IFUSP na Mídia

BIFUSP Entrevista | Caetano Miranda fala sobre o projeto LabDiv

BIFUSP Entrevista
Caetano Miranda fala sobre o projeto LabDiv
Inspirado em experiência no MIT, o pesquisador Caetano Miranda lança a iniciativa LabDiv - Expressão e Divulgação, que visa desenvolver competências de comunicação científica junto à comunidade do IFUSP
O mês de outubro marcou o início efetivo dos trabalhos do LabDiv - Expressão e Divulgação no Instituto de Física, coordenado pelo pesquisador Caetano Miranda. O projeto vem atuar em duas frentes distintas, atendendo a grandes demandas da comunidade do IF: a primeira visa a melhoria da expressão e comunicação do trabalho científico, enquanto a segunda foca o fomento a ações de divulgação científica. Na fase inicial, o projeto deve se concentrar na primeira frente de atuação, e terá como estratégia o oferecimento das ferramentas para o desenvolvimento de competências essenciais que envolvem, por exemplo, o preparo de apresentações mais atrativas, a redação de resumos mais claros e coesos, a montagem de posters mais marcantes e efetivos.
 
Como presidente da Comissão de Pesquisa do IFUSP, o docente já estava a par da necessidade de fortalecer o preparo dos estudantes para estas atividades necessárias e correntes da vida acadêmica, mas que não são abordadas durante o curso. O pesquisador ressalta que, quando presentes, essas competências costumam ficar mais contidas no âmbito dos grupos de pesquisa, e entende que devam ser estimuladas de maneira mais ampla. 
 
Eu tive uma experiência quando estava como pós-doc no MIT, que era um suporte - uma articulação entre os próprios estudantes, alunos de pós-graduação, entre os pós-doutorandos e os docentes. Havia um grupo, que é esse laboratório de comunicação, que essencialmente auxiliava, em termos da redação, a criar um currículo, a fazer uma aplicação… Era o suporte a um tipo de texto com direcionamento mais específico - você tinha o olhar de alguém que é da área, ou próximo, e, portanto, poderia auxiliar na curadoria daquele texto antes que fosse, de fato, submetido. E isso envolvia todos os tipos de texto. Também as apresentações, o preparo para uma conferência [...] Era uma forma de você poder se articular e ter um olhar de quem é de fora do grupo. Isso era muito enriquecedor e acontecia de uma forma orgânica, entre discentes e docentes” - recorda Caetano Miranda.
 
O pesquisador descreve como essa estrutura se organizava em diferentes unidades no MIT, cada qual com as especificidades de sua área, e gerava um labkit - uma série de pressupostos ou materiais de suporte que se adequam à respectiva área de pesquisa. Havia também um treinamento para que pessoas interessadas pudessem se tornar mentoras nos processos, que incluíam analisar resumos, oferecer feedback em relação a apresentações e outras atividades afins. Dessa maneira, a comunidade aprimorava continuamente as habilidades de comunicar e apresentar seus estudos. Os impactos eram inegáveis: melhoria na recepção dos trabalhos e aumento de conforto e confiança para atender as demandas de comunicação relacionadas às atividades de pesquisa. Gerava, também, o aumento na integração entre docentes e discentes.
 
Caetano Miranda realizou o curso disponibilizado por um dos laboratórios do MIT como ação de difusão durante a pandemia: em uma semana de imersão, foram apresentados os elementos necessários para montar um laboratório equivalente, em seu segmento de interesse. O conteúdo contemplou temas de treinamento, a mentoria, os processos de acompanhamento, materiais disponíveis, reflexões sobre as questões de especificidade - no nosso caso, por exemplo, envolveria organizar um material em português e com adequações culturais. “Propusemos como nome LabDiv - Expressão e Divulgação, já que se trata de desenvolver exatamente isso: a habilidade de se expressar através da palavra, do som, da imagem. E ‘divulgação’ é essa conversa que a gente quer levar para a sociedade. A ideia, então, é criar as ferramentas e oferecer um período de treinamento, de mentoria, para fazer esse acompanhamento” - comenta o pesquisador.
 
O curso ajudou na fomentação e reflexão de como se daria a proposta mais adequada para o IFUSP - não se tratando de comunicação institucional, mas de um direcionamento especializado nas áreas da Física, com possibilidade de analisar os conteúdos em termos conceituais, de explicações que funcionam melhor, ou seja, do ponto de vista de quem poderia avaliar um projeto visando à aprovação de recursos, por exemplo. Em sua ponderação sobre as adaptações mais interessantes ou prioritárias, o pesquisador entendeu que o direcionamento passaria, necessariamente, pela compreensão das demandas da comunidade - as maiores dificuldades dos estudantes e questões afins. E o levantamento dessas informações foi a primeira ação do projeto. À frente desta atividade e do desenvolvimento dos materiais do labkit do IFUSP está a bacharelanda Danielle Serafim, em seu projeto de Iniciação Científica, orientado por Caetano. A própria aluna, na posição de possível usuária, montou o questionário enviado à comunidade.
 
Um dos aspectos de interesse foi entender como os docentes enxergam a habilidade de comunicação. “Algumas pessoas podem entender que isso não seja um investimento, e sim algo para competir com a formação no núcleo duro da física, quando, para a carreira, isso é fundamental”. Outro aspecto foi pensar nas prioridades das atividades disponibilizadas: neste primeiro momento, o foco escolhido foi o preparo de apresentações. Aproveitando o calendário, direcionou-se o oferecimento de apoio aos estudantes que participarão do SIICUSP: alguns manifestaram interesse e já estão participando da mentoria. O projeto também está recebendo a adesão de novos docentes.

“Esse é um modelo que pode ser replicado em qualquer unidade. Isso é um ponto interessante, porque muitas vezes esse conhecimento fica restrito ao grupo de pesquisa. Com o laboratório, você acaba, inclusive, auxiliando o trabalho do líder do grupo, do orientador, pois a apresentação já vem pré-avaliada, pré-preparada, com um olhar de quem é de fora. O trabalho chega já amadurecido no ponto que você está querendo mostrar”. 

-> Para aqueles que já realizam ações de divulgação científica, o LabDiv disponibiliza - além dos materiais, mentorias e acompanhamentos oferecidos - espaços e ferramentas para a produção de conteúdo. Pelo site, é possível saber mais sobre o projeto e se inscrever para participar: portal.if.usp.br/labdiv/index

 
 
 
 
 
 
 
 

Artigo | In Situ and Ex Situ Luminescence Investigation of Rare Earth Layered Double Hydroxides Intercalated with Mellitate Anion

Dos autores Ercules E. S. Teotonio, Giscard Doungmo, Jonas Ströh, Danilo Mustafa, Israel F. Costa, Hermi F. Brito, Aleksei Kotlov e Huayna Terraschke.
Publicado em Advanced Optical Materials.
Com comentários do Prof. Danilo Mustafa
--
O trabalho mostra um estudo da luminescência in situ e ex situ de Hidroxidos Duplos Lamelares (HDLs) contendo íons terras raras e intercalados com o ácido melítico. Especificamente, os resultados demonstram que HDLs dopados com íons Eu3+, Tb3+ e Gd3+ apresentam altas intensidades de luminescência nas regiões espectrais vermelha, verde e azul, respectivamente, oferecendo um caminho simples para obter materiais multicoloridos ajustáveis e de emissão de luz branca para dispositivos de iluminação. O estudo foi desenvolvido durante o estágio de pós-doutorado no exterior do Dr. Ercules Teotonio no Institute of Inorganic Chemistry, Christian-Albrechts-Universität zu Kiel, Alemanha dentro do projeto CAPES/DAAD coordenado pelo Prof. Danilo Mustafa.
 
-> Acesse o artigo “In Situ and Ex Situ Luminescence Investigation of Rare Earth Layered Double Hydroxides Intercalated with Mellitate Anion"

 

Artigo | Jet quenching of the heavy quarks in the quark-gluon plasma and the nonadditive statistics

Dos autores Trambak Bhattacharyya, Eugenio Megías e Airton Deppman.
Publicado em Physics Letters B.
--
Destaques do trabalho:
Foram avaliados os coeficientes de transporte da equação de Plastino-Plastino. Obteve-se uma relação generalizada conectando perda de energia diferencial e coeficientes de transporte. Foram calculados o parâmetro de extinção de jato e o fator de supressão nuclear em um plasma quark-gluon não aditivo.
-> Acesse o artigo “Dimension-eight operator basis for universal standard model effective field theory"

 

Artigo | Dimension-eight operator basis for universal standard model effective field theory

Dos autores Tyler Corbett, Jay Desai, O. J. P. Éboli, and M. C. Gonzalez-Garcia. 
Publicado em Physical Review D.
--

Apresentamos a base de operadores de dimensão oito associados a teorias universais. Primeiro, derivamos uma lista completa de operadores independentes de dimensão oito formados com os campos bosônicos do Modelo Padrão característicos de tais novos cenários de física universal. Sem impor simetrias C ou P, a base contém 175 operadores — isto é, a suposição de universalidade reduz o número de coeficientes independentes da teoria de campo efetivo do Modelo Padrão (SMEFT) na dimensão oito de 44.807 para 175. 89 dos 175 operadores universais estão incluídos na base geral de operadores de dimensão oito na literatura. Os 86 operadores adicionais envolvem derivadas mais altas dos campos bosônicos do Modelo Padrão e podem ser rotacionados em favor de operadores envolvendo férmions usando as equações de movimento do Modelo Padrão para os campos bosônicos. Ao fazer isso, obtemos os operadores fermiônicos permitidos gerados nesta classe de modelos que mapeamos nas 86 combinações independentes correspondentes de operadores na base de dimensão oito de [C. W. Murphy, Operadores de dimensão 8 na teoria de campo efetivo do modelo padrão, J. High Energy Phys. 10 (2020) 174.].

-> Acesse o artigo “Dimension-eight operator basis for universal standard model effective field theory"

 

Artigo | Ab initio investigation of ZnV2O4, ZnV2S4, and ZnV2Se4 as cathode materials for aqueous zinc-ion batteries

Dos autores Dos autores O.M. Sousa, F. Sorgenfrei, F.O. Carvalho, L.V.C. Assali, M.V. Lalic, P. Thunström, C․Moyses Araujo, O. Eriksson, H.M. Petrilli e A.B. Klautau. 
Publicado em Acta Materialia.
--

Baterias de íons de zinco (ZIBs) que empregam eletrólitos aquosos surgiram como uma das alternativas mais promissoras para baterias de íons de lítio (LIBs). No entanto, o desenvolvimento de ZIBs é dificultado pela escassez de materiais de cátodo com propriedades eletroquímicas adequadas. Neste trabalho, investigamos as propriedades únicas dos compostos de óxido de vanadato de zinco e sulfeto de como materiais de cátodo, com foco em suas estruturas cristalinas, desempenho eletroquímico, características espectroscópicas e aplicações potenciais em ZIBs. Além disso, investigamos um novo material de cátodo, seleneto de vanadato de zinco, construído pela substituição de enxofre por selênio na estrutura cúbica de ZVS.

Nossas descobertas revelam que esses compostos exibem propriedades eletrônicas e eletroquímicas distintas, embora tenham propriedades magnéticas semelhantes devido ao fato de que o vanádio tem o mesmo estado de oxidação em todos os três compostos. Em média, ZVS se destaca como o candidato mais promissor para cátodos de ZIBs, seguido por ZVO. ZVSe, mostra desempenho eletroquímico mais baixo e também tem a desvantagem óbvia de ser mais caro do que os compostos à base de enxofre e oxigênio. Nossos resultados teóricos se alinham estreitamente com os dados experimentais disponíveis, tanto para propriedades eletroquímicas quanto para espectroscopia de raios X e fotoelétrons, onde uma comparação pode ser feita.

-> Acesse o artigo “Ab initio investigation of ZnV2O4, ZnV2S4, and ZnV2Se4 as cathode materials for aqueous zinc-ion batteries"

 

Artigo | Combined TL and EPR study to elucidate the origin of luminescent emission from La-doped CaF2 phosphor

Dos autores Jessica Mosqueira-Yauri, T.K. Gundu Rao, Joel A. Rivera-García, Klinton V.T. Huahuasoncco, Jorge S. Ayala-Arenas, J.F. Benavente, L.M. Rondán-Flores, José F.D. Chubaci e Nilo F. Cano.
Publicado em Ceramics International
--

O artigo apresenta os resultados do estudo combinado das propriedades de termoluminescência (TL) e ressonância paramagnética eletrônica (EPR) do fósforo CaF2 dopado com La (CaF2: La). Os resultados da difração de raios X (XRD) confirmaram que o CaF2 foi sintetizado com sucesso. Os resultados da microscopia eletrônica de varredura (SEM) e os espectros do espectrômetro de energia dispersiva (EDS) mostram que o fósforo sintetizado é puro e tem uma boa morfologia geral. A curva de brilho do fósforo CaF2: La mostra uma banda de emissão entre 230 e 500 nm centrada em 340 nm. O método Tm-Tstop e a técnica de desconvolução foram usados ​​para encontrar o número de picos TL sobrepostos na região de 50–300 °C e seus parâmetros cinéticos. Uma curva dose-resposta linear foi obtida para o intervalo de 1–9 Gy, com o início de um leve comportamento supralinear para doses maiores que 9 Gy. O fósforo CaF2: La irradiado por gama foi estudado usando a técnica de EPR para identificar os centros de defeitos e também para inferir os centros envolvidos no processo TL. Estudos de recozimento térmico indicam a presença de três centros de defeitos. Um dos centros (centro I) é identificado como o íon O2− e é caracterizado por um tensor g axial com valores principais g∥ = 2,013 e g⊥ = 2,0053. Este centro se correlaciona com o pico TL a 200 °C. O centro II com um valor g isotrópico de 2,0005 é atribuído a um centro F e também se relaciona ao pico TL de 200 °C. O terceiro centro (centro III) é atribuído a um centro F.

-> Acesse o artigo “High-performance infrared photodetector based on InAs/GaAs submonolayer quantum dots grown at high temperature with a (2×4) surface reconstruction"

 

Nestor Caticha comenta o prêmio Nobel de Física de 2024

O prêmio Nobel de Física de 2024
Por Nestor Caticha, pesquisador do Instituto de Física da USP.
--

O que é física? A pergunta feita a David Gross, prêmio Nobel de 2004, recebeu a resposta aparentemente trivial: Física é o que físicos fazem. Claro que isto leva à pergunta "como identificar um(a)?". Ele continuou, dizendo que físicos são  aqueles que "estudaram o Jackson". Parece uma resposta burocrática, mas significa que pessoas que passaram por um treinamento, neste caso exemplificado por um livro clássico, têm uma forma de pensar e olhar para a natureza que os distingue. Max Born, prêmio Nobel de 1954, disse que o prêmio de Física do ano 2000 seria em Psicologia, querendo dizer que a próxima fronteira seria atacar, com a maneira de pensar característica da Física, problemas relacionados ao cérebro e como pensamos.

John Hopfield e Geoffrey Hinton receberam o prêmio Nobel de Física de 2024 por trabalhos fundamentais em áreas fora do que convencionalmente poderia ser aceito como Física. Há contribuições fundamentais que resolvem problemas que intrigam os físicos, como qual é o significado da função de onda ou o sinal da função β em QCD. O prêmio deste ano reconhece a expansão da Física conquistando novas áreas. 

A mecânica estatística permitiu entender propriedades macroscópicas a partir de informação sobre as interações microscópicas. Mas, como Hopfield perguntou, "e se essas unidades não fossem átomos ou spins, mas neurônios, e as interações representassem vias de comunicação mediadas por sinapses?" Um século de técnicas e intuições desenvolvidas para entender matéria convencional ficaram disponíveis para entender modelos minimalistas de processos cognitivos, memórias associativas, suas possibilidades e suas limitações. Hopfield surpreendeu ao trazer para uma realidade concreta - onde a matemática permite descrever cuidadosamente aspectos da natureza do funcionamento do cérebro (ou modelos muito simplificados) - sonhos de cientistas e filósofos, que especularam sobre a natureza do que somos, do que sentimos, de como pensamos. Trabalhos podem ser considerados importantes por diversas razões. A avalanche de perguntas e ideias que o trabalho de Hopfield desencadeou transformou não só o que pensamos sobre a área de atuação da física, mas a própria sociedade em que vivemos. Entre os que se inspiraram com seu trabalho, Hinton trouxe contribuições de uma linha que passa por Turing, McCullogh, Pitts, William James, Sherrington e Ramon y Cajal. Hinton, ao longo dos anos com vários colaboradores, fez contribuições fundamentais para a atual revolução da Inteligência Artificial. Foi um dos redescobridores do método de treinamento de redes neurais multicamadas (back propagation) mostrando as possibilidades de produzir máquinas cujo desempenho pode justificar que sejam chamadas inteligentes. Pode ser uma surpresa para o leitor que o método de treinar uma rede neural seja, num nível profundo, um caso da aplicação da equação de Hamilton-Jacobi-Bellman. A introdução, por Hinton e colaboradores, da máquina de Boltzmann, mostrou que as condições de fronteira de um sistema magnético poderiam ser consideradas como "entrada” e ”saída" de uma rede neural. O impacto de Hinton foi fundamental quando, na virada do milênio, a utilidade das máquinas foi questionada por parecer que havia alternativas à inteligência artificial computacionalmente mais baratas. O avanço da tecnologia de processamento gráfico permitiu que máquinas impensáveis, num passado recente, pudessem ser imaginadas e construídas. Sem a suas contribuições ao entendimento da dinâmica de aprendizado em máquinas e sem suas contribuições práticas na construção de máquinas incrivelmente complexas - as máquinas que aprendem de arquitetura profunda "deep learning" - os avanços que surpreenderam a sociedade não seriam possíveis. O comitê Nobel entende a importância de suas contribuições e, a seguir, concede o prêmio de Química a uma contribuição que traz uma solução pragmática ao problema de enovelamento de proteínas, que vai revolucionar várias áreas da bioquímica e farmacologia, usando redes neurais. Claro que há muitas outras pessoas, que permanecerão anônimas para a sociedade, que contribuíram com o trabalho de suas vidas para este resultado. Mereceriam Hopfield e Hinton o prêmio Nobel de Química? Talvez. A estrutura da organização da ciência, e portanto, das universidades, reflete uma visão do século XIX. Quebrar a fronteira das caixas em que cientistas de uma denominação estão confinados e invadir outras áreas pode ser surpreendente, mas estes deixarão uma marca histórica ao construir novas maneiras de entender as relações entre diferentes aspectos da natureza.

Para os estudantes resta a pergunta: e agora, para onde? Estamos começando a entender o que significa informação, ao nível de interações quânticas, entre neurônios biológicos ou artificiais, e até entre agentes, sejam indivíduos que representam seres humanos ou instituições. Por exemplo, todos os que trabalham com problemas de mudanças climáticas entendem a necessidade de um modelo físico da interação dos componentes do oceanos e da atmosfera. Mas também devemos incluir nesse sistema instituições humanas com sua próprias dinâmicas e acoplamentos. A leis de Coulomb para estes sistemas estão esperando serem descobertas. No fim, entender as propriedades e limitações de sistemas de processamento de informação nos ajudará a entender a natureza e os limites desse entendimento. Será isso Física ou não? Quem se importa? A Física é sobre o que podemos dizer da natureza usando as ferramentas disponíveis - nossos cérebros e as máquinas artificiais -  e, para as últimas, as contribuições de Hopfield e Hinton (que não é tecnicamente um físico, mas pensa como se fosse um) foram marcantes, na trajetória de uma aventura que ainda não sabemos onde nos levará.


*Nestor Caticha é Professor Titular do Departamento de Física Geral do Instituto de Física da USP. Em breve, anunciaremos o oferecimento de um colóquio, ministrado por ele, sobre o assunto. 

Pesquisa lança luz sobre a preservação excepcional de fósseis da Formação Crato

Organizers and Supporters | EDGGTrabalho dos autores Arianny Storari, Gabriel Osés, Arnold Staniczek, Marcia Rizzutto, Ronny Loeffler, e Taissa Rodrigues.
Publicado em Frontiers in Ecology and Evolution
Contextualização e comentários de Arianny Storari e Gabriel Osés.
--

Um novo estudo publicado na revista "Frontiers in Ecology and Evolution" forneceu informações importantes sobre a preservação única de fósseis insetos da Formação do Crato (Cretáceo Inferior, Brasil), um depósito paleontológico de renome mundial. A investigação, liderada por pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo com a colaboração de cientistas da Universidade de São Paulo, do Museu Estadual de História Natural de Stuttgart e da Universidade de Tübingen, investigou a forma como os insetos aquáticos e terrestres foram preservados neste depósito ao longo de milhões de anos. 

Ao analisar mais de 230 espécimes fósseis utilizando técnicas avançadas como a microscopia eletrônica de varredura, a fluorescência de raios X (XRF) e a espectroscopia Raman, o time de cientistas descobriu detalhes microscópicos sobre os processos que levaram ao estado excepcional dos fósseis do Crato. As medidas de XRF foram realizadas no Laboratorio de Arqueometria e Ciências Aplicadas ao Patrimônio Cultural (IFUSP), em colaboração com o pesquisador colaborador Gabriel Ladeira Osés e com a Profa. Marcia Rizzutto. As descobertas mostram que eles foram preservados detalhadamente devido à substituição dos seus tecidos biológicos por óxidos de ferro após uma fase inicial de piritização, um processo ocasionado por reações químicas entre os organismos e o seu ambiente durante a fossilização. O estudo também corroborou evidências anteriores de que esteiras microbianas desempenharam um papel na preservação fina de microestruturas nestes fósseis. 

Para comparação, os cientistas examinaram também fósseis de insetos fossilizados do depósito de Solnhofen (Jurássico Superior, Alemanha), também conhecido mundialmente por seu valor paleontológico. Mas, enquanto os fósseis brasileiros mantiveram fielmente várias caraterísticas microscópicas, os espécimes alemães foram considerados mal preservados, sendo muitas vezes preservados apenas como impressões, devido ao crescimento de minerais grosseiros. “As nossas descobertas sugerem que, embora os paleoambientes destes dois locais tenham algumas semelhanças, a preservação dos insetos, particularmente das efêmeras, na Formação do Crato é muito superior ao que vemos em Solnhofen”, explica Arianny Storari, egressa do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da UFES e líder do estudo. “Esta pesquisa não só lança luz sobre a forma como estes insetos passaram pelo processo de fossilização, como também permite uma melhor compreensão dos diferentes fatores ambientais e químicos que contribuem para a preservação dos fósseis.” O estudo abre as portas para pesquisas futuras sobre processos de fossilização e oferece informações importantes sobre as condições que podem levar à preservação extraordinária da vida pretérita. 

Projetos FAPESP envolvidos: Processos FAPESP n° 2021/07007-7, 2023/14250-0 e 2022/06485-5.

-> Acesse o artigo “Paleometric approaches reveal striking differences in the insect fossilization of two Mesozoic Konservat-Lagerstätten"

 

Artigo | Influence of carrier localization on photoluminescence emission from sub-monolayer quantum dot layers

Dos autores T.-Y. Huang, T. Borrely, Y.-C. Yang, A. Alzeidan, G.M. Jacobsen, M.D. Teodoro, A.A. Quivy e R.S. Goldman.
Em Applied Physics Letters, 125, 122108. Featured Article. Contextualização e comentários do pesquisador Alain Quivy.
--

Hoje em dia, ouve-se muito falar em "nano", como em nanotecnologia, nanomateriais, nanorobôs. O termo é geralmente associado a objetos que possuem pelo menos uma das suas dimensões (largura, altura ou profundidade) na escala do nanômetro, isto é, um tamanho até um milhão de vezes menor que o milímetro. Este grande interesse vem do fato que materiais deste tipo costumam possuir propriedades inovadoras muito diferentes daquelas observadas em sistemas de tamanho maior. Os pontos quânticos representam o caso mais extremo de nanomateriais, já que possuem suas três dimensões na escala nanométrica, e suas propriedades só podem ser compreendidas de maneira satisfatória pela mecânica quântica, teoria física que prevalece na escala microscópica. Os pontos quânticos de submonocamada fabricados no Laboratório de Novos Materiais Semicondutores (LNMS) do IFUSP consistem em pequenas ilhas de InAs (arseneto de índio) - possuindo um tamanho lateral de cerca de 5 nanômetros e uma espessura de 0.3 nanômetro - que são empilhadas verticalmente até formarem estruturas colunares com alguns nanômetros de altura. Por ser tão pequenos, eles são muito difíceis de serem estudados e requerem técnicas sofisticadas.

Durante o seu doutorado no LNMS com bolsa do CNPq, Thales Borrely foi agraciado com uma bolsa Print da CAPES para passar 6 meses no grupo da Profª Rachel Goldman, na Universidade de Michigan. Ele levou consigo amostras de pontos quânticos e as estudou com a técnica de tomografia por sonda atômica (APT, Atom Probe Tomography), uma das mais avançadas para a investigação de nanoestruturas em três dimensões, e a única capaz de fornecer informações diretas em escala nanométrica sobre o tamanho, distribuição espacial e composição de nanoestruturas. Todas as medidas foram realizadas durante o estágio, mas somente dois anos depois, durante o pós-doutorado, o artigo pôde ser publicado, após um tratamento complexo dos dados e de numerosas simulações computacionais para interpretação dos resultados.
 
A técnica ATP está disponível em poucos grupos no mundo, requer uma preparação sofisticada das amostras na forma de uma ponta extremamente fina, e foi aplicada pela primeira vez neste tipo de nanoestruturas. Dada a importância dos resultados experimentais e das simulações para a área, o editor da revista Applied Physics Letters escolheu o artigo como destaque (Featured Article) na edição de setembro de 2024. Destacamos, ainda, que a contribuição de Thales Borrely para o trabalho é equivalente à do primeiro autor.
 
-> Acesse o artigo “Influence of carrier localization on photoluminescence emission from sub-monolayer quantum dot layers"

 

Climate finance missing to deliver on global stocktake

Flooded Street Market Scene with Mango Vendor. Photo by Muhammad Amdad HossainCom a participação do pesquisador Paulo Artaxo.
Por SciDev.Net. 
Leia AQUI o original.
--
Speed read:
A year on from the ‘Global Stocktake’ on climate action, there are few signs of progress
Climate adaptation remains ‘fragmented, uneven’
Climate finance, a key focus of COP29 summit, is crucial to implement action plans
 

Foto | Copyright: Muhammad Amdad Hossain, (Pexels)

 

Páginas

Desenvolvido por IFUSP