O pluralismo epistemológico nas ciências da natureza e o programa de pesquisa em perfis conceituais

Perfis conceituais” têm sido o objeto de um programa de pesquisa e desenvolvimento que lida com o pluralismo epistemológico. Este programa tem destacado três tipos de ação para lidar com os perfis conceituais: 1) determinar as zonas que constituem modelos de perfil para uma série de conceitos centrais; 2) investigar como essas zonas aparecem em pessoas diferentes como uma forma de caracterizar perfis conceituais individuais; 3) investigar a interação entre diferentes formas de pensar e modos de falar em salas de aula de ciências reais, como uma abordagem para entender os processos de ensino e aprendizagem. O estudo explícito dessas interações implica uma análise sistemática de iniciativas de ensino/aprendizagem e encoraja o diálogo não apenas entre formas de pensar e falar que parecem completa ou parcialmente incompatíveis, mas também entre as que colocam o conhecimento científico em diálogo com outros tipos de conhecimento que não o científico. Assumir a existência de perfis conceituais como manifestação do pluralismo epistemológico implica reconhecer a heterogeneidade do pensar e do falar, ou seja, a coexistência de dois ou mais significados para a mesma palavra ou conceito, que são acessados e usados pelo indivíduo nos contextos apropriados. As ciências da natureza, e a Química em particular, não são uma forma homogênea de conhecer, pensar e falar e podem fornecer múltiplas maneiras de ver o mundo, que podem existir no mesmo indivíduo e serem utilizadas em diferentes contextos. Nesta palestra apresentaremos o programa de pesquisa em perfis conceituais e daremos exemplos de estudos já efetivados que lançam luz nos três tipos de ação deste programa. Por fim discutiremos como o programa de perfis conceituais se ajusta às correntes do pluralismo epistemológico e do pluralismo representacional.