IFUSP na Mídia

Seca na Amazônia em 2023: o que aprendemos com a crise climática?

Calor extremo e estiagem severa causaram morte de peixes e isolamento de comunidades na Amazônia
Por: Agência Amazônica. Acesse aqui a matéria original.
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A seca dos rios e o calor extremo na Amazônia dispararam “alarmes” como nunca antes vistos na história da região. A morte de botos e peixes, os níveis de rios mais baixos na história, famílias isoladas, falta de insumos na indústria e risco de desabastecimento foram algumas das consequências, e especialistas já confirmaram: esses eventos climáticos extremos são consequências das mudanças climáticas, somadas ao fenômeno El Niño. Mas, depois dos prejuízos socioeconômicos que enfrentamos, o que aprendemos com a crise climática neste ano? E o que esperar para o futuro? 
*Com participação do pesquisador Paulo Artaxo, do IFUSP.

 

Artigo | Observation of interplay between phonon chirality and electronic band topology

Dos Autores Felix G. G. Hernandez, Andrey Baydin, Swati Chaudhary, Fuyang Tay, Ikufumi Katayama, Jun Takeda, Hiroyuki Nojiri, Anderson K. Okazaki, Paulo H. O. Rappl, Eduardo Abramof, Martin Rodriguez-Vega, Gregory A. Fiete e Junichiro Kono.
Em Science Advances - Publicado em 15/12/23.
Informações do pesquisador Felix Hernandez.

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A quiralidade de fônons encontra a topologia eletrônica 
Estudo liderado por pesquisador do IFUSP apresenta o controle inédito das propriedades magnéticas de fônons quirais através da sua interação com a topologia eletrônica. Novas aplicações tecnológicas podem resultar da conexão entre estes dois mundos.

Os sólidos possuem formas de vibração coletiva no nível atômico, chamadas de fônons, com propriedades que são determinadas pelas simetrias da rede cristalina. Em particular, quando as simetrias de espelho são quebradas, os fônons apresentam quiralidade e podem realizar movimentos circulares em um plano ou se propagar pelo material formando hélices. Uma nova pesquisa realizada por uma equipe internacional, liderada pelo Prof. Felix Hernandez na Universidade de São Paulo (USP) e pelo Prof. Junichiro Kono na Rice University nos Estados Unidos, demonstrou pela primeira vez que é possível controlar as propriedades destes fônons quirais através da interação com elétrons em materiais topológicos. Sendo que os fônons possuem grande importância fundamental, pois determinam as propriedades elétricas, térmicas e ópticas dos materiais, a descoberta deste controle topológico abre um amplo leque de oportunidades para inovadoras aplicações tecnológicas.  

Fônons quirais são um tema de estudo muito novo e com grande atenção na atualidade. Até recentemente não era sequer sabido se excitações coletivas bosônicas, como os fônons, poderiam apresentar quiralidade. Por outro lado, a quiralidade de fermions é um assunto que já foi profundamente estudado no contexto dos isolantes topológicos. Desta forma, existia uma clara necessidade de preencher este vazio no entendimento da quiralidade das partículas (e quase-partículas) que iniciou o interesse da comunidade de matéria condensada no assunto. 

O primeiro trabalho teórico prevendo a existência de fônons quirais em materiais bi-dimensionais e a sua respectiva observação experimental ocorreu há menos de 5 anos e focaram em modos de movimento circular confinados em um plano. Posteriormente, desde o ano passado, novos experimentais abordaram a existência de fônons que se propagam por sólidos formando hélices e que lembram espiras de corrente de tamanho atômico. Sendo que os fônons quirais possuem momento angular, seu uso apresenta potencial para novos fenômenos como a geração de campos magnéticos internos ao material ou correntes de spin para aplicações caloritrônicas, entre muitos outros. 

Os fônons quirais de terahertz e a conexão com a topologia dos elétrons

Anteriormente, em Phys. Rev. Lett. 128 075901 (2022), os mesmos autores do presente estudo demonstraram que fônons quirais podem ser controlados por campos magnéticos externos. Porém, o momento magnético encontrado em esse e outros artigos foi muito maior do que o esperado. Novas previsões teóricas nos últimos dois anos revelaram que contribuções eletrônicas às propriedades magnéticas dos fônons poderiam ser as responsáveis pelo grande aumento. Como o objetivo de testar este encontro entre os mundos da quiralidade de bosons e a topologia de fermions, a equipe de pesquisadores decidiu produzir e estudar filmes do isolante topológico cristalino Pb(1-x)Sn(x)Te. Este material apresenta uma transição de fase como função da concentração x, o que permitiu caracterizar amostras nas fases trivial e topológica e comparar os resultados. 

A determinação da influência da interação entre quiralidade e topologia no momento magnético de fônons ópticos requereu o uso de espectroscopia de terahertz no domínio do tempo (THz-TDS) resolvida em polarização e em baixas temperaturas e campos magnéticos intensos de até 30 T. 

Os resultados publicados agora na revista Science Advances podem ser resumidos nos seguintes pontos: - foi obtido um alto grau de dicroísmo circular magnético na fase topológica em campos menores do que os necessários para obter o mesmo grau na fase trivial, - o momento magnético é gigante na fase topológica com um aumento de duas ordens de grandeza em comparação com a fase trivial, - o deslocamento diamagnético também aumenta uma ordem de grandeza. Assim, os dados demonstram que as propriedades magnéticas dos fônons quirais são amplamente aumentadas em materiais topológicos. Desta forma, esquemas para a manipulação de fônons com campos magnéticos, que podem aprimorar a condutividade térmica de dispositivos, podem ser mais facilmente implementadas nesta fase da matéria. 

Os materiais para este estudo foram crescidos no INPE. Além das instituições já mencionadas, participaram também diversos grupos teóricos nos Estados Unidos e outros no Japão para a fabricação da instrumentação de altos campos magnéticos. O trabalho recebeu financiamento da FAPESP (Auxílios Regulares 2018/06142-5 e 2023/04245-0) e do CNPq coordenados pelo Prof. Hernandez. Detalhes da instrumentação no IFUSP para estudos de espectroscopia na faixa de terahertz podem ser encontrados em: portal.if.usp.br/terahertz

-> O artigo “Observation of interplay between phonon chirality and electronic band topology” pode ser acessado AQUI.


 

A diversidade de trajetórias e pesquisas de pós-doutorandos negros da USP

A diversidade de trajetórias e pesquisas de pós-doutorandos negros da USP –  Jornal da USPEdital da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento concedeu bolsas de pós-doutorado a pesquisadores negros em diversas áreas de pesquisa; atuações vêm colaborando para uma ciência mais justa e robusta.
Por: Jornal da USP. 
Acesse aqui a matéria original.
Os dados do último Anuário Estatístico da USP revelam que, em um universo de mais de 5 mil professores, somente 123 se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas. Muito tem se falado sobre os problemas que essa falta de diversidade traz à Universidade: currículos eurocêntricos, referências com as quais os estudantes não conseguem se identificar, casos de racismo, potenciais perguntas de pesquisa que nunca chegam aos laboratórios porque estão distantes das experiências de quem está do lado de dentro. Além da reprodução de uma enorme injustiça histórica contra mais da metade da população brasileira.
*Participação de Max da Silva Ferreira, pós-doutor no grupo de Dosimetria das Radiações e Física Médica do IFUSP.

 

Presidente do CNPq recebe grau de Dr. Honoris Causa pela Universidade de Lisboa

Técnico apadrinha grau Doutor Honoris Causa a Ricardo Galvão, cientista e ‘homem de causas’ do Brasil.
Por: Mundo Lusíada. 
Acesse aqui a matéria original.
O Presidente do CNPq, Ricardo Galvão, recebeu na segunda-feira, dia 4, o título de Dr. Honoris Causa da Universidade de Lisboa. A cerimônia aconteceu no Salão Nobre do Instituto Superior Técnico da universidade, na capital portuguesa. Saiba mais...

 

O Brasil deve ser protagonista no combate à crise climática no mundo

Pesquisadores da USP presentes na COP 28 mostraram como o imenso laboratório natural do País e as iniciativas em curso tornam a liderança um desafio que precisa ser assumido.
Por: Jornal da USP. 
Acesse aqui a matéria original.
O painel Diálogo científico sobre ação climática e investimento sustentável no Brasil, organizado pela USP, reuniu em Dubai, nos Emirados Árabes, diferentes pontos de vista sobre uma mesma questão: o Brasil tem condições de servir como laboratório para os desafios globais da crise climática, mas ainda precisa conhecer e superar barreiras. Saiba mais...

 

Morre o físico e educador Ennio Candotti, ícone da ciência brasileira

Formado pelo Instituto de Física da USP em 1964, Candotti foi professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro de 1974 a 1996 e se destacou como presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência por quatro mandatos.
Por: Jornal da USP. 
Acesse aqui a matéria original.
Quando fui fazer graduação, tinha três opções em mente: arquitetura, física e filosofia. Escolhi física, mas, na verdade, também estudei filosofia uns três anos aqui nesse mesmo prédio da Rua Maria Antônia [prédio onde fica a sede da SBPC em São Paulo e no qual a entrevista foi concedida]. De manhã estudava física, de tarde dava aula e à noite fazia filosofia. As aulas eram aqui. Eu pensava, a princípio, em fazer história da física. Essa foi a ideia com a qual fui para a Europa. Mas lá me convenci de que devia fazer física mesmo e que a história poderia ficar para mais tarde. Naquele período, participei de atividades e estudos de história da ciência, de política científica, de revista de divulgação científica… Quando voltei para o Brasil, surgiu naturalmente a adesão aos projetos de divulgação científica, ao movimento de recuperação do ensino na universidade. Coordenei durante muitos anos o ciclo básico do curso de Física da UFRJ. Saiba mais...

 

Pró-Reitoria de Pós-Graduação divulga vencedores do Prêmio Tese Destaque USP

A premiação tem como objetivo valorizar a cultura de pesquisa e inovação da Universidade.
Por: Jornal da USP. 
Acesse aqui a matéria original.
A Pró-Reitoria de Pós-Graduação divulgou os vencedores da 12ª edição do Prêmio Tese Destaque USP. Foram premiados os trabalhos defendidos entre 1º/1/2022 e 31/12/2022 em 14 grandes áreas do conhecimento. Também foram divulgados os dois premiados com menções honrosas em cada uma das áreas. Saiba mais...

 

Pelletron em busca de parcerias

Aos 50 anos, acelerador de núcleos atômicos mais potente do país planeja remodelações para se manter em operação.
Por: Pesquisa FAPESP. 
Acesse aqui a matéria original.
Instalado num prédio de nove andares construído especialmente para abrigá-lo no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), o acelerador de partículas do Laboratório Aberto de Física Nuclear (LAFN) foi inaugurado com pompa em janeiro de 1972. Cientistas vestiram terno e gravata para mostrar as novas instalações às autoridades. A banda de música da Polícia Militar recebeu os convidados na entrada do edifício com a marcha “Pra frente, Brasil”, que embalou a Seleção Brasileira na Copa de 1970 e depois foi adotada pela propaganda do regime militar. Saiba mais...

 

Artigo | Precursor region with full phonon softening above the charge-density-wave phase transition in 2H-TaSe2

Dos autores Xingchen Shen, Rolf Heid, Roland Hott, Amir-Abbas Haghighirad, Björn Salzmann, Marli dos Reis Cantarino, Claude Monney, Ayman H. Said, Mehdi Frachet, Bridget Murphy, Kai Rossnagel, Stephan Rosenkranz e Frank Weber. 
Em Nature Communications - Publicado em 10/11/23.

Informações do pesquisador Fernando Garcia.
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A teoria BCS teve grande sucesso para explicar a formação da fases supercondutoras em sólidos. Porém, antes do seu advento, ideias concorrentes estavam sendo desenvolvidas. Uma destas ideias foi explorada pelo físico britânico Rudolf Peierls, que buscava compreender a formação de deformações em cadeias atômicas. Tais cadeias são modelos abstratos de uma estrutura cristalina de uma dimensão (1D) e Peierls tentava entender se um estado metálico poderia ser estável nestes sistemas. O que ele descobriu é que um cristal metálico 1D é instável. De fato, estas cadeias sofrerão um processo de dimerização, no qual os átomos do cristal deslocam-se na direção de seus vizinhos. Esta nova estrutura cristalina gera também uma nova distribuição de carga no material, chamada onda de densidade de carga (ou CDW). Junto com a mudança da estrutura cristalina, a estrutura eletrônica sofre uma reconstrução e o metal se torna um isolante. A formação de uma CDW, portanto, é caracterizada por dois ingredientes - mudanças nas estruturas cristalina e eletrônica de um material - e ela ocorre abaixo de uma dada temperatura, que chamamos TCDW.

Trabalhos posteriores expandiram as ideias de Peierls para estruturas cristalinas reais. Uma classe de materiais muito importante neste estudo são os metais de transição dicalcogenados, ou TMDs. Estes materiais não apenas exibem CDWs, como também supercondutividade e propriedades eletrônicas de grande relevância para aplicações em sensores e dispositivos eletrônicos. O que sabemos hoje é que, em muitos casos, a formação da CDW está conectada com os modos de vibração dos materiais, que são chamados fónons. Em particular, esperamos que uma CDW em TMDs esteja ligada à presença de modos "moles" (soft modes) de fónons, que prenunciam a mudança estrutural.
 
No artigo “Precursor region with full phonon softening above the charge-density-wave phase transition in 2H-TaSe2”, publicado na Nature Communications, duas importantes técnicas foram combinadas para estudar a CDW no TMD 2H-TaSe2. Primeiro, o espalhamento inelástico de raios-X foi empregado para analisar os fónons do material um pouco acima de TCDW. Assinaturas da presença dos soft modes de fónons foram encontradas, com propriedades típicas esperadas do sistema que já se encontra na fase CDW.
 
A pesquisadora Marli dos Reis Cantarino (à época, cursando seu doutoramento pelo IFUSP, atualmente vinculada ao ESRF em Grenoble, França) e colaboradores da Universidade de Friburgo, na Suiça, realizaram experimentos de fotoemissão resolvida em ângulo (ARPES) e notaram que a estrutura de bandas eletrônicas do material não exibe a reconstrução esperada para a fase CDW.
 
Os autores do trabalho assim concluíram que no TMD 2H-TaSe2, há a formação uma fase precursora com propriedades distintas do metal normal e da própria fase CDW. Apoiados ainda por cálculos de estrutura eletrônica, os autores concluíram também que a fase precursora tem relação com a formação do estado supercondutor em 2H-TaSe2.
 
Durante este trabalho, a pesquisadora Marli Cantarino teve apoio da FAPESP (FAPESP #2019/05150-7 e #2020/13701-0).
 
► Acesse aqui o artigo "Precursor region with full phonon softening above the charge-density-wave phase transition in 2H-TaSe2"

Imagem: Do artigo. Figura 1.
 

 

 

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