IFUSP na Mídia

Pelletron em busca de parcerias

Aos 50 anos, acelerador de núcleos atômicos mais potente do país planeja remodelações para se manter em operação.
Por: Pesquisa FAPESP. 
Acesse aqui a matéria original.
Instalado num prédio de nove andares construído especialmente para abrigá-lo no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), o acelerador de partículas do Laboratório Aberto de Física Nuclear (LAFN) foi inaugurado com pompa em janeiro de 1972. Cientistas vestiram terno e gravata para mostrar as novas instalações às autoridades. A banda de música da Polícia Militar recebeu os convidados na entrada do edifício com a marcha “Pra frente, Brasil”, que embalou a Seleção Brasileira na Copa de 1970 e depois foi adotada pela propaganda do regime militar. Saiba mais...

 

Artigo | Precursor region with full phonon softening above the charge-density-wave phase transition in 2H-TaSe2

Dos autores Xingchen Shen, Rolf Heid, Roland Hott, Amir-Abbas Haghighirad, Björn Salzmann, Marli dos Reis Cantarino, Claude Monney, Ayman H. Said, Mehdi Frachet, Bridget Murphy, Kai Rossnagel, Stephan Rosenkranz e Frank Weber. 
Em Nature Communications - Publicado em 10/11/23.

Informações do pesquisador Fernando Garcia.
--

A teoria BCS teve grande sucesso para explicar a formação da fases supercondutoras em sólidos. Porém, antes do seu advento, ideias concorrentes estavam sendo desenvolvidas. Uma destas ideias foi explorada pelo físico britânico Rudolf Peierls, que buscava compreender a formação de deformações em cadeias atômicas. Tais cadeias são modelos abstratos de uma estrutura cristalina de uma dimensão (1D) e Peierls tentava entender se um estado metálico poderia ser estável nestes sistemas. O que ele descobriu é que um cristal metálico 1D é instável. De fato, estas cadeias sofrerão um processo de dimerização, no qual os átomos do cristal deslocam-se na direção de seus vizinhos. Esta nova estrutura cristalina gera também uma nova distribuição de carga no material, chamada onda de densidade de carga (ou CDW). Junto com a mudança da estrutura cristalina, a estrutura eletrônica sofre uma reconstrução e o metal se torna um isolante. A formação de uma CDW, portanto, é caracterizada por dois ingredientes - mudanças nas estruturas cristalina e eletrônica de um material - e ela ocorre abaixo de uma dada temperatura, que chamamos TCDW.

Trabalhos posteriores expandiram as ideias de Peierls para estruturas cristalinas reais. Uma classe de materiais muito importante neste estudo são os metais de transição dicalcogenados, ou TMDs. Estes materiais não apenas exibem CDWs, como também supercondutividade e propriedades eletrônicas de grande relevância para aplicações em sensores e dispositivos eletrônicos. O que sabemos hoje é que, em muitos casos, a formação da CDW está conectada com os modos de vibração dos materiais, que são chamados fónons. Em particular, esperamos que uma CDW em TMDs esteja ligada à presença de modos "moles" (soft modes) de fónons, que prenunciam a mudança estrutural.
 
No artigo “Precursor region with full phonon softening above the charge-density-wave phase transition in 2H-TaSe2”, publicado na Nature Communications, duas importantes técnicas foram combinadas para estudar a CDW no TMD 2H-TaSe2. Primeiro, o espalhamento inelástico de raios-X foi empregado para analisar os fónons do material um pouco acima de TCDW. Assinaturas da presença dos soft modes de fónons foram encontradas, com propriedades típicas esperadas do sistema que já se encontra na fase CDW.
 
A pesquisadora Marli dos Reis Cantarino (à época, cursando seu doutoramento pelo IFUSP, atualmente vinculada ao ESRF em Grenoble, França) e colaboradores da Universidade de Friburgo, na Suiça, realizaram experimentos de fotoemissão resolvida em ângulo (ARPES) e notaram que a estrutura de bandas eletrônicas do material não exibe a reconstrução esperada para a fase CDW.
 
Os autores do trabalho assim concluíram que no TMD 2H-TaSe2, há a formação uma fase precursora com propriedades distintas do metal normal e da própria fase CDW. Apoiados ainda por cálculos de estrutura eletrônica, os autores concluíram também que a fase precursora tem relação com a formação do estado supercondutor em 2H-TaSe2.
 
Durante este trabalho, a pesquisadora Marli Cantarino teve apoio da FAPESP (FAPESP #2019/05150-7 e #2020/13701-0).
 
► Acesse aqui o artigo "Precursor region with full phonon softening above the charge-density-wave phase transition in 2H-TaSe2"

Imagem: Do artigo. Figura 1.
 

 

 

Trabalhos de estudantes do IFUSP são premiados no INFIERI 2023

OXFORD 2013 - USP 2023: 10 YEARS OF FOSTERING CROSS-DISCIPLINARITYCom informações do evento.
--

Com o tema escolhido de "Oxford 2013 - USP 2023: 10 years of fostering cross-disciplinarity", a última edição da escola internacional INtelligent signal processing for FrontIEr Research and Industry - INFIERI anuncia os trabalhos premiados nas sessões de posters. A seleção baseou-se no conteúdo do poster, em sua concepção e apresentação, na assiduidade à escola, na contribuição pessoal para o trabalho apresentado, bem como na apresentação oral e respostas às questões colocadas.

Pelo IFUSP, anunciamos os estudantes:
  • Saulo Alberton (orientado por Nilberto Medina) - Premiado em 1º lugar
  • Jose Fernandes (orientado por Gustavo Canal) e Daniel Alves Matos (orientado por Felix Hernandez) - Premiados com o 3º lugar

Depois de trabalharem no tema apresentado, eles são convidados a escrever uma contribuição para os Anais INFIERI2023 a serem publicados no Journal of Instrumentation, JINST. Trata-se de publicação revisada por pares que permite cobrir um amplo espectro de temas, desde conteúdos teóricos a tecnológicos, mas incluindo novos aspectos inéditos. A contribuição será na forma de artigo.

Com base em seus posters, os estudantes Eduardo Stefanato (orientado por Felix Hernandez), Adson Soares de Souza, Felipe Salvador (orientados por Gustavo Canal) e Caue Ferreira (orientado por Marcia Rizzutto) foram incentivados pela organização a trabalhar em um artigo para publicação no JINST.

Graduandos também marcaram presença no evento, com a apresentação de excelentes trabalhos. Estudantes de graduação cujos posters receberam Menção Honrosa:

  • Bruno Gehlen
  • Ricardo Mesquita (orientado por Gustavo Canal)
  • Joao Vitor Araya Kobayashi de Sousa (orientado por Gustavo Canal)
  • Lucas Porta (orientado por Gustavo Canal)

 

Professora Kaline Coutinho é a primeira mulher a assumir a diretoria do Instituto de Física

“Novos desafios se apresentam, não apenas às grandes questões científicas, mas à necessidade de se fazer mais presente junto à sociedade”, afirmou a diretora na cerimônia de posse.
Por: Jornal da USP. 
Acesse aqui a matéria original.
O Instituto de Física (IF) da USP será, pela primeira vez em seus quase 90 anos de existência, liderado por uma mulher. Kaline Coutinho e Cristiano Oliveira assumiram, no último dia 5 de dezembro, os cargos de diretora e vice-diretor do instituto, respectivamente. A cerimônia de posse foi realizada na Sala do Conselho Universitário. Saiba mais...

 

Novo laboratório da USP estuda circulação de papéis históricos e suas mudanças ao longo do tempo

Criado neste ano, laboratório da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP usa a tecnologia para estudar documentos em suporte de papel com auxílio de pesquisadores das áreas de História, Letras (Filologia), Física e Química.
Por: Jornal da USP. 
Acesse aqui a matéria original.
Desde o século 13, as marcas d’água estão presentes nos papéis, garantindo sua procedência e qualidade. Cavalo, cruz, coroa, partes do corpo e outros elementos constituíam o processo de produção do papel, a fim de identificar o fabricante. O resultado desse método deu origem ao que chamamos de marca d’água, de certa forma, única, o que, junto a outros elementos, garantia a autenticidade do papel. Essas marcas d’água são um dos eixos de análise do Embira, laboratório criado em 2023 com sede na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Saiba mais...

 

Um mapa 3D do universo para desvendar o cosmos

Um fundo preto, o céu, com dezenas de galáxias brilhantes flutuandoColaboração entre cientistas brasileiros e espanhóis busca responder questões fundamentais da astrofísica.
Por: Nexo. 
Acesse aqui a matéria original.
Em 2009, um grupo de astrofísicos da Espanha encontrava-se numa situação peculiar: eles haviam assegurado financiamento para um telescópio com espelho de 2,5m que seria ideal para mapear o Universo, observando de uma só vez grandes áreas do céu. Mas eles não tinham recursos para montar a câmera que deveria ser instalada nesse telescópio. Saiba mais...

 

Artigo | Inelastic neutron scattering investigation of the crystal field excitations of NdCo5

Dos autores F. de Almeida Passos, G. J. Nilsen, C. E. Patrick, M. D. Le, G. Balakrishnan, Santosh Kumar, A. Thamizhavel, D. R. Cornejo, e J. Larrea Jiménez.
Em Physical Review B 108, 174409 – Publicado em 7/11/23.
Informações do Prof. Julio Larrea.
---

Trabalho do doutorando Fernando de Almeida Passos sob orientação do Prof. Julio Larrea (LQMEC – IFUSP) e coorientação do Prof. Daniel Cornejo (LMM – IFUSP), foi recentemente publicado na revista Physical Review B. O trabalho é resultado de uma colaboração internacional com pesquisadores do Reino Unido e, através da técnica de espalhamento inelástico de nêutrons e cálculos computacionais, determinou os parâmetros de uma das interações responsáveis pelo magnetismo no ímã permanente NdCo5. 

Ímãs permanentes são fundamentais na tecnologia moderna, possuindo aplicações que vão desde motores para veículos à discos rígidos para eletrônicos. Os melhores ímãs permanentes existentes atualmente são compostos por elementos terras-raras, como nos casos dos ímas de NdFeB e SmCo5, descobertos no final dos anos 80. Entretanto, a utilização desses elementos terras-raras tem um grande impacto ambiental, bem como a escassez desses elementos ocasionou um aumento exponencial no preço desses ímãs permanentes nas últimas décadas. Desta forma, há um enorme interesse na busca por novos ímãs permanentes com melhor desempenho e sem a presença de terras-raras.

Um passo essencial para auxiliar na busca por novos ímãs permanentes é entender os mecanismos fundamentais, dentro da física quântica de muito corpos, que são responsáveis pelas excelentes propriedades magnéticas dos ímãs permanentes atuais, algo que ainda não é completamente bem estabelecido. Em particular, no caso do NdCo5, que pertence à mesma família do SmCo5, havia diversos cálculos teóricos e estimativas experimentais dos parâmetros de campo cristalino (uma das interações responsáveis pelo magnetismo nesses materiais) porém com resultados bem discrepantes entre si.

Nosso trabalho, utilizando a técnica de espalhamento inelástico de nêutrons em um experimento realizado no acelerador de nêutrons no ISIS - Rutherford Appleton Laboratory (RAL), no Reino Unido, foi possível observar diretamente as excitações de campo cristalino no material, permitindo obter parâmetros de campo cristalino muito mais confiáveis. Importante mencionar que, experimentos com nêutrons permitem aceder diretamente às grandezas físicas dentro de uma Hamiltoniana que descreve as interações fundamentais de um sistema quântico. Portanto, com os experimentos de espalhamento de nêutrons, podemos inferir os diferentes estados quânticos e escalas de energia associadas a eles, responsáveis por muitas propriedades físicas como a orientação dos momentos magnéticos e anisotropia magnética dentro de um material.

Neste sentido, nossos resultados confirmam a importância de efeitos de hibridização do orbital localizado 4f do Nd com orbitais itinerantes do Co, geralmente negligenciados na maioria dos cálculos teóricos e que havia sido previsto recentemente, mas ainda sem comprovação experimental. Desta forma, além de contribuir para uma melhor compreensão das diferentes interações responsáveis pelo magnetismo em ímãs permanentes, nossos resultados também ajudam a identificar as abordagens teóricas mais adequadas para descrevê-los, abrindo rotas para a busca de uma nova geração de ímãs permanentes com melhor desempenho e sem a presença de terras-raras.

Ressaltamos que, a partir da primeira visita do Dr. Nilsen do ISIS-RAL ao grupo do Prof. Larrea (financiado pela FAPESP 2019//24797-1 e 2018/08845-3), o ISIS-RAL aumentou seu interesse em oferecer as facilidades de espalhamento de nêutrons para toda a comunidade brasileira dentro da chamada ISPF (International Science Partnerships Fund).

Mais informações nos sites do UK Research and Innovation - UKRI e do ISIS-RAL.

► Acesse aqui o artigo "Inelastic neutron scattering investigation of the crystal field excitations of NdCo5"

Imagem: Do artigo / divulgação.

Com participação do Brasil, novo mapa 3D do Universo poderá responder questões fundamentais da cosmologia

Texto do pesquisador Raul Abramo para o portal The Conversation. Acesse aqui a matéria original.
Em 2009, um grupo de astrofísicos da Espanha encontrava-se numa situação peculiar: eles haviam assegurado financiamento para um telescópio com espelho de 2,5m que seria ideal para mapear o Universo, observando de uma só vez grandes áreas do céu. Mas eles não tinham recursos para montar a câmera que deveria ser instalada nesse telescópio.
 
Ao mesmo tempo, um grupo de astrofísicos brasileiros enfrentava um desafio diferente: como nos tornar protagonistas numa área de ponta como levantamentos detalhados do Universo sem termos nenhum grande telescópio dedicado a esse tipo de ciência? Nas décadas até 2009 o Brasil desenvolveu uma capacidade de instrumentação científica notável, em particular na astronomia, mas não tínhamos acesso a telescópios de grande porte com amplo campo de visão, essenciais para conduzir mapas 3D do Cosmos. Saiba mais...

 

Dados do James Webb desafiam a cosmologia

James Webb: dados do telescópio desafiam a cosmologia - 21 ...Observações do Telescópio acirram debate sobre a formação de galáxias ea velocidade de expansão do universo.
Por: Folha de S.PAULO. 
Acesse aqui a matéria original.
Dois trabalhos recentes feitos a partir de informações e imagens produzidas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), o mais caro e potente aparato humano lançado aos céus para estudar o Universo, destacam achados que vão nessa direção e não se encaixam perfeitamente na teoria mais aceita sobre a formação e evolução. Saiba mais...

 

Artigo | Experimentally determined leaflet–leaflet phase diagram of an asymmetric lipid bilayer

Dos autores Thaís A. Enoki e Frederick A. Heberle.
Em Proceedings of the National Academy of Sciences of the Unites States of America - PNAS | Vol. 120, nº 46, 8/11/23.
Informações da pesquisadora Thaís Enoki.
---

Na área de biofísica molecular, ou física biológica, ferramentas e conceitos físicos são usados para investigar fenômenos de relevância biológica essenciais para a vida. As membranas biológicas, por exemplo, são muito mais do que uma barreira física que delimitam e protegem células e suas organelas; a membrana plasmática é composta por uma bicamada de lipídios, e os lipídios voltados para o exterior e interior das células são diferentes, como se cada lipídio tivesse um papel importante para responder às adversidades de cada um desses ambientes. Ainda, de algum modo, essa bicamada lipídica de composição lipídica distinta - ou como diz o jargão científico, de composição assimétrica - mantém-se acoplada, e pode até transmitir sinais através da membrana, transdução de sinal.

Investigar o acoplamento de membranas assimétricas não é uma tarefa fácil, pois não ainda há um método experimental para medir a força de acoplamento de membranas lipídicas assimétricas. A fabricação de membranas lipídicas assimétricas in vitro é um avanço relativamente novo, que vem se desenvolvendo desde a última década. A pesquisadora Thaís A. Enoki (Jovem Pesquisadora do IFUSP), em trabalho anterior, desenvolveu um método experimental para criar essas bicamadas lipídicas assimétricas in vitro.

No presente artigo, Enoki e Heberle (University of Tennessee) desvendaram um diagrama de fases para bicamadas lipídicas assimétricas. Contrapondo um modelo teórico com experimentos, foi possível inferir sobre o acoplamento de modelos de membranas de composições lipídicas assimétricas. O modelo teórico de campo médio (aproximação de Bragg-Williams) descreve a energia livre da bicamada lipídica assimétrica, que por sua vez contém termos que descrevem interações intra-monocamada, e interações entre-monocamadas. O parâmetro de acoplamento pode ser variado e este penaliza (ou reporta grande custo energético) quando diferentes fases estão opostas uma à outra. Interessante que, para os diferentes valores assumidos pelo o termo de acoplamento, o diagrama de fases também se altera.  Comparando os resultados experimentais com a teoria existente é possível então investigar a força de acoplamento. O artigo foi publicado no prestigioso jornal científico “Proceedings of national academy of Science-PNAS”  como o título em inglês “Experimentally determined leaflet–leaflet phase diagram of an asymmetric lipid bilayer”, dos autores Enoki T.A. e Heberle, F.A. 

Evidências experimentais anteriores, de diversos grupos de pesquisa, mostraram que, havendo uma monocamada com separação de fases acoplada a outra monocamada fluida (sem separação de fases), ora o comportamento de fase da bicamada como um todo era dominado pela aquela com separação de fases, ora pela monocamada oposta de fase simples. A evidência experimental foi apelidada como “leaflet dominance”. O artigo da Drª Enoki explica em termos energéticos a evidência fenomenológica descrita acima. Deste modo, o artigo conecta grandes contribuições em membranas lipídicas assimétricas reportadas até o momento.   

Em perspectivas futuras, a Drª Enoki e colaboradores buscam estender a teoria e os experimentos para misturas de lipídios ternários, e não mais sistemas binários como no caso do artigo. Em sistemas ternários a matemática fica muito mais complicada, e ainda é difícil reportar, com fidelidade, em modelos teóricos o complexo comportamento de moléculas de colesterol. 
 
Essa pesquisa tem suporte financeiro da FAPESP.
 
► Acesse aqui o artigo "Experimentally determined leaflet–leaflet phase diagram of an asymmetric lipid bilayer"

Imagem: Original do artigo (Figura 1A)

Páginas

Desenvolvido por IFUSP