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Palestra e demonstrações no Parque da Água Branca

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Foto: Divulgação

Legenda: Prof. Mikiya Muramatsu apresentando experimentos do projeto Arte & Ciência no Parque para professoras da Escola Estadual Geraldo Justiniano de Rezende Silva, em Suzano – SP.

 

DEMONSTRAÇÕES NO PARQUE

“Brincando com a luz: sombras coloridas, arco-íris e laser”

 

Os espaços de educação não formal ajudam na compreensão do mundo da ciência e da cultura em geral, além de complementar os conteúdos do currículo escolar.

No próximo dia 28 de outubro, sábado, às 10h30, o professor Mikiya Muramatsu, docente associado sênior do Instituto de Física da USP e coordenador do projeto Arte & Ciência no Parque, vai ministrar uma palestra e fará demonstrações no Parque da Água Branca, no Auditório Paulinho Nogueira, em frente à arena.

Para o professor Mikiya, “as ações de divulgação científica realizadas em parques, praças ou feiras de ciências têm dois vértices que são muito importantes: o primeiro deles é o de garantir direitos, como o do acesso ao conhecimento e aos bens culturais produzidos pela humanidade e, nesse sentido, é fundamental que projetos de extensão universitária reflitam as pesquisas desenvolvidas e difundam temas atuais e de interesse da sociedade ajudando com isso a melhorar o nível cultural e reforçando assim a política de inclusão social, que é um dos grandes desafios do nosso país e, o outro aspecto, é que a divulgação científica deve feita de forma lúdica e atraente”.

Ele conta que o projeto Arte & Ciência no Parque foi concebido com o objetivo de difundir a ciência para um público que normalmente não tem acesso ao conhecimento dito científico, mas que o utiliza diariamente em suas vidas. Para o professor Mikiya, “quando o público toma contato com os experimentos apresentados, ele participa ativamente das atividades e assim passa a identificar a ciência e a tecnologia como parte do seu cotidiano e isso possibilita uma relação mais íntima com o conhecimento”.

Desde 2011, o projeto Arte & Ciência tem se apresentado nos parques de São Paulo, em diversas escolas públicas, nas praças, feiras e em congressos científicos mostrando a ciência e a tecnologia através de uma abordagem lúdica e interativa.

O professor Mikiya faz um convite à população paulistana para que, na manhã do dia 28.10, possa trazer seus filhos para acompanhar a apresentação “tomara que seja um dia bem ensolarado e agradável, pois é preciso estimular desde cedo o contato das crianças com o universo da ciência e isso pode ser feito em espaços de educação não formal, como o Parque da Água Branca. Além de permitir que elas tomem gosto pelo conhecimento, esse tipo de atividade pode ajudar a entender as transformações tecnológicas que as cercam”.   

 

Foto: Divulgação

Legenda: monitores do projeto Arte & Ciência no Parque fazendo demonstrações de experimentos científicos para os alunos e também para a comunidade do entorno da Escola Estadual Geraldo Justiniano de Rezende Silva, em Suzano – SP.

SERVIÇO:

Demonstrações no Parque “Brincando com a luz: sombras coloridas, arco-íris e laser”.

Dia: 28 de outubro, sábado, 10h30.

Local: Parque da Água Branca

Av. Francisco Matarazzo, nº. 455 – Auditório Paulinho Nogueira, em frente à arena.

Atividade gratuita, aberta a todas as pessoas de todas as idades.

Inscrições pelo site: http://portal.if.usp.br/extensao/ 

Data Publicação: 
segunda-feira, 23 Outubro, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sábado, 28 Outubro, 2017

Escola Avançada sobre Biofísica no IFUSP

Tema de Nobel de Química e Medicina, biofísica molecular atrai

130 alunos do Brasil e exterior para evento na USP

Curso do Instituto de Física da Universidade de São Paulo atrai inscrições de estudantes de pós-graduação e jovens cientistas de 8 Estados e 24 países

Depois do feriado do dia 12 de outubro, mais de 130 jovens brasileiros de 8 Estados e 24 países vão passar duas semanas discutindo biofísica molecular, tema que já rendeu no ano passado um prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia. Neste ano, o assunto também levou o Nobel de Química. São alunos de pós-graduação e jovens pesquisadores de áreas como Física, Biologia, Química, Biomedicina, Bioquímica, Neurociência e Biocomputação. Ao todo, serão 133 estudantes.

Os temas vão ser discutidos durante o curso São Paulo Advanced School of Science on Biophysical Methods to Study Biomolecular Interactions, que acontece entre os dias 16 e 27 de outubro no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP).

Serão dez dias mergulhados em questões que tratam de temas como criomicroscopia, que rendeu o Nobel de Química neste ano. Trata-se de uma técnica bastante nova que vem sendo usada na determinação da estrutura de proteínas de membrana, por exemplo.

“A aplicação prática disso é melhorar o conhecimento de estrutura e função de biomoléculas inseridas em membranas biológicas sem a necessidade de cristalização, muitas vezes difícil e não factível. O melhor entendimento da relação estrutura versus função tem potencial impacto na área de saúde e de prevenção.  Então, quem sabe, podemos ter no curso hoje um eventual candidato a uma grande descoberta e a um prêmio Nobel no futuro”, disse a professora Rosangela Itri, coordenadora do curso.

O curso recebeu mais de 300 pedidos de inscrição, o que surpreendeu os organizadores. Com a procura, o número de vagas oferecidas (50 para o Brasil e 50 para o exterior) teve que ser ampliado. Os estudantes selecionados estão desenvolvendo projetos de pós-graduação ou são pós-doutores em áreas relacionadas à biofísica.

São alunos trabalhando com aplicações de técnicas de espalhamento, ressonância paramagnética eletrônica e nuclear magnética no estudo da conformação de proteínas e interação de proteínas, peptídeos e fármacos com membranas celulares, por exemplo.  Eles fazem parte de universidades do Brasil e do Canadá, EUA, Cuba, México, Colômbia, Peru, Uruguai, Argentina, Chile, Austrália, África do Sul, Índia, Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Suécia, Holanda, Armênia, Bulgária, Hungria, Escócia e Inglaterra.

Durante o curso, eles terão estágios experimentais, aulas práticas, ministradas em laboratórios do IF e também do Instituto de Química da USP, e aulas teóricas. “Além do conhecimento, um fator importante na pesquisa é a troca de conhecimento, razão pela qual estão previstos vários momentos em que os participantes vão interagir entre si e com os palestrantes de renome na área”, apontou Rosangela Itri.

Entre os palestrantes internacionais, os alunos poderão ouvir, por exemplo, Angela Gronenborn, da Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, que estuda o vírus HIV.

Há outros palestrantes, como Yaakov Levy, do Instituto Weizmann de Ciência (Israel), Manuel Pietro, da Universidade de Lisboa (Portugal), Anthony Watts e Christina Redfield (Universidade de Oxford, Reino Unido), Bonnie Wallace e Robert Janes (Universidade de Londres, Reino Unido), Jose Maria Caraso (Centro Nacional de Biotecnologia, Espanha) e Nuno Santos (Universidade de Lisboa, Portugal).

No grupo de palestrantes brasileiros estão, além da professora Rosangela Itri, José Luiz Lopes, Leandro R.S. Barbosa e Kaline Coutinho, do IF-USP. Do Instituto de Química da USP participa o professor Roberto Salinas e, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto, Antonio Jose da Costa Filho. Também integram a programação Eneida de Paula e Lígia Nunes de Morais Ribeiro, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O curso é apoiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) por meio da modalidade Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) e tem o objetivo de propiciar aos alunos conhecimento sobre técnicas biofísicas usadas para estudar interações biomoleculares.

Desde 2010, a Fundação já contabiliza apoio a cerca de 60 eventos nessa modalidade. Além da realização do evento, a Fundação apoia os estudantes, que tem os custos de participação no curso, como com transporte e hospedagem, pagos pela Fundação. 

Mais informações: http://espca.fapesp.br/inicial/

Gerência de Comunicação da FAPESP / Assessoria de Comunicação

Fernando Cunha / cunha@fapesp.br / 11 3838 4151

João Carlos da Silva / jsilva@fapesp.br / 11 3838 4381

Assessoria de Comunicação do Instituto de Física/USP

José Clóvis de Medeiros Lima / noticias@if.usp.br / 11 3091 6965

Data Publicação: 
quarta-feira, 11 Outubro, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sexta-feira, 27 Outubro, 2017

Artigo em destaque na revista Physical Review B

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:
 
Artigo publicado na prestigiosa revista Physical Review B:
 
"Single vacancy defect in graphene: Insights into its magnetic properties from theoretical modeling"
 
Autoras: A. M. Valencia and M. J. Caldas Instituto de Física, Universidade de São Paulo
 
Abstract:
 
O artigo publicado vem de pesquisa teórica realizada durante o trabalho de doutoramento de Ana Maria Valencia, sob orientação de Marilia J. Caldas, tendo sido a tese recentemente apresentada. Trata-se de um tema de longa discussão entre a comunidade que estuda defeitos em grafeno: será a vacância (ausência de um átomo de carbono da rede) responsável por um momento magnético forte, fraco? Quanto será forte a interação entre vacâncias? Havia divergência de longa data nos resultados teóricos apresentados por pesquisadores renomados de vários institutos internacionais. Os resultados apresentados pela dupla do IFUSP explicam a razão das divergências anteriores, colocando ênfase na escolha dos métodos de simulação (de primeiros princípios). A figura destacada pelo “Kaleidoscopes” da revista Physical Review B ilustra a reconstrução estrutural realizada pelos átomos vizinhos à vacância, na forma mais simples conhecida como “ball-and-stick”, e se torna visualmente tão bonita graças à simetria hexagonal do material-base: novamente, o grafeno é material interessantíssimo e particularmente especial. 
 
Dados do artigo: 
PHYSICAL REVIEW B 96, 125431 (2017) Single vacancy defect in graphene: Insights into its magnetic properties from theoretical modeling A. M. Valencia and M. J. Caldas Instituto de Física, Universidade de São Paulo link para Keleidoscopes: https://journals.aps.org/prb/kaleidoscope/September2017 Link para a figura do artigo: https://journals.aps.org/prb/kaleidoscope/prb/96/12/125431

 

Data Publicação: 
segunda-feira, 9 Outubro, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
terça-feira, 31 Outubro, 2017

Livro de docente do IFUSP é finalista do Prêmio jabuti

Da Assessoria de Comunicação do IFUSP:

Um Pouco de Física do Cotidiano

Se o ar quente sobe, por que é frio nas montanhas e quente no litoral?

Autor: Prof. Otaviano Helene (IFUSP) - Livraria da Física

O livro escrito pelo Prof. Otaviano Helene está entre os 10 finalistas do Jabuti de 2017, na categoria Ciências da Natureza, Meio Ambiente e Matemática.

O resultado final sai no dia 30.10.2017

A lista com todas as indicações está aqui

http://premiojabuti.com.br/apuracao/f1/

 

        Breve resumo do livro:

Este livro procura a física existente em vários fenômenos comuns do nosso dia a dia, buscando respostas a perguntas que podemos fazer ao observar as coisas que acontecem à nossa volta. Afinal, como já está em seu subtítulo, se o ar quente sobe, por que não é quente nas montanhas e frio no litoral?

Muitas outras questões do mesmo tipo são discutidas no livro. Por exemplo, por que as ondas sempre chegam “de frente” nas praias, independentemente do lado para o qual elas são voltadas? Qual a diferença entre um tsunami e uma onda comum? E por que areia molhada é, usualmente, mais escura que areia seca?

Ou, ainda, o que o tamanho dos átomos pode nos dizer sobre as tão saborosas massas folhadas e o que a física pode nos ensinar sobre o desempenho dos atletas?

Essas e outras dezenas de questões são examinadas neste livro. Talvez elas sirvam para que as pessoas – e os estudantes em especial – apreciem melhor os fenômenos do nosso dia a dia e que a apreciação destes motive o interesse pelas ciências em geral e pela física em particular.

Serviço:

Livro: “Um pouco da física do cotidiano - se o ar quente sobre por que é frio nas montanhas e quente no litoral? ”

Prof. Dr. Otaviano Helene – IFUSP

E-mail: otaviano@if.usp.br

Editora:  Livraria da Física

Rua do Matão, Travessa R, nº. 187 – Cidade Universitária – S. Paulo - SP 

Data Publicação: 
sexta-feira, 6 Outubro, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
segunda-feira, 30 Outubro, 2017

Condutância eletrônica em sistemas nanométricos


Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

 

Pesquisa desenvolvida por físicos do Brasil e dos EUA avançam no entendimento da condutância eletrônica em sistemas nanométricos. 

Pesquisadores brasileiros contribuem para a teoria de transporte de elétrons em nanoestruturas complexas que podem gerar dispositivos eletrônicos inovadores.

Uma pesquisa recente liderada por físicos brasileiros conseguiu generalizar um resultado obtido há 25 anos pelos físicos Yigal Meir e Ned Wingreen para o cálculo das propriedades de transporte eltrônico em circuitos quânticos. O trabalho foi publicado no dia 12.09.2017, na prestigiosa revista científica Physical Review Letters da APS (American Physical Society), e contou com a participação do Prof. Luis Gregório Dias da Silva, docente do Instituto de Física da USP e dos Profs. Caio Lewenkopf, da Universidade Federal Fluminense, de Edson Vernek e Gerson Ferreira, ambos, da Universidade Federal de Uberlândia, além do Prof. Sergio Ulloa, docente da Universidade de Ohio.

A fórmula de Meir-Wingreen permite o cálculo teórico da condutância elétrica (o inverso da resistência) através de circuitos regidos pelas leis da Mecânica Quântica. Ela tem sido utilizada com sucesso para descrever a corrente elétrica e a condutância em sistemas mesoscópicos onde as interações eletrônicas são importantes.

A pesquisa foi motivada por resultados de experimentos de transporte quânticos realizados no Instituto Federal Suíço de Tecnologia (ETH) e na Universidade de Grenoble, França e foram publicados na mesma revista em 2015. Os pesquisadores do Brasil e dos EUA propureram uma nova interpretação para os dados experimentais obtidos pelo grupo do ETH, que envolve um ingrediente crucial: a interação entre os elétrons no sistema, levando ao chamado efeito Kondo. Segundo o Prof. Luís Gregório do IFUSP, a interpretação que o grupo do ETH dava era a de que, de alguma forma, o efeito Kondo era destruído quando o acoplamento entre um “ponto quântico” e a “cavidade ressonante” (elementos do circuito) era grande. A generalização da formúla de Meir e Wingreen, fruto desta pesquisa, mostrou que os resultados podem ser explicados por um modelo onde isso não ocorre.

Os autores brasileiros usaram esta nova fórmula para entender os efeitos de interferência quântica que levam a um comportamento diferente nos regimes de acoplamento forte e fraco entre o ponto quântico e a cavidade. Para o Prof. Sergio Ulloa, da Universidade de Ohio, “por 25 anos, os pesquisadores têm calculado a condutância eletrônica em sistemas de pontos quânticos nanométricos usando a famosa fórmula Meir-Wingreen ou fórmula MW, simplesmente. A fórmula MW é válida quando há um comportamento semelhante dos condutores de corrente esquerda/direita conectados ao sistema, conhecido como “acoplamento proporcional”.

A inovação da pesquisa atual está justamente no fato de que inclui a possibilidade de entender estruturas de geometria intrincadas nas conexões de  um ou de ambos os condutores que se conectam ao sistema de pontos quânticos. Isto vai muito além da simplificação de acoplamento proporcional previstos na fórmula de Meir-Wingreen.

Para o Prof. Luis Gregório, o estudo representa um avanço nas pesquisas que estão sendo realizadas na área. “Obtivemos uma solução para um problema que estava em aberto há 25 anos. Isto mostra que nosso entendimento sobre o que acontece com os elétrons nestes tipos de circuitos quânticos ainda não é completo, mesmo do ponto de vista teórico.”

Segundo ele, as aplicações práticas da pesquisa virão quando estes tipos de circuitos em nanoescala passarem a ser comercialmente viáveis.  “Vantagens não faltam: estes circuitos podem apresentar uma eficiência energética muito maior que os convencionais, além da possibilidade de serem miniaturizados em altas densidades de elementos por unidade de área. “Para se ter uma ideia, cada circuito cabe em um quadrado de cerca de 1 micron de lado. Ou seja: caberiam uns 10 mil destes circuitos no diâmetro de um fio de cabelo!”, afirma o professor do IFUSP.

O estudo foi publicado na revista Physical Review Letters :

https://journals.aps.org/prl/abstract/10.1103/PhysRevLett.119.116801

Contato:

Prof. Luis Gregório Dias da Silva

DFMT - Instituto de Física - Universidade de São Paulo
F: +55-11-3091 7154
http://www.fmt.if.usp.br/~luisdias/

PS – O prof. Luis Gregório publicou um texto contando os bastidores do longo trabalho e do processo de escrita do artigo em seu blog pessoal:

http://fisicafutebolfalacias.blogspot.com.br/2017/09/saiu-no-prl.html

Data Publicação: 
terça-feira, 19 Setembro, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
terça-feira, 31 Outubro, 2017

Descoberta importante na área de física de materiais

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Pesquisadores do Brasil e dos EUA fazem descoberta importante na área de física de materiais supercondutores

Artigo publicado por físicos da Universidade de São Paulo e da San Diego State University, Califórnia, EUA, propõe uma nova interpretação para a origem da supercondutividade do monoboreto de Nióbio.

O elemento químico Nióbio, um metal de transição, está localizado na família 5-B da tabela periódica. Seu símbolo químico é Nb e seu número atômico é 41. Devido ao seu alto ponto de fusão é denominado de refratário e utilizado em diversas ligas metálicas para aplicações em altas temperaturas. Além dessas propriedades, o Nb apresenta propriedades ditas supercondutoras abaixo de ~ 9.2 K, ou seja, a de apresentar estado de resistência elétrica nula e, portanto, de conduzir corrente elétrica sem perdas. Muitas ligas e compostos metálicos de Nb, como NbTi e Nb3Sn, são utilizados na fabricação de boninas supercondutoras para a produção de altos campos magnéticos, bobinas essas utilizadas desde o final da década de 50 do século passado.

O estudo aqui em perspectiva foi publicado em 08/09/2017 na revista Physical Review Materials – Phys. Rev. Materials, nova publicação da APS (American Physical Society), uma das associações de física mais importantes do mundo, e propõe que a fase cristalográfica do monoboreto de Nióbio, NbB, ao contrário do pressuposto e assumido por mais de 65 anos, não apresenta propriedades supercondutoras abaixo de aproximadamente 8,5 K. Os resultados experimentais obtidos pelos autores sugerem que a origem da supercondutividade observada em amostras de NbB está relacionada a uma outra fase cristalográfica, rica em Nb e provavelmente com composição Nb0.98B0.02, ou seja, essencialmente Nb puro. Essa fase supercondutora é observada precipitar nos chamados contornos de grãos das amostras estudadas pelos investigadores.

De acordo com a pesquisa, a supercondutividade, investigada em mais de 20 amostras de materiais com composições químicas próximas de NbB, não é oriunda desta fase e sim do metal Nb, mas com pequenas substituições de B na sua rede cristalina. O estudo também demonstrou, via diversas caracterizações estruturais, microestruturais, magnéticas, de transporte eletrônico e térmico, que a magnitude da temperatura crítica supercondutora dos materiais produzidos, similar a 9 K, é muito próxima daquela observada no elemento Nb (de ~ 9.2 K). Além desse conjunto consistente de resultados experimentais, os autores se valeram de um modelo físico para inferir que a propriedade supercondutora nos espécimes estudados seria relacionada a uma solução sólida rica em Nb com estequiometria próxima de Nb0.98B0.02 e não da fase NbB.

Segundo o professor Renato de Figueiredo Jardim, docente do Instituto de Física da USP, orientador da pesquisa que originou a dissertação de mestrado do aluno Fábio Santos Alves Abud (Supercondutividade na solução sólida (Nb1-xZrx)B, defendida em 19/08/2016) que serviu de base para o artigo científico, “a procura por novos materiais supercondutores experimentou um grande avanço a partir dos anos 40 do século passado e um dos pesquisadores importantes na descoberta desses novos materiais foi o Prof. Berndt Matthias. O seu grupo de pesquisa foi responsável pela descoberta de centenas de novos materiais supercondutores e ele uma liderança científica na área”. Ainda, segundo o professor Renato Jardim, “um dos materiais descoberto no ano de 1951 no grupo do Prof. Matthias foi o NbB (nióbio-boro), supostamente com temperatura crítica supercondutora de ~ 8,5 K. Esse material foi aquele com a maior temperatura crítica supercondutora nos chamados monoboretos de metais de transição. A fase NbB é citada como exemplo de supercondutor em livros e textos clássicos de física da matéria condensada, como as primeiras edições do “Introduction to Solid State Physics” de Charles Kittel. Adicionalmente, esses materiais a base de boro (boretos) estão sendo bastante estudados no momento, primariamente devido a descoberta no início da década passada de supercondutividade abaixo de ~ 38 K no MgB2.

A pesquisa foi financiada pelas agências de fomento FAPESP (Proc. No. 2013/07296-2, No. 2014/12401-2, e No. 2014/19245-6) e CNPq (Proc. No. 444712/2014-3 e No. 306006/2015-4 ).

O artigo “Absence of superconductivity in NbB ” está em anexo e ficará disponível no site da revista Physical Review Materials (https://link.aps.org/doi/10.1103/PhysRevMaterials.1.044803).

Assinam o artigo:

F. Abud e R. F. Jardim, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, L. E. Correa, I. R. Souza Filho e A. J. S. Machado, da Escola de Engenharia de Lorena, da Universidade de São Paulo, e M. S. Torikachvili, do Departamento de Física, da San Diego State University, California, USA.

Contato para informações:

Prof. Renato de Figueiredo Jardim

Instituto de Física, Universidade de São Paulo

São Paulo, Brazil

Tel: 55-11- 3091-6896 ou 55-11- 3091-7091

55-12- 3159-5005 ou 3159-5007 (EEL-USP-Lorena)

E-mail: rjardim@if.usp.br

 

Data Publicação: 
terça-feira, 12 Setembro, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quinta-feira, 12 Outubro, 2017

Pesquisa sobre efeitos da fumaça de queimadas

FUMAÇA DAS QUEIMADAS NA AMAZÔNIA CAUSAM SÉRIOS DANOS AO MATERIAL GENÉTICO E MORTE DE CÉLULAS PULMONARES HUMANAS

Um estudo publicado hoje (07/09/17) na revista Nature Scientific Reports mostrou com detalhamento inédito os danos na saúde ocasionados pela fumaça das queimadas na floresta Amazônica, cujos efeitos podem se estender por toda América do Sul. Este estudo, fruto de uma colaboração de pesquisadores da USP, UFRN, Fiocruz e UFRJ mostrou como a exposição à fumaça causa danos ao material genético e morte das células pulmonares. O estudo interdisciplinar foi financiado majoritariamente pela FAPESP.

Pela primeira vez, foi possível demonstrar que as partículas de queimadas da Amazônia ao entrarem nos pulmões aumentam a inflamação, o estresse oxidativo e causam danos genéticos nas células de pulmão humano. O dano no DNA pode ser tão grave que a célula perde a capacidade de sobreviver e morre.  Ou esta célula perde o controle celular e começa a se reproduzir desordenadamente, evoluindo para câncer de pulmão, diz a pesquisadora Nilmara de Oliveira Alves, autora principal do estudo. Para descobrir estes mecanismos, células de pulmão humano foram expostas a partículas coletadas na Amazônia e analisadas com técnicas bioquímicas avançadas, onde foi medido o grau de inflamação e de dano no DNA. Estas células podem induzir autofagia (processo que indica estresse celular) e também sofrer lesões no DNA que podem contribuir para formação de câncer, acrescenta Alexandre Vessoni, pesquisador do ICB-USP e atualmente na Universidade de Washington em St. Louis, nos EUA. Os mecanismos para isso foram desvendados no estudo. A figura abaixo ilustra o processo.

Mecanismo proposto para a ação de material particulado PM10 de queimadas da Amazônia. Em sua fase inicial, observamos dano no DNA e produção de compostos reativos e citocinas, com alterações nas mitocôndrias. Neste estágio, a ativação de autofagia (suicídio celular) também foi observada. PM10 também causou um aumento na expressão de proteínas p53 e p21, ligadas ao controle celular. Com o aumento da exposição, a célula fica incapacitada de continuar reagindo contra o invasor externo, e mecanismos de apoptose e necrose são iniciados, o que leva à morte da célula. A fragmentação do DNA induz a formação de γ-H2AX. Se os danos ao DNA persistem, induzem mutações, e podendo levar ao desenvolvimento de câncer de pulmão.

Neste trabalho, foram descobertos os mecanismos de morte celular e identificado um dos compostos responsáveis por isso. Quimicamente o composto químico reteno, um marcador de queimadas, tem um forte efeito na morte celular de células do pulmão.

A Amazônia sofre com o desmatamento e queimadas, consequências de um processo de ocupação desordenado, afirma o pesquisador Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, co-autor do estudo. Todo ano, em setembro e outubro, os focos de incêndios disparam, e uma nuvem de fumaça cobre toda a região amazônica, ocasionando sérios problemas respiratórios na população, como relatado em estudos anteriores coordenados pela pesquisadora Sandra Hacon, da FIOCRUZ-RJ, também co-autora do estudo. Ela analisou dados do SUS e concentração de poluentes e observou uma forte associação entre queimadas e efeitos na saúde, mas não se conhecia os mecanismos pelos quais o dano no pulmão ocorre.

Os pesquisadores coletaram amostras do material emitido na atmosfera pelas queimadas na região próxima à Porto Velho, uma das áreas mais atingidas pelos incêndios na Amazônia. Nessa fumaça, existe o material particulado, que é formado por uma mistura de compostos químicos. O médico patologista Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Instituto de Estudo Avançados da USP, explica que quanto menor a partícula, ela consegue penetrar mais profundamente no sistema respiratório, atingir os alvéolos pulmonares e ter contato com a corrente sanguínea, sendo mais prejudicial para a saúde.

A exposição ao material particulado é considerada uma das principais causas de câncer de pulmão de acordo com a Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC), vinculada à Organização Mundial de Saúde. A poluição causada pela queima de biomassa na Amazônia emite compostos químicos que são diferentes dos poluentes emitidos pelos veículos automotores e pelas indústrias nos centros urbanos. Outra novidade deste estudo é que um dos compostos emitido somente pela queima de biomassa (o reteno) é um dos grandes responsáveis pelos danos no DNA que observamos nas células pulmonares, afirma Silvia Batistuzzo, professora da UFRN e orientadora do trabalho.

No Brasil, onde ao longo dos últimos 30 anos observamos altas concentrações de material particulado na atmosfera como decorrência de emissões de queimadas, não há nenhum programa de melhoria da qualidade do ar decorrente da queima de biomassa. Nós esperamos que com estudos como este, incentive o monitoramento destas partículas finas que causa claramente danos à saúde, finaliza Carlos Menck, professor do ICB-USP e também orientador desta pesquisa.

Esta pesquisa foi financiada pelo CNPq (Nº 471033/2011-1), Rede CLIMA (Nº 550022/2014-7), FINEP (Nº 01.13.0353.00) e FAPESP, através dos projetos: Nº 2014/02297-3, 2014/15982-6, 2013/05014-0 e 2013/25058-1.

O título do artigo na revista Nature Scientific Reports é "Biomass burning in the Amazon region causes DNA damage and cell death in human lung cells”. Disponível em:  www.nature.com/articles/s41598-017-11024-3.

Mais informações com Nilmara de Oliveira Alves, no e-mail nilmaraoalves@gmail.com; Skype “alvesno”; fones (na França): + (33) 9 73 22 63 39 e +(33) 7 83 28 65 86. 

Prof. Paulo Eduardo Artaxo Netto - E-mail: artaxo@if.usp.br - Telefone: (11) 3091-7016 

Data Publicação: 
segunda-feira, 11 Setembro, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sábado, 30 Setembro, 2017

A Física Médica e a importância da profissão


Crédito: Homem de Vitrúvio – Desenho de Leonardo da Vinci – Wikipédia – domínio público

 

A Física Médica e a importância da profissão

Para falarmos dessa profissão tão importante para a área da física, mas também, para a área da saúde é fundamental pontuar historicamente alguns acontecimentos.

Leonardo da Vinci pode ser considerado um dos pioneiros da Física Médica devido aos seus estudos, no século XVI, acerca da biomecânica e da locomoção humanas, do movimento do coração e do fluxo sanguíneo no sistema cardiovascular.

Os conhecimentos da óptica possibilitaram a invenção do microscópio, que por sua vez possibilitou aos médicos uma melhor compreensão sobre anatomia e histologia, bem como a descoberta e o estudo de microorganismos no século XVII.

A descoberta dos raios X pelo alemão Wilhelm Conrad Röntgen, em 1895, é um marco na Física que continua a exercer um grande impacto na Medicina. Além de render-lhe o primeiro Prêmio Nobel de Física, o trabalho de Röntgen abriu caminhos para estudos que renderiam também o Prêmio Nobel a Antoine Henri Becquerel, Pierre e Marie Curie, pelas observações e interpretações das emissões de partículas provenientes de materiais radioativos (radioatividade). Em 1908, por formular hipóteses sobre substâncias radioativas, Ernest Rutherford foi laureado com o Nobel de Química.

Além desses, muitos outros cientistas receberam o Prêmio Nobel pelos seus trabalhos com a radioatividade. A utilização da substância rádio no tratamento de câncer de pele foi introduzida logo após a sua descoberta. Rapidamente evidenciaram-se os perigos de seu uso não controlado das substâncias radioativas, pois foram causa mortis e de doenças em pacientes tratados, e em alguns desses cientistas pioneiros. A partir dessa constatação, as primeiras organizações internacionais responsáveis pelas recomendações de proteção radiológica foram criadas.

A utilização de raios X e radioatividade no diagnóstico e na terapia foram responsáveis pela introdução de profissionais físicos no meio hospitalar, incorporando o aspecto interdisciplinar dessa nova área. O físico e matemático suíço Theophil Friedrich Christen doutorou-se em Medicina em 1905. Christen realizou treinamento médico e visitou importantes hospitais na Inglaterra e nos EUA. Ao retornar a Berna, criou uma clínica médica onde se dedicou principalmente à recém-criada área de Radiologia e preparou-se para o exame de habilitação em Fisioterapia. Em 1908, diante da Faculdade de Medicina de Berna defendeu uma tese não convencional para a época na área de Física Médica intitulada "A clareza das chapas médicas como problema de absorção" (Die Deutlichkeit des Röntgenbildes als Absorptionsproblem).

Nessa época, mais precisamente em 1913, o físico William Duane iniciou um trabalho sobre o uso de fontes de radônio para o tratamento de câncer num hospital em Boston. No mesmo ano, outro físico, Sydney Russ, começou a trabalhar com o mesmo problema no Middlesex Hospital em Londres. Gioacchino Failla, em Nova York, em 1915, com o objetivo de empregar radiações em procedimentos terapêuticos, iniciou a construção de geradores de radônio. Dessa forma, podemos afirmar que há um século estava criada a Física Médica.

O caráter interdisciplinar entre a Física e a Medicina pode ser destacado nos prêmios Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1979, divididos entre o Físico Allan Cormack e o engenheiro Godfrey Hounsfield pelo desenvolvimento da Tomografia Computadorizada, e pelo prêmio de 2003, compartilhado entre o físico Peter Mansfield e pelo químico Paul Lauterbur devido aos seus trabalhos no desenvolvimento da técnica de imagens por ressonância magnética.

Na década de 1950, médicos e profissionais de Física Médica já atuavam em conjunto. Nas décadas de 1960 e 1970, foram criadas legislações estabelecendo a atuação desse profissional em algumas áreas médicas, como radioterapia e Medicina nuclear. No Brasil, a área de Física Médica foi estruturada com a criação da Associação Brasileira de Física Médica (ABFM), em 1969. O nascimento desta Associação teve forte influência de profissionais da Universidade de São Paulo, tendo sua concepção ocorrida em uma reunião no Centro de Medicina Nuclear da Faculdade de Medicina da USP. Esta Associação tem um importante papel de liderança na Física Médica da América Latina, é associada à Associación Latino Americana de Física Médica (ALFIM) e à International Organization of Medical Physics (IOMP) e é muito respeitada internacionalmente.

Atualmente, o profissional físico médico atua principalmente nas áreas de radiologia diagnóstica e intervencionista, medicina nuclear, radioterapia, radiocirurgia, proteção radiológica, metrologia das radiações, biomagnetismo, radiobiologia, processamento de sinais e imagens biomédicas.

Apesar de o surgimento da Física Médica estar associado ao uso da radiação ionizante, essa área do conhecimento não mais se restringe a esse tipo de radiação. Assim, o crescente campo de atuação e contribuição dos profissionais da área de Física Médica é uma natural consequência do rápido avanço da ciência e da tecnologia, que tem trazido grande impacto nas condutas e nos procedimentos médicos e da saúde populacional. Como exemplo, podemos citar a biofotônica em que se tem constatado intenso avanço e desenvolvimento de novas técnicas de diagnóstico e terapia.

Esse ramo da Física é essencialmente multidisciplinar — pois trabalha com conhecimentos e técnicas básicas específicas da junção da Física, Biologia e Medicina — abrangendo hoje uma ampla área de atuação. O físico médico aplica os conhecimentos físicos em múltiplas técnicas terapêuticas, proporcionando fundamentação e bases teóricas para as modernas tecnologias aplicadas na área médica, ao mesmo tempo em que estabelece e avalia critérios de utilização segura e eficaz dos agentes físicos na área de saúde.

Os físicos médicos também participam, integrados e em sinergia com outros profissionais, da elaboração das bases necessárias de medição de variáveis biomédicas, desde calibração de equipamentos e monitoração de controle de radiação até controle de qualidade nos equipamentos empregados na área da saúde.

A FÍSICA MÉDICA NO BRASIL E NO IFUSP

A Física Médica no Brasil iniciou-se em 1969 através do curso de Física das Radiações na graduação do Bacharelado em Física, no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP). Na época, devido à falta de laboratórios especializados e de equipamentos próprios, alguns hospitais cederam seus equipamentos bem como suas instalações físicas.

O Instituto de Física da USP possui grande experiência na formação de pessoal de nível superior nas áreas associadas à Física Médica. Pelo Laboratório de Dosimetria e pelo grupo de Biofísica e Física Médica deste Instituto, sob a liderança das profas. Cecil Robilotta, Emico Okuno, Marília Teixeira da Cruz e Elisabeth Yoshimura, já foram formados mais de 30 mestres e cerca de 15 doutores em áreas correlatas à da Física Médica. Além disso, professores deste grupo costumam ministrar disciplinas que fomentam a formação de profissionais nesta área, como a Física das Radiações, Física do Corpo Humano, Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes e Não-ionizantes, entre outras.

Além da formação de profissionais, o Grupo de Dosimetria das Radiações e Física Médica do IFUSP desenvolve pesquisas aplicadas a diferentes áreas de fronteira na Física Médica. Entre elas, destaca-se:

  • Desenvolvimento de materiais dosimétricos;
  • Técnicas de dosimetria aplicada à tomografia computadorizada e à mamografia;
  • Espectrometria de raios X aplicadas ao diagnóstico por imagens;
  • Desenvolvimento de materiais radiologicamente equivalentes para aplicações em proteção radiológica;
  • Técnicas de controle de qualidade e dosimetria aplicadas em modalidades de diagnóstico por imagens;

Mais informações sobre o Grupo de Dosimetria das Radiações e Física Médica do IFUSP:

Laboratório de Dosimetria da Radiação

Docente Responsável: 

Elisabeth Mateus Yoshimura (Coordenadora), Ana Regina Blak, Paulo Roberto Costa e Emico Okuno

Email: 

e.yoshimura@dfn.if.usp.br; anablak@if.usp.br;  pcosta@if.usp.br  e emico.okuno@dfn.if.usp.br

Telefones: 

3091.6991/ 3091.6849/ 3091.7005

 

 

 

Data Publicação: 
terça-feira, 5 Setembro, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
sábado, 30 Setembro, 2017

Pesquisa sobre o etanol e a redução da poluição

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Uso de etanol em veículos reduz a emissão de nanopartículas em São Paulo

Escolha do combustível afeta a emissão de partículas menores que 50 nanômetros de diâmetro e causa problemas pulmonares e cardiorespiratórios

Estudo publicado na revista Nature Communications no dia 17 de julho mostrou que existe uma correlação entre a escolha do combustível veicular (etanol ou gasolina) e o número de nanopartículas no ar de São Paulo. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após medirem a concentração de partículas menores que 50 nanômetros de diâmetro, na cidade de São Paulo, e constatarem um aumento de 30% das concentrações dessas nanopartículas em função do uso da gasolina em vez de etanol em veículos do tipo flex.

De acordo com o estudo, a opção pela gasolina se deu em razão da alta do preço do etanol. O problema é que essas nanopartículas menores que 50 nanômetros penetram facilmente nos alvéolos pulmonares, causando problemas respiratórios e cardiovasculares. “Os milhões de motoristas em São Paulo usam gasolina ou etanol de acordo com o preço. Nosso estudo mostrou que quando se usa mais etanol do que gasolina temos menos nanopartículas”, diz o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP e um dos autores.

O economista brasileiro Alberto Salvo, pesquisador da Universidade Nacional de Singapura, liderou o estudo, que contou ainda com um químico da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, além dos físicos da USP. A partir dos resultados obtidos na estação do Instituto de Física na Cidade Universitária, coletados pelo grupo de Artaxo, a equipe multidisciplinar utilizou modelos estatísticos de econometria levando em conta tráfego, comportamento do consumidor, tamanho de partícula e dados meteorológicos de janeiro a maio de 2011.

“Estes dados foram estudados antes, durante e depois de uma flutuação forte no preço de etanol, que ocasionou uma troca de combustíveis consumidos em São Paulo”, ressaltou Artaxo, acrescentando que órgãos ambientais, como Cetesb e Conama, não regulam ou medem essas partículas muito pequenas. “Mas trabalhos recentes mostram que as nanopartículas têm um forte efeito negativo na saúde humana, o que confere mais uma vantagem no uso de etanol na redução da poluição do ar”.

Franz Geiger, químico da Northwest University, também coautor do estudo, salienta que o uso de biocombustíveis é agora uma questão global, sobretudo depois que Europa e Estados Unidos adotaram uso de biocombustíveis em larga escala. “A opção por veículos elétricos ou movidos a biocombustíveis nas cidades pode resultar na redução desta partículas ultrafinas”, complementa Salvo.

Para ele, São Paulo é um “laboratório do mundo real para estudo do comportamento humano na bomba de combustíveis e poluição do ar urbana”. Por esta razão, os pesquisadores pretendem estudar o que acontece com a saúde da população quando a troca de combustíveis etanol/gasolina é feita.

Vale ressaltar que São Paulo tem a maior frota urbana de veículos Flex no mundo, e é possivel observar como a mudança da composição do combustível utilizado possui um impacto forte no que é emitido pelo escapamento, e consequentemente na qualidade do ar. O efeito de redução de emissão de nanoparticulas com utilização de biocombustível já foi observado em laboratório anteriormente, mas é a primeira quantificação deste efeito no mundo real, coloca Joel Ferreira de Brito, pesquisador da USP, também autor do trabalho.

“Esperamos que com estudos como este, incentive o monitoramento destas partículas ultrafinas que tem acesso direto aos alvéolos pulmonares, e fortes efeitos na saúde, diz Paulo Artaxo. Monitorar somente partículas maiores e gases pode não ser suficiente para proteger a saúde da população”, complementa Artaxo.

O estudo observou também que não houve alterações na concentração de partículas maiores, com concentrações regulamentadas atualmente, mas com menor efeito negativo na saúde. Estas partículas incluem o chamado particulado fino, com diâmetro menor que 2,5 mícron (PM2.5) e partículas menores que 10 mícron (PM10).

A pesquisa foi financiada pela FAPESP, através do projeto 2013/25058-1. O artigo “Reduced ultrafine particle levels in São Paulo’s atmosphere during shifts from gasoline to ethanol use” está disponível no site da revista Nature Communications.

Contato para informações: Prof. Paulo Artaxo – artaxo@if.usp.br

Data Publicação: 
segunda-feira, 31 Julho, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
quinta-feira, 31 Agosto, 2017

A nanotecnologia e a transição energética

Da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP:

Contribuições de simulações moleculares e nanotecnologia para recuperação melhorada de petróleo e transição energética com uso limitado de carbono

Por Prof. Caetano R. Miranda (DFMT – IFUSP)

               Entre os grandes desafios e problemas enfrentados hoje na área de Energia, em particular pela indústria do setor petrolífero, estão a recuperação melhorada do óleo e a exploração de fontes alternativas aos combustíveis fósseis. Uma tendência clara é a transição energética com o uso limitado de fontes de energia a base de carbono. Os avanços recentes em materiais nanoestruturados abriram uma ampla gama de novos materiais multifuncionais com um potencial promissor para o desenvolvimento de tecnologias energéticas mais eficientes para a exploração de combustíveis fósseis, bem como energias renováveis dentro do contexto de ciclo de carbono neutro (sem emissão de CO2).

               O grupo Sampa (Simulação Aplicada a Materiais: Propriedades Atomísticas) do Instituto de Física da USP vem desenvolvendo projetos em parcerias com empresas do setor de Petróleo e Gás e agências de fomento para o desenvolvimento de tecnologias para transição energética com uso limitado de carbono utilizando simulações moleculares e nanotecnologia. Os projetos caminham na direção de otimizar processos de extração de petróleo de maneira amigável ao meio-ambiente, propor nanoestruturas para catálise de etanol e desenvolvimento dos chamados combustíveis solares, matérias primas de maior valor agregado obtidas a partir do CO2 utilizando processos fotocatalíticos (com energia solar).

1)      Água “Esperta”

               Com a escassez de novas reservas, aumento da demanda e variações nos preços de derivados do petróleo, os processos de recuperação melhorada de petróleo tornaram-se não apenas necessários, mas economicamente viáveis. Esses processos visam revitalizar reservatórios maduros, aumentando a produção e estendendo assim seus ciclos de vida.

Com os recentes avanços tecnológicos e computacionais, tornou-se possível prover uma caracterização mais precisa dos reservatórios, permitindo a proposição de cenários e agilizando o processo de decisões no planejamento e desenvolvimento dos reservatórios para maximização da recuperação do petróleo. Entretanto, os chamados simuladores de reservatórios têm sua capacidade limitada, não apenas pelos modelos empregados, mas também pela confiabilidade e acurácia dos dados de entrada. No caso dos modelos, estes têm que descrever a complexidade de fenômenos físico-químicos que ocorrem durante o processo de injeção, acoplando as equações de fluxo de multicomponentes com as propriedades termodinâmicas dos sistemas envolvidos. Essas são muitas vezes ou desconhecidas ou não válidas na condição do reservatório.

               Usualmente, fluídos (salmoura, CO2, N2) são injetados com uma alternativa para aumentar a eficiência de extração do óleo em rochas, alterando dessa forma a permeabilidade e a pressão do óleo nas rochas. Recentemente, observou-se, a partir de diversos trabalhos experimentais e de modelagem, que a injeção de água de baixa salinidade leva a uma melhoria nos processos de EOR. Um dos grandes atrativos desse processo é o fato de ser uma tecnologia ambientalmente amigável e utilizar insumos in-situ.

               Entretanto, para uma aplicação otimizada, é necessário conhecer os mecanismos moleculares de seu funcionamento para a proposição da composição salina ótima para injeção. Nesse sentido, o Projeto “Simulações moleculares em multiescala com aplicações em recuperação melhorada de petróleo: baixa salinidade em carbonatos.”  com financiamento da Petrobras, visa utilizar simulações moleculares, para podemos obter diretamente informações sobre os mecanismos relacionados a melhora na extração por injeção de água de baixa salinidade, quantificarmos parâmetros relacionados às propriedades físico-químicas das interfaces, dissolução e precipitação das rochas que compõem o Pré-Sal, bem como efeitos de confinamento e das geometrias dos poros.  O conhecimento desses parâmetros a nível molecular, otimizam as escolhas das formulações dos fluidos a serem injetados. A integração das propriedades obtidas via simulações moleculares, podem diminuir as incertezas em simuladores de reservatórios (em escala de centenas de metros e quilômetros), melhorando o poder de predição e consequentemente maior embasamento para as decisões a serem tomadas pelos engenheiros de petróleo.

2)      Catálise de etanol

Outra linha de pesquisa é o desenvolvimento de nanoestruturas para catálise de etanol a serem utilizadas como combustível nas chamadas células a combustível, que tem uma eficiência na conversão de energia muito maior que motores a combustão interna (queima do etanol). Nesse sentido, a partir dos chamados cálculos de primeiros princípios estamos projetando nanopartículas metálicas do tipo core-shell que possam catalisar a quebra das ligações na molécula do etanol de forma mais eficiente utilizando materiais mais abundantes e com custo reduzido.  Nossos estudos mostraram que nanopartículas a base de Ouro e Platina induzem um alongamento da ligação C-O, que pode ser explorada para melhorar a reação de oxidação do etanol.

3)      Combustíveis solares

Também estamos desenvolvendo nanoestruturas que permitam a conversão do CO2 em outras matérias-primas com maior valor agregado (como metanol, ácido fórmico, etc). Para isso, é necessário entender a seletividade dessas nanoestruturas para cada um dos produtos e desenvolver nanoestruturas que possam otimizar esses processos.

CONTATO:

Prof. Dr. Caetano Rodrigues de Miranda

Telefone: (11) 3091-7009

E-mail: cmiranda@if.usp.br

Data Publicação: 
sexta-feira, 7 Julho, 2017
Data de Término da Publicação da Notícia: 
segunda-feira, 31 Julho, 2017

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