente.

Este estudo contou com participação do Prof. Cristiano Luis Pinto de Oliveira e de sua ex-aluna de mestrado, Ranata Naporano Bicev, do Departamento de Física Experimental, do Instituto de Física da USP. O Prof. Oliveira foi o responsável pelo planejamento dos experimentos de SAXS que foram realizados no equipamento de Laboratório, NANOSTARTM, presente no IFUSP; analise e modelagem avançada dos dados de espalhamento. Através desta modelagem, combinando o ajuste dos dados de SAXS, estruturas atômicas de alta resolução disponíveis para as proteínas CA e CB e informações provenientes de fluorescência, foi possível obter um modelo estrutural para a estrutura do complexo em solução. Com base nesta estrutura, importantes conclusões sobre o mecanismo de ação da proteína puderam ser obtidas. 

 

Figura 1– Estrutura do complexo CTX obtido pela modelagem dos dados de SAXS. Esquerda: dados de SAXS (círculos) modelagem otimizada usando domínios cristalográficos (linha vermelha) e modelagem otimizada usando domínios cristalográficos e resíduos faltantes (linha azul). Direita: domínios cristalográficos (hélices), resíduos faltantes, modelados com base nos dados de SAXS (esferas solidas) e média de 20 ajustes independentes (esferas semitransparentes). (Tirado de Fernandez et al, 2017).



As informações detalhadas das estruturas terciárias e quaternárias da CTX são essenciais para a compreensão dos efeitos imuno-modulatório, anti-inflamatório e analgésicos da CTX. Além disso, esse complexo proteico possui ações anti-tumorais bem como pode inibir o crescimento de tumores, toxicidade contra células tumorais e indução de apoptose e informações estruturais que são muito importantes para o design de novos agentes terapêuticos.

Contato :

Departamento de Física Experimental do Instituto de Física da USP

Prof. Cristiano Luis Pinto de Oliveira

E-mail:  crislpo@if.usp.br

Telefone: (011) 3091-7164  

Referencia: 

Fernandes, C. A. H.; Pazin, W. M.; Dreyer, T. R.; Bicev, R. N.; Cavalcante, W. L. G.; Fortes-Dias, C. L.; Ito, A. S.; Oliveira, C. L. P.; Fernandez, R. M.; Fontes, M. R. M., Biophysical studies suggest a new structural arrangement of crotoxin and provide insights into its toxic mechanism. Scientific Reports 2017, 7, 43885.

Data Publicação: 
quarta-feira, 29 Março, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
domingo, 30 Abril, 2017

Pesquisa em destaque na Physical Review Letters

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Imagem: gráfico sobre o poder de freamento de protons em AI e Au  
Fonte: Marcos.V. Moro/Divulgação

 

Electronic Stopping of Slow Protons in Transition and Rare Earth Metals: Breakdown of the Free Electron Gas Concept

Revista Physical Review Letters

Pesquisa publicada como sugestão dos editores em 08 de março de 2017.

http://journals.aps.org/prl/highlights

http://journals.aps.org/prl/abstract/10.1103/PhysRevLett.118.103401

Aluno de doutoramento do Grupo de Física Aplicada do IFUSP, Marcos Vinicius Moro, em trabalho de colaboração com Laboratórios da Áustria, Suécia e Espanha, acaba de publicar trabalho inédito sobre Poder de Freamento Eletrônico, assunto de pesquisas por mais de 100 anos.

Falhas do modelo de FEG para cálculo da perda de energia de íons 
em metais de transição e terras raras.

O grupo de físicos nucleares da Johannes Kepler University, Áustria, liderado pelo Prof. Dr. Peter Bauer e com colaboração do pesquisador doutorando Marcos V. Moro do Instituto de Física da USP com bolsa da FAPESP, tiveram artigo publicado na Physical Review Letters como destaque do editor. Segue o resumo do conteúdo.

Quando um íon colide com a matéria em baixas velocidades (i.e. menores que a velocidade de Fermi) o processo de perda de energia é dominado praticamente pela interação com os elétrons “livres” da banda de valência do material alvo. Neste regime, o modelo de Free Electron Gas (FEG) resulta numa bem verificada proporcionalidade da perda de energia com a velocidade do íon para muitos elementos (principalmente metais). Entretanto, desvios do modelo vêm sendo reportadas desde o início da década de 90 para elementos pertencentes à classe dos metais nobres (tais como Au e Ag), que vem sendo atribuídos à configuração das bandas eletrônicas destes elementos.

No trabalho, medidas experimentais da perda de energia em Pt e Gd, revelaram que o modelo de FEG também falha para estes elementos que apresentam altas densidades de estados tanto abaixo quanto acima da energia de Fermi. Para o Gd, medidas precisas [1] da perda de energia foram estendidas para energias que cobrem o máximo de freamento (ou Pico de Bragg); [2]. Na figura, proporcionalidade da perda de energia com a velocidade do próton em alumínio é evidente assim como o desvio no caso do ouro. 

Referências:

[1] M.V. Moro, T. F. Silva, A. Mangiarrotti, Z. O. Guimarães-Filho, M. A. Rizzutto, N. Added and M. H. Tabacniks, Phys. Rev. A 93 022704 (2016).

[2] D. Roth, B. Bruckner, M. V. Moro, S. Gruber, D. Goebl, J. I. Juaristi, M. Alducin, R. Steinberger, J. Duchoslav, D. Primetzhofer and P. Bauer, Phys. Rev. Letters 118 103401 (2017).

Contato:

PhD(c) Msc. Marcos Vinicius Moro - Physicist

Institute of Physics - University of Sao Paulo
Phone:    +55 11 3091 7079 (Brazil)
Whatsapp: +43
 660 1723096 (Áustria) - [Preferido]
E-mail: moro@if.usp.br
Skype: marcos.vinicius.moro

Data Publicação: 
quinta-feira, 23 Março, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
domingo, 30 Abril, 2017

Pesquisa publicada na Nature - Communications

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Vicious circle of drought and forest loss in the Amazon

Revista NATURE – Communications

Pesquisa publicada on line em 13 de março de 2017.

http://www.nature.com/articles/ncomms14681

As árvores da floresta Amazônica podem morrer devido a falta de chuvas. Quando isso ocorre, há uma redução da transpiração das plantas, o que leva a diminuição da umidade relative do ar, e finalmente ocorre uma redução maior das chuvas. Efeitos “auto-amplificados” como este podem ter um efeito domino, causando secas ainda mais intensas, e forçando uma mudança do tipo de vegetação dominante: de floresta tropical úmida para cerrado, em um processo conhecido como savanização. Mudanças de uso do solo, como o desmatamento, as queimadas e a exploração madeireira, juntamente com as mudanças climáticas  aceleram este processo de uma maneira não linear, tornando-o difícil de prever.  

Uma equipe de pesquisadores do Brasil e de vários países concluiu que, se as estações secas se intensificarem com a mudança climática causada pelo homem, o risco de perda de floresta auto-amplificada pode aumentar ainda mais. Para detectar esse comportamento não-linear, os pesquisadores construíram uma rede complexa para representar os fluxos de água na atmosfera. Esta metodologia, usada por físicos para estudar sistemas dinâmicos, permitiu analisar o problema de um ângulo diferente.

"A floresta amazônica é um dos pontos críticos no sistema terrestre", diz Delphine Clara Zemp, autora principal da pesquisa. Ela é pesquisadora do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático e da Georg-August-Universität Göttingen, na Alemanha. "Já sabemos que, por um lado, a redução das chuvas aumenta o risco de extinção florestal e, por outro lado, a perda florestal pode intensificar as secas regionais. Assim, mais secas podem levar a menos floresta levando a mais secas e assim por diante. No entanto, as consequências desse feedback entre as plantas no solo e a atmosfera acima delas até agora não estavam claras. Nosso estudo fornece uma nova visão sobre esta questão, destacando o risco de auto-amplificação. No entanto, se houver uma grande variedade de espécies de árvores em uma área reflorestada, de acordo com o estudo, isso pode aumentar significativamente a chance de sobrevivência.

As enormes florestas tropicais produzem impressionantemente grande parte da água de que necessitam, evaporando a umidade que, em seguida, volta na forma de chuvas. "O ciclo da água amazônica é naturalmente pura física e biologia, mas também é uma das grandes maravilhas da natureza", diz o co-autor da pesquisa, Prof. Henrique M.J. Barbosa, docente do Instituto de Física da Universidade de São Paulo. "Apesar de muito poderoso, o ciclo hidrológico também é muito suscetível às mudanças ambientais – e a humanidade está impondo perturbações maciças na Amazônia, cortando as árvores e aquecendo o ar com gases de efeito estufa, o que reduz o transporte de umidade em grande escala e a precipitação, e que acabam afetando até mesmo partes da floresta que não foram pertubadas diretamente."

Mesmo que a precipitação média seja estável, períodos prolongados de seca aumentam o risco de que a maior parte da floresta amazônica possa ser substituída por outro tipo de vegetação, mais adaptado a maior temperatura e menor precipitação, como o Cerrado, processo conhecido por savanização.

"Hoje, a estação úmida está ficando mais úmida e a estação seca mais seca no sul e leste da Amazônia, devido à variação da temperatura da superfície do mar que influencia o transporte de umidade entre os trópicos", diz Anja Rammig pesquisadora da Technische Universität München (TUM) e PIK. "Não está claro se isso vai continuar, mas as recentes projeções indicam que possa haver uma seca generalizada na região".

Mesmo se a precipitação média não mudar drasticamente, os prolongados eventos de seca poderão causar a perda de floresta auto-amplificadora, eventualmente transformando-a em um savana. "As mudanças projetadas da precipitação para o fim do século XXI não conduzirão ao fim absoluto da Amazônia", diz o também co-autor da pesquisa, Carl Schleussner do thinktank Berlin Climate Analytics e PIK. "Mas nossas descobertas sugerem que grandes partes estarão certamente em alto risco."

Curiosamente, quanto mais diversa a vegetação amazônica é, menos vulnerável parece ser. A diversidade tem o potencial de diminuir os efeitos da perda de floresta auto-amplificada. "Uma vez que cada espécie tem uma maneira diferente de reagir ao estresse, ter uma grande variedade deles pode ser um meio para a resiliência do ecossistema", diz Marina Hirota, uma das autoras da pesquisa e docente da Universidade Federal de Santa Catarina.

O artigo está em anexo e também pode ser acessado on line em:

http://www.nature.com/articles/ncomms14681

Contato:

Prof. Henrique M.J. Barbosa - Skype: hmjbarbosa

http://www.fap.if.usp.br/~hbarbosa

E-mail: hbarbosa@if.usp.br

Data Publicação: 
quarta-feira, 15 Março, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
domingo, 30 Abril, 2017

Pesquisa em destaque na Nature Nanotechnology

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Pesquisa sobre Nova Estrutura Fotônica é destacada pelos editores da revista Nature Nanotechnology

Artigo sobre nova estrutura fotônica feito em parceria por pesquisadores do IFUSP e da Universidade Nova de Lisboa é destaque deste mês dos editores da revista Nature Nanotechnology

A possibilidade de manipular a luz, sua polarização, propriedades de reflexão e transmissão se constitui numa demanda crescente das tecnologias de informação. Os cristais fotônicos apresentam soluções para esse tipo de demanda, funcionando essencialmente como um “diodo óptico”, permitindo ou barrando a luz incidente no dispositivo. Os cristais líquidos que se organizam em estruturas periódicas são exemplos de matéria prima para esse tipo de dispositivos. Recentemente um grupo de químicos da Universidade Nova de Lisboa, liderados pela Profa. Dra. Maria Helena Godinho, produziram filmes de nanocristais de celulose com propriedades ópticas excepcionais: são iridescentes, refletem seletivamente luz polarizada à esquerda e transmitem luz circularmente polarizada à direita. As propriedades ópticas desses filmes foram incrementadas com a colocação de um cristal líquido na estrutura do filme (entumecimento). O mais interessante é que essas propriedades ópticas podem ser “sintonizadas” por meio da aplicação de campo elétrico no material e variando a sua temperatura. A caracterização estrutural utilizando a técnica de espalhamento de raios X a baixos ângulos foi feita no laboratório do Grupo de Fluidos Complexos do IFUSP.

O trabalho originado desse estudo foi publicado no dia 10 de novembro na revista Advanced Materials e virou matéria de capa da edição on line de janeiro de 2017.

Os pesquisadores do IF-USP envolvidos nesse trabalho são o Prof. Cristiano de Oliveira, o MSc. Dennys Reis e o Prof. A.M. Figueiredo Neto

O comentário dos editores da Nature pode ser consultado em:

NATURE NANOTECHNOLOGY | VOL 12 | MARCH 2017 |

www.nature.com/naturenanotechnology

SERVIÇO:

Laboratório do Grupo de Fluidos Complexos do Instituto de Física da USP.

http://portal.if.usp.br/gfcx/pt-br

Contato do Prof. Antônio Figueiredo Neto: afigueiredo@if.usp.br

Telefone: 3091-6830

Data Publicação: 
quarta-feira, 15 Março, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
domingo, 30 Abril, 2017

Desvendando a Física do Corpo Humano

DESVENDANDO A FÍSICA DO CORPO HUMANO

BIOMECÂNICA

Autores:

Profª. Drª. Emico Okuno (IFUSP)

Luciano Fratin (Fundação Armando Álvares Penteado)

Lançamento da 2ª edição do livro e conversa com os autores

Quinta-feira, dia 16 de março, das 18 às 20h.
Local: Livraria da Vila - Moema
Endereço: Av. Moema, 493 - Informações: (11) 4196-6000

Breve resumo do livro:

Desvendando a Física do corpo humano - Biomecânica mostra ao leitor como realizar uma abordagem qualitativa e quantitativa dos conceitos físicos envolvidos na biomecânica. O leitor vislumbra também como as leis da mecânica podem servir para entender as condições de equilíbrio estático e de equilíbrio dinâmico de uma das maravilhas da natureza; o corpo humano.

A linguagem matemática utilizada na Física sempre foi responsabilizada pela dificuldade que os estudantes encontram em seus estudos. Por isso, neste livro, todo conceito apresentado é seguido de exemplos explicativos e na sequência são propostos exercícios de aplicação e fixação.

Contato:

Emico Okuno
Laboratório de Dosimetria das Radiações e Física Médica - Bloco F sala 110
Departamento de Física Nuclear, Instituto de Física, USP
Rua do Matão, 187 - Travessa R
CEP 05508-090 Butantã
S. Paulo, Brasil
tel: 55 11 30916994

E-mail: eokuno@if.usp.br

Data Publicação: 
quinta-feira, 9 Março, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quinta-feira, 16 Março, 2017

Editors' suggestion da Physical Review C

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Referência da Imagem: Plasma de Quarks e Glúons
Divulgação – Fonte: DFM-IFUSP

 

"Hydrodynamic predictions for mixed harmonic correlations in 200 GeV Au+Au collisions"

Revista PHYSICAL REVIEW C

Pesquisa publicada em 1º de março de 2017, como Highlights/Editors'suggestion

Logo após o Big Bang, o Universo era composto por uma mistura de partículas em um estado quente e denso, chamado de Plasma de Quarks e Glúons. O Universo se expandiu e assim se esfriou, fazendo com que os quarks e glúons  se arranjassem em novas formas, chamadas de hádrons, tais como os nêutrons e os prótons.

O Universo continuou a se expandir e assim esfriou ainda mais, os nêutrons e prótons se agruparam em núcleos e mais tarde os átomos foram formados.

A matéria existente no início do Universo, o Plasma de Quarks e Glúons, pode ser criada em laboratório acelerando núcleos até perto da velocidade da luz, e fazendo-os colidir em máquinas como o  RHIC (Relativistic Heavy Ion Collider) no Brookhaven National Lab, nos Estados Unidos, e o LHC (Large Hadron Collider) no CERN, na Suíça. Em cada colisão, uma minúscula gota de Plasma é criada, expandido-se e esfriando-se formando hádrons. Estudar o Plasma de Quarks e Glúons é um desafio, pois cada gota "sobrevive" pouquíssimo tempo, e o Plasma não é observado diretamente pelos detectores, somente os hádrons.

Uma das maneiras de investigar estas colisões é justamente medir a distribuição angular de hádrons (principalmente píons, a famosa partícula co-descoberta pelo cientista brasileiro Cesar Lattes). Esta distribuição pode ser decomposta no que se designa série de Fourier, onde os coeficientes de Fourier trazem informações sobre o estado inicial do Plasma de Quarks e Glúons. Por exemplo, os cientistas já aprenderam que ele possui viscosidade muito pequena, sendo o líquido mais perfeito já criado em laboratório. Estudar como os coeficientes de Fourier se relacionam entre si, desde suas magnitudes até suas fases, traz informações sobre as flutuações iniciais de energia em cada colisão, é possível a partir daí investigar a resposta do meio à hidrodinâmica, como também a viscosidade do meio. Estas propriedades são importantes para conhecer mais profundamente a natureza fundamental da matéria fortemente interagente, e do estado do Universo pouco após o Big Bang. 

No artigo "Hydrodynamic predictions for mixed harmonic correlations in 200 GeV Au+Au collisions" de autoria de Fernando G. Gardim (UNIFAL), Frederique Grassi (USP), Matthew Luzum (USP) e Jacquelyn Noronha-Hostler (University of Houston-USA) publicado dia 01/03 como Highlights/Editors'suggestion pela revista Physical Review C, com apoio da FAPESP via os projetos 2015/00011-8 e 2016/03274-2, é apresentado o estudo das correlações dos coeficientes de Fourier, técnica chamada de "Mixed Harmonic Correlations", com algumas previsões para o RHIC  utilizando um modelo extensivamente testado pelos autores, além de apresentar detalhes de como fazer previsões que sigam de perto as condições experimentais. Os autores apontam também que qualquer desvio dos dados em relação a estas previsões trará informações importantes e não triviais sobre o estado inicial numa colisão e/ou as propriedades do meio criado.

A versão submetida do artigo pode ser encontrada no link:

http://lanl.arxiv.org/pdf/1608.02982v2

REFERÊNCIA DA PUBLICAÇÃO:

Editors’ Suggestion

Hydrodynamic predictions for mixed harmonic correlations in 200 GeV Au+Au collisions

Fernando G. Gardim, Frederique Grassi, Matthew Luzum, and Jacquelyn Noronha-Hostler
Phys. Rev. C 95, 034901 – Published 1 March 2017

https://journals.aps.org/prc/abstract/10.1103/PhysRevC.95.034901

Mais informações:

Profa. Frédérique Marie Brigitte Sylvie Grassi (11-3091-6867).

E-mail: grassi@if.usp.br

Data Publicação: 
segunda-feira, 6 Março, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sexta-feira, 31 Março, 2017

Artigo em destaque na Revista Nature

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Referência da Imagem: Araras Azuis ameaçadas de extinção 

Divulgação – Fonte: Wikimedia Commons

Trapping Phenomenon Attenuates the Consequences

of Tipping Points for Limit Cycles

Revista NATURE - Scientific Reports

Pesquisa publicada em 09 de fevereiro de 2017.

Sistemas dinâmicos complexos, desde a circulação oceânica e atmosférica até os diversos ecossistemas do planeta, estão expostos a limites críticos, "tipping points", onde pequenas variações nas condições de atuação podem produzir mudanças abruptas na dinâmica geral do sistema. Essas transições são, geralmente, caracterizadas pela destruição de um regime dinâmico estável em uma singularidade, que, na linguagem matemática para o tratamento de sistemas dinâmicos, é chamada de bifurcação.

Uma característica marcante das bifurcações tidas como “tipping points” é o perfil histerético, ou seja, uma vez que o limite crítico é alcançado e o regime dinâmico é abruptamente destruído, sua restauração não é mais possível pela simples reversão da tendência que causou a respectiva bifurcação.

Nesse contexto, um recente artigo publicado por dois pesquisadores brasileiros do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, lança luz sobre a extraordinária dinâmica que sucede um “tipping point”. Conforme explica o jovem pesquisador do Instituto de Física Everton S. Medeiros, “o comportamento dinâmico correspondente a um regime oscilatório estável  pode ocorrer de forma transitória mesmo depois de sua extinção em uma bifurcação”. Ainda segundo Everton: “Esse fato possui consequências diretas para o estudo de sistemas naturais realizados a partir da observação de séries temporais. Por exemplo, em dinâmica de populações, onde um tipping point delimita a extinção de um determinado ciclo populacional, a observação de ciclos transientes, mesmo depois da extinção do ciclo estável, causa a falsa impressão de equilíbrio populacional e atrasa a aplicação de estratégias para reverter a extinção.”. E ainda, “as transições críticas, que possuem o caráter histerético e, portanto, exigem medidas imediatas para reversão, podem ser erroneamente interpretadas como mudanças graduais de regime cujas estratégias de reversão são amenas”, acrescenta Everton.

Além dos dois físicos do grupo de Controle de Oscilações do Instituto de Física, Iberê L. Caldas e Everton S. Medeiros, esse trabalho contou  com dois outros pesquisadores: Murilo S. Baptista (University of Aberdeen,  Reino Unido) e Ulrike Feudel  ( Carl Von Ossietzky University Oldenburg,  Alemanha).

O artigo “Trapping Phenomenon Attenuates the Consequences of Tipping Points for Limit Cycles”, publicado no último dia 09.02.2017, na revista Nature Scientific Reports está disponível no link:

www.nature.com/articles/srep42351

Contatos:

Iberê Luiz Caldas (3091-6914) – E-mail: ibere@if.usp.br

Everton S. Medeiros (3091-6842) – E-mail: esm@if.usp.br



Data Publicação: 
quinta-feira, 16 Fevereiro, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sexta-feira, 31 Março, 2017

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